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A importância da sanidade das sementes forrageiras e de cobertura na sustentabilidade da agricultura no Brasil

As sementes são o insumo mais importante da produção vegetal. Para garantir o sucesso de qualquer cultivo, é fundamental utilizar sementes de qualidade, considerando aspectos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários. No entanto, a presença e os efeitos de patógenos — agentes causadores de doenças — ainda são pouco estudados e considerados. É essencial que a sanidade das sementes de plantas forrageiras e de cobertura seja levada em conta, a fim de se obter o máximo potencial produtivo dessas culturas, que têm papel estratégico tanto na alimentação animal quanto na manutenção da saúde do solo.

As plantas forrageiras são utilizadas principalmente como pastagem, mas também servem para fenação, silagem e fornecimento de alimento picado no cocho. Estima-se que as pastagens ocupem cerca de 170 milhões de hectares no Brasil — o equivalente a 20% da área com atividade agropecuária —, mais que o dobro da área cultivada com grãos, cana-de-açúcar, café, frutas, hortaliças, entre outros. São, portanto, a principal fonte de alimento para a pecuária brasileira. Melhorar a qualidade das pastagens é essencial para aumentar a lotação animal por hectare e, consequentemente, a produção de carne e leite.

Já as plantas de cobertura, também chamadas de plantas de serviço, são fundamentais para a recuperação de áreas agrícolas degradadas, contribuindo para a regeneração, conservação e manutenção da saúde do solo.

São centenas as espécies vegetais utilizadas como plantas forrageiras (como braquiárias, Panicum, entre outras) e de cobertura (como crotalárias, mucunas, nabo forrageiro, aveias etc.). Algumas espécies cumprem ambas as funções e têm sido cada vez mais empregadas em sistemas de produção que se expandem no Brasil, como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta.

É preciso tratar as plantas forrageiras e de cobertura como lavouras, buscando a máxima produtividade. Para isso, devem ser adotadas as mesmas técnicas de manejo aplicadas em cultivos como soja, milho e cana-de-açúcar. Assim como qualquer cultura, essas espécies estão sujeitas a doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides, que podem reduzir os rendimentos em cerca de 15%. Muitos desses patógenos se instalam nas sementes, onde sobrevivem e se disseminam, podendo causar doenças na própria planta ou servir como fonte de inóculo para culturas subsequentes.

Com a expansão do mercado de sementes de plantas forrageiras e de cobertura, é necessário que a produção ocorra em áreas específicas, obedecendo a normas rigorosas que garantam a qualidade das sementes distribuídas em todo o Brasil e para outros países.

É imprescindível que essas sementes estejam livres de patógenos que comprometam a produtividade das espécies cultivadas e que possam, ainda, afetar outras culturas dentro do mesmo sistema de produção. Por isso, é essencial que as sementes de plantas forrageiras e de cobertura sejam submetidas a testes de sanidade, capazes de detectar e identificar patógenos associados. Essas informações são fundamentais para a tomada de decisão quanto à utilização de um lote de sementes e à necessidade de tratamento químico, biológico ou físico adequado.

À medida que a agricultura brasileira avança, torna-se cada vez mais importante garantir sua sustentabilidade. O uso de sementes sadias e/ou devidamente tratadas de plantas forrageiras e de cobertura é um passo essencial para consolidar o Brasil como uma referência mundial em produção agrícola.

Por José Otávio Menten, professor Sênior da ESALQ/USP, Presidente do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável) e Membro da ABCA (Academia Brasileira de Ciência Agronômica)

Fonte e Foto: CCAS

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Showtec 2025: tecnologia promete mais produtividade e menos custo na lavoura

Uma ferramenta capaz de transformar o manejo nutricional das lavouras foi apresentada no segundo dia do Showtec 2025, em Maracaju (MS). Nesta quarta-feira (21) aconteceu o painel “Diagnose rápida do estado nutricional de plantas”, momento em que pesquisadores demonstraram como a análise foliar com tecnologia de raio-x pode tornar a adubação mais precisa, reduzir desperdícios e gerar mais produtividade por hectare.

A novidade, que já está em fase de aplicação pela equipe técnica da Fundação MS, permite detectar deficiências nutricionais em folhas de forma instantânea — menos de um minuto, para um diagnóstico detalhado, com alto nível de confiabilidade. A tecnologia também pode ser usada para analisar fertilizantes e o teor de proteína em grãos, auxiliando na tomada de decisão em campo de forma rápida e estratégica.

“O sucesso em construir plantas altamente produtivas depende do equilíbrio nutricional. Plantas bem nutridas suportam melhor o estresse climático e respondem com mais produtividade. Com essa tecnologia, o produtor passa a tomar decisões baseadas em dados reais, sem esperar por resultados de laboratório que muitas vezes chegam tarde”, explica Douglas Gitti, pesquisador da Fundação MS.

Segundo os especialistas, a aplicação da tecnologia tende a mudar completamente a lógica da adubação foliar. Hoje, o padrão é seguir uma “receita pronta”, muitas vezes sem saber se a planta realmente precisa daquele nutriente naquele momento. Com o raio-x nutricional, essa realidade começa a ser substituída por mapeamento personalizado e correções em tempo real. “Vamos recalibrar tudo. Vamos aplicar o que a planta precisa, na dose certa e no momento ideal. Isso vai revolucionar o manejo nutricional não só pela produtividade, mas pelo custo: vamos deixar de aplicar insumos desnecessários”, afirma Hudson Carvalho, professor da Esalq/USP.

“Hoje, a gente manda amostras para o laboratório em R2, e o resultado chega tarde demais. Com essa ferramenta, vamos poder analisar em V2, V3 e agir de forma imediata. Isso muda toda a estratégia da lavoura”, comentou o produtor Luciano Muzzi Mendes.

As pesquisas indicam que o uso intensivo de corretivos, como calcário, embora essencial para o solo, pode reduzir a disponibilidade de micronutrientes como manganês, zinco e cobre. Com o raio-x, será possível detectar essas deficiências em ambientes onde antes elas não eram tão evidentes, ajustando o manejo e melhorando a eficiência da adubação.

“Vamos conseguir criar faixas de referência para cada estágio da planta. Se o índice estiver abaixo, o produtor sabe que precisa corrigir. Isso vai conectar o diagnóstico nutricional à fisiologia vegetal, o que abre espaço para saltos de produtividade com menos custo e mais precisão”, destaca Douglas Gitti.

A tecnologia deve ser incorporada gradualmente ao portfólio de serviços da Fundação MS, com foco em lavouras de soja e milho. A expectativa é que, em breve, esse modelo de análise faça parte da rotina produtiva de agricultores que buscam decisões mais assertivas, menores perdas e maior retorno sobre o investimento em insumos.

“Não é só tecnologia. É informação na mão do produtor no momento certo. É isso que permite um agro mais eficiente e sustentável”, concluiu Gitti.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

Lavoura de aveia. Carambeí, 12/09/2019 Foto:Jaelson Lucas / AEN

Governo do Estado recebe propostas para seguro rural em culturas de inverno

O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), já está recebendo propostas para subvenção do prêmio de seguro rural para as culturas de aveia, cevada e trigo plantadas durante o inverno no território paranaense. Os recursos, provenientes do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), gerenciado administrativa e financeiramente pela Fomento Paraná, são de R$ 3 milhões.

O objetivo é mitigar o risco das atividades agropecuárias e reduzir o endividamento agrícola. O Estado subvenciona 20% do valor da apólice, enquanto o governo federal subvenciona outros 20%, restando 60% para o produtor pagar. Nas culturas de inverno, cada produtor pode contratar até R$ 4,4 mil.

Como participar

Os produtores interessados não podem ter nenhum débito de tributos estaduais. Eles devem procurar um corretor de seguros de sua confiança, que fará a mediação com a seguradora para chegar à proposta mais adequada dentro dos critérios do programa, inserindo-a no Sistema PSRweb.

A decisão sobre aceitação da proposta é exclusiva da Seab, que comunica a seguradora no prazo de sete dias úteis. Se for acatada, a seguradora emite a apólice em no máximo 15 dias. A Seab novamente faz a conferência e, estando de acordo com a legislação, encaminha o pedido de pagamento da subvenção para a Fomento Paraná. O processo finaliza após a análise e pagamento pela Fomento.

Seguradoras

Desde 2009, quando o Programa de Subvenção Estadual ao Prêmio de Seguro Rural  foi criado, o Estado tem credenciado seguradoras interessadas em comercializar e celebrar contratos de seguro rural, em caráter privado, com produtores interessados em receber a subvenção. Para isso as seguradoras precisam estar em dia com os tributos federais e estaduais, atenderem todas as legislações e os requisitos do Edital de Chamamento Público 5/2025 . Até agora estão credenciadas: Aliança do Brasil, Brasilseg, Essor, Sancor, Sombrero, Sompo, Swiss Re e Too.

Seguro

O Estado destinou R$ 12 milhões para a subvenção ao prêmio de seguro rural em 2025. Desse montante já foram pagos aproximadamente R$ 9 milhões em subvenção das culturas de milho e sorgo.

A partir de julho, o Sistema PSRweb será aberto para acatar propostas para frutas, pecuária, café, hortaliças e as outras culturas amparadas pela Resolução 27/2025. Há possibilidade, também, de ampliação do montante para R$ 15 milhões.

Fonte: AEN Foto: Jaelson Lucas/Arquivo AEN

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Congresso Catarinense de Sementes: dias 27 e 28 de maio

O 4º Congresso Catarinense de Sementes neste ano acontece nos dias 27 e 28 de maio, em Chapecó. O encontro já se consolidou como o principal evento do setor em Santa Catarina, reunindo os maiores especialistas, pesquisadores e empresas de todo o Brasil para discutir inovação, qualidade e desafios da produção de sementes.

Edições anteriores em números:

– Mais de 2.000 participantes entre produtores, técnicos e empresários

 +40 palestras e painéis com especialistas nacionais

– 95% de aprovação dos participantes pela relevância e aplicabilidade dos conteúdos

– Espaço de exposição com +50 marcas apresentando soluções inovadoras

Este ano, o congresso promete ainda mais conhecimento e networking, com temas estratégicos como:

– Inovação e tecnologia para alta performance na produção de sementes

– Plantabilidade de alta performance

– Sanidade e qualidade garantindo padrões elevados de produção

– Sustentabilidade e novas práticas para o futuro do setor

Confira a programação

Fonte: Assessoria Congresso Catarinense

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Com crescimento de 77% em 2024, Paraná ocupa segundo lugar nas exportações de milho

As exportações de milho no Paraná alcançaram 1,18 milhão de toneladas nos primeiros quatro meses do ano, um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano passado, em que o Estado registrou 668,4 mil toneladas segundo dados do Agrostat/Mapa.

Esse é um dos assuntos detalhados no Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 8 a 14 de maio preparado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Em relação à receita, foram gerados US$ 267,1 milhões, ou R$ 1,5 bilhão. O aumento foi de 81% em comparação com o primeiro quadrimestre de 2024, de US$ 147,9 milhões. Isso por conta do aumento no volume embarcado e pelos preços melhores.

Por outro lado, a exportação nacional registrou 6,07 milhões de toneladas no mesmo período, uma queda de 14% em relação aos primeiros quatro meses do ano passado, que foi de 7,07 milhões.

O analista do Deral, Edmar Gervásio, destaca o crescimento do Estado no âmbito nacional de exportações da cultura. “De janeiro a abril de 2024 o Paraná encontrava-se em terceiro lugar do ranking nacional em exportação de milho. No mesmo período deste ano o Estado se consolidou como segundo lugar, ficando atrás apenas do Mato Grosso” disse.

O Irã foi o principal destino do milho paranaense durante o período, que importou 52% do volume total exportado pelo Paraná, seguido do Egito com 12,8% e Turquia com 11,3%.

A safra atual encontra-se no início da colheita e tem expectativas superiores à safra passada. As boas condições climáticas contribuíram para a antecipação da maturação e a inversão de ácidos em açúcares das frutas. Os produtores também podem se animar com a aproximação da 57ª Festa Nacional da Ponkan, entre 06 a 08 de junho, em Cerro Azul (RMC), a Capital Nacional do Cítrico.

Fonte: AEN Foto: Gilson Abreu/Arquivo AEN

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Clima irregular marca colheita do algodão no Paraná

Segundo o 8º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado no último dia 15 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita do algodão no Paraná atingiu 20% da área cultivada. As lavouras apresentam 35% da área em formação de maçãs e 45% em maturação.

Durante o mês, o clima foi marcado por precipitações irregulares, com variações na distribuição espacial e temporal. Também foi registrado um leve alívio nas temperaturas. De acordo com o levantamento, 90% das lavouras estão em boas condições e 10% em situação regular.

O relatório também informa a revisão da área cultivada e destaca uma mudança no processo de beneficiamento. “Uma melhoria no processo foi a capacidade de processar o algodão localmente, visto que antes era levado para São Paulo”, informa o levantamento da Conab.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

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Parceria vai criar as primeiras cultivares híbridas de canola adaptadas ao clima brasileiro

A Embrapa Agroenergia (DF) e a empresa Advanta Seeds acabam de firmar uma parceria para desenvolver os primeiros híbridos tropicais de canola adaptados às condições ambientais do Brasil. A iniciativa tem potencial para mudar o cenário da cultura no País, abrindo novas oportunidades para produtores rurais, especialmente na segunda safra, e deve contribuir para suprir a demanda crescente por óleo vegetal e biocombustíveis. A parceria deu início ao projeto BRSCanola, que visa desenvolver cultivares híbridas de alto desempenho agronômico, com resistência a doenças, tolerância a herbicidas e adaptação ao clima e aos solos tropicais da região Centro-Sul do País.

A canola, planta da família das crucíferas, como o repolho e a couve, do gênero Brassica, já tem espaço nas lavouras brasileiras, sobretudo do Sul do País, contudo, elas usam sementes vindas, principalmente, da Austrália. O projeto tem duração de dois anos e um resultado de dois projetos em andamento também voltados para a produção sustentável de canola no Brasil. “São esforços em Pesquisa e Desenvolvimento e em Inovação que se complementam para aprimoramento e fortalecimento da cadeia produtiva da canola no Brasil para a produção de biocombustíveis”, destaca o pesquisador da Embrapa Bruno Laviola, que coordena o BRSCanola.

A laviola conta que a canola tem um papel estratégico na diversificação das culturas e na produção sustentável de óleo vegetal no Brasil. “Com essa parceria, vamos unir o conhecimento acumulado da Embrapa em melhoramento genético para o Cerrado com a expertise global da Advanta com suas linhagens elites, para geração de cultivares híbridas adaptadas ao nosso ambiente tropical”, declara o cientista.

Para ele, há grande espaço para ganho de produtividade e redução da dependência externa na importação de sementes, uma vez que não existem hoje cultivares comerciais de canola desenvolvidas no Brasil. Todas são importadas de outros países, principalmente da Austrália. Além disso, ao tropicalizar a canola, a cultura é adaptada às condições impostas pelas mudanças climáticas, resultando em materiais mais tolerantes às altas temperaturas e ao déficit hídrico.

Cruzamento de linhagens brasileiras e australianas

Por isso mesmo, o projeto parte dos índices de linhagens desenvolvidos pela Embrapa com as da Advanta originárias da Austrália. Serão gerados e avaliados amostras de híbridos híbridos, com testes em campo e em casa de vegetação, incluindo avaliações de tolerância ao estresse hídrico, qualidade dos grãos e resistência às principais doenças da cultura, como canela preta, mofo branco e mancha de Alternaria. A Advanta participa com o fornecimento de materiais genéticos desenvolvidos ao longo de 40 anos de melhoramento genético tradicional.

O projeto é uma iniciativa pioneira para o mercado brasileiro, visto que a ausência de híbridos adaptados às condições tropicais tem sido uma das principais barreiras para a expansão da cultura e, principalmente, para o aumento da média de produtividade de grãos. Para Ana Luiza Scavone de Camargo, líder de Desenvolvimento de Novos Negócios nas Américas da Advanta, essa parceria é uma oportunidade valiosa que aproveita o melhor do conhecimento científico existente entre as duas instituições. “Isso permitirá acelerar o desenvolvimento de materiais genéticos mais resilientes e produtivos, fundamentais para o avanço da cadeia produtiva”, prevê a executiva. A parceria conta também com a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) para apoio administrativo e financeiro à execução das atividades.

O potencial agroenergético do Brasil

“Acreditamos que o desenvolvimento de híbridos tropicais de canola poderá posicionar o Brasil como um player de destaque na bioeconomia global. Estamos promovendo a ciência aplicada com foco em resultados concretos para o produtor, para o setor alimentado e para o mercado de biocombustíveis”, conclui Laviola.

A área plantada de canola no Brasil chegou a 40 mil hectares em 2021, dando um salto para 250 mil ha em 2024. A perspectiva é atingir cerca de 350 mil ha em 2026. Com as políticas públicas voltadas para a produção e utilização de biocombustível no País, com destaque para o Biodiesel, SAF e Diesel Renovável, essa produção precisa de aperfeiçoamento técnico para aumento de produtividade além do aumento da área cultivada. Consolidando um sistema de produção sustentável para a canola.

Potencial de expansão na segunda safra

A canola vem se consolidando como uma opção estratégica para a rotação de culturas na segunda safra, especialmente nas regiões do Cerrado, onde há crescente demanda por alternativas ao milho safrinha. Com ciclo relativamente curto, boa adaptação às temperaturas amenas e capacidade de agregar valor ao sistema produtivo, a canola pode ser cultivada logo após a colheita da soja, otimizando o uso da terra e promovendo a sustentabilidade ao sistema agrícola.

“O cultivo da canola como segunda safra pode se tornar um vetor de transformação para o agronegócio brasileiro. Estamos falando de uma cultura que melhora a estrutura do solo, quebra ciclos de previsões e doenças e ainda gera grãos com alto valor para a indústria de alimentos e de biocombustíveis”, reforça Laviola.

No Brasil, a canola tem potencial para ocupar até 20% da área de segunda safra cultivada com soja, o que possibilita expandir sua produção sem a necessidade de incorporar novas áreas à agricultura. Isso é um diferencial do País.

Estudos conduzidos pela Embrapa Agroenergia indicam que áreas hoje subutilizadas durante o outono/inverno no Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil têm grande potencial para o cultivo da canola. A expectativa é que, com a oferta de híbridos tropicais mais produtivos e adaptados, a área plantada no País possa crescer significativamente nos próximos anos, ampliando e diversificando a oferta de óleo vegetal para produção de Biodiesel, Diesel Renovável e SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação).

Fonte: Embrapa Soja  Foto: Cristiane Vasconcelos

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Acordo entre China e EUA ‘muda o jogo’ e agita o mercado de soja

O mercado de soja registrou uma semana marcada por volatilidade, com a influência de fatores externos, como o novo acordo comercial entre China e Estados Unidos e mudanças na política de biocombustíveis norte-americana. Segundo a plataforma Grão Direto, a combinação desses elementos, somada ao ritmo acelerado do plantio da nova safra nos EUA, desenhou um cenário complexo e dinâmico para os preços do grão, do óleo e do farelo.

O anúncio de um novo entendimento comercial entre as duas maiores economias do mundo trouxe impacto imediato nos mercados globais, elevando os preços da soja, do óleo e do farelo. A medida reacendeu expectativas de aumento na demanda pela soja norte-americana, especialmente em um momento crucial do plantio da safra 2025/26 nos Estados Unidos.

Apesar do otimismo gerado pelo acordo, o mercado também foi afetado por especulações sobre mudanças na política de biocombustíveis dos EUA. Caso se concretizem, tais alterações podem reduzir a demanda por óleos vegetais no curto prazo. Além disso, a baixa nos preços do petróleo ajudou a exercer pressão negativa sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago.

Plantio de soja nos EUA

Outro fator de influência foi o ritmo acelerado do plantio nos EUA. Com clima favorável, a semeadura da soja avançou de forma mais rápida que a média histórica, aumentando as projeções para uma safra robusta. Esse cenário adicionou mais um elemento de pressão sobre os preços internacionais.

Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja para maio de 2025 fechou a US$10,51 por bushel, uma leve alta de 0,67% na semana. Já o contrato para março de 2026 subiu 0,76%, encerrando a US$10,56 por bushel. O dólar teve variação moderada, cotado a R$5,67 (+0,35%). No mercado físico, os preços refletiram o movimento nos prêmios portuários, impulsionados pela possível migração da demanda para os EUA.

Brasil se destaca nas exportações de soja

Enquanto os Estados Unidos avançam no plantio, o Brasil continua se destacando no cenário internacional com números expressivos de exportação. Segundo dados da Secex, o país embarcou 37,4 milhões de toneladas de soja entre janeiro e abril deste ano — um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024.

O desempenho foi impulsionado pela tensão comercial entre China e EUA, o que abriu espaço para a soja brasileira no mercado chinês. Só em abril, foram 15,3 milhões de toneladas exportadas, o segundo maior volume da história. As projeções para maio apontam para um possível novo recorde, com estimativas de até 16,5 milhões de toneladas. Caso os EUA reduzam a área plantada ou enfrentem adversidades climáticas, o Brasil poderá manter a dianteira nas exportações.

Até 11 de maio, os Estados Unidos já haviam plantado 48% da área estimada para a soja, superando em 14 pontos percentuais o ritmo do ano anterior. Os estados de Iowa (64%), Nebraska (62%) e Illinois (51%) lideram o avanço. Além disso, 17% das áreas já apresentavam emergência, sinal de bom desenvolvimento inicial.

Apesar do progresso, cerca de 23% da área plantada ainda enfrenta condições de seca, especialmente no centro-norte do Meio-Oeste. A previsão de continuidade das chuvas pode melhorar a umidade do solo, mas também trazer atrasos pontuais na semeadura. As temperaturas abaixo da média podem desacelerar o crescimento inicial das lavouras, levantando incertezas sobre a produtividade final — ainda que sem gerar grandes preocupações no curto prazo.

Dólar

O dólar segue volátil, influenciado por fatores internos e externos. A perspectiva de juros altos nos EUA e o retorno de Donald Trump ao centro das negociações comerciais geram instabilidade no mercado cambial. No Brasil, as incertezas fiscais persistem, mesmo diante dos esforços do governo para sinalizar compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

A expectativa é que o dólar possa seguir em queda e romper a barreira dos R$5,60. Essa tendência, aliada ao bom ritmo das exportações e à demanda externa aquecida, pode favorecer os embarques da soja brasileira, ainda que represente um desafio para a competitividade nos preços internos.

Fonte: Canal Rural Foto: Divulgação

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Embrapa Soja promove workshop para comemorar seus 50 anos

A Embrapa Soja promoverá no dia 26 de maio, das 13h30 às 18h, em sua sede, em Londrina (PR), o workshop “Embrapa Soja 50 anos: histórico e perspectivas”, como parte da comemoração dos 50 anos da instituição, completados no dia 16 de abril de 2025. O objetivo do evento é destacar a relevância da soja, a contribuição da Embrapa e de seus parceiros para a cultura da soja, assim como projetar o futuro da pesquisa e da sojicultora. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui.

O primeiro painel irá debater o papel da Embrapa Soja na liderança brasileira na produção mundial de soja e contará com a participação de Décio Luiz Gazzoni, ex-chefe-geral da Embrapa Soja e ex-Diretor Embrapa; Antônio Márcio Buainain, professor livre docente da Unicamp e Rubens José Campo, ex-chefe-geral da Embrapa Soja. O debate será conduzido por Ricardo Manuel Arioli Silva, consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Também haverá um painel para debater o desenvolvimento tecnológico e a inovação como base para a manutenção da sustentabilidade produtiva da soja brasileira. O painel contará com a participação de Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, Carlos Ernesto Augustin, assessor do Ministro da Agricultura e Pecuária, Romeu Kiihl, ex-pesquisador da Embrapa Soja e José Francisco Ferraz de Toledo, ex-chefe-geral da Embrapa Soja. A moderação do painel será feita por Alexandre Lima Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

Programação

 13h – Recepção de pedidos

13h30 – Solenidade de abertura

14h15 – PAINEL 1: Desenvolvimento tecnológico e inovação como base para manutenção da sustentabilidade produtiva da soja brasileira

– Maurício Buffon, Presidente da Aprosoja Brasil

– Carlos Ernesto Augustin, Assessor Especial do Ministro da Agricultura e Pecuária

– Romeu Afonso de Souza Kiihl, Ex-Pesquisador da Embrapa Soja

– José Francisco Ferraz de Toledo, Ex-Chefe-Geral da Embrapa Soja

Moderador: Alexandre Lima Nepomuceno, Chefe Geral da Embrapa Soja

15h45 – Intervalo para café

16h10 – PAINEL 2: Liderança brasileira na produção mundial de soja: papel da Embrapa Soja

– Décio Luiz Gazzoni, Ex-Chefe-Geral da Embrapa Soja e Ex-Diretor Embrapa

– Antônio Márcio Buainain, Professor Livre Docente da Unicamp

– Rubens José Campo, Ex-Chefe-Geral da Embrapa Soja

Moderador: Ricardo Manuel Arioli Silva, Consultor da CNA

Fonte: Embrapa Soja

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Cientista da Embrapa recebe Prêmio Mundial da Alimentação, o “Nobel” da Agricultura

Por sua relevante contribuição ao desenvolvimento de insumos biológicos para agricultura, a cientista brasileira Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, é a laureada da edição de 2025 do Prêmio Mundial de Alimentação – World Food Prize (WFP) https://www.worldfoodprize.org/  reconhecido como “Nobel” da Agricultura. O anúncio de sua nomeação ocorreu na noite de 13 de maio de 2025, na sede da Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos, criada pelo Nobel da Paz, Norman Borlaug, pai da revolução verde. A solenidade de entrega da homenagem será realizada em 23 de outubro de 2025, em Des Moines, (EUA).

O Prêmio reconhece anualmente as personalidades que contribuem para o aprimoramento da qualidade e da disponibilidade de alimentos no mundo e também é conhecido como o “Nobel” da Agricultura e Alimentação, uma vez que essa categoria não é contemplada nas categorias oficiais do Nobel. “Estou imensamente feliz, ainda não consigo acreditar, é uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial, mas deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos. Com essa premiação, existe também o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável, favorecendo nossa imagem no exterior, explica Mariangela Hungria.

Para a pesquisadora, por muitos anos, o conceito predominante era o de produzir alimentos para acabar com a fome no mundo, no entanto, seu trabalho sempre esteve pautado na produção de alimentos de forma sustentável. “Hoje, percebo uma crescente demanda global por maior produção e qualidade de alimentos, mas com sustentabilidade — reduzindo a poluição do solo e da água e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa”, ressalta. “Minha abordagem busca “produzir mais com menos” — menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental”, sempre rumo a uma agricultura regenerativa, reforça.

Solenidade WFP 2025

A governadora do estado de Iowa, Kim Reynolds, celebrou a homenagem. “A trajetória da Dr.ª Hungria mostra que ela é uma cientista de grande perseverança e visão – características que partilha com o Dr. Norman Borlaug, fundador do Prêmio Mundial da Alimentação e pai da Revolução Verde”, afirmou a Governadora Reynolds. “Como cientista pioneira e mãe, a Dra. Hungria também serve como um exemplo inspirador para mulheres pesquisadoras que buscam encarnar ambos os papéis. As suas descobertas e desenvolvimentos contribuíram para levar o Brasil a tornar-se um celeiro mundial. O Prêmio reconhece aqueles cuja coragem e inovação transformam o nosso mundo”, destaca.

O presidente do Comitê de Seleção dos indicados ao Prêmio, Dr. Gebisa Ejeta ressaltou que “A Dr.ª Hungria foi escolhida pelas suas extraordinárias realizações científicas na fixação biológica que transformaram a sustentabilidade da agricultura na América do Sul. “O seu brilhante trabalho científico e a sua visão empenhada no avanço da produção agrícola sustentável para alimentar a humanidade com o uso criterioso de fertilizantes químicos e insumos biológicos deram-lhe reconhecimento global, tanto no país como no estrangeiro.”

O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, comemorou a indicação da pesquisadora ao prêmio. “É uma grande honra contar com uma das maiores cientistas da área agrícola do mundo compondo a equipe de pesquisa da Embrapa Soja. Posso dizer que é um privilégio para a Embrapa Soja ter a Mariangela atuando ativamente em prol da ciência agrícola, e mais, trazendo soluções para desafios complexos da sojicultura e resultados práticos que realmente impactam a vida dos produtores. Por isso, esse reconhecimento do WFP, que é equivalente ao Prêmio Nobel da Agricultura, vem coroar a trajetória de excelência na pesquisa agropecuária que ela faz. Seu trabalho é um orgulho para a Embrapa e para todo o Brasil”, comemora.

A presidente da Embrapa, Silvia Masshurá, também celebrou a conquista. “Considero esta uma homenagem dupla — e profundamente significativa. Primeiro, à nossa colega pesquisadora, uma mulher que dedicou sua trajetória à ciência, acreditando no poder dos microrganismos para transformar a agricultura em uma atividade mais produtiva, competitiva e sustentável. Segundo, à nossa empresa, que em seus 52 anos sempre investiu e acreditou nesses ideais. Como primeira mulher a presidir esta instituição, sinto-me especialmente tocada por esta homenagem, que valoriza não apenas a excelência científica nacional, mas também o protagonismo feminino na construção de um país mais inovador e justo”, afirma.

Uma vida dedicada à microbiologia

Mariangela está sendo reconhecida por sua trajetória de mais de 40 anos dedicados ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo, o que vem permitindo aos produtores rurais a obtenção de altos rendimentos com menores custos e mitigação de impactos ambientais.  A ênfase das suas pesquisas tem sido no aumento da produção e na qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio (FBN), síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas.

O uso da inoculação na soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium), que pode ser ainda mais benéfico se associado à coinoculação com a bactéria Azospirilum brasiliense. Somente em 2024, por exemplo, esta tecnologia propiciou uma economia estimada de 25 bilhões de dólares, ao dispensar o uso de adubos nitrogenados. A pesquisadora estima esse valor considerando a área de soja, a produção de soja, o valor do fertilizante (ureia) que seria necessário para essa produção, e a eficiência de uso do fertilizante nitrogenado. Além deste benefício, Mariangela explica que essa tecnologia evitou, em 2024, a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes por ano para a atmosfera. Hoje, a inoculação da soja é adotada anualmente em aproximadamente 85% da área total cultivada de soja, hoje cerca de 40 milhões de hectares — representando a maior taxa de adoção de inoculação do mundo.

Associado aos trabalhos com soja, a pesquisadora também coordena pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) e coinoculação para a cultura do feijoeiro, Azospirillum brasiliense para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias.  Ainda em relação às gramíneas, em 2021, a equipe da pesquisadora lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na fertilização nitrogenada de cobertura em milho por meio da inoculação com A. brasilense, gerando benefícios econômicos significativos para os agricultores e impactos ambientais positivos para o país.

Sobre o Prêmio

O Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize) foi idealizado por Norman E. Borlaug – vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 1970, por seu trabalho na agricultura global – para homenagear as contribuições para o incremento no suprimento mundial de alimentos. É um reconhecimento internacional àqueles que trabalham para aprimorar a qualidade, a quantidade ou a disponibilidade de alimentos no mundo.

Concedido anualmente, o WFP foi criado, em 1986, com o patrocínio da General Foods Corporation. O laureado recebe US$ 500.000 e uma escultura projetada pelo artista e designer Saul Bass. Três brasileiros já foram agraciados com o prêmio WFP. Em 2006, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli dividiram o prêmio com o colega estadunidense A. Colin McClung, pelo trabalho no desenvolvimento da agricultura na região do cerrado. Em 2011, dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e John Kufuor, de Gana, foram os escolhidos por sua atuação no combate à fome como chefes de governo.

Trajetória – Mariangela Hungria possui graduação em Engenharia Agronômica (USP-ESALQ), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (USP–ESALQ), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. É pesquisadora da Embrapa desde 1982, inicialmente na Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) e, desde 1991, na Embrapa Soja (Londrina-PR).

A cientista é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Brasileira de Ciência Agronômica e da Academia Mundial de Ciências. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e em Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina. Mariangela atua também na Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e na Sociedade Brasileira de Microbiologia. Fez parte do comitê coordenador do projeto N2Africa, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África, é membro do Conselho do Comitê de Nutrição Responsável do International Fertilizer Association e parceira em projetos com praticamente todos os países da América do Sul e Caribe, além de países da Europa, Austrália, EUA e Canadá. Em 2020, Mariangela foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com o estudo da Universidade de Stanford (EUA).

Em 2022, a pesquisadora ocupou a primeira posição brasileira, confirmada em 2025, em Fitotecnia e Agronomia (Plant Science and Agronomy), publicado pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial. Já recebeu várias premiações pela sustentabilidade em agricultura, como o Frederico Menezes, Lenovo-Academia Mundial de Ciências, da Frente Parlamentar Agropecuária, da Fundação Bunge. Em 2025, recebeu o Prêmio Mulheres e Ciência, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério das Mulheres, o British Council e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.

Fonte e Foto: Comunicação Embrapa Soja