Mudas

As oportunidades e desafios do setor de mudas

Revista Apasem – Edição 2024 – Diferentes vertentes da produção de mudas no Paraná e no país como um todo – enfrentaram mudanças depois da pandemia de Covid-19. As principais estão em hábitos de alimentação e de lazer nos últimos tempos, além da priorização de reformas e adequação de espaços que movimentam o setor desde então. Dentro de cada característica particular, os produtores se planejam para aproveitar oportunidades e explorar potenciais, mas ainda precisam enfrentar gargalos a serem vencidos.

O diretor administrativo da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, Hugo Vidal, salienta a importância, no atual contexto, de esclarecimentos sobre legislação. De acordo com ele, existem duas normas que legislam sobre o setor, incluindo a Instrução Normativa 42, de 2019, do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Além disso, a Portaria nº 616/2023, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) impacta diretamente o setor. Esta, mais recente, ainda gera dúvidas, de acordo com ele.

A nova legislação prevê o cumprimento de uma série de anexos e documentações, conforme a cultura, para a solicitação das mudas para instalação de viveiros. “Este é o principal ponto de dúvidas: onde entra o responsável técnico neste processo e até onde vai a responsabilidade do produtor”, destaca Vidal.

A legislação também é apontada por Mariana Barreto, secretária-executiva da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), como um ponto importante para ser observado. A instituição tem como foco os mercados de mudas de hortaliças, flores, plantas ornamentais e sementes. “No caso do segmento de mudas de plantas ornamentais, um dos desafios é atender à legislação de produção e comercialização, pois é uma legislação generalista, e esse é um setor com muitas particularidades, com características específicas conforme as espécies”, esclarece. A articulação é para a promoção de normas específicas, que atendam mais de perto a quem produz.

No caso dos produtores de grama, o desafio maior está na informalidade do setor. São 29 empresas paranaenses formalizadas e cadastradas no Sistema Renasem. Mas estima-se que existam muitas mais, o que afeta diretamente a competitividade do mercado. O diretor-presidente da instituição Grama Legal, Luiz Negrello, conta que as empresas do setor precisam cumprir uma série de normas, mas essas exigências não aparecem, necessariamente, nos editais de licitações públicas. Prefeituras, governos, secretarias e departamentos nestas esferas são as principais contratantes, além de construtoras e concessionárias de rodovias. “Isto é contrassenso”, enfatiza.

Negrello e a coordenadora executiva da Grama Legal, Livia Sancinetti, destacam que planejamento é a palavra-chave para os produtores. Isso vale para lidar com as características do clima perante a produção da grama, o enfrentamento de condições climáticas adversas nesse contexto, as dificuldades em assistência técnica especializada, a falta de linhas de crédito direcionadas e a pouca disponibilidade de produtos específicos para a rotina de atividades.

“Temos apenas seis produtos registrados especificamente para a nossa produção. Houve ampliação nas possibilidades de aplicação por parte das grameiras de outros insumos, a partir da extensão da bula, o que nos ajuda”, indica Lívia. “Mas também dependemos de compras que são realizadas diretamente com cooperativas. E os objetivos delas são diferentes dos nossos. Por isso, precisamos redobrar o planejamento sobre quando realizar essas compras e quando fazer isso”, cita Negrello.

Potenciais

Hortaliças, flores e plantas ornamentais

Segundo a ABCSEM, esses três segmentos apresentam potenciais de mercado, ainda se beneficiando de uma consequência da pandemia de Covid-19. O isolamento e as mudanças de comportamento motivaram reformas e obras, além dos cultivos de hortaliças e de plantas medicinais em pequenos espaços e no ambiente doméstico. A busca por uma alimentação mais saudável também motiva os consumidores e, consequentemente, aquece as demandas para os produtores de mudas.

Grama

A perspectiva de novos investimentos em rodovias, em todo o país, chama atenção dos produtores de grama. A legislação atual prevê a plantação em uma determinada faixa nas margens das estradas por exemplo. Uma maior movimentação na construção civil, assim como em obras públicas, também é vista com otimismo.

Produções em pequenos espaços

Regiões populosas, como a de Curitiba e municípios no entorno, já não têm mais disponibilidade de grandes áreas para a agricultura. Por isso, a produção de mudas, com auxílio de viveiros, torna-se alternativa para investimentos de maior impacto na economia dessas localidades. Hugo Vidal, da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, enfatiza também que há maior visão para a compra de mudas de viveiros legalizados, o que vem gerando benefícios para o setor.

Por Joyce Carvalho

Broa de centeio é o 15º produto paranaense e primeiro de Curitiba a receber selo de Indicação Geográfica (IG)

Broa de centeio é o 15º produto paranaense a receber selo de Indicação Geográfica

O Paraná ganhou nesta semana mais um produto com o selo de Indicação Geográfica. A broa de centeio da Padaria América, em Curitiba, recebeu o registro do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na modalidade Indicação de Procedência, o que a garante um padrão de qualidade exclusivo. É o primeiro produto da Capital a receber a chancela do órgão, além de ser o primeiro ligado ao setor de panificação no Brasil a alcançar esse reconhecimento.

Mesmo com o destaque principal sendo de Curitiba, os municípios de sua Região Metropolitana, incluindo Araucária, São José dos Pinhais, Colombo, Pinhais, Almirante Tamandaré e Piraquara, também foram considerados parte da Indicação Geográfica, por conta das tradições envolvendo a broa também estarem presentes nestes municípios. A conquista coloca o Paraná como referência nacional em produtos com Indicação Geográfica (IG), totalizando 15 registros estaduais.

O secretário de Estado do Turismo, Márcio Nunes, destacou a importância dos produtos paranaenses que têm o selo. “Cada IG conquistada pelo Paraná reafirma nosso compromisso em valorizar as tradições e a qualidade de nossos produtos. Isso atrai mais visitantes, movimenta a economia e incentiva os produtores locais a preservarem suas práticas e conhecimentos”, disse.

“Esses produtos, muitas vezes, acabam ajudando a criar ou consolidar rotas e roteiros turísticos no Estado, o que colabora na promoção, atração e distribuição de fluxo turístico municípios que, por vezes, não contam com tantos atrativos consolidados”, completou o secretário.

Além do registro de Indicação Geográfica, a broa de centeio também é reconhecida como Patrimônio Cultural de Curitiba. O produto é frequentemente associado à Carne de Onça, prato típico da cidade – outro produto paranaense que aguarda chancela do órgão federal para reconhecimento de Indicação Geográfica.

RELEVÂNCIA – A Padaria América, fundada em 1913, é um dos estabelecimentos que mantém viva a produção da broa de centeio, além de ser a padaria curitibana mais antiga ainda em funcionamento. Com três unidades na capital paranaense, o empreendimento produz cerca de 250 broas por dia, utilizando métodos tradicionais que envolvem fermentação mista e com longos períodos de cozimento.

“O trabalho que sempre fizemos e agora a conquista do selo garantem a qualidade a broa de centeio de Curitiba, assegurando que essa tradição não se perca com o tempo. Temos uma série de questões obrigatórias durante o processo de produção, que fazem deste item local algo único, ou seja, é uma grande conquista, que exalta essa rica tradição”, disse Eduardo Engelhardt, sócio-proprietário da Padaria América, em Curitiba.

A broa de centeio tem suas raízes na imigração europeia que marcou a formação cultural do Paraná. Introduzida no final do século XIX, a receita combina farinhas de centeio e trigo, água e sal, podendo incluir outros ingredientes, como açúcares, fermentos e gorduras. O produto evoluiu ao longo do tempo, adaptando-se às mudanças nos processos de produção e nas preferências dos consumidores, mas sem perder sua essência.

Considerada um símbolo gastronômico de Curitiba, a broa foi oferecida a figuras históricas que passaram pela cidade ao longo dos anos, tornando-se parte do imaginário coletivo e da identidade cultural curitibana. Hoje, é possível encontrar variações como broa integral, vegana, diet e mista, que atendem a diferentes demandas.

IG’S DO PARANÁ – A Indicação Geográfica é um título que certifica produtos ou serviços cujas características estão ligadas à sua origem geográfica, valorizando a história, a cultura e a economia. Com o reconhecimento da broa de centeio, o Paraná passa a ter 15 produtos com o selo. Esses registros destacam o estado como um dos líderes nacionais no reconhecimento de produtos ligados ao território paranaense, reforçando também produtos e atrativos turísticos.

Para Irapuan Cortes, diretor-presidente do Viaje Paraná – órgão de promoção comercial do setor no Estado, cita que os reconhecimentos passam, também, pela criação de novos produtos ligados ao turismo.

“Falar sobre Indicação Geográfica é muito importante, porque ela carrega consigo o senso de pertencimento regional e maior notoriedade para os municípios. É o que aconteceu em Antonina, no Litoral do Estado, com as balas de banana; em Carlópolis, no Norte Pioneiro, com as goiabas; e em muitos outros destinos paranaenses. Essas indicações também são importantes, porque acabam criando e consolidando rotas turísticas ao redor do Paraná, fomentando fluxos turísticos em diversas regiões”, explicou.

Entre eles estão, até o momento, a aguardente de cana e cachaça de Morretes; a goiaba de Carlópolis; as uvas de Marialva; o barreado do Litoral; a bala de banana de Antonina; o melado de Capanema; o queijo da Colônia Witmarsum; o café do Norte Pioneiro; o mel da região Oeste; o mel de Ortigueira; a erva-mate de São Mateus do Sul; o morango do Norte Pioneiro; a camomila de Mandirituba; e os vinhos de Bituruna.

Texto e foto – A Agência Estadual de Notícias (AEN)

Integrada

Integrada realiza AgroTec 2025

O AgroTec 2025 vai acontecer na UDT (Unidade de Difusão Tecnológica) da Integrada, numa área de aproximadamente 10 hectares, localizada no distrito da Warta, em Londrina. Com o tema “Valor e Propósito: Safras Sustentáveis que Alimentam o Mundo”, o evento vai trazer o que há de mais moderno no mercado do agronegócio “este ano teremos mais de 50 expositores que irão apresentar produtos com tecnologias inovadoras que contribuem com a produtividade no campo”, afirma Wellington Furlaneti, gerente técnico da Integrada.

Na programação, palestras com profissionais de renome no mercado do agronegócio como Marcos Fava, conhecido como Dr agro, que fará palestra sobre mercado, também Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa, que falará sobre herbicidas pré-emergentes, Marcelo Canteri, pesquisador da Universidade Estadual de Londrina, que falará sobre o manejo de fungicidas da soja, Gabriela Machineski, pesquisadora da UEL, fará palestra sobre fertilidade de solo e nutrição de plantas e Cézar Araújo Júnior, pesquisador do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) que ministrará sobre compactação do solo.

As mulheres também terão um espaço diferenciado no evento. Serão realizadas as palestras os 5 passos para o sucesso com a empreendedora, Dani Amaral e empreendedorismo feminino com Tatiana Fiuza, CEO da Cocriagro.

Os participantes irão conhecer cultivares e haverá demonstração de máquinas durante o evento. Acontecerão ainda estações técnicas, onde estarão sendo apresentadas soluções inovadoras para o campo.

Serviço

AgroTec 2025

Dias 22 e 23 de janeiro

A partir das 8h, na UDT (Unidade de Difusão Tecnológica)

PR 323, KM 58- Distrito da Warta- Londrina

(Assessoria de Imprensa Integrada).

Safra

Safra 2024/25 no Brasil e no Paraná

São Pedro” está ajudando muito para voltarmos a ter uma supersafra. Em 14 de janeiro de 2025, a Conab divulgou o quatro Levantamento de Acompanhamento de Safra 2024/25 com estimativa de produção de grãos de 322,2 milhões de toneladas (8% maior que na safra anterior, que foi de 297,7 milhões de toneladas), 1% menor que os números divulgados no 1º Levantamento em outubro de 2024 (Figura 1). Nesta mesma direção, a estimativa do IBGE está muito próxima da Conab, com valores de produção de 322,6 milhões toneladas.

Esse cenário otimista é atribuído ao aumento de 1,8% na área cultivada em comparação à safra passada e, principalmente, às condições climáticas favoráveis observadas entre setembro de 2024 e janeiro de 2025. Esses fatores, aliados ao elevado nível tecnológico e à excelência na gestão dos produtores rurais brasileiros, sustentam as projeções positivas. Apesar de um atraso inicial de cerca de 20 dias no plantio, devido à falta de chuvas e baixa umidade do solo em setembro, o clima evoluiu favoravelmente, com chuvas regulares e temperaturas dentro da normalidade ao longo do período.

o Paraná não é diferente, as estimativas mais recentes para a safra de verão 2024/25 divulgadas pelo Deral superam 25 milhões de toneladas (19% a mais que na safra passada) e considerando a estimativa para safra total 2024/25 pode superar 41 milhões de toneladas. Isso representa 11% da safra brasileira de grãos e coloca o Paraná na segunda colocação no ranking nacional ficando atrás somente do Mato Grosso. O destaque é para as culturas de Soja e Milho segunda safra, com expectativa de aumentos de 20% e 24% em relação à safra 2023/24, respectivamente (Figura 2).

Embora as condições climáticas tenham sido, em geral, favoráveis, o período entre o final de dezembro de 2024 e o início de janeiro de 2025 foi marcado por um intervalo de ausência de chuvas e temperaturas elevadas. Isso levou as plantas a alocarem energia para resistir às adversidades justamente em uma fase crítica de desenvolvimento, durante a formação dos grãos. Como resultado, houve uma redução pontual no potencial produtivo da soja em algumas regiões e propriedades. Contudo, esse impacto não foi suficiente para alterar significativamente a estimativa de produção do estado. Atualmente, segundo o levantamento do Deral, as condições das lavouras de milho primeira safra e soja apresentam com 94% e 83% em condições boas, respectivamente.

Após uma safra bastante desafiadora em 2023/24, os produtores e o setor como um todo estão retomando o otimismo, motivados a contribuir significativamente para o crescimento das exportações, o abastecimento interno e a geração de renda setorial. Isso ocorre mesmo diante dos preços internacionais em patamares baixos, resultado do equilíbrio entre oferta e demanda das commodities no mercado global.

No Brasil, a desvalorização cambial tem contribuído para que os preços se mantenham em níveis razoáveis para os produtores. Atualmente, a soja está cotada em torno de R$ 120 por saca de 60 kg, enquanto o milho gira em torno de R$ 65 por saca de 60 kg. Contudo, com o avanço da colheita, a tendência é de queda nos preços. Além disso, é importante monitorar a cotação do real frente ao dólar, pois, caso a moeda brasileira volte a operar abaixo de R$ 6,00/US$ 1,00, isso também poderá impactar negativamente os preços.

Texto e imagens: Profissionais do Sistema Ocepar: Robson Mafioletti, Salatiel Turra, Leonardo Silvestri Szymczak e Daniely Andressa da Silva

Abre inoculantes

Inoculantes, as vantagens e desafios de um mercado em expansão

Revista Apasem – edição 2024 – A cada safra, o Brasil registra maior adesão e aumento no consumo de inoculantes. Este é um bioinsumo composto por uma grande quantidade de bactérias que agem de maneira benéfica no campo. A aplicação desse tipo de produto favorece, por exemplo, o processo de fixação biológica de nitrogênio e traz uma série de vantagens para o próprio cultivo e para o produtor, com mais sustentabilidade e redução no custo de fertilizantes de origem sintética.

Apesar da tecnologia estabelecida e dos resultados positivos, quais são os desafios que o país enfrenta na adesão aos inoculantes e o impacto da sua utilização?A Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) estima um crescimento de 17% do setor de bioinsumos no ano de 2024, a partir da maior busca por soluções sustentáveis para a agricultura, conforme argumento apresentado pela entidade. Mesmo que essa preocupação com a sustentabilidade afete produtores de diferentes culturas e integrantes de toda essa cadeia – incluindo a produção de sementes e mudas –, ainda há uso do bioinsumo expressivamente no plantio da soja.
Dados da instituição apontam que, anualmente, mais de 140 milhões de doses de inoculantes são usados nas lavouras de todo o país. Uma pesquisa realizada por Cristiano Limberger, da Kynetec – BioSummit, de 2024, e reproduzida pela ANPII, mostra que 36% das áreas cultivadas no Brasil contam com aplicação de insumos biológicos. O volume representa 84 milhões de hectares.
Outro levantamento, da própria ANPII, foi citado em abril de 2024 para mostrar o avanço do setor. Na safra de soja 2022/2023, os inoculantes com bactérias Bradyrhizobium foram usados em 85% da área cultivada com soja em todo o país. Já o uso conjunto de Bradyrhizobium e Azospirillum apareceu em cerca de 35% da área da cultura no país.
A redução de custos também é um argumento que sustenta esse movimento em prol dos inoculantes. Dados da Embrapa apontam que essa diminuição pode chegar a 95% na comparação com o uso de fertilizantes nitrogenados sintéticos. Estima-se que sejam mais de 25 bilhões de dólares economizados anualmente pelo uso de inoculantes com bactérias fixadoras de nitrogênio, somente no cultivo de soja. Paralelamente, o uso de insumos biológicos favorece a produtividade.

A expansão e o potencial deste mercado também impulsionam a própria produção de bioinsumos e isso acontece, atualmente, de diferentes formas. Há, inclusive, esse tipo de frente dentro das propriedades rurais. Ou seja, existe uma diversidade na elaboração desse tipo de produção, o que chamou a atenção de pesquisadores para trabalhar em um manual específico para os inoculantes, favorecendo um controle de qualidade nesse segmento. A iniciativa é da Embrapa Soja. A publicação, lançada em 2024, traz informações e imagens sobre a tecnologia para auxiliar a avaliação de inoculantes.
A pesquisadora Mariangela Hungria, que atua no Laboratório de Biotecnologia do Solo da Embrapa Soja, explica que a demanda para o manual surgiu a partir do Plano Nacional de Bioinsumos, que entrou em vigor por meio de um decreto em 2020. “A partir disso ocorreu uma explosão no interesse pelos inoculantes. O mercado está em franca expansão, tanto na compra quanto na produção. O número de indústrias, nos últimos três anos, cresceu mais de 100%. As pessoas estavam muito acostumadas com os químicos, sejam eles agrotóxicos para o controle de doenças ou os fertilizantes químicos. Esse interesse existe, mas a formação dos recursos humanos necessários para o desenvolvimento e o controle de qualidade dos bioinsumos é totalmente diferente”, salienta.
A avalanche de pedidos de informação técnica sobre o setor motivou ainda mais a formatação do manual, que é ilustrado e considerado inovador pela pesquisadora. Mariangela revela que esse nivelamento por qualidade é importante no país, ainda mais com a produção na modalidade chamada on farm, ou seja, dentro da própria propriedade. Sem um controle mais preciso, existem riscos desses insumos carregarem patógenos, além de possuírem baixa qualidade. “A agricultura brasileira merece insumos de qualidade, não importa se são importados, nacionais ou pelo on farm”, opina. “É preciso entender que existe uma necessidade de capacidade técnica para atuar neste segmento, e isso não acontece em curto prazo”, completa.
O controle se torna ainda mais importante diante de outra movimentação de mercado: os inoculantes podem substituir parte da demanda nacional por fertilizantes químicos. A crise gerada pelo conflito envolvendo Rússia e Ucrânia impactou diretamente as vendas desse tipo de produto, que é essencialmente importado. Além disso, o Brasil tem um vasto histórico e tradição na pesquisa e desenvolvimento de insumos biológicos, o que ajuda a embasar ainda mais essa adoção.

Como o mercado está se movimentando?
Os lançamentos e as pesquisas de inoculantes ganham velocidade, diante da demanda do próprio mercado pelo bioinsumo.
. A Embrapa, em parceria com a empresa Innova Agrotecnologia, divulgou o Bioinsumo Combio durante o Show Rural Coopavel, em Cascavel, em fevereiro de 2024. Segundo informações divulgadas pela Embrapa, o Combio auxilia no crescimento da lavoura e ainda gera outros efeitos no cultivo de soja. “Trata-se de uma combinação de três estirpes bacterianas que atuam na fixação biológica de nitrogênio e na promoção de crescimento de plantas. O Combio é uma formulação com as estirpes bacterianas BR 29 (Bradyrhizobium elkanii), BR 10788 (Bacillus subtilis) e BR 10141 (Paraburkholderia nodosa). O diferencial desse inoculante é que alia os benefícios do tradicional inoculante de Bradyrhizobium com bactérias que desempenham vários mecanismos estimuladores e protetores de plântulas, proporcionando maior qualidade e uniformidade”, trazia a divulgação da época.
Ainda de acordo com a Embrapa, o bioinsumo é um inoculante líquido, que pode ser aplicado via tratamento de sementes ou no sulco de plantio. É considerado um insumo biológico multifuncional para a cultura da soja, atendendo às expectativas do mercado de aliar soluções tecnológicas sustentáveis, controle de pragas e doenças e aumento de produtividade. Nessa pesquisa, houve o levantamento de centenas de bactérias que poderiam ser microrganismos antagônicos a fungos que impactam a germinação e a emergência de plântulas, evitando ataques de fungos em fases importantes. Caso não seja aplicado um bioinsumo, a alternativa é partir para fungicidas químicos.
Testes em campo feitos com o Combio mostraram aumento de 10% no rendimento de grãos. Uma das observações aconteceu no Paraná. De acordo com a Embrapa, a área onde foi aplicado o Combio gerou 66 sacas por hectare, enquanto o rendimento foi de 61 sacas em uma área sem inoculante e de 63 sacas com a coinoculação tradicional.

Biofábricas
Também estão em pleno andamento iniciativas de empresas de sementes e de insumos para a agricultura, com a formatação de unidades próprias para o desenvolvimento, pesquisa e monitoramento de inoculantes para aplicação em áreas específicas, especialmente aquelas dedicadas aos próprios cultivos.
Este é o caso da Bom Futuro, com sede em Cuiabá (Mato Grosso), que investiu em uma biofábrica para atender às demandas internas. O gerente técnico, Cid Reis, explica que a empresa sempre teve o incolulante Bradyrhizobium como essencial. “Ouvimos os pesquisadores dessa área de microbiologia e decidimos renovar as estirpes. São áreas bastante antigas de soja. Nunca deixamos de fazer inoculação, trazendo depois cepas novas, renovando os microrganismos com cepas mais eficientes na fixação biológica”, comenta. Em áreas novas, a dose de inoculantes é elevada, mas em regiões já estabelecidas é seguido um padrão de aplicação, seja nos sulcos ou via sementes.
Mais recentemente, a Bom Futuro apostou em novos inoculantes, dentro dessa fábrica específica para a produção desses bioinsumos, inicialmente com Azospirillum. “Essa é uma bactéria de vida livre. Não faz nódulos, mas atua na absorção de nitrogênio do ar, fornecendo isso para as plantas. Utilizamos tanto na soja quanto no milho. Também estamos com outro inoculante, que é o Bacillus subtitles, que não é para absorção de nitrogênio, mas é um promotor de crescimento de raiz. É considerado um inoculante, assim como o Amyloliquefaciens, que também tem uma ação nematicida”, esclarece Reis.
Ele ainda conta que a biofábrica tem foco especialmente nesses dois últimos inoculantes, e o Bradyrhizobium é adquirido no mercado em função do custo de produção. Além disso, a unidade tem dedicação para outros produtos biológicos, especialmente para o controle de pragas.

Por Joyce Carvalho

Deral

Confira os destaques do novo  boletim agropecuário do Deral

O preço do café no varejo continuará em patamares altos pelo menos até que a próxima safra esteja colhida e disponível no mercado – ela se fortalece entre junho e julho. De outro lado, os produtores também estão recebendo mais pelo produto, o que possibilita que se compense, em parte, os prejuízos que vinham acumulando nos últimos ciclos.

Esse é um dos temas apresentados com mais detalhes no Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 10 a 16 de janeiro. O documento é preparado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

A pesquisa de varejo feita periodicamente pelo Deral mostra que em 2024 o preço do café no mercado paranaense teve aumento de 50%. Em dezembro de 2023 a média por quilo ficou em R$ 13,59. Um ano depois estava em R$ 20,33.

Os primeiros levantamentos de 2025 indicam que o movimento de alta não cessou. Dez pacotes estão custando R$ 230,22 no atacado. Mesmo que seja repassado ao consumidor sem lucro, já supera em 10% os valores praticados no varejo no final do ano passado.

A produção paranaense sozinha não é capaz de reverter essa situação, pois oferece menos de 2% do volume brasileiro. Mas a previsão é que as boas floradas e o bom desenvolvimento observados levem a uma produção de 42,7 mil toneladas nos 25,5 mil hectares, o que seria 6% superior às 40,4 mil toneladas de 2024

Para o produtor, a recuperação do preço é um alento. A saca de 60 quilos de café beneficiado está cotada a R$ 2.190,00. Esse valor é 11% superior à média paga em dezembro (R$ 1.975,26) e 153% maior que os R$ 866,15 pagos em janeiro do ano passado.

“Apesar do bom momento vivenciado pelos produtores, é importante lembrar que estes têm vivido anos complicados antes deste, em grande parte responsáveis pelo recuo de 44% da área nos últimos dez anos, passando de 45,6 mil hectares para os 25,5 mil atuais”, ponderou Carlos Hugo Godinho, analista da cultura no Deral,

SOJA – O boletim retrata também o início da colheita da soja que atingiu 2% dos cerca de 5,8 milhões de hectares cultivados neste ciclo no Paraná. As condições climáticas têm sido desfavoráveis para o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões produtoras, como o Oeste e Sudoeste.

Pelo menos até a próxima estimativa de safra, a ser divulgada pelo Deral no final deste mês, a previsão é de 22,2 milhões de toneladas. Atualmente 83% da área está com bom desenvolvimento, 15% se encontram em condições medianas e o restante é considerado ruim.

FEIJÃO – A colheita do feijão evolui bem, com retirada do produto de pelo menos 74% da área de 169 mil hectares. A extensão é 57% superior aos 107,8 mil hectares da primeira safra do ano passado. Algumas regiões têm apresentado produtividades acima da média, prometendo ser esta uma safra de recuperação.

A estimativa é que sejam colhidas mais de 300 mil toneladas, ou quase o dobro das 160,4 mil toneladas do verão de 2024. A perspectiva de grande produção tem pressionado os preços, que estão 48% menores que em janeiro de 2024, passando de R$ 329,53 para R$ 170,82 a saca do feijão preto, que predomina no Estado.

FRUTAS – O documento do Deral analisa ainda a exportação e importação de algumas frutas brasileiras. Dos mais de US$ 1,3 bilhão em receita e quase 1,1 milhão de toneladas exportadas em frutas em 2024, as mangas, limões, limas, melões, uvas, nozes e castanhas lideraram, representando 68,9% das quantidades e 70,6% em capital. Elas foram adquiridas por 138 países.

De outra parte, o Brasil importou 748,8 mil toneladas de frutas ao custo de pouco mais de US$ 1,1 bilhão. Maçãs, peras, nozes, castanhas, kiwis e uvas representaram 66,1% em valores e 68,4% em volumes entre as 30 espécies diferentes que chegaram ao País, trazidas de 66 fornecedores.

BOVINO – O boletim destaca também a exportação brasileira de 2,87 milhões de toneladas de carne bovina, totalizando US$ 12,8 bilhões em 2024. O alto volume de abate ocorreu principalmente na primeira metade do ano, quando os produtores entregaram maior número de animais para minimizar perdas, visto que as pastagens estavam comprometidas devido às condições climáticas.

Texto e foto – Agencia Estadual de Notícias do Paraná

Soja 02

Associados da Apasem promovem Dias de Campo neste início de 2025

Diferentes Associados da Apasem promovem neste início de ano novo os tradicionais dias de Campo que leva muito conhecimento e atualizações sobre as novidades do agronegócio.

O Sistema Ocepar, que é parceiro da Apasem divulgou material sobre com a programação de algumas das cooperativas que estão realizando eventos ao longo deste mês, abaixo, confira matéria na íntegra:

O ciclo de visitas começou feito realizado por profissionais do Sistema Ocepar iniciou  na terça-feira (14), no Dia de Campo da C.Vale, em Palotina. A equipe, que também conta com a analista de Desenvolvimento Técnico Bruna Mayer, acompanhou uma palestra sobre Agricultura de Precisão, conversou com dirigentes e cooperados e visitou o espaço destinado às técnicas de manejo do solo.

Na Lar, em Medianeira, o grupo assistiu à palestra Profissionalização do Negócio através das Mulheres e esteve nos stands. Tecnologia de Aplicação e Sustentabilidade são alguns temas de destaque. “Agradeço essa participação importante da Ocepar prestigiando nosso evento”, disse na cerimônia de abertura o diretor-presidente da cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues.

O Dia de Campo da Copacol, no Centro de Pesquisa Agrícola, em Cafelândia, recebe a equipe na quarta-feira (15). Já na quinta-feira (16) a visita será à Unidade de Difusão Técnológica Floresta da Cocamar. 

Atualização e inovação – A cada safra, os Dias de Campo apresentam experimentações agrícolas e pecuárias desenvolvidas pelos pesquisadores e assistência técnica nas fazendas e estações experimentais das cooperativas.

 São mais de 3.500 engenheiros agrônomos, florestais, agrícolas, de pesca, médicos veterinários, zootecnistas, entre outros profissionais das Ciências Agrárias que trabalham nas cooperativas agropecuárias, juntamente com as empresas de pesquisa, desenvolvimento e extensão, que levam soluções aos 215 mil cooperados das 62 cooperativas desse ramo no Paraná. (Comunicação Sistema Ocepar. Fotos: Gisele Barão).

Confira abaixo a agenda completa de Dias de Campo das cooperativas:

Copagril

8 a 10 de jan       

Estação Experimental Copagril – Marechal Cândido Rondon (PR), saída para Nova Santa Rosa

Coasul

13 a 17 de jan         

Estação Experimental Coasul – R. Gen. Osório, 1150, São João (PR)

Copacol

14 a 16 de jan           

Centro de Pesquisa Agrícola – PR-180, Cafelândia (PR)

C.Vale

14 a 16 de jan           

Prolongamento da Av. Ariosvaldo Bitencourt, Fazenda Santa Fé – Complexo Agroindustrial C.Vale, Palotina (PR)

Lar

14 a 16 de jan           

Unidade Tecnológica Lar, Av. 24 de Outubro, 59 – Área Industrial, Medianeira (PR)

Cocamar

16 a 18 de jan           

UDT da Cocamar – PR-317, 1800, Floresta (PR)

Coagru

17 de jan           

Unidade Experimental da Coagru – BR 369, Km 447, Ubiratã (PR)

Integrada

22 e 23 de jan          

UDT Integrada, PR-323, KM58, Londrina (PR)

Coamo

27 a 31 de jan           

Fazenda Experimental Coamo – Rod. BR487 – KM 197, Campo Mourão (PR)

Cocari

4 a 6 de fev           

Centro Tecnológico Cocari – Rua Lord Lovat, 420, Jardim Esplanada, Mandaguari (PR)

Agrária/Fapa

5 a 6 de fev          

Fapa – Rod. PR-540, Km 09 – Entre Rios – Colônia Vitória, Guarapuava (PR)

Coopavel

10 a 14 de fev           

Show Rural Coopavel – Rodovia BR-277, KM 577, Cascavel (PR)

Cooperativa Tradição

19 e 20 de fev          

Centro de Tecnologia e Inovação Coopertradição – Cidade Industrial, Pato Branco (PR)

Fundação ABC

19 e 20 de fev           

Rodovia PR-151 KM 318, Ponta Grossa (PR)

Cooperante

21de fev           

R. Andre Valenga, 338-440, Campo do Tenente (PR)

Bom Jesus

26 a 28 de fev          

Local: Campo Experimental da Lapa – Rodovia Xisto – BR 476, Km 197, Lapa (PR)

Codepa

26 e 27 de fev          

Campo Experimental – Rodovia PR 459- KM 03- S/N- Zona Rural, Mangueirinha (PR)

Congresso de Soja 2025

X Congresso Brasileiro de Soja 2025

O Congresso Brasileiro de Soja 2025 acontece entre os dias 21 e 24 de julho e  celebra os 50 anos da Embrapa Soja com um evento comemorativo. Em sua décima edição, o CBSoja irá debater os principais pilares da cadeia produtiva da soja, com foco na agregação de valor e no desenvolvimento de uma agricultura sustentável, com base tecnológica e inovação digital.


O Congresso Brasileiro de Soja é um evento promovido pela Embrapa Soja, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. É considerado o maior fórum técnico-científico da cadeia produtiva da soja na América do Sul, reunindo renomados especialistas nacionais e internacionais de vários segmentos ligados ao complexo soja, uma das maiores cadeias produtivas do agro brasileiro. Reúne mais de 2.000 congressistas, entre pesquisadores, profissionais do agronegócio, produtores e acadêmicos. Veja mais.

Fonte: Embrapa Soja

Simepar

Simepar apresenta soluções tecnológicas para o agronegócio do Paraná

Dirigentes do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável, deram início nesta a semana a uma série de expedições pelo Interior do Estado para detalhar ações e projetos criados pelo órgão voltados exclusivamente para o agronegócio. O destaque é a prevenção de prejuízos na produção e nas propriedades rurais por meio do monitoramento da previsão do tempo.

Além de visitas a cooperativas, o cronograma prevê passagens por feiras, como a 35ª edição do Safratec, em Floresta, na região Noroeste. O evento, promovido pela Cocamar Cooperativa Agroindustrial, começa nesta quinta-feira (16) e segue até domingo (18). A entrada é gratuita.

Atualmente o Simepar já fornece dados meteorológicos para diversas empresas do setor agropecuário, de todo o País. Além disso, o Departamento de Inovação do órgão iniciou o desenvolvimento de produtos, soluções e serviços específicos para monitoramento agrícola.

“As novas tecnologias trarão ainda mais precisão ao monitoramento do impacto das chuvas, ventos, raios e temperatura nas proximidades da propriedade de cada cliente. Com isso o produtor ganha tempo e dinheiro, pois pode prevenir prejuízos e até mesmo incrementar a produção”, explica o diretor-presidente do Simepar, Paulo de Tarso.

Pesquisador do Simepar, Bernardo Lipski destaca, entre outros serviços, o Alerta Geada, que tem como objetivo alertar os produtores rurais, especialmente os cafeicultores, sobre possíveis ondas de frio que possam prejudicar a agricultura. Foram emitidos em 2024, entre maio e setembro, 120 boletins diários com previsões de temperatura e risco de geada durante o período de operação.

Criado em 1995, o Alerta Geada busca orientar cafeicultores na proteção de lavouras novas, e hoje também serve a outros segmentos da agropecuária e economia, como turismo, comércio e construção civil.

Durante a operação, pesquisadores publicam boletins diários sobre as condições meteorológicas e massas polares. Caso haja risco de geada, um alerta é emitido com 48 horas de antecedência e, se as condições persistirem, um novo aviso é dado até 24 horas antes. O serviço é uma parceria do IDR-Paraná, Simepar e a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Ele cita também o VFogo, sistema para vigilância de incêndios, focos de calor e estado da vegetação, com uso no monitoramento de linhas de transmissão de energia. Com uma interface webgeo, essa ferramenta permite que incêndios sejam identificados em tempo quase real em grandes extensões territoriais. É possível, portanto, saber quando e onde um incêndio começa, sua evolução, propagação e extinção.

“Nossos produtos são únicos no mercado. A expectativa é que todos conheçam a marca do Simepar não apenas no serviço meteorológico, mas também na atuação voltada para o agronegócio”, afirma Bernardo Lipski.

MAIS FEIRAS – Além da Safratec, os dirigentes do Simepar participaram também do Dia de Campo da cooperativa C.Vale, em Palotina, na terça-feira (14) e Dia de Campo da cooperativa Copacol, em Cafelândia, nesta quarta-feira (15).

Texto e foto – Agência Estadual de Notícias