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Lei do frete mínimo eleva custos de transporte do setor de fertilizantes em mais de 35%

Prevista para iniciar na última segunda-feira (20), a intensificação da fiscalização eletrônica do Piso Mínimo de Frete, através do MDF-e (Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais) — implantado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) com base na Lei 13.703/2018 — desperta questionamentos por parte do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos). A entidade avalia que a medida elevará os custos de transporte do setor em mais de 35% e defende a revisão de critérios da tabela da ANTT e a suspensão da cobrança de multas eletrônicas. “A nova precificação dos fretes ocasionará distorções não apenas no preço do serviço, mas também no preço dos alimentos, principalmente aqueles que integram a cesta básica”, destaca o engenheiro agrônomo Veríssimo Cubas, gerente executivo do Sindiadubos.

Cubas destaca que o setor de fertilizantes está mobilizado na defesa pela postergação da cobrança de multas por descumprimento da tabela vigente, que entrou em vigor neste mês, e a revisão dos critérios da tabela de frete mínimo. O Sindiadubos também defende uma adaptação da Lei 13.708/2018 ao real cenário de mercado, de logística e infraestrutura. Pois o texto atual não considera vários temas de mercado, como o próprio frete de retorno, tempo de carga e descarga, tempo útil dos equipamentos de transportes, dentre outros.

A Lei 13.703/2018 entrou em vigor após a greve dos caminhoneiros e a tabela de frete mínimo foi atualizada pela ANTT em junho de 2021. “A fiscalização eletrônica iniciada em outubro deste ano, está causando problemas à indústria de fertilizantes, especialmente em relação ao pagamento de 92% sobre o frete de retorno, o que é impossível para um setor que opera com margens de lucro de 3 a 4%”, aponta Cubas. Por isso, conforme o gerente do Sindiadubos, é necessário alertar a sociedade de que a medida causa um efeito cascata, já que não se trata apenas do preço mínimo de frete do transporte agrícola, mas de todas as atividades econômicas. “O setor de fertilizantes acaba por ser o mais afetado, devido ao nosso volume movimentado e envolve todo um planejamento logístico de levar os insumos do navio para a fábrica e da fábrica para a fazenda”, cita.

“A tabela do frete mínimo causa distorções, com fretes de curta e média distância, sendo a título de exemplo precificados a R$ 75/ton na tabela, mas custando R$ 180/ton no mercado, enquanto fretes de longa distância estão a R$ 380/ton na tabela e em torno de R$ 250/ton no mercado”, detalha o diretor executivo da Associação de Misturadores do Brasil (AMA Brasil), Antonino Gomes. De acordo com ele, essas discrepâncias, além da exigência do manifesto de frete eletrônico (MDF-e) e as multas aplicadas desde 1º de outubro, criam grande insegurança para as empresas de fertilizantes na contratação de fretes e impactam toda a cadeia produtiva. “A tabela de frete implementada causou desarmonia no livre comércio do setor de alimentos, resultando no encarecimento da produção agrícola e certamente na cesta básica”, pontua.

Segundo o gerente executivo do Sindiadubos, nesse momento é fundamental estabelecer uma discussão entre associações representativas, governo federal e empresas sobre a aplicação desses valores e qual a melhor saída para lidar com a implantação da Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Para fomentar as discussões nas esferas dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, o Instituto Pensar Agropecuária (IPA), organização composta por 58 entidades representativas agropecuárias, está auxiliando os setores produtivos no contato com o Congresso Nacional. “O Ministério dos Transportes exigiu que fosse cumprida a Lei 13.703/2018 e, com isso, fosse aplicada a nova tabela de frete. Nosso setor apresentou para o IPA, que trabalha junta à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), um parecer destacando inconsistências sobre os valores e como isso irá inflacionar o mercado”, explica o diretor executivo da AMA.

“Ao levar a discussão para o Congresso, entendemos a importância de discutir medidas para aprimorar os requisitos e aplicabilidade da tabela de frete”, afirma Cubas. Também com esse objetivo, o Sindiadubos realizará uma mesa de discussão sobre o tema na abertura do Simpósio NPK 2025, no próximo dia 30 de outubro. O painel terá a participação do presidente da Fertipar, Alceu Feldman, e dos deputados federais Pedro Lupion e Tião Medeiros, da FPA, para debater os desafios diante dos valores cobrados do setor por conta da tabela de frete mínimo da ANTT.

Simpósio Sindiadubos NPK 2025

Com o objetivo de tratar das tendências no agronegócio e das mudanças ocorridas até o momento, tanto no âmbito nacional quanto internacional, o Sindiadubos realizará, no próximo dia 30 de outubro, em Curitiba (PR), a 19ª edição do Simpósio NPK 2025. O evento deve reunir aproximadamente 1.000 participantes e 300 empresas da cadeia do agronegócio, desde produtores de fertilizantes no Brasil e no exterior, operadores logísticos até consumidores finais.

O simpósio contará com a seguinte programação: Painel de Discussão do Setor; Performance e Perspectivas do Setor em 2025 e 2026; Cenário Nacional e Internacional do Agronegócio e Projeções de Custo e Rentabilidade da Safra 2025/2026. O evento terá a participação do diretor-presidente do Sindiadubos, Aluísio Schwartz Teixeira; do analista de fertilizantes da Agroinvest, Jeferson Souza; e da expert em agronegócio, jornalista e apresentadora Kellen Severo.

Fonte: Safra&Mercado Foto: Divulgação

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Pesquisa investe em sementes florestais para restaurar três biomas brasileiros

A Embrapa e a startup de restauração ambiental Morfo Brasil firmaram uma parceria de pesquisa com o objetivo de definir protocolos para o manejo de sementes florestais, insumo fundamental para o compromisso do Brasil de restaurar 12,5 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. três biomas”, afirma Emira Cherif, diretora científica da Morfo.

Com previsão de dois anos de formação, o estudo tem o potencial de alavancar a produção de sementes com qualidade e ganhos de produtividade. Segundo a pesquisadora Juliana Müller Freire , da Embrapa Agrobiologia (RJ), o projeto representa uma grande oportunidade para identificar lacunas de conhecimento e aprofundar a pesquisa em tecnologia de sementes de espécies florestais nativas. Isso poderá melhorar os protocolos de germinação e conservação, aumentando a qualidade das sementes utilizadas na restauração.

Um cientista revela que o principal desafio de trabalhar com sementes florestais, comparativamente às culturas agrícolas, é uma grande diversidade de espécies, e o desconhecimento em relação ao comportamento da maioria delas. Isso sem falar da dificuldade de obtenção de sementes em grande quantidade e do beneficiamento, processamento de trabalhos para muitas espécies e que nem sempre conta com técnicas e equipamentos específicos. “A parceria com a Morfo será uma grande oportunidade para a Embrapa, pois teremos essas sementes limpas e coletadas, prontas para a pesquisa”, declara a pesquisadora.

Como será conduzido o estudo

Para a condução das pesquisas, a Morfo enviará mensalmente à Embrapa lotes de sementes adquiridas com coletores nos três biomas, em locais em que a empresa já atua em projetos de restauração. A qualidade dos lotes será avaliada por meio de peso de mil sementes, teste de germinação, teste de pureza e determinação do teor de água. “Vamos saber, por exemplo, o percentual de germinação da semente e o quantitativo por quilo”, cita Freire.

Paralelamente, será feita uma revisão bibliográfica dos estudos já existentes sobre tecnologia de sementes para cada espécie, buscando entender como conservá-las por mais tempo, as melhores formas de secagem e armazenamento, se há dormência e se há métodos para superação de dormência. O cientista ainda verificará estudos existentes sobre a melhor temperatura e substrato de germinação.

A ausência de publicações sobre diversas espécies é um dos desafios com que uma equipe de pesquisa deve se deparar. “Há especificações sobre as quais não há absolutamente nada publicado ainda”, ressalta o cientista da Embrapa ao lembrar que há algumas que já têm normas de análise definidas (substrato, temperatura e método de superação de dormência) e outras já são bem pesquisadas. “Há algumas até já têm muitas publicações relacionadas, mas nenhuma que tenha conseguido resolver o problema da baixa germinação. É o caso da Zanthoxylum rhoifolium (mamica-de-porca, no nome popular)”, conta.

Ela acrescenta ainda que a grande diversidade genética das sensações também requer atenção, já que as espécies apresentam variabilidade no comportamento. “Porém, isso pode ser contornado com o aumento do número amostral para análise, sempre seguindo as recomendações da Regra de Análise de Sementes (RAS) e das Instruções para Análise de Sementes de Espécies Florestais, que indicam o número mínimo de repetições para reduzir a variação”, explica.

Cherif lembra que as sementes nativas utilizadas na recuperação ambiental são coletadas diretamente na natureza e comercializadas por redes de coletores. Entre o início e o fim do processo, há uma etapa de armazenamento, que precisa ser criteriosa para evitar, ou minimizar, as perdas. “O armazenamento adequado é peça-chave para a manutenção da previsão das sementes por mais tempo, permitindo a sua disponibilidade ao longo de todo o ano”, acrescenta. Para complicar, há espécies cujas sensações não toleram a suavidade, são tão recalcitrantes. “Nesse caso, o armazenamento se torna difícil, pois é preciso manter a alta umidade do semente e controlar os fungos”, Frisa Freire.

Qualidade maior permite reduzir a quantidade de sementes em até cinco vezes

A escassez de sementes de qualidade é um dos principais gargalos para o Brasil atingir suas metas de restauração. É o que aponta um estudo da Universidade de Sidney, coordenado por Danilo Urzedo e publicado na revista científica Internacional Forests. De acordo com o documento, seria possível de 3,6 mil a 15,6 mil toneladas de sementes para cobrir a área estipulada. Essa variação impressionante não deve ser um erro de design, mas relacionada à qualidade dos lotes de sementes.

Em um cenário ideal, com sentimentos de alta qualidade, a necessidade seria de 3,6 mil toneladas. No entanto, se os lotes forem de baixa qualidade, a demanda pode aumentar quase cinco vezes, elevando os custos e a complexidade do reflorestamento. Ou seja, a melhoria da qualidade das sementes proporciona um efeito positivo: eleva a taxa de germinação, reduz a quantidade necessária para alcançar um mesmo resultado e reduz os custos dos projetos de restauração, tornando-os mais viáveis ​​e eficientes.

“O estudo mostra que, na técnica de semeadura direta, que demanda grande quantidade de sementes, são necessários cerca de 37 quilos de sementes de baixa qualidade por hectare, considerando uma taxa de menos de 30% de germinação. Já com sementes de alta qualidade bastam apenas 17 quilos por hectare, com mais de 45% de germinação”, sintetiza Freire, evidenciando que investir nas pesquisas sobre tecnologia de sementes é essencial para o aproveitamento de recursos e para projetos de recuperação financeiramente mais viáveis.

Mas o que é uma semente de qualidade?

No laboratório, as sementes passam por um processo de avaliação da sua qualidade física e fisiológica, seguindo as Regras de Análise de Sementes, documento do Ministério da Agricultura e Pecuária ( Mapa ). Nessa avaliação, são contabilizadas as purezas e as impurezas do lote, a presença de cláusulas e danos causados ​​na semente, o percentual de germinação e a velocidade de germinação (vigor). Um semente possui qualidade quando apresenta alta germinação e vigor, baixa infecção por fungos no processo de germinação e lotes com alto grau de pureza.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura ( FAO/ONU ), a qualidade implica habilidade para produzir descendentes adequados ao planejamento. No caso das sementes florestais, Freire explica que, fisicamente, são considerados atributos como tamanho, peso, cor e teor de umidade. Fisiologicamente, é importante que as sementes germinem em quantidade e uniformidade adequadas, garantindo estabelecimentos robustos. Por fim, outro fator a ser considerado é a genética exótica: as matrizes de onde as sementes são coletadas devem ser atribuídas ao local de plantio.

O caminho da semente florestal

O processo de obtenção de sementes florestais para a restauração é uma jornada complexa que começa nas florestas e que envolve uma série de etapas:

Seleção das fontes de sementes: é importante certificar a rastreabilidade e a origem do material genético, de modo a atender ao Sistema Nacional de Sementes e Mudas, legislação que versa sobre o assunto.

Colheita e remoção de sementes: geralmente, as sementes são extraídas de frutos coletados. A escolha do método de destruição depende das características de cada planta e é crucial para preservar a integridade física, sanitária e fisiológica da semente. É fundamental colher as sementes na época certa e conhecer as necessidades de cada espécie para viabilizar a preservação da capacidade germinativa.

Secagem: pode ser natural, em terreiros ou lonas, ou artificial (em estufas). Trata-se de fase essencial para a prevenção e armazenamento das sementes.

Beneficiamento: é a retirada de materiais indesejáveis, como sementes vazias, imaturas, pedaços de frutos e folhas, para aumentar a pureza física do lote. Para espécies nativas, o beneficiamento é frequentemente manual, utilizando peneiras de diversos tamanhos ou, em alguns casos, sopradores e mesas de gravidade.

Armazenamento, comércio e plantio: o armazenamento eficiente permite a previsão das sementes por mais tempo, diminuindo a dependência da sazonalidade da coleta. O planejamento para a produção de mudas pode ser feito em viveiro. Mas, no caso da semeadura direta, as sementes são dispersas diretamente na área a ser restaurada, o que é útil em projetos em grande escala, mas que exigem qualidade das sementes e conhecimento sobre o solo e o clima da área.

Impacto da pesquisa para as redes comunitárias e os desafios regulatórios

A colheita e a comercialização das sementes florestais no Brasil vêm ganhando mais visibilidade a partir dos compromissos reforçados pelo País, mas dependem de uma cadeia de valor ainda incipiente no Brasil. Ao contrário das sementes agrícolas, as espécies nativas são, em sua maioria, colhidas diretamente na natureza, o que é feito geralmente por redes de trabalhadores e comunidades locais, que desempenham papel crucial na conservação da biodiversidade. Esses coletores muitas vezes são agricultores familiares ou representantes de comunidades tradicionais ou indígenas, que preservam os conhecimentos locais e tradicionais, mas enfrentam desafios logísticos e de conhecimento técnico.

O investimento em tecnologia e a disseminação do conhecimento sobre tecnologia de sementes podem beneficiar essas comunidades. Saber quanto tempo cada semente pode ficar armazenada, e como esse tempo varia de acordo com a embalagem ou o ambiente de armazenamento, pode ajudar as comunidades a programarem a comercialização. “Algumas específicas, como a braúna, podem durar nove meses em ambiente não controlado. Já o ipê costuma durar apenas três meses. Então, já sabendo disso, o coletor pode preferir armazenar o ipê na geladeira, visto que também há limitações de espaço nos equipamentos. Ou já vai saber que não dá para comercializar o ipê que foi coletado há mais de três meses e que não foi armazenado em condições controladas de temperatura”, exemplifica Freire.

Além disso, o setor enfrenta outras barreiras: o atual marco regulatório, com o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), foca em padrões típicos da agricultura comercial e não aborda especificamente as especificidades das sementes florestais nativas e sua complexidade morfológica, perpetuando uma cadeia de produção quase invisível, com mais de mil coletores não registrados. O dado está no estudo publicado na revista científica Forests.

O documento sugere seis estratégias para investir na oferta de sementes nativas em larga escala: incentivos e subsídios governamentais para pequenos produtores e comunidades; fiscalização da restauração florestal para estabilizar o mercado de restauração; participação comunitária com geração de renda e integração dos conhecimentos locais; adaptação das regulamentações de sementes nativas; pesquisa e inovação para melhorar o conhecimento sobre espécies nativas; e diversificação do mercado, de modo a explorar novos setores e usos comerciais das sementes.

O compromisso brasileiro: 12,5 milhões de hectares restaurados até 2030

A meta de restauração do Brasil é a materialização de compromissos internacionais reforçados pelo País para combater as mudanças climáticas e a manipulação ambiental. Os dois principais pilares desse compromisso são o Desafio de Bona e a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).

O Desafio de Bonn foi lançado em 2011 como uma iniciativa global para restaurar 350 milhões de hectares de paisagens florestais degradadas e desmatadas em todo o mundo. O Brasil se uniu oficialmente à iniciativa em 2015, quando anunciou, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, o compromisso de restaurar 12,5 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030.

Já a NDC faz parte do Acordo de Paris, o pacto global histórico assinado por quase todos os países do mundo com o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais. Cada país signatário do Acordo de Paris é obrigado a apresentar sua própria NDC, que detalha os esforços que farão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. A primeira NDC do Brasil foi apresentada em 2015 e incluiu especificamente a mesma meta de alimentação indicada no Desafio de Bonn. Além disso, a NDC brasileira também apresentou objetivos para a redução da emissão de GEE, o aumento da participação de bioenergia na matriz energética e o fim do desmatamento ilegal.

Fonte e Foto: Embrapa

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Exportações de milho desaceleram em outubro e média diária cai 5,6% frente a 2024

As exportações brasileiras de milho apresentaram desempenho mais fraco em outubro de 2025 em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que o país embarcou 3,57 milhões de toneladas de milho não moído (exceto milho doce) até agora no mês — o equivalente a 55,8% do total exportado em outubro de 2024, quando o volume chegou a 6,4 milhões de toneladas.

A média diária de embarques nas 13 primeiras semanas úteis do mês foi de 274,9 mil toneladas, representando uma queda de 5,6% frente às 291,1 mil toneladas registradas no mesmo período do ano passado.

Segundo Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, os números dos últimos meses indicam bom desempenho do setor.

“No último mês, os dados de exportação mostraram algo em torno de 8 milhões de toneladas. Já exportamos mais, mas ainda assim é superior ao volume do ano passado e de anos anteriores para esse mesmo período. São notícias positivas do lado das exportações”, afirma Nogueira.

Câmbio e demanda externa podem sustentar preços no mercado interno

O analista também destaca que o avanço das exportações pode contribuir para manter os preços do milho firmes no mercado doméstico.

“O desempenho das exportações pode ser um fator de sustentação dos preços locais. Além disso, no curto prazo, boa parte da valorização depende do câmbio. Se o real continuar se desvalorizando, isso ajuda tanto na formação de preços quanto na competitividade do milho brasileiro”, explica.

Receita de exportação e preços sobem em relação a 2024

No acumulado de outubro até agora, o Brasil já arrecadou US$ 753,9 milhões com os embarques de milho, ante US$ 1,27 bilhão em todo o mês de outubro de 2024.

A média diária de faturamento ficou praticamente estável, passando de US$ 57,996 milhões para US$ 57,970 milhões.

Já o preço médio pago por tonelada teve alta de 5,9%, subindo de US$ 199,10 em outubro de 2024 para US$ 211,00 neste ano — reflexo da maior demanda internacional e da variação cambial.

Fonte: Portal do Agronegócio Foto: APPA – Paranaguá

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Quatro grupos vão disputar leilão de 627 km de rodovias no Paraná

Quatro empresas apresentaram propostas para participar do leilão de um lote de 627 quilômetros de rodovias no Paraná, marcado para quinta-feira (23). Os grupos EPR, Mota-Engil, Motiva (antiga CCR) e Pátria entregaram suas propostas na B3 nesta segunda-feira (20). O lote 4 é o penúltimo de um conjunto de seis concessões rodoviárias do estado leiloadas em parceria com a União. Os certames devem se encerrar no dia 30 de outubro, com a venda do lote 5.

Lote 4

As estradas do lote 4 estão localizadas nas regiões norte, noroeste e oeste do estado. De acordo com o Ministério dos Transportes, estão previstos R$ 18,17 bilhões em investimentos, incluindo 231 km de duplicações, 87 km de faixas adicionais, 39 passarelas de pedestres, oito pontos de travessia de fauna e áreas de descanso para caminhoneiros (PPDs).

Também estão programadas obras de contornos rodoviários nas regiões metropolitanas de Maringá e Londrina. O ministério projeta que os investimentos possam gerar 156 mil empregos.

O pacote inclui trechos das rodovias federais BR-272, BR-369 e BR-376, além das estaduais PR-182, PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-897 e PR-986.

O lote 5, que deve ter os interessados divulgados na próxima segunda-feira (27), tem 432,8 km de extensão e prevê investimentos de aproximadamente R$ 6,7 bilhões. As concessões têm vigência de 30 anos.

Histórico de privatização de rodovias no Paraná

Em dezembro do ano passado, o lote 3 foi arrematado pela então CCR, hoje Motiva. Com extensão de 570 km em estradas federais e estaduais, foi arrematado após a proposta apresentar 26,6% de desconto sobre a tarifa básica de pedágio.

No mesmo mês, o lote 6 foi adquirido pela EPR, responsável por administrar 662 km e aplicar R$ 20 bilhões em obras no oeste e sudoeste do Paraná.

O lote 1 está sob operação da Via Araucária, pertencente ao grupo Pátria, que venceu o leilão em agosto de 2023, enquanto o lote 2 foi arrematado pela EPR em setembro do mesmo ano.

Três mil quilômetros de rodovias federais estaduais leiloados

Ao final dos leilões, o governo de Ratinho Jr (PSD) terá concedido mais de 3.000 km de rodovias federais e estaduais que compõem o Anel de Integração entre diversas regiões do estado.

Segundo a gestão, os investimentos nos seis lotes devem chegar a R$ 60 bilhões em sete anos.

Fonte: Bem Paraná via Folhapress Foto: Divugação

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Evento na CNA vai debater desafios globais e os impactos nos insumos e custos de produção

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reúne, no dia 29 de outubro, especialistas nacionais e internacionais para discutir como os desafios do atual cenário global impactam os insumos e os custos de produção do setor agropecuário.

O evento “Benchmark Agro – Custos Agropecuários”acontece em Brasília, das 9h às 17h30, no auditório da CNA. Para participar presencialmente, os interessados devem se inscrever no link: https://cnabrasil.org.br/benchmark2025.

A programação inclui palestras sobre custos de grãos, tecnologia e tendências globais da pecuária de corte e leite e um podcast ao vivo sobre a produção de biocombustíveis e como o etanol de milho tem alterado a dinâmica regional da agricultura e pecuária.

Além disso, será lançado um estudo inédito sobre a viabilidade econômica de aquisição ou terceirização de máquinas para a safra de grãos.

A assessora técnica da CNA Larissa Mouro explicou que 17% do Custo Operacional Total da soja no Brasil é referente às operações mecânicas e depreciação de máquinas e implementos.

“Com o aumento expressivo das taxas de juros e, especialmente, dos preços de colheitadeiras, é crucial oferecer ao produtor uma análise econômica da viabilidade de aquisição ou terceirização de máquinas agrícolas para safra de grãos”, disse.

O Benchmark Agro marca o encerramento do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro 2025, com a apresentação de dados de custos levantados no Brasil e comparativos com os principais competidores do país no mundo.

Confira a programação completa aqui.

Serviço:

O que: Benchmark Agro – Custos Agropecuários 2025.

Data: 29 de outubro

Horário: 9h às 17h30

Local: Sede da CNA – Brasília

Fonte: CNA Foto: Divulgação

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IDR-Paraná abre inscrições para curso de classificação e degustação de café

O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater) abre nesta quarta-feira (15) as inscrições para o curso “Classificação Física e Degustação de Café Beneficiado Grão Cru”. São oferecidas 20 vagas, e os participantes que alcançarem aproveitamento poderão se habilitar no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para o exercício profissional da atividade.

As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição. O curso tem 160 horas e é inteiramente presencial, com aulas teóricas e práticas no Centro de Pesquisa em Qualidade do Café do IDR-Paraná, em Londrina, em quatro módulos, programados para o período que vai de 2 de fevereiro a 6 de março de 2026.

A grade temática contempla a legislação que regula a atividade no Brasil, análise física — atributos de grãos crus, como defeitos, peneira e cor — e, também avaliação sensorial (degustação) de corpo, aroma, sabor e balanço da bebida.

Inscrições

Podem participar profissionais de ciências agrárias e áreas correlatas, com formação a partir do nível médio. O valor da inscrição é de R$ 8 mil.

Junto com os documentos pessoais e a comprovação de formação profissional, é obrigatório apresentar o certificado de conclusão do curso “Conhecimentos Gerais de Classificação Vegetal”, disponível on-line, e gratuitamente, na plataforma da Enagro (Escola Nacional de Gestão Agropecuária), ligada ao Mapa, que pode ser acessada AQUI.

Mais informações e inscrições pelo WhatsApp (43) 3376-2364, até o dia 10 de janeiro.

Realização

O curso “Classificação Física e Degustação de Café Beneficiado Grão Cru” é uma realização do IDR-Paraná, em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro).

Serviço:

Curso “Classificação Física e Degustação de Café Beneficiado Grão Cru”

Local: IDR-Paraná – Centro de Pesquisa em Qualidade do Café, situado na Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, em Londrina – PR

Inscrições/informações: de 15/10 a 10/1/2026, pelo WhatsApp (43) 3376-2364

Aulas: 2 a 7/2, 9 a 13/2, 23 a 27/2 e 2 a 6/3 de 2026

Fonte: AEN Foto: IDR-PR

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Paraná movimenta mais de 55,3 milhões de toneladas de cargas e tem um aumento de 6,2% em 2025

A movimentação de cargas dentro da Portos do Paraná soma mais de 55,3 milhões e cresce 6,2% em comparação aos três primeiros trimestres de 2024, quando foram registradas 52,1 milhões de toneladas. A expectativa é que a empresa bata o próprio recorde com mais de 70 milhões de toneladas movimentadas até dezembro deste ano.

Na avaliação geral, os granéis sólidos lideram as movimentações com 61,5% seguidos de carga geral, com 25,4% e granéis líquidos com 13,1%.

Segundo o Governo do Estado, a quantidade maior de cargas reflete na chegada de navios aos portos do Paraná. Foram mais de 2.124 atracações realizadas entre janeiro e setembro de 2025, número superior ao total registrado ao longo de 2024, que somou 2.068 atracações.

Produtos que mais tiveram aumento

De acordo com o poder público, o milho é a matéria-prima básica que mais cresceu em volume e porcentagem nos portos paranaenses, tendo uma alta de 356%. No acumulado de janeiro a setembro, os embarques do produto aumentaram 284% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo mais de 2,9 milhões de toneladas contra 756 mil toneladas, representando cerca de US$ 582 milhões em FOB (valor do produto no ponto de embarque), e tendo como principal destino os países do Oriente Médio.

A combinação de fatores que envolvem a alta produtividade brasileira e os embates tarifários internacionais promovidos pelos Estados Unidos ampliaram a competitividade do grão produzido no Brasil.

Outra matéria-prima que cresceu neste período foi o farelo de soja, que chegou à marca de mais de 5 milhões de toneladas, 13% a mais do que no ano passado (4,5 milhões de toneladas). Os cinco principais destinos de farelo foram os Países Baixos, França, Espanha, Coreia do Sul e Alemanha, representando mais de um quarto da movimentação nacional, registrando cerca de US$ 1,6 bilhão em FOB.

O frango congelado também operou em grande volume, movimentando 44% da exportação nacional de carne de frango, o que representa 1,5 milhão de toneladas e US$ 2,7 bilhões de FOB. Os três principais destinos do produto foram África do Sul, México e Emirados Árabes.

O envio de óleos vegetais também registrou alta de 45% em setembro e, no acumulado do ano, janeiro até setembro, soma crescimento de 49% nas exportações. A celulose teve um aumento de 72% no mês e acumula, até o momento, crescimento de 28% no envio para outros países.

Importações

Na importação, o maior volume é de fertilizantes, com mais de 1 milhão de toneladas desembarcadas em setembro, seguido do trigo com quase 270 mil toneladas, tendo uma alta de 132%, diante das mais de 28 mil toneladas importadas em setembro de 2024.

Setembro também foi marcado pelo aumento de 46% na importação de derivados de petróleo, sendo o primeiro mês de 2025 que a Portos do Paraná contabiliza um acréscimo de 3% sobre o acumulado em relação aos granéis líquidos.

Fonte: CBN, com informações da AEN Foto: Divulgação

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Primeiro levantamento da Conab aponta para uma colheita de 354,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2025/26

O primeiro levantamento para a safra de grãos 2025/26 indica mais um ciclo de crescimento na agricultura brasileira. De acordo com a pesquisa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a primeira estimativa indica uma produção total de 354,7 milhões de toneladas de grãos para a nova safra, volume 0,8% superior ao obtido em 2024/25, e um crescimento na área a ser semeada de 3,3% em relação ao ciclo anterior, sendo estimada em 84,4 milhões de hectares na temporada 2025/26. Os dados estão no 1º Levantamento de safra do novo ano agrícola, divulgado nesta terça-feira (14) pela estatal.

Neste novo ciclo, há uma expectativa de crescimento de 3,6% na área semeada para soja se comparada com 2024/25, estimada em 49,1 milhões de hectares. Com isso, a Conab estima uma colheita de 177,6 milhões de toneladas na safra 2025/26 frente à colheita de 171,5 milhões de toneladas da temporada anterior. As precipitações ocorridas em setembro nos estados do Centro-Sul do país permitiram o início do plantio com 11,1% da área já semeada, índice ligeiramente superior ao ocorrido até o mesmo momento do ciclo passado, Nos maiores estados produtores de soja do país, Mato Grosso e Paraná, nos primeiros 10 dias de outubro, registravam 18,9% e 31%, respectivamente, da área semeada.

Assim como a soja, é esperada uma maior área plantada para o milho em 2025/26, podendo chegar a 22,7 milhões de hectares, com uma expectativa de produção de 138,6 milhões de toneladas somadas as 3 safras do grão. Apenas na primeira safra do cereal, a Companhia prevê um incremento na área semeada em torno de 6,1%, com estimativa de colher 25,6 milhões de toneladas, crescimento de 2,8% em relação à safra passada. No Rio Grande do Sul, onde a semeadura tem início a partir do final de agosto, em 11 de outubro, já havia 83% da área semeada, 84% no Paraná e 72% em Santa Catarina. Já no Centro-Oeste e nos demais estados, o plantio ainda não foi iniciado.

Já para o arroz, a primeira estimativa para o ciclo 2025/26 indica uma redução de 5,6% na área a ser semeada, projetada em 1,66 milhão de hectares, sendo que na área irrigada a queda está prevista em 3,7% e na de sequeiro a diminuição pode chegar a 12,5%. Com a menor área destinada à cultura, a produção de arroz pode chegar a 11,5 milhões de toneladas. Na região Sul, principal produtora do grão, os produtores intensificam os trabalhos de preparo do solo e do plantio.

No caso do feijão, por ser uma cultura de ciclo curto, a tendência é que a safra 2025/26 mantenha-se próxima da estabilidade. Somada as três safras da leguminosa, a produção está estimada em 3 milhões de toneladas. A área da primeira safra do grão deverá ter redução de 7,5% em comparação com o primeiro ciclo da temporada 2024/25, totalizando uma previsão de plantio em 840,4 mil hectares. A semeadura foi iniciada na região Sudeste do país, com 100% da área semeada em São Paulo, e em andamento nos demais estados da região. Na Bahia, terceiro maior produtor da leguminosa, e nos demais estados, o plantio ainda não foi iniciado.

Culturas de inverno

Com cerca de 40% das lavouras de trigo colhidas, a previsão aponta para uma produção em 2025 de 7,7 milhões de toneladas, 2,4% abaixo da safra 2024. Principal produto dentre as culturas de inverno, a redução prevista para a colheita decorre, principalmente, da retração de 19,9% na área cultivada, motivada por condições menos favoráveis ao cultivo no momento de decisão da implantação da atual safra.

Mercado

As primeiras projeções da Conab para a safra 2025/26 apontam um incremento nas exportações de milho. Enquanto os embarques do grão do ciclo 2024/25 estão estimados em 40 milhões de toneladas, para a nova temporada a Conab prevê uma comercialização de 46,5 milhões de toneladas. Também é esperado um incremento no consumo interno, que passa de 90,5 milhões para 94,5 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pela maior demanda de milho para produção de etanol. Ainda assim, a estimativa é que os estoques de passagem ao final da safra 2025/26 permaneçam próximos da estabilidade.

Para a soja, a previsão de redução nas exportações dos Estados Unidos e o aumento da procura global, aliados à expansão da produção brasileira, permitem prever um crescimento nas exportações brasileiras. Assim, o país deve manter-se, mais uma vez, como o maior exportador mundial da oleaginosa, podendo ultrapassar as 112,11 milhões de toneladas exportadas. Além disso, a previsão de aumento na mistura de biodiesel ao diesel e a crescente procura por proteína vegetal indicam que o volume de esmagamento de soja poderá atingir 59,56 milhões de toneladas em 2026.

No caso do arroz, mesmo com a redução na área semeada, há expectativa de manutenção de boa oferta do grão no mercado interno. Diante deste cenário, o país deverá ampliar o volume exportado do grão, alcançando 2,1 milhões de toneladas na safra 2025/26 frente a uma estimativa de embarque de 1,6 milhão de toneladas na safra 2024/25. Já as importações e o consumo no mercado doméstico deverão permanecer estáveis, em torno de 1,4 milhão de toneladas e 11 milhões de toneladas respectivamente. Com isso, para a safra 2025/26, a expectativa é de leve redução de 11,4% nos estoques de passagem, estimados em 1,82 milhão de toneladas em fevereiro de 2027, embora ainda em patamar elevado.

As informações completas sobre o 1° Levantamento da Safra de Grãos 2025/26 e as condições de mercado destes produtos podem ser conferidas no Portal da Conab.

Fonte: Conab

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Robô usa luz para diagnóstico precoce de doença em algodão e soja

Um sistema robótico independente, que opera à noite, batizado de LumiBot, é capaz de gerar dados que permitem a construção de modelos para fazer o diagnóstico precoce de nematóides em plantas de algodão e soja antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio ( Comdeagro ), de Mato Grosso, o LumiBot emite luz ultravioleta-visível sobre as plantas e analisa a fluorescência capturada nas imagens das folhas, com câmeras científicas.

A cotonicultura e a sojicultura têm enorme relevância econômica para o País, com previsão de recorde de safra no período 2025/26, com 4,09 milhões de toneladas de pluma e 177,67 milhões de toneladas de grãos de soja, segunda estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento ( Conab ). No entanto, as duas culturas enfrentam a ameaça da parasita microscópica de 0,3 a 3 milímetros de comprimento.

Taxas de acerto acima de 80%

O robô é um protótipo, mas já registra resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casa de vegetação, com cerca de sete mil imagens coletadas em três anos de pesquisa.

“Conseguimos gerar dados e modelos com taxas de acerto acima de 80%, além de diferenciar as doenças do estresse hídrico”, conta a pesquisadora Débora Milori , coordenadora do estudo e do Laboratório Nacional de Agrofotônica ( Lanaf ).

A próxima etapa do estudo será o desenvolvimento de um equipamento para operação em campo, como, por exemplo, adaptar o aparelho óptico em um veículo agrícola do tipo pulverização gafanhoto ou veículo rover.

Apresentação do robô durante o Siagro

O LumiBot será apresentado no Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária ( Siagro ), que será realizado de 14 a 16 de outubro, no Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão ( Lanapre ), localizado no Campo Experimental em Automação Agropecuária, da  Embrapa Instrumentação , em São Carlos (SP).

Menos químicos na lavoura

De acordo com a pesquisadora, o método convencional de controle de nematoides baseia-se na aplicação de nenematicidas aplicados no solo ou nas sementes, antes do plantio. Esses produtos estão diminuindo a população de nematóides próximos às raízes. Entretanto, essa aplicação tem custo elevado, pode causar impacto ambiental e eficácia variável dependendo das condições do solo. Outras estratégias de controle são através do controle biológico, rotação de culturas e desenvolvimento de cultivares resistentes.

“Uma alternativa mais eficiente e econômica seria o monitoramento da área plantada, com a aplicação de estratégias de controle apenas nas regiões eventualmente infestadas. No entanto, ainda não existem equipamentos comerciais capazes de detectar precocemente a presença da doença nas plantas. Nesse contexto, o uso de técnicas fotônicas surge como uma solução promissora”, declara o coordenador do estudo.

Para o consultor da Comdeagro, Sérgio Dutra, o diagnóstico precoce de doenças é fundamental para que os agricultores possam agir rapidamente e de forma localizada. “Com isso, evita-se o uso excessivo de produtos químicos defensivos e a redução do impacto ambiental, um avanço importante para a agricultura de precisão no Brasil. É possível ainda melhorar a qualidade da fibra e garantir maior rentabilidade para o produtor”, garante o especialista.

Como funciona a tecnologia para detecção de doenças

O LumiBot leva embarcado a técnica fotônica de Imagem de Fluorescência Induzida por LED (diodo emissor de luz). A LIFI, na sigla em inglês, é uma técnica não destrutiva que permite uma aquisição rápida de dados de processos fisiológicos da planta por meio de uma imagem. “A imagem obtida resultado da condução das folhas com luz ultravioleta-visível, que induz compostos moleculares, como a clorofila e alguns metabólitos secundários, a emitirem luz por meio do processo de fluorescência”, explica Milori.

O robô coleta os dados, que são processados ​​por algoritmos treinados para verificação de padrões em imagens, a partir dos quais são construídos modelos associados a doenças específicas.

A captura das imagens, realizada em apenas sete segundos e de forma simultânea à iluminação, ocorre em ambiente escuro para evitar a atividade fotossintética da planta e eliminar interferências de outras fontes de luz no sinal de fluorescência registrado pelas câmeras.

O robô se desloca por meio de trilhos presos no piso entre as fileiras dos pés de algodão, avaliando as folhas com um feixe de luz de alta intensidade. De acordo com Débora Milori, a técnica indica diferentes tipos de estresse biótico (fungos, bactérias e vírus) ou abióticos, como deficiências nutricionais e falta de água, por exemplo.

“As imagens captadas pela câmera em cada posição da amostra são gravadas em um dispositivo externo (SSD) portátil, onde ficam armazenadas e disponíveis para análise. Cada amostra recebe uma identificação única, explicada o pós-doutorando Tiago Santiago.

Ele é responsável pela análise de dados, das imagens e pelo treinamento de modelos de aprendizado de máquina. A equipe é composta por estudantes de diferentes áreas do conhecimento e por atuações distintas dentro do projeto.

Vinícius Rufino é graduando em engenharia física e atua na instrumentação e análise de dados, Julieth Onofre, doutora em Física, cuida da área da instrumentação óptica, Gabriel Lupetti, graduando em biotecnologia e responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento dos nematoides, a inoculação e processamento das espécies vegetais, Kaique Pereira, biólogo responsável pela manutenção das plantas, a inoculação e concentração de nematoides.

Prova de conceito

O LumiBot tem o suporte da Embrapii Itech-Agro (Integração de Tecnologias Habilitadoras no Agronegócio) da Embrapa Instrumentação, que busca desenvolver o protótipo do equipamento para minimizar custos e alavancar a cadeia produtiva da soja e do algodão. A Embrapii é uma organização social que conecta empresas e instituições de pesquisa para desenvolver inovações, como o LumiBot.

O projeto envolve o desenvolvimento de uma prova de conceito para diagnóstico precoce de doenças com técnicas fotônicas em sistemas produtivos de algodão, em parceria com a Comdeagro.

O projeto físico e de automação foi desenhado em parceria entre a Embrapa Instrumentação e a empresa Equitron Automação, de São Carlos (SP), sob medida para o funcionamento na casa de vegetação.

A fotônica é um ramo da física que estuda aplicações de luz, sua geração, manipulação e detecção. As técnicas são largamente aplicadas em várias áreas pela sua sensibilidade, precisão e alto potencial de portabilidade.

Os nematoides

Nematoides são vermes microscópicos abundantes no solo, água doce e salgada e muitas vezes são parasitas de animais, insetos e também de plantas, segundo a Embrapa. Eles atacam as raízes, trazendo a absorção de água e nutrientes, o que resulta em redução do crescimento da planta e perdas de produtividade.

O experimento para diagnóstico da praga está sendo prolongado com 400 plantas em vasos em casa de vegetação, separados em quatro grupos de 100 – controle, estresse hídrico, inoculadas com o nematoide Aphelenchoides besseyi, e inoculadas com o nematóide Rotylenchulus reniformis, espécies mais comuns encontradas nas lavouras.

Segundo Kaique Pereira, o nematoide  Rotylenchulus reniformis  causa o comprometimento das plantas, reduzindo os rendimentos da plantação, sendo frequente em regiões tropicais e subtropicais do país, enquanto o Aphelenchoides besseyi é responsável pelos sintomas de pressa verde, retenção foliar e deformações de tecidos da planta, comuns em ambientes quentes e úmidos, fatores essenciais para seu desenvolvimento.

“Os nematóides são um problema muito sério no cultivo do algodão e resultam em muitas perdas para os agricultores, principalmente para o Estado do Mato Grosso”, diz Sérgio Dutra, consultor da Comdeagro.

O pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Rafael Galbieri, diz que não se sabe ao certo quanto a produtividade está sendo perdida na função dos nematóides em Mato Grosso.

“O fato é que existem localidades onde há perdas expressivas e outras onde o problema é menor. Há relatos de perdas de 50% a 60% em casos extremos, com média de até 10% a 12% em determinadas regiões. Estima-se uma perda anual superior a 4 bilhões de reais na cultura do algodoeiro em função de problemas relacionados a nematoides. Existem vários exemplos de áreas de produção que são inviáveis ​​pela infestação dessas parasitas”, relata o doutor em agricultura tropical.

Com a soja não é diferente. O prejuízo é de R$ 27,7 bilhões, de acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Syngenta e consultoria Agroconsult.

“Geralmente, as perdas mais expressivas associadas aos nematóides são observadas em culturas como soja e algodão. No entanto, já é possível constatar que esses patógenos afetaram a produtividade de praticamente todas as culturas agrícolas do País, muitas vezes de forma ainda mais acentuada do que nas grandes culturas”, afirma a presidente da SBN, Andressa Cristina Zamboni Machado.

Segundo ela, o Brasil abriga diversas espécies de nematóides altamente prejudiciais, disseminadas amplamente por todas as regiões agrícolas e responsáveis ​​por extensas perdas econômicas no agronegócio. “Entretanto, esses organismos nem sempre são corretamente revelados ou gerenciados, o que agrava ainda mais seus efeitos sobre a produção”, conta.

Fonte: Embrapa Soja Foto: Wilson Aiello

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Trigo começa semana de forma lenta

O mercado brasileiro de trigo começou a semana em ritmo lento e com preços pressionados, especialmente no Rio Grande do Sul e Paraná, segundo informações da TF Agroeconômica. As recentes chuvas e a desvalorização do dólar contribuíram para a retração dos negócios, enquanto os moinhos seguem cautelosos e parte das regiões inicia a retomada da colheita.

No Rio Grande do Sul, o cenário é de “ressaca” após as precipitações do fim de semana, que variaram entre 3 mm e 60 mm, sem grandes impactos sobre as lavouras. O domingo e a segunda-feira foram marcados por sol e ventos, permitindo que a colheita fosse retomada em algumas áreas. No entanto, o mercado ficou praticamente parado devido à queda do dólar. As indicações de exportação estão em R$ 1.180,00 por tonelada para entrega em novembro, enquanto os vendedores pedem R$ 1.200,00 com pagamento antecipado. Os moinhos seguem fora do mercado, e os volumes destinados à exportação e moagem no estado somam cerca de 220 mil toneladas, bem abaixo das 330 mil registradas no ano anterior. Nos preços internos, as cotações seguem em leve baixa, com R$ 60,00 a saca nas Missões e R$ 62,00 em Panambi.

Em Santa Catarina, a colheita avança lentamente nas lavouras mais precoces, mas ainda sem movimento significativo de vendas. Alguns produtores pedem R$ 1.250,00 FOB pelo trigo novo, valor semelhante ao que moinhos estão dispostos a pagar CIF, o que tem travado os negócios. O último registro foi um pequeno lote de trigo branqueador do Cerrado, a R$ 1.600 CIF. Os preços da saca recuaram para R$ 64,00 em Canoinhas e Xanxerê, mantiveram-se em R$ 62,00 em Chapecó e caíram para R$ 70,50 em Joaçaba.

No Paraná, o avanço da colheita vem melhorando o abastecimento dos moinhos, que encontram trigo novo a preços mais competitivos. As ofertas giram entre R$ 1.220 e R$ 1.280 por tonelada, dependendo da região. Já o trigo importado, especialmente o paraguaio e o argentino, mantém preços firmes entre US$ 230 e US$ 269 por tonelada, mas a recente valorização do real (+2,38%) encareceu as importações. Os preços pagos aos produtores paranaenses recuaram 2,52% na semana, para uma média de R$ 64,94 por saca, ampliando o prejuízo para quase 13%, dado o custo de produção estimado pelo Deral em R$ 74,63.

Fonte: Agrolink Foto: Pixabay