Sementes não certificadas avançam no Brasil e geram perdas expressivas e desafios à cadeia da soja

O uso de sementes de soja não certificadas — incluindo sementes piratas e sementes salvas comercializadas irregularmente — segue em expansão no Brasil e já representa um dos maiores desafios estruturais da cadeia produtiva da soja. Dados consolidados pela Céleres Consultoria, com elaboração da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS), indicam que, na safra 2025/26, 27% da área plantada no país será cultivada com sementes não certificadas, o equivalente a cerca de 13 milhões de hectares.

Segundo Gladir Tomazelli, diretor institucional da ABRASS, parte do problema está na distorção entre o uso legal da semente salva e a sua comercialização irregular. “A prática de utilizar sementes produzidas pelo próprio agricultor cresceu de forma expressiva nos últimos anos. Ocorre que uma parcela dessas sementes, que deveriam ser para uso próprio, acaba sendo comercializada ilegalmente, transformando-se em semente pirata”, explica.

O impacto direto desse cenário é sentido na produtividade. Pesquisas indicam que o uso de sementes não certificadas resulta, em média, em queda de quatro sacas por hectare. Aplicada à área total fora do sistema formal, essa redução representa 2,8 milhões de toneladas a menos de soja produzidas no país, além da perda estimada de 1,9 milhão de toneladas em exportações e 0,9 milhão de toneladas no consumo interno.

As perdas econômicas também são expressivas. O levantamento aponta que 16,4 milhões de sacas de sementes certificadas deixam de ser comercializadas, gerando um prejuízo superior a R$ 8 bilhões para o setor de sementes. Apenas de royalties genética, o impacto chega a R$ 590 milhões, comprometendo investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novas cultivares.

“Estamos falando de um efeito dominó que atinge toda a cadeia produtiva”, afirma Tomazelli. “Menos sementes certificadas significam menos produtividade, menos geração de empregos qualificados — estimamos cerca de 4.500 postos diretos a menos — e menor circulação de renda no agronegócio brasileiro”.

Para enfrentar o problema, a ABRASS defende a modernização da legislação de cultivares. A entidade apoia o Projeto de Lei (PL n. 1702/19) em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê o recolhimento de royalties de genética sobre a semente salva. “A aprovação e regulamentação dessa lei trarão mais segurança jurídica ao pesquisador e tornarão o mercado de sementes mais competitivo e equilibrado”, destaca Tomazelli.

Além da agenda regulatória, a associação tem investido em ações práticas para elevar o padrão do setor. Um dos principais projetos é a Certificação de Processos ABRASS, desenvolvido há cerca de quatro anos e atualmente em fase de implementação de auditorias, em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

“O objetivo é padronizar e elevar o nível dos processos produtivos entre os multiplicadores associados, garantindo maior regularidade e previsibilidade na qualidade das sementes”, explica Tomazelli. A iniciativa deve resultar na criação de um selo ABRASS de processos de produção, oferecendo maior segurança ao agricultor no momento da compra.

Para o presidente da ABRASS, André Schwening, a escolha por sementes certificadas vai além do cumprimento legal. “Trata-se de uma decisão estratégica para o produtor e para o país. Semente certificada é sinônimo de produtividade, competitividade e sustentabilidade econômica. Quando a semente não certificada ganha espaço, todos perdem: o agricultor, a indústria, a pesquisa e o Brasil”, afirma.

Schwening reforça que a entidade seguirá atuando de forma institucional e técnica para fortalecer o mercado formal. “A ABRASS continuará trabalhando para criar um ambiente mais transparente, moderno e sustentável, onde a inovação seja valorizada e a produção de soja brasileira mantenha sua liderança global”.

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRASS Foto: Divulgação

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Paraná é o fiel da balança da soja

O Rio Grande do Sul se consolida como o principal foco de incerteza da safra brasileira de soja, segundo informações da TF Agroeconômica. “Para pagamento em dezembro, com entrega em dezembro, os preços no porto foram reportados a R$ 141,00/sc (-0,70%) semanal, enquanto no interior as referências se foram em torno de R$ 132,08/sc (-0,23%) semanal em Cruz Alta, salvo por Santa Rosa a R$ 136,00. Já em Panambi, o mercado físico apresentou manutenção, com o preço de pedra recuando para R$ 122,00/sc, sinalizando maior resistência local ao ritmo comprador”, comenta.

Santa Catarina apresenta uma dinâmica de mercado descolada da paridade de exportação. “Do ponto de vista agrícola, a colheita da safra de inverno está praticamente concluída, liberando áreas para o avanço do plantio da soja em áreas tardias. No porto de São Francisco, a saca de soja é cotada a R$ 141,05 (-0,89%)”, completa a consultoria.

O Paraná atua como fiel da balança da produção no Sul, combinando expectativa de safra consistente com uma postura comercial defensiva por parte do produtor. “Em Paranaguá, o preço chegou R$ 141,82. Em Cascavel, o preço foi R$ 130,83 (+0,01%). Em Maringá, o preço foi de R$ 129,53 (-0,28%). Em Ponta Grossa o preço foi a R$ 132,46 (-0,41%) por saca FOB, Pato Branco o preço foi R$ 141,05 (-0,89%). No balcão, os preços em Ponta Grossa ficaram em R$ 122,00”, indica.

O Mato Grosso do Sul apresenta um mercado de soja travado, marcado por baixa fluidez nas negociações e ajustes negativos alinhados ao movimento nacional. “Em Dourados, o spot da soja ficou em R$ 127,82 (-0,30%), Campo Grande em R$ 127,82 (-0,30%), Maracaju em R$ 127,82 (-0,30%), Chapadão do Sul a R$ 123,39 (-0,14%), Sidrolândia a em R$ 127,82 (-0,30%)”, informa a consultoria.

Mato Grosso vive o paradoxo da abundância produtiva combinada com forte pressão financeira, em um cenário de safra volumosa e margens cada vez mais comprimidas. “Campo Verde: R$ 121,39 (-0,70%). Lucas do Rio Verde: R$ 118,77 (+0,70%), Nova Mutum: R$ 118,77 (+0,70%). Primavera do Leste R$ 121,39 (-0,70%). Rondonópolis: R$ 121,39 (-0,70%). Sorriso: R$ 118,77 (+0,70%)”, conclui.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

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CNA alerta produtor rural para mudanças no modelo de emissão de notas fiscais a partir de 2026

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta o produtor rural para a transição do modelo de tributação sobre consumo que começa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.

O coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, explica que até o final de dezembro desse ano os produtores que utilizam sistemas próprios para emissão de notas fiscais eletrônicas devem solicitar atualização para o novo padrão, definido pela Receita Federal.

“Para aqueles produtores que possuem sistemas de emissão de notas fiscais, se não fizerem a adequação exigida, poderão ter problemas a partir de 1º de janeiro de 2026”, afirmou.

Conchon ressalta que a mudança, prevista na Reforma Tributária, traz segurança jurídica para o produtor, com a criação de uma legislação unificada, por meio de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), amplamente utilizado em diversos países.

“No caso do Brasil, serão criados os novos tributos: Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituirão gradativamente os tributos atuais.”

O coordenador da CNA lembra que, durante o ano de 2026, os produtores entrarão em um período de transição, com emissão de notas no novo modelo e aplicação de uma alíquota-teste de 1%, sem impacto no pagamento destes tributos.

“Esse processo vai permitir que os órgãos competentes calibrem as alíquotas reais ao longo do ano”, a partir da emissão do documento fiscal com o destaque de 1%, explica.

Ele orienta que, para os produtores garantirem uma adaptação tranquila, é necessário que façam a transição de forma gradual e planejada, envolvendo áreas como contabilidade, jurídico, financeiro, comercial, recursos humanos e tecnologia da informação.

Além dos benefícios para o produtor, Renato Conchon enfatiza o impacto positivo da reforma para a sociedade, onde o consumidor final terá acesso a alimentos sem a incidência de tributos cumulativos.

O coordenador lembra, ainda, dos principais ganhos para o agro na reforma, como a redução de 60% nas alíquotas, a possibilidade de regime opcional para produtores com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, a não incidência do imposto seletivo sobre produtos agropecuários e o tratamento diferenciado para cooperativas e biocombustíveis.

Para orientações extras sobre o novo modelo tributário, o produtor rural pode acessar a página especial criada pela CNA com matérias, vídeos e um perguntas e respostas sobre o tema: https://cnabrasil.org.br/paginas-especiais/reformatributaria

Fonte: CNA Foto: Divulgação

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Produção de etanol de milho cresce, mas disputa por biomassa ameaça ritmo das usinas

Com a produção brasileira de etanol de milho projetada para alcançar 10 bilhões de litros até o final de 2025, segundo dados da Unem, o setor entra em uma fase de expansão que vem reconfigurando o mapa industrial do país. O avanço, porém, expõe um desafio que até pouco tempo era secundário e agora se torna decisivo para a competitividade das plantas: garantir energia térmica confiável, barata e sustentável para assegurar a operação crescente das usinas.

A demanda por biomassa já dá sinais de pressão em polos importantes do Centro-Oeste, onde projetos de etanol, fertilizantes, processamento de grãos e indústrias madeireiras passaram a disputar o mesmo insumo. Em algumas regiões, agentes do setor já falam abertamente sobre o risco de “estreitamento de oferta”, fenômeno equivalente a um possível apagão de biomassa em períodos de alta demanda.

Um ponto sensível nesse contexto é a energia térmica, já que o vapor é o responsável por sustentar etapas críticas do processo industrial e responde por grande parte do custo operacional. Sem previsibilidade de preço e de suprimento, qualquer oscilação impacta diretamente margens e produtividade.

A alternativa que começa a ganhar tração no setor é a adoção de soluções térmicas flexíveis, capazes de operar com múltiplas biomassas ao longo do ano, reduzindo o risco de escassez e garantindo a continuidade da operação. Em alguns projetos industriais, já existem caldeiras aptas a trabalhar com até 14 tipos diferentes de biomassa, incluindo cavaco de madeira, bagaço de culturas regionais e resíduos agrícolas.

Nesse cenário, empresas especializadas na gestão de energia térmica passam a ocupar um espaço relevante. A ComBio, por exemplo, opera unidades dedicadas dentro de diferentes plantas industriais, assumindo integralmente a responsabilidade por suprimento, operação e desempenho das caldeiras. O modelo surgiu como alternativa para mitigar a volatilidade no mercado de biomassa e dar previsibilidade a setores que dependem de grandes volumes de vapor. Na prática, a empresa funciona como uma gestora térmica de longo prazo, capaz de adaptar a matriz de combustível conforme a disponibilidade regional e reduzir o impacto das oscilações do mercado.

Segundo Ricardo Blandy, diretor comercial da ComBio, essa flexibilidade deixa de ser um diferencial e passa a ser condição básica de segurança energética: “Para o produtor de etanol de milho, a atenção ao suprimento de biomassa é vital, pois a usina simplesmente não funciona sem ela. Em várias regiões do país, já há um risco concreto de escassez desse insumo. Por isso, adotar caldeiras que operem com diferentes tipos de biomassa deixou de ser opção e se tornou uma exigência para garantir segurança e continuidade operacional”.

O consumo elevado do setor também exige novas formas de organizar a cadeia. Uma única usina pode demandar 300 mil a 400 mil toneladas de biomassa por ano, volume que pressionará ainda mais o mercado conforme novos projetos entrem em operação. Para garantir estabilidade, especialistas defendem o uso de contratos de longo prazo, rastreabilidade da origem da biomassa e desenvolvimento de novas cadeias regionais.

A discussão energética também se conecta à pauta climática. Em 2024, soluções térmicas baseadas em biomassa evitaram a emissão de centenas de milhares de toneladas de CO₂ no país, reforçando a narrativa de sustentabilidade que acompanha a expansão do etanol de milho.

Para Blandy, o setor vive um momento de tomada de decisão estratégica. “Vale a pena pensar em flexibilidade e em desenvolver novas biomassas. A região que hoje não tem oferta pode ter daqui a cinco ou dez anos. E o projeto térmico precisa estar preparado para isso”, afirma.

Com novos projetos prestes a sair do papel e a competição global por biocombustíveis de baixo carbono aumentando, a forma como o setor lidará com sua matriz térmica pode definir não apenas o ritmo de expansão, mas quem conseguirá manter competitividade em um mercado cada vez mais exigente.

Fonte: ComBio Foto: Divulgação

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Balanço anual tem 850 toneladas de sementes suspeitas apreendidas

As autoridades judiciais do país determinaram, em decisão preliminar, a apreensão de 848,1 toneladas de sementes suspeitas em 2025. O balanço total dos itens é resultado de 5 processos iniciados pela CropLife Brasil no decorrer do ano, que apontaram possível prática de pirataria por produtores rurais em cidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia. As ações, que visam coibir a prática da ilegalidade no campo, evidenciaram produtos com preço abaixo do mercado, utilização de bags brancas e armazenamento irregular, havendo indicativo de violação de direitos de propriedade intelectual e de práticas em desacordo a legislação agrícola. Os trabalhos de monitoramento e acompanhamento para uma atuação preventiva são realizados por Grupo de Trabalho instituído internamente na CLB, que reúne lideranças das empresas associadas e colaboradores de outras entidades do setor.

“As apreensões realizadas esse ano são muito importantes, pois demonstram como a gente consegue engajar o poder judiciário para que olhe para esse problema presente no agronegócio brasileiro com seriedade. Além de, claro, outros atores importantes no combate à pirataria de sementes, que gera diversos prejuízos para os agricultores, para o campo, para a sociedade e para o desenvolvimento de novos produtos”, avaliou a advogada e líder de Propriedade Intelectual na CropLife Brasil, Maria Luiza Barros de Silveira. A doutora coordena os trabalhos jurídicos de combate à pirataria de sementes de soja na CLB.

Separadamente, as apreensões de sementes ocorreram nas cidades de: 1ª – São Mateus do Sul (PR), de 341 toneladas; 2ª – São Valentim (RS), de 16,6 toneladas; 3ª – Bozano (RS), de 243 toneladas; 4ª – Luis Eduardo Magalhães (BA), de 217 toneladas; 5º – Santa Rosa (RS), de 30,5 toneladas. As decisões refletem a realidade da pirataria presente no país.

Os processos terão prosseguimento junto à Justiça para confirmação das condutas suspeitas.

Pirataria de Sementes

A pirataria de sementes de soja no Brasil é uma realidade e a estimativa é que ocupem 11% de área plantada da cultura, o equivalente ao total do plantio em Mato Grosso do Sul. Em valores, gera perdas de R$ 10 bilhões ao ano para agricultores, indústria de sementes, setor de processamento de grãos e exportações. Os dados são resultado de estudo inédito de 2025 realizado pela CropLife Brasil, em parceria com a Céleres Consultoria.

Representante da indústria de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias agrícolas como germoplasma, biotecnologia, defensivos agrícolas e bioinsumos, a CLB atua ativamente na defesa dos direitos de propriedade intelectual, aplicação da legislação vigente e proteção do crescimento da agropecuária, meio ambiente e o bem-estar das pessoas. A entidade disponibiliza um canal de denúncias no site, para recebimentos e endereçamento de ilícitos no campo. O enfrentamento a pirataria de sementes está incluído no pilar de Combate à Ilegalidade da Campanha permanente de Boas Práticas Agrícolas da CropLife Brasil, voltada para fortalecimento do uso correto e seguro de soluções na lavoura.

Fonte: CropLife

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Agro tem papel fundamental para economia brasileira, garante ex-ministro

“O Paraná é forte porque a agricultura é forte. O Brasil é forte porque tem Estados como o Paraná”. Com essa frase, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes abriu a palestra no Encontro Estadual de Líderes Rurais 2025, promovido pelo Sistema FAEP. Durante sua fala, Guedes ainda abordou o atual cenário geopolítico mundial e como o país tem as ferramentas necessárias para crescer e se tornar uma potência global.

Segundo o ex-ministro do Governo Bolsonaro, uma das potencialidades à economia nacional é o crescimento da população mundial em cerca de 2 bilhões nos próximos 25 anos, atingindo próximo de 10 bilhões até 2050. Com menos terras disponíveis no planeta para o cultivo de grãos e, consequentemente, menos matéria-prima para ração animal, o Brasil, diante da pujança do setor, segue como um dos principais players do agronegócio mundial.

“Para alimentar essa população global precisaremos de proteína. A China, os Estados Unidos e a Índia não têm recursos hídricos para suprir essa demanda. Por isso, o Brasil é uma potência do agronegócio”, explicou.

O ex-ministro dividiu a apresentação em três momentos: o primeiro sobre como a geopolítica global se estabeleceu após a Segunda Guerra Mundial; seguiu sobre os desafios da economia com a entrada da China como superpotência; e, por fim, as oportunidades do Brasil em meio a esses cenários.

O primeiro episódio, intitulado “Grande Ordem Liberal”, narra como os Estados Unidos se tornaram a principal potência global após o fim da Segunda Guerra Mundial. Guedes cita que as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram as ferramentas de domínio norte-americano.

Além disso, no pós-guerra, os EUA pregaram a pacificação e reconstrução dos países envolvidos no conflito. Somente via Plano Marshall, 12 bilhões de dólares foram injetados em nações europeias envolvidas no conflito, como Alemanha Ocidental, França, Itália e Reino Unido. Mesmo fora desse pacote econômico, o Japão também foi beneficiado com investimentos norte-americanos.

O ex-ministro ainda apontou que o pós-guerra intensificou fluxos migratórios em países afetados pelo conflito bélico, especialmente nas nações do Eixo (como Alemanha, Itália e Japão) e do Leste Europeu (como Polônia e Ucrânia).

“Democracia, liberdade e mercados são as palavras-chaves desse período. Os imigrantes chegaram no Brasil e já começaram a produzir. Não tinha burocracia do governo para atrapalhar. Eles geravam emprego e receita, seja no agronegócio ou na indústria”, complementou Guedes.

Desordem mundial

A segunda parte da palestra de Guedes desenhou o atual momento da geopolítica global. Chamada pelo ex-ministro de “Desordem Mundial”, o movimento coloca a China como uma superpotência e diversos fatores que levaram políticos conservadores a ganharem espaço em países de primeiro mundo.

Para Guedes, a China se tornou essa superpotência após adotar um capitalismo agressivo, o que impactou em empresas consolidadas dentro do mercado. “A China é o elefante na piscina das crianças, que é a globalização. Ameaças empresas já estabelecidas em diversos setores, como os automóveis e o aço. Isso com o capitalismo mais agressivo do mundo, onde existe o trabalhar, mas não existe leis trabalhistas”.

O ex-ministro também apontou que uma das consequências dessa mudança geopolítica é a retomada da alta nos fluxos migratórios, em especial na África, América Latina e Oriente Médio. Esse volume de imigrações gerou ondas de protestos em diversos países, o que facilitou a eleição de novos líderes conservadores pelo mundo. Casos como o de Donald Trump nos EUA, Giorgia Meloni na Itália, Karol Nawrocki na Polônia e Viktor Orbán na Hungria têm aumentado ao redor do planeta e esse movimento deve seguir nesta toada nos próximos anos.

“O mundo liberal vai demorar para voltar. As palavras-chaves hoje são geopolítica e força. Na maioria dessas vitórias [dos partidos de centro-direita e direita] houve alianças entre conservadores e liberais para vencerem candidatos e lideranças da esquerda”, contextualizou o ex-ministro.

Agro de oportunidades

Guedes encerrou a palestra ao apontar caminhos para o Brasil crescer exponencialmente nos próximos anos.

“O Brasil é a maior potência agrícola do mundo. Poderíamos estar crescendo 5% ao ano, com juros e inflação baixas, com o Mercosul atuando dentro da Organização para a Cooperação   Desenvolvimento Econômico. Porém, precisamos fazer a lição de casa para sermos uma potência. Mas, ao contrário, estamos nos descredenciando, nosso capital institucional está esgarçando”, declarou o ex-ministro.

Outro rumo apontado por Guedes é melhorar a destinação de recursos públicos para investimentos. Desta forma, o Governo Federal daria mais autonomia para poderes estaduais e municipais decidirem as áreas prioritárias para receberem essas verbas, o que, na visão do ex-ministro, potencializaria áreas chaves da economia.

“O Brasil oferece um cenário positivo nos setores do agronegócio e energético. Nossos principais problemas são os internos. Mas, diante deste cenário, nós precisamos ter resiliência e esperança”, finalizou Guedes.

Fonte e Foto: FAEP

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Para o ano de 2026 em MT, o Imea projetou a área de soja da safra 2025/26 em 13,01 milhões

Em 2025, a safra de soja 2024/25 em Mato Grosso foi consolidada com números recordes. A área cultivada atingiu 12,80 milhões de ha, aumento de 3,47% em relação à safra anterior, enquanto a produtividade alcançou 66,29 sc/ha, crescimento de 27,09% em comparação à temporada 2023/24, o que elevou a produção total para 50,89 milhões de t, incremento de 31,50%.

Esse desempenho reflete tanto a expansão da área, quanto as condições climáticas favoráveis durante o ciclo. No que se refere ao valor da oleaginosa, o preço disponível encerrou o ano com média de R$ 113,01/sc, queda de 3,30%, devido aos estoques elevados. Já nas exportações, até nov/25 foram escoadas 31,11 milhões de t de soja, aumento de 26,26% frente ao mesmo período de 2024.

Diante disso, o Imea projeta as exportações para o ano em 31,40 milhões de t, acréscimo de 26,97% ante o ciclo 23/24. Por fim, o Valor Bruto da Produção (VBP) da oleaginosa em 2025 apresentou um aumento de 27,90% em relação ao ano anterior, finalizando com projeção de R$ 93,98 bilhões.

MAIOR MARGEM: a margem bruta de esmagamento de 2025 apresentou crescimento de 32,08% em relação ao ano passado e ficou na média de R$ 550,39/t.

PRÊMIO ELEVADO: devido à demanda aquecida nos portos em 2025, o prêmio Santos registrou valorização de 173,50% no comparativo anual.

AUMENTO DO OLÉO DE SOJA: pautado pela maior demanda pelo coproduto, o óleo de soja exibiu alta de 27,35% quando comparado a 2024.

VALORIZAÇÃO DÓLAR PTAX: A moeda norte-americana subiu 3,66% frente ao ano passado, impactada pela aversão ao risco e pelas incertezas geopolíticas.

Para o ano de 2026 em Mato Grosso, o Imea projetou a área de soja da safra 2025/26 em 13,01 milhões de ha, crescimento de 1,67% frente à safra anterior

Esse avanço moderado reflete a postura mais cautelosa dos produtores diante do aumento nos custos de produção da temporada. Contudo, embora a semeadura tenha começado no ritmo mais acelerado dos últimos cinco anos, a estiagem e as altas temperaturas registradas em diversas regiões reduziram o indicador para níveis abaixo da média histórica e elevaram as preocupações quanto ao desenvolvimento das lavouras, sobretudo daquelas que enfrentaram estresse hídrico nas fases iniciais.

Diante desse cenário, a produtividade média foi projetada em 60,45 sc/ha, queda de 8,81% frente ao ciclo 24/25, o que reduziu a produção em 7,29%, ficando prevista em 47,18 milhões de t. Quanto à comercialização da safra 25/26, até nov/25 cerca de 38,42% da produção prevista havia sido negociada, atraso de 2,67 p.p. ante ao mesmo período da safra passada. Por fim, com a menor oferta prevista, somada ao maior consumo das indústrias esmagadoras, as exportações de soja do estado foram projetadas em 29,33 milhões de t.

Confira o Boletim Semanal da Soja n° 878 completo, clicando aqui!

Fonte: Imea

Grãos abrem a semana com movimentos mistos

Os mercados agrícolas iniciaram esta terça-feira com movimentos distintos entre os principais grãos, refletindo fatores globais de oferta, demanda e ajustes de posicionamento. Segundo a TF Agroeconômica, o ambiente externo segue pressionado pela concorrência internacional, enquanto o mercado doméstico brasileiro apresenta dinâmicas próprias neste fim de ano.

No trigo, as cotações internacionais abriram em queda, influenciadas pela ampla oferta mundial, pelo ritmo mais lento das exportações dos Estados Unidos e pela forte presença da Argentina nos mercados globais. No Brasil, a proximidade do encerramento das atividades de moagem para limpeza e férias reduziu a demanda ao mínimo, ao mesmo tempo em que parte dos vendedores busca liquidez. Os trigos de melhor qualidade já foram absorvidos pelos moinhos, restando majoritariamente lotes de qualidade inferior, o que abre espaço para produto do Paraguai e do Uruguai, considerados os de melhor padrão nesta safra sul-americana.

A soja iniciou o dia em alta na Bolsa de Chicago, sustentada por compras chinesas após a formação de novas mínimas recentes. No entanto, no mercado interno brasileiro, os preços recuaram tanto no porto quanto no interior, diante da oferta elevada típica do fim de ano e da necessidade de caixa por parte dos produtores. Na China, a Sinograin anunciou novo leilão de volumes expressivos, além de negociações relevantes de farelo nos portos do país. No cenário político, a finalização dos mandatos de biocombustíveis nos Estados Unidos trouxe um fator adicional de ajuste às expectativas do mercado.

O milho apresentou comportamento misto, com leve recuo nos contratos mais curtos e estabilidade nos vencimentos da safrinha, ambos próximos das máximas do dia. No mercado físico brasileiro, os preços seguem em elevação gradual, sustentados pela demanda das indústrias de carnes e de etanol, enquanto investidores realizam vendas no mercado futuro.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação