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Combustíveis do futuro são oportunidades para a agropecuária do Paraná

O Brasil cresceu a ponto de se consolidar como um dos maiores fornecedores de alimentos ao mundo. Agora, está prestes a assumir mais um papel crucial para a economia global. A criação de um marco regulatório para os chamados combustíveis do futuro representa a chance de o país assumir o protagonismo da energia renovável.

Fornecedor das matérias-primas para a produção de etanol, biodiesel, diesel verde (HVO) e combustível de aviação sustentável (SAF – Sustainable Aviation Fuel, em inglês), o agronegócio está sendo convocado a alavancar a revolução na economia sustentável.

Por trás dessa oportunidade está o Projeto de Lei (PL) 528/2020, aprovado pelo Congresso Nacional no dia 11 de setembro de 2024. Atualmente, o texto aguarda sanção presidencial para se tornar Lei. Em resumo, a nova legislação integra as ações de programas já existentes envolvendo a mistura de biodiesel ao diesel convencional e de etanol à gasolina. Além disso, reúne na mesma legislação programas de incentivo e a definição de metas para o uso de combustível sustentável de aviação (SAF), diesel verde (HVO) e biometano, além de tratar de outros temas relacionados.

“A aprovação de uma nova legislação sobre os ‘combustíveis do futuro’ é crucial para organizar o setor de combustíveis e transporte, proporcionando segurança jurídica, atratividade para investimentos e expansão das cadeias produtivas”, explica Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. “Esta iniciativa visa não apenas estabelecer um marco legal claro, mas também evitar interferências que, na era somente das normativas, eram comuns, consolidando a regulamentação sob a forma de lei”, completa.

Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, observa que a inclusão do etanol, biodiesel, diesel verde e biogás no debate dos combustíveis do futuro abre portas para a inovação e também para a ampliação das metas de mistura desses biocombustíveis, fortalecendo a economia agrícola e diversificando as fontes de renda do produtor rural. “Além do impacto positivo para o meio ambiente, o avanço dos combustíveis sustentáveis traz benefícios diretos para a segurança energética do país, com a possibilidade de reduzir a dependência da importação de combustíveis fósseis”, aponta.

O biodiesel e o etanol já são realidades no Brasil há bastante tempo, colocando o país na vanguarda do uso de combustíveis que reduzem a emissão de gases de efeito estufa. O biometano, por sua vez, tem crescido com o uso em projetos pontuais. Já os novos combustíveis (SAF e HVO) estão em fase de pesquisa e projetos-piloto, mas com a legislação passam a ter um ambiente propício para seu desenvolvimento, com garantia de que haverá mercado para os produtos.

“Esses novos combustíveis enfrentam algumas barreiras, principalmente em termos de custos de produção e desafios tecnológicos. O Brasil, porém, tem dado passos importantes para criar um ambiente favorável aos investimentos necessários para o desenvolvimento dessas soluções”, aponta Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Na avaliação do setor produtivo, a nova lei deve abrir uma janela de oportunidades aos produtores rurais que atuam em cadeias que fornecem matérias-primas para os combustíveis do futuro. A expectativa é de que isso traga impacto positivo nos preços, já que há um potencial de rearranjo em toda a matriz energética.

“Toda política que promova aumento do consumo da produção agropecuária contribui para a melhoria da renda dos agricultores. Adicionalmente, estamos falando de uma política que fomenta a industrialização e que multiplica o PIB da cadeia, gerando desenvolvimento socioeconômico regional”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).

“Temos a oportunidade de ser a ‘Arábia Saudita’ dos biocombustíveis”, resume Guilherme Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), em alusão ao fato de o país do Oriente Médio ser a maior potência na produção de petróleo. “Os combustíveis do futuro vão potencializar e valorizar as cadeias de negócios envolvidas. Estamos entrando em um novo ciclo de desenvolvimento: agroindustrialização de bens primários em resposta a dois grandes desafios mundiais que são a segurança alimentar e energética”, complementa.

Biodiesel

O início da discussão para a mistura de biodiesel ao diesel de origem fóssil no Brasil teve como marco o ano de 2005, quando a Lei 11.097 passou a regulamentar a inclusão do combustível renovável na matriz energética. Desde então, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem anunciado aumentos gradativos na mistura, chegando ao nível de 14% desde março de 2024. Nos últimos 10 anos, o volume produzido no país, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), mais que dobrou, saindo de 2,9 milhões de metros cúbicos em 2013 para 7,5 milhões de metros cúbicos em 2023. Mais de 70% desse combustível produzido no país têm como matéria-prima o óleo de soja.

O PL 528/2020 não só altera a mistura de biodiesel ao diesel de 14% para 15%, como prevê o acréscimo de 1% por ano, chegando a 20% em 2030, o que sinaliza para a continuidade de crescimento dessa curva.

“Quanto maior o percentual e, consequentemente, o consumo de soja interno, todos ganham. Afinal, vai reduzindo a participação dos combustíveis fósseis na nossa matriz energética. Ganha o meio ambiente, com a redução dos gases de efeito estufa, e o produtor”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Aprosoja Brasil.

O Paraná possui quatro plantas de produção de biodiesel, segundo a Biodiesel BR, com capacidade de fabricação anual de 1,6 bilhão de litros. Localizada no município da Lapa, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), uma dessas é a maior planta do Brasil em capacidade de produção, com 900 milhões de litros anuais. As outras fábricas em solo paranaense ficam em Marialva, Maringá e Umuarama.

Etanol

A história mais antiga dos combustíveis renováveis no Brasil está ligada ao etanol. O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado pelo governo brasileiro durante a crise mundial do petróleo dos anos 1970. No início dos anos 1990, a frota brasileira de automóveis chegou a ser composta em sua maioria por veículos movidos a álcool. Mais tarde, no início dos anos 2000, surgiram os carros flex, movidos tanto a gasolina quanto a etanol, representando mais um passo importante na evolução do uso do combustível verde.

Outra política pública no incentivo a esse combustível é a mistura de etanol anidro à gasolina. Atualmente, há duas matérias-primas principais usadas na fabricação desse produto: a cana-de-açúcar e o milho. O milho vem ganhando relevância e responde por cerca de 20% da produção nacional. Mas a cana ainda é responsável pela maioria do álcool usado para misturar na gasolina, com uma tendência de elevação nos últimos 10 anos. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o volume de etanol anidro fabricado na safra 2023/24 foi de 13,1 milhões de metros cúbicos, contra 8,7 milhões de metros cúbicos na temporada 2012/13.

No que depender do novo marco legal dos combustíveis verdes, esse volume vai crescer ainda mais nos próximos anos. O PL dos “combustíveis do futuro” prevê o aumento do percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro em uma faixa que varia de 27% a 35%, com a liberação excepcional ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para chegar a 22%, conforme critérios econômicos. Atualmente, o intervalo previsto vai de 22% a 27%, com possibilidade de chegar ao mínimo obrigatório de 18%.

Biogás

Um dos setores que ganha novo fôlego com o PL 528/2020 é o de biogás. Renata Isfer, presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás, vê com otimismo as recentes discussões. “A nova legislação proposta promete impulsionar o setor, criando uma demanda garantida pelo biometano e introduzindo certificados de garantia de origem, destacando sua natureza renovável. Isso deve estimular o crescimento do mercado e, consequentemente, da produção nos próximos anos”, aponta.

Além de poder ser usado de forma pura na geração de energia limpa para indústrias, no aquecimento de caldeiras e nas casas das pessoas, na cocção limpa de alimentos, o gás pode ser usado no abastecimento de veículos leves e pesados. Há ainda projetos de desenvolvimento de outros combustíveis verdes a partir do biometano, como o próprio SAF.

“Essa expansão tem como principais desafios a infraestrutura necessária e a adaptação regulatória às especificidades técnicas do biometano, que diferem do gás natural em muitos aspectos”, enumera Renata.

Outro benefício direto ao agronegócio é que uma das principais formas de produção de biometano ocorre a partir do reaproveitamento de resíduos produtivos. O Sistema FAEP tem incentivado pecuaristas a investir em sistemas de processamento de efluentes para transformar passivo ambiental em riquezas.

Inclusive, em 2017, o Sistema FAEP organizou quatro viagens técnicas à Europa, com delegações que percorreram a Alemanha, Áustria e Itália para conhecer modelos de produção de energia sustentável e adaptar projetos à realidade paranaense.

Combustíveis avançados

O novo marco legal também pretende turbinar a produção dos chamados combustíveis avançados (chamados de drop in), nos quais se enquadram o diesel verde e o SAF. A grande vantagem dessas fontes de energia é que elas podem ser usadas sem ajuste nos motores de veículos já existentes, tanto os movidos à diesel quanto os aviões em circulação à querosene de aviação. As moléculas são parecidas com a dos combustíveis fósseis, só que com menor impacto ambiental.

O diesel verde é produzido a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gorduras vegetais – de matérias-primas como cana, soja e outras biomassas. Até o momento, a tecnologia está em fase de testes no Brasil. A legislação prevê que o CNPE definirá o volume mínimo desse combustível a ser produzido, em relação ao diesel comum.

Para o setor agropecuário, o potencial que se abre é gigantesco, sobretudo em razão da oferta de matérias-primas para a produção do diesel verde. “A soja é uma grande possibilidade, pois é produzida de Norte a Sul, e tem um transporte fácil dos locais de produção até as usinas de processamento”, destaca Leonardo Braúna, da Aprosoja Brasil.

Além dessas vantagens, também há reflexos positivos no meio ambiente. O diesel verde praticamente zera a emissão de CO2 e reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa. Inicialmente, há um potencial de vantagens, inclusive, em relação ao biodiesel, como a redução de um terço na emissão de hidrocarbonetos e de material particulado fino e de 24% de monóxido de carbono (CO).

“Temos um círculo virtuoso de agregação de valor aos bens primários, atração de investimentos, geração de empregos e aumento de renda com grande impacto na intensificação da atividade pecuária e liberação de áreas de pastagens de baixa produtividade ao cultivo de grãos. Podemos aumentar a produção de energia limpa e alimentos sem avançar em novas áreas”, observa Guilherme Nolasco, presidente da Unem.

Já o SAF está diretamente relacionado à aviação civil, responsável por cerca de 3,5% do CO2 que vai para a atmosfera, conforme estudo da Manchester Metropolitan University, da Inglaterra. As primeiras pesquisas estimam que seja possível reduzir entre 70% e 90% a emissão de gases de efeito estufa com o uso de SAF. Pelo marco legal, as empresas aéreas brasileiras serão obrigadas, gradativamente, a reduzir as emissões de CO2 em 10% até 2037.

Atualmente, no Brasil e no mundo, há uma corrida de grandes empresas para o desenvolvimento de tecnologias viáveis para a fabricação de SAF. Há pelo menos sete caminhos tecnológicos aprovados e outros cinco em processo de homologação no Brasil. As matérias-primas que podem ser utilizadas envolvem biomassa, biogás, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos e agrícolas e gases residuais. Outro ingrediente crucial é o hidrogênio, que reage com o dióxido de carbono e forma os chamados hidrocarbonetos de cadeia longa (com semelhança aos presentes no querosene de aviação).

Sistema FAEP fomenta as energias renováveis nas propriedades rurais

O Brasil tem uma das matrizes de energia elétrica mais limpas do mundo, com mais de 90% da geração a partir de fontes renováveis. Um dos pilares ainda está nas usinas hidrelétricas, que têm a vulnerabilidade da ocorrência de estiagens. Quando o nível de água baixa, o Ministério de Minas e Energia aciona o parque de termelétricas, que são fontes de geração mais caras, mas mais previsíveis. “Nesse contexto das energias do futuro, os combustíveis renováveis podem ser usados na própria estrutura das térmicas”, aponta Luiz Eliezer Ferreira, do DTE do Sistema FAEP.

Além disso, o produtor rural também pode produzir sua própria energia, de forma sustentável, nas propriedades. Isso tanto a partir da geração fotovoltaica e eólica, quanto com biodigestores, por exemplo.

“O Sistema FAEP tem dado apoio aos produtores rurais para a implantação de projetos que, ao mesmo tempo, reduzam custos de produção e contribuam para a segurança energética no Brasil. Estamos caminhando à construção de um sistema que gera energia a partir de fontes renováveis, desde dentro da propriedade até o consumidor final, formando uma cadeia produtiva completa de energia renovável”, detalha Ferreira.

Paraná tem políticas relacionadas ao hidrogênio renovável

De olho nas tendências sobre os combustíveis do futuro, o Paraná deflagrou uma série de ações relacionadas ao hidrogênio renovável – considerada uma das mais promissoras matrizes de energia limpa. No fim do ano passado, o Estado instituiu o Plano de Hidrogênio do Paraná, que deve mapear o potencial desse tipo de energia e medidas voltadas ao licenciamento e desenvolvimento da cadeia produtiva.

Em maio, o Paraná já havia aprovado uma lei estadual que incentiva o uso do hidrogênio renovável em todo o Estado. Em setembro, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) criou uma frente parlamentar, coordenada pela deputada estadual Maria Victoria, para fomentar essa matriz energética.

Neste ano, o Paraná foi além e criou comitês de governança para incentivar as cadeias de biogás e hidrogênio renovável. Todas essas iniciativas contam com o apoio do Sistema FAEP.

Fonte: Assessoria de Imprensa Faep Foto: Divulgação Faep

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Simpósio debate maior cadeia de sementes e mudas do Brasil

O 11.º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais provocou um amplo debate na abertura do XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que traz como tema central “Sementes: matéria prima da sustentabilidade”. O CBSementes começou nesta terça-feira e prossegue até sexta-feira (13), em Foz do Iguaçu (PR).

A cadeia de sementes e mudas no Brasil é um dos maiores mercados mundiais do segmento. O Brasil tem 500 milhões de hectares de florestas nativas e 8 milhões de hectares exóticas plantadas.

Bárbara Dantas, coordenadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais e organizadora do Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais disse que o tema é importante para o setor. “Foi um ganho ter a visibilidade dentro de um congresso que se fala tanto de commodities, tanto de soja, tanto de grãos”, ressaltou.

As discussões abordadas no simpósio contemplam as políticas públicas de restauração, quanto de tecnologia de sementes, análise, armazenamento, a influência das sementes florestais na mitigação das mudanças climáticas, e de que forma as redes de coletores, de produtores de sementes florestais conseguem se organizar e conseguem atuar neste segmento. “Não só os cientistas, não só os pesquisadores da área, mas os produtores, os pequenos produtores, a comunidade civil também, como que essas pessoas atuam na área das sementes florestais para a restauração e para a mitigação das mudanças climáticas”.

Restauração – Dentre os palestrantes do painel de abertura está Fatima Piña Rodrigues, professora doutora da Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba, membro fundadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais e coordenadora do Programa Nacional de Silvicultura de Nativas.

Segundo Fátima, atualmente existem mecanismos legais que podem apoiar o produtor na restauração das propriedades, colocá-la de acordo com a lei e, além disso, aumentar a sua produtividade. “Hoje a gente tem dados que se você restaura a sua propriedade, você diversifica sua agricultura e tem áreas de conservação, reduzindo a quantidade de insumos que tem que usar ou de controle. Você mantém a fauna, a flora”.

Fátima Piña cita alguns resultados de curto a médio prazo: a possibilidade de abrir novas fontes de recursos, seja com a questão do mercado de carbono, seja com a questão do pagamento de serviços ambientais, ou inclusive com a própria produção que vem do processo de restauração. “Há uma infinidade de produtos medicinais, tecnológicos, que podem ser tirados dessa área de floresta. Não é só madeira. E o mercado de carbono, está aí. Nós temos que correr atrás porque a comunidade econômica europeia tem metas e está correndo atrás de 2030”, destacou.

Na visão da especialista, talvez falte percepção para a mudança de mentalidade na preservação do meio ambiente. “Muitas pessoas não conseguem perceber que o que aconteceu no Rio Grande do Sul tem uma forte ligação com os impactos do desmatamento que aconteceram na Amazônia. Nós temos os rios voadores de água. Esses rios voadores cada vez mais estão chegando em menor quantidade no Mato Grosso, dificultando a implantação das grandes culturas, que tem ligação com o desmatamento que aconteceu na Amazônia”.

Produção agrícola e clima – Complementando o painel, o pesquisador Santiago Cuada, da Embrapa Agricultura Digital, destacou em sua palestra a relação entre a produção agrícola e o clima, ressaltando que, em um país tropical como o Brasil, grande parte da variação na produtividade está diretamente associada a fatores climáticos. “A Embrapa tem trabalhado na quantificação dos riscos climáticos, e essas análises são repassadas ao Ministério da Agricultura, que publica portarias que servem de base para os bancos concederem crédito rural e, principalmente, para o seguro rural, que segue essas diretrizes obrigatórias”, explica o pesquisador.

Segundo Cuada, já é evidente um agravamento das condições climáticas ao comparar o clima atual com o de 20 ou 30 anos atrás. Isso tem resultado em um aumento do risco de perdas relacionadas à variabilidade climática. “Embora os avanços tecnológicos tenham ajudado a reduzir perdas de produtividade e trazido maior estabilidade às colheitas, as perdas ainda têm aumentado nos últimos anos por conta das questões climáticas”, afirma.

Cuada explicou que, no caso do seguro rural, por exemplo, os custos quase dobraram em anos recentes. Em 2022, os gastos com o Proagro chegaram a cerca de R$ 8 bilhões, em comparação aos R$ 2 bilhões de anos anteriores. Ele apontou que, embora 2023 tenha sido um ano um pouco melhor, o cenário continua desafiador.

Além disso, o pesquisador destacou que o agronegócio brasileiro precisará se adaptar para continuar acessando o mercado global. Ele citou o exemplo da nova regulamentação da União Europeia, que proibirá a importação de produtos agrícolas de áreas com desmatamento, o que vai exigir que o produtor seja mais sustentável.

Crédito de carbono – Santiago Cuadra desmistifica a ideia de que o crédito de carbono possa ser visto como uma “terceira safra”. “Na verdade, não existe uma bala de prata, existem diferenças alternativas para continuar tendo acesso ao mercado e receber também um pagamento para esse serviço ambiental”, avalia.

 “O valor gerado pelo crédito de carbono, embora benéfico, não é suficiente para ser comparado a uma safra completa”, acrescenta. No entanto, o pesquisador afirmou que práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de plantas de cobertura e melhores práticas agrícolas, trazem ganhos significativos em produtividade e estabilidade, o que, financeiramente, é muito mais vantajoso para o produtor do que o crédito de carbono isoladamente.

12 milhões de hectares – Desde o Acordo de Paris em 2015 e reafirmado em 2017, o Brasil estabeleceu a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, com base no passivo do Código Florestal. No entanto, não há um sistema público oficial que indique exatamente o progresso dessa meta, somente plataformas privadas de monitoramento, como o Observatório da Restauração, bastante respeitado, informou Fabíola Zerbini, diretora de Florestas da Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente

Segundo ela, a política nacional de restauração está sendo revista por meio do  Plano Nacional de Vegetação Nativa (Planaveg), que propõe uma série de ações para garantir que as sementes nativas tenham um marco regulatório robusto. “Isso não só facilita o acesso dos produtores a essas sementes, como também impulsiona a regularização ambiental das propriedades e a implementação do Código Florestal. O Planaveg pretende criar uma plataforma pública que integre diversos sistemas, como o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), o Cadastro Ambiental Rural (CAR), além dos planos de regularização ambiental e a leitura da vegetação secundária via o projeto Terraclass.

“Essa integração é fundamental para garantir uma visão clara do que está sendo recuperado anualmente, seja por reforçamento, regeneração natural ou restauração ecológica”, diz a diretora de Floresta. “Espera-se que essa plataforma esteja funcionando plenamente em 2025, unindo as informações públicas e privadas para garantir maior credibilidade e transparência”.

Fonte: Abrates Foto: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi

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CBSementes atrai 1.300 participantes para debater a sustentabilidade na cadeia produtiva das sementes 

Com cerca de 1.300 participantes foi aberto nesta terça-feira, o XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), um dos eventos mais importantes do setor que vai prosseguir até sexta-feira (13/09), no Rafain Palace Hotel em Foz do Iguaçu (PR). Paralelamente, o 11º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais abriu o evento com discussões referentes aos desafios e as oportunidades para o desenvolvimento da cadeia de sementes e mudas no Brasil, que é um dos maiores mercados mundiais do segmento.

Durante quatro dias, o CBSementes vai debater a utilização das sementes na garantia da segurança alimentar e na promoção de práticas agrícolas sustentáveis, reunindo pesquisadores, profissionais, acadêmicos, técnicos e empresários do setor.

O presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), Fernando Henning, conduziu a abertura solene, destacando que uma das missões da ABRATES é promover o congresso, oferecendo aos participantes inovações e novas oportunidades em ciência e tecnologia de sementes.

“Precisamos lembrar que a ciência e sua aliada, a tecnologia, em suas essências, sempre foram movidas por novos desafios. Temos a certeza de que, juntos, contribuiremos e poderemos avançar para uma agricultura eficiente, produtiva e rentável”, afirmou Henning.

Segundo ele, ao planejar a programação desta edição, os organizadores buscaram oferecer aos participantes informações em diferentes campos da área de sementes, que, com o passar do tempo, demonstram a necessidade de maior interação.

“O tema ‘Semente: Matéria-Prima da Sustentabilidade’ está em consonância com a realidade atual. Desta forma, o CBSementes abordará, durante quatro dias, temas diversos como inovação, mercado, indústria, produção, sanidade, meio ambiente e boas práticas de manejo, visando à obtenção de sementes de alta qualidade, o que impacta diretamente a sustentabilidade e todos os elos da cadeia produtiva”, enfatizou em seu discurso.

Em nome da diretoria, a ABRATES prestou homenagens, nomeando o auditório principal em reconhecimento a Odete Liberal, primeira presidente da ABRATES, que está participando do evento. O salão Espaço 2 recebeu a denominação de Flávio Rocha, in memoriam, em reconhecimento à sua relevância no ensino e pesquisa em sementes.

Participaram da solenidade de abertura o vice-presidente da ABRATES, José de Barros França Neto, o diretor-tesoureiro Francisco Carlos Krzyzanowski, o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Paraná, Jhony Möller, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ronaldo Troncha, e o diretor da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), Romildo Birelo.

Fonte: Abrates Foto: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi

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“O mundo precisa de mais algodão, e o Brasil é a solução”

Durante o Congresso Brasileiro do algodão (CBA), realizado no início de setembro em Fortaleza (CE), especialistas destacaram o potencial do Brasil como solução para a crescente demanda mundial por algodão. O evento, que pela primeira vez contou com a participação da ORÍGEO, reuniu 80 cotonicultores, influenciadores do setor e pesquisadores renomados, que discutiram as tendências e desafios do mercado.

O CEO da ORÍGEO, Roberto Marcon, ressaltou a importância de fortalecer e integrar o ecossistema agrícola para alcançar uma agricultura mais produtiva, sustentável e rentável. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a produção brasileira deve atingir 3,7 milhões de toneladas neste ano, um aumento em relação ao ciclo anterior.

Manek Gupta, CEO da Viterra na Índia, foi um dos palestrantes convidados pela ORÍGEO e apresentou uma visão otimista sobre o futuro do algodão brasileiro. “Se você olha para o algodão, grande parte da cadeia produtiva é sustentável. E grande parte desse algodão sustentável vem do Brasil. Durante a pandemia, os clientes industriais precisaram buscar alternativas ao algodão, por causa dos altos preços da fibra. Os preços baixaram, mas leva tempo para voltar a usar algodão como antes. O uso dessa fibra crescerá em torno de 2% ao ano, em um ambiente de crescimento econômico e, consequentemente, a demanda”, afirma Gupta.

Com o crescimento da demanda global por algodão estimado em cerca de 2% ao ano, Gupta destacou o papel crucial que o Brasil desempenhará no atendimento a essa necessidade. “O mundo precisa de mais algodão, e o Brasil é a solução. Poucos países conseguem produzir algodão com tanta eficiência e a custos tão baixos como o Brasil”, ressaltou o CEO da Viterra. A produtividade crescente no setor algodoeiro nacional é vista como chave para o sucesso, tanto para atender o mercado interno quanto o internacional.

Fonte: Agrolink/Leonardo Gottems Foto: Canva

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Último levantamento da safra 2023/2024 estima produção de grãos em 298,41 milhões de toneladas

A produção de grãos na safra 2023/2024 se encerra estimada em 298,41 milhões de toneladas, uma redução de 21,4 milhões de toneladas em relação ao volume obtido no ciclo anterior. A diminuição observada se deve, principalmente, à demora na regularização de chuvas no início da janela de plantio, aliada às baixas precipitações durante parte do ciclo das lavouras nos estados da região Centro-Oeste, do Matopiba, em São Paulo e no Paraná e pelo excesso de precipitação registrado no Rio Grande do Sul, sobretudo nas lavouras de primeira safra. Os estados paulista e paranaense, além de Mato Grosso do Sul, também apresentaram condições adversas durante o desenvolvimento das culturas de 2ª safra. Ainda assim, esta é a segunda maior safra a ser colhida na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com os dados do 12º e último Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024, divulgado nesta quinta-feira (12) pela Companhia, a área semeada está estimada em 79,82 milhões de hectares, acréscimo de 1,6% ou 1,27 milhão de hectares sobre 2022/2023. Já a produtividade média das lavouras apresenta redução de 8,2%, saindo de 4.072 quilos por hectare na temporada passada para 3.739 quilos por hectare no atual ciclo.

Dentre as culturas afetadas pelo clima adverso, destaque para a soja, cujo volume total colhido na safra 2023/2024 é estimado em 147,38 milhões de toneladas, redução de 7,23 milhões de toneladas em relação ao período 2022/2023. A queda observada se deve, principalmente, ao atraso do início das chuvas, às baixas precipitações e às altas temperaturas nas áreas semeadas entre setembro e novembro, nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e na região do Matopiba, situações que causaram replantios e perdas de produtividade. Só em Mato Grosso, principal estado produtor da oleaginosa, a produção ficou em 39,34 milhões de toneladas, quebra de 11,9% ao se comparar ao primeiro levantamento ou 15,7% ao se comparar com a safra passada. No Rio Grande do Sul, o excesso de chuva também prejudicou a produção da oleaginosa.

Outro importante produto que também teve consequências do clima registrado ao longo do desenvolvimento do cultivo foi o milho. Na primeira safra, as altas temperaturas e chuvas irregulares impactaram importantes regiões produtoras, como Minas Gerais. No segundo ciclo do cereal, o clima foi mais favorável em Mato Grosso e Goiás, por exemplo. Mas em Mato Grosso do Sul, em São Paulo e no Paraná veranicos ocorridos em março e abril, aliados a altas temperaturas e ataques de pragas, comprometeram o potencial produtivo do cereal. Além do menor desempenho, a Conab verificou uma redução na área destinada ao cultivo do grão. Nesse cenário de menor área e produtividade, a colheita total de milho está estimada em 115,72 milhões de toneladas nesta safra, queda de 12,3% do produzido em 2022/2023.

A Conab também verifica ligeira queda de 1,5% na produtividade do algodão, estimada em 4.561 quilos por hectare de algodão em caroço. Porém, a área destinada para a cultura teve aumento expressivo de 16,9% o que reflete em uma elevação na produção de 15,1%. Só para a pluma, a Companhia estima uma colheita de 3,65 milhões de toneladas, um novo recorde para a série histórica da cultura.

Seguindo o cenário de alta na produção, o volume colhido para arroz e feijão também é maior nesta safra quando comparado com a temporada passada. No ciclo 2023/2024, a produção estimada em 10,59 milhões de toneladas de arroz representa um crescimento de 5,5%. Assim como no caso da fibra, essa elevação é influenciada principalmente pela maior área cultivada no país, uma vez que a produtividade média das lavouras foi prejudicada, reflexo das adversidades climáticas, com instabilidade durante o ciclo produtivo da cultura, em especial no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do grão.

Para o feijão, a safra total estimada é de 3,25 milhões de toneladas, 7% superior à produção de 2022/23. O bom resultado é influenciado, principalmente, pelo desempenho registrado na 2ª safra da leguminosa, onde foi registrado um acréscimo de 18,5% na produção, chegando a 1,5 milhão de toneladas.

Dentre as culturas de inverno, o plantio já foi concluído e estima-se uma redução de 9,8% na área plantada quando comparada com a safra passada. Destaque para o trigo. Para a principal cultura cultivada entre os cereais de inverno, a queda na área chega a 11,6%, estimada em aproximadamente 3,1 milhões de hectares.

Apesar de finalizar a temporada 2023/2024 e, a partir de outubro, reiniciar o ciclo e contabilizar os números da próxima safra, a Conab continua acompanhando o desenvolvimento das lavouras que se encontram em campo, como as de inverno e de 3ª safra.

Mercado – Neste ano safra, a Conab verifica recuperação na produção de arroz, influenciado principalmente pelo aumento na área plantada. Importante produto para o mercado interno, a estimativa de consumo para o produto foi elevada em 6,5% chegando a cerca de 11 milhões de toneladas. Essa alta tem como base o aumento na safra do grão aliada a um cenário de adoção de políticas públicas que incentivem o consumo de arroz ao longo de 2024, além da expansão significativa do auxílio médio e do número de beneficiários do Programa Bolsa Família. Já as exportações estão estimadas em 1,3 milhão de toneladas, redução de 25,9% em relação à safra anterior. Isso deve-se ao fato de os preços internos estarem acima das paridades de exportação, além da recuperação do potencial produtivo dos Estados Unidos, afetado na safra anterior.

Dupla do arroz no prato dos brasileiros, o feijão também registrou maior produção na atual safra. Para a leguminosa, além da alta no consumo interno, saindo de 2,85 milhões de toneladas para 3 milhões de toneladas, as vendas ao mercado internacional também tendem a crescer sendo estimadas em 227,4 mil toneladas.

No caso do milho, a menor safra colhida impacta na oferta do cereal brasileiro no mercado externo. Diante desse cenário, o Brasil deverá reduzir o volume de exportações do grão. A Conab estima que 36 milhões de toneladas sairão do país via portos, entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, volume 34,1% inferior ao estimado na safra 2022/23.

Os dados completos sobre o 12° Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024 e as condições de mercado destes produtos podem ser conferidos no Portal da Conab.

Fonte: Conab Foto: Rufino/Embrapa Soja

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Prorrogadas as inscrições das agroindústrias para a Feira Sabores do Paraná

Foram prorrogadas as inscrições para produtores rurais interessados em participar da Feira Sabores do Paraná. Agora, os interessados podem realizar a inscrição até a próxima segunda-feira (16).

Neste ano, o evento acontece de 28 de novembro a 1º de dezembro, no salão de eventos do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Serão selecionados 80 empreendedores rurais que terão a oportunidade de mostrar sua produção para o público da Capital. Além da venda de produtos, a feira contará com aulas-show para divulgar a gastronomia e o turismo.

A Feira Sabores do Paraná é promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o Sistema Faep/Senar-PR e o Sebrae/PR.

Para participar da feira, os produtores devem atender a algumas exigências. A primeira delas é ter o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) ativo. Além disso, toda agroindústria que trabalha com alimentos precisa ser regularizada sanitariamente. Outra solicitação é de que os produtos sejam rotulados, seguindo a legislação vigente. Já o artesanato a ser apresentado precisa ter características de identidade regional ou usar matérias-primas da propriedade rural.

Para realizar a inscrição, basta acessar o site do IDR-Paraná ou procurar um escritório do Instituto e solicitar ajuda de um extensionista. As inscrições estão abertas para empreendedores individuais e organizações como cooperativas e associações. Os empreendimentos com jovens rurais, até 29 anos, serão priorizados.

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Feira sabores

A Feira Sabores do Paraná aconteceu de 2000 a 2014, sempre no Parque Barigui, em Curitiba. Depois de uma interrupção o evento foi retomado, agora num formato mais compacto. O objetivo é divulgar os produtos coloniais do Paraná, com destaque para a produção regional.

A gastronomia será o carro-chefe para divulgar as atrações turísticas paranaenses durante a feira. O visitante terá à disposição seis pratos quentes para consumir no local, além de duas sobremesas e duas bebidas típicas.

Também serão realizadas, no salão de eventos, aulas-show de culinária, com ingredientes disponíveis na feira ou alguma cultivar desenvolvida pela pesquisa do IDR-Paraná. Cada aula-show terá o número máximo de 30 participantes e a inscrição é gratuita.

A abertura da feira será no dia 28 de novembro, às 16h, no vão do Museu Oscar Niemeyer. De sexta a domingo o evento estará aberto ao público sempre das 10h às 22h e a entrada é gratuita.

A lista com os expositores classificados será divulgada a partir do dia 20 de setembro.

Faça sua inscrição AQUI.

Fonte e Foto: AEN

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Começa nesta terça-feira (10) em Foz do Iguaçu o XXII BSementes

Principal encontro do setor sementeiro no Brasil vai discutir temas em alta neste importante segmento do agronegócio

O Paraná recebe nesta semana um dos principais encontros do setor de sementes brasileiro. De 10 a 13 de setembro acontece em Foz do Iguaçu o XXII Congresso Brasileiro de Sementes (XXII CBSementes), que discute as principais pautas que hoje estão em alta neste importante segmento do agronegócio.

Promovido pela Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), o CBS é considerado o maior evento da área, reconhecido dentro e fora do país e que reúne técnicos, produtores, empresários, pesquisadores, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação vinculados ao setor sementeiro.

A Apasem que é parceira deste evento estará com estande localizado nos espaços 30 e 36 em frente ao auditório, onde os visitantes irão receber em primeira mão a 8ª edição da Revista Apasem, que traz como matéria de capa justamente o atual cenário da Análise de Sementes no Brasil com a participação da visão de muitos especialistas no assunto.

Serviço:

Congresso Brasileiro de Sementes 2024 – Foz do Iguaçu

De 10 a 13 de setembro no Hotel Rafain

Visite o Estande da Apasem que está localizado nos espaços 30 e 36 em frente ao auditório principal

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Com atraso no plantio, preços da soja disparam no Brasil seca prolongada está deixando produtores cautelosos

A escassez de chuvas nas principais regiões produtoras de soja do Brasil tem gerado preocupação entre os agentes do setor. O atraso no início da semeadura da safra 2024/25 pode afetar diretamente o cronograma de produção e abastecimento. A seca prolongada está deixando produtores cautelosos, influenciando a oferta e a comercialização da oleaginosa.

Segundo dados informados pelo Cepea, esse cenário tem levado vendedores a restringir a quantidade ofertada no mercado spot nacional, enquanto compradores domésticos e internacionais competem pela aquisição de novos lotes. Com a demanda superior à oferta, tanto os prêmios de exportação quanto os preços no mercado interno continuam a subir.

As expectativas de exportação também indicam preços ainda mais altos no próximo mês, o que intensifica a resistência dos sojicultores em liberar grandes volumes no curto prazo.

Fonte: Agrolink/Aline Merladete Foto: Pixabay

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Estado de alerta: Paraná atinge momento mais crítico para casos de queimadas florestais

A combinação de áreas há muito tempo sem chuva e baixa umidade relativa do ar com as altas temperaturas atípicas para o inverno faz com que o Paraná atravesse nesta semana o período mais crítico para a ocorrência de queimadas florestais. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram registrados mais de 10 mil focos de incêndio no Estado de janeiro a agosto deste ano. “Os indicadores são os mais altos possíveis”, afirma o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), Reinaldo Kneib.

Situação que fez com que o governador Carlos Massa Ratinho Junior decretasse situação de emergência em por causa da estiagem. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) também está finalizando uma resolução técnica para mitigar os efeitos da seca no Paraná. “Estamos agindo no momento em que há necessidade de que se tome uma ação efetiva, porque o momento é crítico”, ressalta o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza.

De acordo com a previsão do instituto, a média da umidade relativa do ar mínima para a semana pode ser inferior a 20% nas regiões Norte, Norte Pioneiro e Noroeste e menor do que 30% nas regiões Central e Sudoeste do Paraná. Já a temperatura máxima média vai chegar próximo a 40ºC em alguns pontos do Estado. A expectativa é de que em setembro a chuva acumulada seja 38% menor do que a média histórica para o período.

“Todo o Estado está em vermelho, com uma condição ainda mais desfavorável para extremo Norte e Noroeste do Paraná”, destaca o meteorologista.

Condição que, de acordo com o Simepar, deve seguir até sexta-feira (13), quando a previsão aponta a chegada da chuva em todo o Estado. “Será um fim de semana chuvoso, mas de forma irregular. Algumas cidades há previsão de até 50 milímetros de precipitação acumulada, em outras um pouco menos. De qualquer forma, já ajuda a melhorar a qualidade do ar e diminuir os riscos de incêndios florestais”, explica Kneib.

Após essa pausa, o tempo seco retorna. Cidades do Noroeste, como Paranavaí, Colorado e Querência do Norte, passarão novamente dos 40ºC a partir do dia 21 de setembro – a previsão indica até 45ºC em Santa Cruz de Monte Castelo.

Recomendações

Quando as condições climáticas apontam para altos riscos de incêndios florestais, a Defesa Civil emite alertas às unidades regionais dos bombeiros, para que a corporação possa atuar de maneira mais ágil aos focos que surgirem.

A recomendação é para que a população se sensibilize para evitar qualquer incêndio, evitando utilizar fogo para limpeza de terreno, não queimar lixo, não soltar balões e fazer a destinação correta de material vegetal, evitando montes de folhas e galhos. No caso da ocorrência de queimadas, a indicação é entrar em contato imediatamente com o Corpo de Bombeiros.

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, reforça a importância de os prefeitos dos municípios atingidos informar a Defesa Civil Estadual para registrar as ocorrências e receber as orientações sobre como proceder em cada um dos casos. Para isso, basta acessar o link.

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“Este é um momento crítico, orientamos os municípios para que façam esse registro para sabermos o que está acontecendo, e que essas informações sejam replicadas para todos os moradores. Lembramos que se deve-se evitar efetuar queimadas, além de fazer o uso consciente da água. É essencial que todos participem”, diz o coronel Fernando.

O clima seco também causa desconforto respiratório e pode agravar condições respiratórias como asma e bronquite – em especial nas crianças. Isso acontece porque o tempo seco desidrata as vias aéreas e causa irritação. Por isso, neste período é importante se hidratar com frequência.

Fonte: AEN Foto: Patryck Madeira/SEDEST

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Safra de algodão 23/24: produção brasileira elevada apesar de desafios com clima e pragas

Os dados oficiais da Conab apontam que, até esta segunda-feira (09), a safra de algodão 2023/24 está 95,6% colhida no Brasil. Com os trabalhos em sua reta final, a avaliação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é de que a produção pode configurar recorde histórico, mais em função do aumento de área do que pela produtividade.

“Foi um ano interessante. Foi prejudicial para a soja que antecede 70% da safra de algodão e isso fez uma janela de plantio mais curta em janeiro, então não favoreceu tanto o algodão. Estávamos torcendo por boas chuvas no final do ciclo, o que fez com que tivéssemos boas produtividades. Vamos ter uma produtividade boa, mas não excelente como foi 2023, é uma safra boa mas não excepcional, mas por causa do aumento de área neste ano vamos bater recorde de produção”, diz Alexandre Schenkel, Presidente da Abrapa.

Exemplo deste cenário é o estado do Mato Grosso, principal produtor de algodão do Brasil. De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), houve aumento de 21,57% na área semeada na safra 23/24 em relação ao plantio de 22/23. Já a produtividade registrada ficou 6,42% menor no atual ciclo. Sendo assim, a produção final do Mato Grosso deve ficar em 6,39 milhões de toneladas de algodão em caroço, 13,9% superior ao ciclo 22/23.

O saldo é parecido também em Goiás, onde apesar das dificuldades, a produção final vem sendo registrada acima do esperado. “Foi um ano atípico, tivemos problemas climáticos no início do estabelecimento da cultura, tivemos problemas com pragas, mosca-branca foi um alvo bastante forte na soja e depois no algodão e o bicudo sempre presente. Foi um ano desafiador para o produtor, mas o balanço é positivo, a maioria das regiões e dos produtores com quem a gente conversou está atingindo produção maior do que o esperado”, diz Carlos Alberto Moresco, Vice-presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa).

“O que chamou mais a atenção foram infestações altas de bicudo em praticamente todas as regiões produtoras, mas tivemos também problema com mosca-branca que na cultura da soja já foi um problema bem maior do que nas quatro safras anteriores, problema de tripes também com uma população na soja e ofertando também no algodão e lagartas mais na região da Bahia do que no Mato Grosso”, relata a Pesquisadora da Fundação MT, Lúcia Vivan.

“O bicudo sempre foi a principal praga do algodoeiro, mas temos que ficar cada vez mais atentos porque foi um desafio muito grande nesse ano demandando muitas aplicações para o controle. Também a mancha-alvo teve um ataque muito severo porque tivemos um período de chuvas muito grande no mês de abril que prejudicou as lavouras do Mato Grosso e aumento a tensão para manchas foliares”, acrescenta Schenkel.

Quem também destaca esse aumento nos casos de mancha-alvo nos algodoeiros é Guilherme Hungueria, Gerente de Campanhas para Milho e Algodão da Bayer. “Essa safra foi bastante atípica para o produtor de algodão, especialmente no Mato Grosso onde houve condições climáticas inesperadas. Somado a isso, a gente viu um comportamento diferente de uma doença que é conhecida do produtor que é a mancha-alvo. Nesse sentido, a gente trabalhou fortemente para identificar o que vem acontecendo com essa doença, trabalhamos nos laboratórios juntamente com outros pesquisadores. O produtor enfrentou uma janela de plantio diferente, situações climáticas diferentes e esse é um fungo necrotrófico, que tem comportamento de permanecer nos restos das culturas, são diversos fatores que podem ter contribuído”.

A pesquisadora explica que as condições climáticas desta temporada acabaram sendo mais favoráveis ao desenvolvimento das pragas. “Isso se deu em virtude do período mais seco e da dificuldade de destruição da soqueira, que manteve algumas plantas na cultura da soja. Tivemos também uma janela de plantio maior com relação à outras safras até pela dificuldade de plantio da soja em período correto, então muitas áreas que eram de segunda safra de algodão passaram a ser primeira safra. Então na cultura da soja já tivemos uma infestação muito maior e isso acaba passando para a cultura do algodão”, diz Vivan.

Fonte: Notícias Agrícolas/Guilherme Dorigatti Foto: Wenderson Araujo