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Revista Apasem | BRS 1056IPRO e BRS 1064IPRO conquistam o mercado sementeiro

Uma parceria entre Embrapa Soja, Fundação Meridional e seus produtores de sementes permitiu que as cultivares BRS 1056IPRO e BRS 1064IPRO tivessem êxito e conquistassem o mercado sementeiro, devido à sua excelente performance. As sementes já estão disponíveis no mercado e fazem parte dos lançamentos de soja da safra 2023/2024, realizados pela Embrapa.

Essas cultivares apresentam elevado potencial produtivo, sanidade, além das características da tecnologia Intacta RR2PRO. “Ambas possuem tolerância ao herbicida glifosato, o que facilita o controle de plantas daninhas e também agrega resistência a algumas lagartas (um gene Bt Cry1Ac)”, explica o pesquisador da Embrapa Soja, Carlos Lasaro Pereira de Melo. Segundo ele, uma cultivar de soja leva, em média, 8 a 10 anos para ser desenvolvida.

“Além de pesquisadores e agrônomos, são envolvidas também diversas equipes, com técnicos agrícolas, assistentes e operários de campo”, explica.
A BRS 1056IPRO tem como ponto forte a alta performance produtiva. A cultivar vem superando os rendimentos das melhores cultivares, com ciclos próximos, disponíveis no mercado, nas regiões de indicação de cultivo. Ela ainda apresenta estabilidade de produção, resistência ao acamamento, tipo de crescimento indeterminado e ciclo precoce, com grupo de maturidade 5.6.

“Essa cultivar tem chamado a atenção por reunir muitos aspectos positivos e relevantes para o planejamento, que almejam altos rendimentos. Também agrada o fato de ela possibilitar o plantio antecipado, inclusive em locais acima de 600 metros de altitude, o que permite a sua inserção no sistema de rotação ou sucessão com outras culturas, nas regiões ou sistemas de produção que demandam essa semeadura antecipada”, destaca Melo, frisando ainda que, com relação à sanidade, “a BRS 1056IPRO apresenta resistência às principais doenças da soja, principalmente à podridão parda da haste e à podridão radicular de Phytophthora”.

A BRS 1064IPRO é outra grande inovação, que possui excelente desempenho produtivo, com alta estabilidade e boa adaptação. “Essa cultivar apresentou ganho produtivo de 6,8% acima da média das principais cultivares padrões de mercado, com indicação na macrorregião 2. A BRS 1064IPRO apresenta ampla janela de semeadura e de adaptação, com ótimo desempenho também na abertura de plantio, que é um atrativo para produtores interessados no cultivo do milho segunda safra”, detalha o pesquisador.

Segundo a Embrapa Soja, a cultivar apresenta ainda resistência ao acamamento e às principais doenças da soja, principalmente à podridão radicular de Phytophthora. Em avaliações preliminares de campo, em áreas infestadas, a cultivar também apresentou uma boa tolerância à Macrophomina. Outro destaque que torna a BRS 1064IPRO bastante promissora é sua boa resistência ao nematoide de galhas Meloidogyne javanica e aos nematoides de cisto (raça 3 e 14), problemas bastante recorrentes nas regiões para as quais ela está sendo indicada.

Para o produtor, a disponibilização dessas tecnologias traz maior segurança e estabilidade de produção, pois tem vantagens como a oferta de novas cultivares de soja com alta estabilidade produtiva, associada à alta performance e com amplo espectro de resistência e tolerância a doenças ou nematoides.

Além disso, a BRS 1056IPRO já está indicada para algumas regiões edafoclimáticas (RECs): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná (RECs 102 e 103) e São Paulo (REC 103). Conforme resultados de pesquisa da safra 2022/2023, a BRS 1056IPRO também apresentou mérito produtivo e agronômico para indicação no Paraná (REC 201), principalmente para as regiões acima de 600 metros de altitude, onde estará indicada a partir da safra 2024/2025.

A BRS 1064lPRO está indicada para os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, em toda a macrorregião sojícola 2, além de ser recomendada para o centro-norte de Mato Grosso do Sul e sudoeste de Goiás (REC 301).

Parceria gera resultados há 25 anos

A Parceria Público-Privado (PPP) em torno da geração de novas tecnologias, desenvolvidas pela Embrapa Soja, tem sido um dos grandes destaques no meio sementeiro. “A junção de forças entre a Embrapa Soja com a Fundação Meridional permitiu à Embrapa, como empresa pública, tornar-se mais dinâmica no desenvolvimento de novas cultivares de soja e promover sua efetiva inserção no mercado, cada vez mais competitivo. Além disso, a Fundação Meridional reúne produtores de sementes de diferentes regiões, que trazem capilaridade de acesso às diferentes regiões produtoras”, avalia a chefe de transferência de tecnologias da Embrapa Soja, Carina Gomes Rufino.

Carina explica que o papel de cada uma das entidades envolvidas foi bem delineado no projeto e por isso a contribuição de cada uma é de extrema importância em todo o processo. “A Embrapa é a obtentora da genética responsável pelo programa e por gerar toda a variabilidade útil a ser explorada para seleção de melhores genótipos ao longo do processo de melhoramento, até a fase final de avaliação das melhores linhagens em diferentes ambientes (macrorregiões sojícolas) em que almeja indicar uma nova cultivar. A Fundação Meridional apoia o programa da Embrapa nas fases finais de avaliação das linhagens, garantindo um maior número de ambientes a serem testados, e atua com ações de promoção e desenvolvimento de mercado das cultivares; em contrapartida, os sementeiros associados à Fundação Meridional possuem uma exclusividade temporária para exploração comercial das cultivares desenvolvidas por meio da parceria, gerando benefícios para todos os envolvidos e acesso às cultivares pelos produtores”, detalha.

O gerente executivo da Fundação Meridional, Ralf Udo Dengler, destaca os grandes resultados dessa parceria, que completa 25 anos em 2024. “Ao longo desse período, foram desenvolvidas 74 novas cultivares de soja, nas diversas plataformas de melhoramento genético, e reforçamos o desenvolvimento de mercado nas ações de transferência de tecnologias.” Na safra 23/24, foi adotado um novo formato de apresentação das cultivares, que despertou o interesse dos produtores. Os lançamentos foram realizados regionalmente, em eventos promovidos por diversos parceiros que multiplicam e comercializam as cultivares. “Nossos colaboradores não apenas acreditaram no potencial das novas cultivares, mas também investiram na sua multiplicação e comercialização. Esse interesse também aumentou a demanda e fez com que a semente disponível fosse rapidamente vendida, superando as expectativas”, explica.

Ralf ressalta ainda que outro trabalho em fase pré-comercial permite que os produtores conheçam as novas variedades ainda na fase de linhagem. “Isso criou uma antecipação positiva e permitiu que as empresas colaboradoras começassem a produzir sementes antes do lançamento oficial”, explica. Diferente dos lançamentos anteriores, onde variedades eram apresentadas sem sementes disponíveis, desta vez a estratégia foi garantir que houvesse sementes suficientes para atender à demanda inicial.

Para a próxima safra, a BRS 1056IPRO também terá sementes disponíveis para o Rio Grande do Sul, onde já existe uma forte demanda de multiplicação.

Quem participou aprova

As cultivares BRS 1056IPRO e BRS 1064IPR foram lançadas em diversos eventos de diferentes regiões ao longo de 2024. Confira a percepção das empresas parceiras sobre a novidade:

Sinergia

“A BRS 1056IPRO tem características que se encaixam muito bem na região que abrange a cooperativa, tanto para plantio comercial quanto para a produção de sementes. É uma cultivar que apresenta uma produtividade bastante significativa. Tem um porte adequado para a nossa região, não tem suscetibilidade ao acamamento, tem um PMS não tão elevado, então isso proporciona uma maior qualidade na produção de semente.”
Helan Paulo Paganini, engenheiro agrônomo da Coocam.

Competitividade

“A BRS 1056IPRO é uma cultivar que vem atendendo à expectativa do mercado em relação à produtividade, sendo uma variedade que chega muito competitiva em relação aos principais concorrentes que temos em cultivares de soja, e num ciclo adequado para as regiões sudoeste do Paraná e oeste de Santa Catarina”. Tiago Almeida, gerente de Negócios da Camisc.

Extensão geográfica

“A principal vantagem é o ciclo, que nos dá capilaridade para atuar em uma extensa área geográfica, desde o Paraná até o Mato Grosso do Sul. Hoje, além do Paraná, estamos fazendo ações de desenvolvimento de mercado em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A tolerância à nematoide de galhas, a resistência ao acamamento, além de ser um material de genética que carrega o diferencial da Embrapa, também merecem destaque”. Gilberto Hideki Tateyama, gerente de Negócios de Sementes da Cocari.

Centro-Oeste

O lançamento da BRS 1064IPRO para Mato Grosso do Sul ocorreu durante o Tour Confiança Jotabasso. A unidade demonstrativa foi apresentada a mais de 300 participantes. A parceria com a Sementes Jotabasso é de extrema importância para difundir e levar a nova cultivar a um número cada vez maior de produtores do Centro-Oeste do país, oferecendo sementes de qualidade a um expressivo número de produtores em toda a sua região de atuação.

Participaram dos lançamentos regionais: Integrada, Cocamar, Coamo, Sementes Jotabasso, Bela Sementes, Cocari, Camisc, Frísia, Copercampos e Coocam. Além disso, foram também destacados em grandes eventos, como: Show Rural, Expodireto e ShowTec.

Fonte e Foto: Revista Apasem | Everson Mizga, Gisele Mendonça e Vera Barão

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Convocação da Assembleia Geral Ordinária da Apasem acontece no próximo dia 18 de março

OF. 006/2025 – APASEM
Curitiba, 27 de fevereiro de 2025.

Ref.: CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DA APASEM
Senhor Associado,


Conforme disposto no Art. 24 do Estatuto da Apasem, pelo presente convoco os senhores Associados para participar da Assembleia Geral Ordinária, conforme programação abaixo:


Data e Horário:

18 de março de 2025, com início às 13:30h em 1ª convocação, às 14:00h em 2ª
convocação ou às 14:30h em 3ª convocação.


Local: Na Sede do Sistema Ocepar, na Av. Cândido de Abreu, 501 – Centro Cívico, Curitiba – PR,
80530-000 e por videoconferência via Microsoft Teams.


Ordem do Dia:

  1. Relatório das Atividades da Diretoria.
  2. Apreciação do Balanço, Parecer do Conselho Fiscal e Relatório de Auditoria;
  3. Orçamento e Fixação dos Valores das Mensalidades para o Exercício;
  4. Eleição da Diretoria para a gestão Abril/2025 a Março/2027;
  5. Outros Assuntos de interesse da Classe.

Contando com a sua presença, subscrevo-me.
Atenciosamente,

Luiz Meneghel Neto
PRESIDENTE DA APASEM

Sementes - Imagem Ilustrativa - Crédito Apasem

APASEM oferece três novos treinamentos neste primeiro semestre de 2025

A Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (APASEM) está com três novos treinamentos voltados para profissionais das áreas de laboratórios e sementes, neste primeiro semestre de 2025. Entre eles: “Interpretação da Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017”, “Amostrador de Sementes” e “Treinamento de Atualização para Responsável Técnico de Laboratório”.

Os cursos foram desenvolvidos para atender às demandas de um mercado que busca cada vez mais qualidade, segurança e eficiência nos processos laboratoriais e na cadeia de sementes. As inscrições já estão abertas e as aulas serão ministradas por profissionais com ampla experiência na área.

Conheça os cursos:

Interpretação da Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017

Focado na compreensão e aplicação da norma internacional que estabelece requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração.

Requisitos gerais para competência de ensaio e calibração.

30 Vagas

Dias 20 e 21 de março, em Ponta Grossa/PR

Instrutora: Marli Jabuonski

Valor: R$ 1.500,00

Parceria: Qualynter/APASEM

✓ Introdução
✓ Escopo
✓ Referências normativas
✓ Termos e definições
✓ Requisitos gerais (imparcialidade e confidencialidade)
✓ Requisitos de estrutura
✓ Requisitos de recursos
✓ Requisitos de processos
✓ Requisitos de gestão
✓ Exercícios finais
✓ Encerramento do curso

Amostrador de sementes

Curso essencial para profissionais que desejam atuar na coleta de amostras de sementes com qualidade e segurança, atendendo às exigências regulatórias e técnicas.

30 Vagas

Dias 5 e 6 de maio, em Ponta Grossa/PR

Instrutor: Dr. Jonas Farias Pinto

Valor: R$ 1.500,00

Parceria: Academia da Semente/APASEM

1) Atributos da Qualidade das Sementes sobre qualidade de sementes
✓ Noções básicas
2) Noções de Beneficiamento e Armazenamento
✓ Visão geral das etapas do beneficiamento
3) Programa Nacional de Sementes
✓ Principais aspectos legais que regem a produção, comercialização e uso de sementes no Brasil
✓ Os procedimentos legais que regem a amostragem
4) Amostragem de Sementes
✓ Objetivo e finalidade da amostragem
✓ Tipos de amostras
✓ Intensidade de amostragem
✓ Condições para amostragem
✓ Equipamentos de amostragem
✓ Procedimentos de homogeneização da amostra
✓ Documentos para a remessa da amostra
5) Prática de amostragem de sementes
✓ Amostragem em sacarias
✓ Amostragem em big-bags
6) Prática de Homogeneização e redução da amostra
Treinamento para RT de laboratório
Voltado para Responsáveis Técnicos, com conteúdo atualizado sobre gestão de laboratórios, boas práticas e legislação vigente.

Atualização de análise de sementes de grandes culturas com ênfase na legislação vigente

30 Vagas

Dias 7, 8 e 9 de maio em Ponta Grossa/PR

Instrutores: Dr. Jonas Farias Pinto, Saionara Tesser e Juliana Bueno Veiga

Valor: R$ 2.000,00

Parceria: Academia da Semente/APASEM

✓ Pureza
✓ Determinação de outras sementes por número
✓ Germinação em diversos substratos
✓ Verificação de outras cultivares
✓Número de sementes infestadas ✓ Peso de mil sementes
✓ Utilização de tabela de tolerância
✓ Verificação de padrão de espécie de acordo com normativas vigentes
✓Emissão de laudos ✓Preenchimento de relatórios mensais a serem enviados ao MAPA

“Investir na qualificação dos profissionais é fundamental para manter a excelência e a segurança nos processos laboratoriais e na produção de sementes. Esses cursos foram planejados para atender às necessidades do setor e oferecer uma formação de qualidade”, destaca o Diretor Executivo da Apasem, Jhony Möller.

Serviço:

As vagas são limitadas. Os cursos serão realizados na Associação Comercial de Ponta Grossa nos meses de março e maio. Solicite seu formulário pelo e-mail comunicacao@apasem.com.br ou WhatsApp (41) 9 8774-7460. O combo para os três cursos fica no valor de R$ 4.500,00.

Fonte: Correio do Campos com Assessoria de Imprensa Foto: Arquivo APASEM

credito ministerio da agricultura

Revista Apasem | Amendoim: passado, presente e futuro no Brasil

O amendoim é uma leguminosa oriunda da América do Sul e que atualmente tem a sua maior produção e consumo na China. Pode ser consumido na forma de confeitos, óleo ou simplesmente torrado. O Brasil produziu grandes volumes na década de 1970, atingindo a marca de um milhão de toneladas por ano, sendo a maior utilização para óleo. Entretanto, com a introdução no país do cultivo intensivo de soja, o óleo de amendoim perdeu espaço e já na safra 2012/2013 o Brasil produziu em torno de 300 mil toneladas. Mas na última década este cenário vem mudando gradativamente.

O grande lema da cadeia de produção de amendoim era o crescimento sustentável em área e volume com ganhos de mercado, pois o campo responde muito mais rápido do que a parte de pós-colheita e adequação para acesso a outros mercados. Então, o setor se organizou, sobretudo com a Câmara Setorial do amendoim dividida em temas julgados importantes para o crescimento sustentável da cadeia como sementes, exportação etc.

Como resultado da organização do setor, o Brasil saiu da marca de 300 mil toneladas produzidas na safra 2012/2013 para em torno de 900 mil na safra 2022/2023 (um aumento de três vezes em 12 anos), o que representa quase 2% da produção mundial. Os maiores produtores do país atualmente são os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. No Estado paulista, que detém 83% da área plantada, o destaque é a produção em áreas de renovação de canaviais, o que é muito benéfico para o solo, pois, além de ser uma rotação de cultura, o amendoim é um fixador de nitrogênio no solo. Outro benefício é a produção de alimentos em áreas de produção de energia, sem diminuição dos canaviais e a abertura de outras áreas. Em Minas Gerais e em Mato Grosso do Sul há um crescimento elevado nos últimos anos, devido à disponibilidade de terras, clima adequado e proximidade com a indústria paulista.

Este aumento significativo de produção foi possível pelo avanço em várias frentes: 1) O lançamento de novas variedades com maior produtividade e que atendem ao mercado atual. Como exemplo, as variedades auto-oleicas, que são variedades que podem ficar mais tempo na prateleira. Algumas delas são o IAC 503, IAC OL3 e BRS 423. Para título comparativo, a área plantada de produção de sementes quadruplicou entre as safras 2014/2015 e 2022/2023; 2) A conquista do protocolo de autocontrole de aflatoxina, o que mitigou risco de um dos principais problemas na qualidade do amendoim. Este protocolo ajudou a garantir melhor qualidade da cultura e hoje se juntou ao controle de pesticidas; 3) Outro exemplo de avanço foi Minor Crops, que possibilitou a disponibilidade de mais defensivos agrícolas para o controle de doenças e pragas de um modo mais seguro na cultura de amendoim. Isso possibilitou o uso de moléculas mais modernas e seguras e impactou significativamente no aumento da produtividade média da cultura, saindo de cerca de 3 mil quilos por hectare na safra 2014/2015 para algo em torno de 4 mil quilos (sem casca), safra 2021/2022.

Junto com a maior produtividade e qualidade, com os avanços no processo de produção e de pós-colheita, o Brasil também aumentou significativamente suas exportações de amendoim nos últimos 10 anos. O que é um caminho natural, pois o mercado interno é insuficiente para absorver um aumento tão grande e tão rápido. O país saiu de um volume exportado de 64 mil toneladas de grãos, em 2014, para 300 mil em 2023, um aumento de 18,60% ao ano, se estabelecendo como o sexto maior exportador mundial. Os maiores compradores da produção brasileira são (por ordem): Argélia, Rússia, África do Sul e Países Baixos, sendo que apenas para a Argélia e para a Rússia foram destinadas 50% das vendas do Brasil.

Com este panorama, o desafio é o aumento de volume aos mercados compradores. Um evento factível de ocorrer, para o grão desta oleaginosa, é a conquista do mercado europeu, que, apesar de ser mais exigente, é o que melhor remunera. Atualmente, o Brasil exporta apenas 8% do volume importado pela União Europeia. A Argentina, por sua vez, possui 50% do volume importado daquele mercado.

O caminho que é claro para o Basil é que o país vai continuar crescendo em volume de produção de amendoim. A migração para Estados onde as terras são mais abundantes e baratas servirá para produção de um amendoim mais competitivo no cenário global, o que, aliado à permanência dos ganhos em qualidade dos últimos anos, abrirá muitas alternativas para o país. Sendo assim, apesar da complexidade, do contínuo aperfeiçoamento e dos desafios de modelo de produção e logístico, as perspectivas são otimistas e o Brasil será um player importante.

Fonte: Revista Apasem/Edição 2024 por Juliano Rodrigo Coró. Ele é engenheiro agrônomo e atua há 22 anos no setor. É dono da consultoria Plural Agro e sócio-diretor da JKM Agro Consult – ambas ligadas ao ramo de amendoim. Foto: Mapa

IAT - O Instituto Água e Terra possui  Viveiros de produção de mudas florestais nativas, distribuídos por todo o estado e produzindo mudas de mais de 80 espécies florestais nativas do Paraná.

Revista Apasem | As oportunidades e desafios do setor de mudas

Diferentes vertentes da produção de mudas no Paraná – e no país como um todo – enfrentaram mudanças depois da pandemia de Covid-19. As principais estão em hábitos de alimentação e de lazer nos últimos tempos, além da priorização de reformas e adequação de espaços que movimentam o setor desde então. Dentro de cada característica particular, os produtores se planejam para aproveitar oportunidades e explorar potenciais, mas ainda precisam enfrentar gargalos a serem vencidos.

O diretor administrativo da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, Hugo Vidal, salienta a importância, no atual contexto, de esclarecimentos sobre legislação. De acordo com ele, existem duas normas que legislam sobre o setor, incluindo a Instrução Normativa 42, de 2019, do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Além disso, a Portaria nº 616/2023, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) impacta diretamente o setor. Esta, mais recente, ainda gera dúvidas, de acordo com ele.

A nova legislação prevê o cumprimento de uma série de anexos e documentações, conforme a cultura, para a solicitação das mudas para instalação de viveiros. “Este é o principal ponto de dúvidas: onde entra o responsável técnico neste processo e até onde vai a responsabilidade do produtor”, destaca Vidal.

A legislação também é apontada por Mariana Barreto, secretária-executiva da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), como um ponto importante para ser observado. A instituição tem como foco os mercados de mudas de hortaliças, flores, plantas ornamentais e sementes. “No caso do segmento de mudas de plantas ornamentais, um dos desafios é atender à legislação de produção e comercialização, pois é uma legislação generalista, e esse é um setor com muitas particularidades, com características específicas conforme as espécies”, esclarece. A articulação é para a promoção de normas específicas, que atendam mais de perto a quem produz.

No caso dos produtores de grama, o desafio maior está na informalidade do setor. São 29 empresas paranaenses formalizadas e cadastradas no Sistema Renasem. Mas estima-se que existam muitas mais, o que afeta diretamente a competitividade do mercado. O diretor-presidente da instituição Grama Legal, Luiz Negrello, conta que as empresas do setor precisam cumprir uma série de normas, mas essas exigências não aparecem, necessariamente, nos editais de licitações públicas. Prefeituras, governos, secretarias e departamentos nestas esferas são as principais contratantes, além de construtoras e concessionárias de rodovias. “Isto é contrassenso”, enfatiza.

Negrello e a coordenadora executiva da Grama Legal, Livia Sancinetti, destacam que planejamento é a palavra-chave para os produtores. Isso vale para lidar com as características do clima perante a produção da grama, o enfrentamento de condições climáticas adversas nesse contexto, as dificuldades em assistência técnica especializada, a falta de linhas de crédito direcionadas e a pouca disponibilidade de produtos específicos para a rotina de atividades.

“Temos apenas seis produtos registrados especificamente para a nossa produção. Houve ampliação nas possibilidades de aplicação por parte das grameiras de outros insumos, a partir da extensão da bula, o que nos ajuda”, indica Lívia. “Mas também dependemos de compras que são realizadas diretamente com cooperativas. E os objetivos delas são diferentes dos nossos. Por isso, precisamos redobrar o planejamento sobre quando realizar essas compras e quando fazer isso”, cita Negrello.

Hortaliças, flores e plantas ornamentais

Segundo a ABCSEM, esses três segmentos apresentam potenciais de mercado, ainda se beneficiando de uma consequência da pandemia de Covid-19. O isolamento e as mudanças de comportamento motivaram reformas e obras, além dos cultivos de hortaliças e de plantas medicinais em pequenos espaços e no ambiente doméstico. A busca por uma alimentação mais saudável também motiva os consumidores e, consequentemente, aquece as demandas para os produtores de mudas.

Grama

A perspectiva de novos investimentos em rodovias, em todo o país, chama atenção dos produtores de grama. A legislação atual prevê a plantação em uma determinada faixa nas margens das estradas por exemplo. Uma maior movimentação na construção civil, assim como em obras públicas, também é vista com otimismo.

Produções em pequenos espaços

Regiões populosas, como a de Curitiba e municípios no entorno, já não têm mais disponibilidade de grandes áreas para a agricultura. Por isso, a produção de mudas, com auxílio de viveiros, torna-se alternativa para investimentos de maior impacto na economia dessas localidades. Hugo Vidal, da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, enfatiza também que há maior visão para a compra de mudas de viveiros legalizados, o que vem gerando benefícios para o setor.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: Albari Rosa

TREINAMENTOS APASEM

Treinamentos APASEM: Atualize seus conhecimentos

A APASEM, em parceria com a Qualynter e a Academia da Semente, oferece três treinamentos para o primeiro semestre de 2025, são eles:

  • Interpretação da Norma ABNT NBR ISO IEC 17.025:2017
  • Amostrador de Sementes
  • Treinamento de Atualização para RT de Laboratório
  • Os cursos serão realizados na Associação Comercial de Ponta Grossa nos meses de março e maio.

Confira abaixo todas as informações e solicite seu formulário pelo e-mail comunicacao@apasem.com.br ou WhatsApp (41) 9 8774-7460.

Interpretação da Norma ABNT NBR ISO IEC 17.025:2017
Requisitos gerais para competência de ensaio e calibração.
30 Vagas
Dias 20 e 21 de março Ponta Grossa/PR
Instrutora: Marli Jabuonski
Valor: R$ 1.500,00
Parceria: Qualynter/APASEM

✓ Introdução
✓ Escopo
✓ Referências normativas
✓ Termos e definições
✓ Requisitos gerais (imparcialidade e confidencialidade)
✓ Requisitos de estrutura
✓ Requisitos de recursos
✓ Requisitos de processos
✓ Requisitos de gestão
✓ Exercícios finais
✓ Encerramento do curso

Amostrador de sementes
30 Vagas
Dias 05 e 06 de maio Ponta Grossa/PR
Instrutor: Dr. Jonas Farias Pinto
Valor: R$ 1.500,00
Parceria: Academia da Semente/APASEM
1) Atributos da Qualidade das Sementes ✓ Noções básica sobre qualidade de sementes
2) 2) Noções de Beneficiamento e Armazenamento
✓ Visão geral das etapas do beneficiamento
3) Programa Nacional de Sementes
✓ Principais aspectos legais que regem a produção, comercialização e uso de sementes no Brasil
✓ Os procedimentos legais que regem a amostragem
4) Amostragem de Sementes
✓ Objetivo e finalidade da amostragem
✓ Tipos de amostras
✓ Intensidade de amostragem
✓ Condições para amostragem
✓ Equipamentos de amostragem
✓ Procedimentos de homogeneização da amostra
✓ Documentos para a remessa da amostra
5) Prática de amostragem de sementes
✓ Amostragem em sacarias
✓ Amostragem em big-bags
6) Prática de Homogeneização e redução da amostra

Treinamento para RT de laboratório
Atualização de análise de sementes de grandes culturas com ênfase na legislação vigente
30 Vagas
Dias 07, 08 e 09 de maio Ponta Grossa/PR
Instrutores: Dr. Jonas Farias Pinto Saionara Tesser Juliana Bueno Veiga
Valor: R$ 2.000,00
Parceria: Academia da Semente/APASEM
✓ Pureza
✓ Determinação de outras sementes por número
✓ Germinação em diversos substratos
✓ Verificação de outras cultivares
✓Número de sementes infestadas ✓ Peso de mil sementes
✓ Utilização de tabela de tolerância
✓ Verificação de padrão de espécie de acordo com normativas vigentes
✓Emissão de laudos ✓Preenchimento de relatórios mensais a serem enviados ao MAPA

COMBO PARA OS 3 CURSOS
Valor: R$ 4.500,00

Plantação de milho. espiga. Foto:Jaelson Lucas / AEN

Revista Apasem | O poder da informação: análise de sementes torna-se cada vez mais fundamental

Deter informações sobre determinado processo ou produto pode fazer uma enorme diferença para alcançar o resultado almejado. Os dados podem auxiliar na elaboração de planejamentos, incentivar ações e até mesmo fornecer uma nova visão para corrigir alguma rota. Na produção de sementes não é diferente: conhecer mais sobre o próprio produto pode indicar uma boa tomada de decisão, conferir a boa qualidade do lote e ainda pautar novas rotas visando melhorias para as próximas safras.

Tudo isso é possível a partir de uma boa análise de sementes, que é fundamental para embasar as empresas produtoras e o mercado do agronegócio como um todo. Saber os detalhes do produto adquirido também traz mais segurança no campo. A avaliação é obrigatória para a obtenção de certificados, mas já deixou o patamar de um mero cumprimento de um dever. Possuir esses dados pode se tornar um diferencial.

A supervisora de qualidade da Nuseed, Maracelia Palma, enfatiza como a análise de sementes é fundamental. A empresa de atuação global, com escritório em Curitiba (PR), conta com a parceria de laboratórios certificados pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) em diferentes regiões do Brasil para obter informações sobre os lotes de sementes de sorgo (o principal produto da Nuseed), canola, girassol, milheto, azevém e outras forrageiras.

Os testes são aplicados nas sementes logo após a colheita, beneficiamento, no lote já finalizado, armazenagem e depois dos tratamentos. A análise também contempla a fase pré-envio dos produtos aos clientes. O Laboratório de Análise de Sementes (LAS) da Apasem é um dos que fazem parte da rede de serviços acessada pela Nuseed.

“Com as análises, conseguimos obter as informações que vão influenciar no desempenho dessa cultura no campo. Uma informação isolada não é suficiente. Precisamos sempre de um conjunto de informações para conseguir ter uma tomada de decisão. Então, as informações sobre germinação, vigor, tetrazólio, viabilidade, peso e tamanho das sementes, presença de patógenos, impurezas, contaminantes… esse conjunto de dados nos dá a certeza da qualidade das sementes”, conta.

A empresa que possui esse relatório consegue fazer a classificação de lotes a partir da qualidade e decidir se coloca determinado lote no mercado. Com as informações geradas pela análise de sementes, ainda é possível realizar ajustes, recomendações e orientações para a conservação, uso e manejo desses produtos e ainda planejar as próximas safras.

“Se levarmos em consideração o que o Ministério da Agricultura exige para as culturas que a Nuseed trabalha, as análises ficariam focadas em germinação e pureza, mas o nosso cliente exige muito mais do que isso. Ele quer saber mais sobre o vigor, peso – para ajustar o plantio dele”, destaca Maracelia.

Exigência do mercado e mudanças climáticas pautam evolução e acentuam importância dos laboratórios

A secretaria executiva da Associação Nacional de Produtores de Sementes Forrageiras (Anprosem), Sandra Ferreira, reforça que a importância da análise de sementes cresceu a partir do momento em que também aumentou a consciência do consumidor final sobre os produtos que compra, assim como a dos produtores, que querem conhecer mais sobre as sementes que estão sendo colocadas no campo e qual resultado isso pode gerar em um processo tão complexo. Um reflexo disso foi a abertura de laboratórios e um maior número de pedidos de credenciamento perante o MAPA nos últimos anos.

“O setor evoluiu também nos últimos anos em função da demanda para testagem de vigor das sementes. Isso, tempos atrás, era muito falado em soja. Hoje, já se quer saber sobre vigor de tudo que se produz, devido às alterações climáticas e diferentes tipos de solo que existem no Brasil. Então, é importante saber, sim, como está esse vigor, como está essa semente, para verificar se pode ser semeada em áreas que apresentam mais dificuldades em relação às condições climáticas mais interessantes”, esclarece.

Entretanto, o comportamento do mercado vem mudando para o conhecimento e controle de qualidade de todo o processo. “Quem produz semente também vem buscando mais capacitação e treinamento para si e para a sua equipe para fazer os controles de qualidade dentro do seu sistema de produção. E tudo isso passa pelas análises, incluindo as de sementes. É por meio disso que existem as validações. O Laboratório de Análise de Sementes é o coração das empresas”, opina.

A consultora em análise de sementes Maria Fátima Zorato chama a atenção para como os bons laboratórios vêm ganhando cada vez mais importância, ao relembrar o desempenho da safra 2023/2024 e os desafios que chegam junto com as mudanças climáticas. Esse contexto requer ainda mais informações e conhecimento para enfrentar as dificuldades e garantir bons resultados.

“Temos muito trabalho em genética para entregar produtividade. Já temos um novo patamar em relação a isso e ela traz respostas. Considero, hoje, que um dos grandes desafios, para nós, é dominar essa resposta da genética de elevadíssima produtividade e mitigar as inconstâncias das condições climáticas. Isto acontece por meio de boas práticas, tanto em campo quanto em laboratório”, aponta.

Ela recorda que as sementes são os maiores ativos dos produtores, que desejam conhecer cada vez mais sobre o produto e como ele pode reagir a novos parâmetros e diagnósticos, como aconteceu na última safra. Esse é um movimento paralelo à maior adesão de tecnologia no campo e em todo o sistema produtivo, assim como de soluções mais sustentáveis. “Com uma maior exigência, nós, da linha de frente da qualidade, também ficamos com uma responsabilidade gigante quando falamos na qualidade de sementes. Além da questão financeira, está em jogo o nome da empresa. Não tenho dúvidas de que a qualidade da semente está muito envolvida com o laboratório e como ele pode mostrar todo esse contexto”, observa a especialista, destacando a importância de observar as análises de sementes como um todo, e não focando em apenas um tipo de critério.

No entendimento de Zorato, são importantíssimos os quatro pilares de fisiologia, sanidade, genética e físico para efetivamente pensar em qualidade de sementes. De acordo com ela, é preciso escapar da “cilada” de levar em consideração apenas os dados fisiológicos, deixando os outros atributos de lado.

A responsabilidade do laboratório e de seus profissionais também é apontar os indicadores desses critérios, realizando uma prestação de serviços que reforça a importância da informação gerada pela análise de sementes. “Se o laboratório é um verificador de qualidade, é preciso fazer mais do que o usual, pensando mais em valor agregado”, opina a consultora. No final das contas, a qualidade se dá pelo conjunto de indicadores e pela confiança e capacidade de todo o sistema produtivo, incluindo os laboratórios especializados.

Evolução e tecnologia

A adoção da Inteligência Artificial, que impacta tanto o mundo atualmente e promete ser uma revolução comparada ao surgimento da internet, afetaria a análise de sementes de que forma? E como isso ressaltaria a sua importância perante uma agricultura cada vez mais tecnológica?

Sandra Ferreira, da Anprosem, sinaliza que a evolução tecnológica na avaliação de sementes tem como foco a análise por imagens. Ela acredita que, daqui a cinco a seis anos, será possível fazer isso sem a necessidade de destruir a semente. Ao mesmo tempo, os laboratórios que apresentarem mais capacidade técnica, contribuindo para um maior acompanhamento, também ganharão destaque nesse processo.

“A gente ainda busca muita mão de obra e isso é essencial em um laboratório. É primordial investir mais nesses técnicos e compor boas equipes. Mesmo com adoção de novas tecnologias, nada vai substituir o fator humano. Hoje, na análise de sementes, esse já é um indicador importantíssimo nesse processo e isso não será diferente. Até porque é o técnico que vai preparar a semente para colocar dentro de um equipamento, por exemplo. Também será o técnico que poderá fazer uma avaliação se aqueles dados estão corretos ou não. Os profissionais precisarão ser bem mais treinados”, considera.

A consultora Maria de Fátima Zorato também aponta que a Inteligência Artificial e outras ferramentas poderão ser adotadas na análise de sementes, mas o desempenho humano continuará sendo fundamental para os resultados e a aplicação dessas informações em todas as etapas da agricultura.

“Pesquisadores estão apontando, enfaticamente, que ninguém vai deixar de fazer um único teste em laboratório. A Inteligência Artificial será realmente complementar ao que o técnico está fazendo. Representantes de muitos laboratórios que eu conheço não querem nem ouvir falar de Inteligência Artificial, porque acham que isso vai acarretar perda de emprego. Mas isso não é verdade. Será o contrário: as ferramentas vêm para nos validar. Por isso, vejo com bons olhos e espero que traga muitos impactos positivos”, comenta.

As especialistas mostraram a importância da capacitação – e isso não deve ser deixado apenas para quando determinadas tecnologias se tornarem efetivamente realidade. Torna-se essencial olhar cada vez mais para a equipe dos laboratórios de análise de sementes. Eles possuem papel fundamental para garantir o poder da informação e a qualidade do que se semeia no campo.

Quem deseja entrar e atuar nesta área precisa estar alinhado com as capacitações exigidas pela legislação vigente. O responsável técnico de um laboratório de análise de sementes deve ter a formação de engenheiro agrônomo, além de cursos que o Ministério da Agricultura determina, como o ISO 17025 e a própria capacitação em análise de sementes. “A Apasem, inclusive, fornece esses treinamentos”, conta Saionara Maria Tesser, responsável técnica pelo Laboratório de Análise de Sementes da Apasem em Toledo, no oeste paranaense. “É preciso gostar da rotina de laboratório e entender de fisiologia de sementes. Esses são critérios importantes para um responsável técnico”, complementa. Também há treinamentos específicos para analistas, incluindo reciclagens, que devem ser feitas a cada cinco anos. Esses treinamentos também são ofertados pela Apasem. “O analista deve ter, no mínimo, três anos de prática para ter uma boa base para atuação”, sinaliza.

Substrato de areia: técnica que ajuda a identificar qualidade de sementes e sua germinação

Os testes com substrato de areia estão sendo cada vez mais requisitados. Este tipo de análise mostra como determinado lote de semente pode se comportar em uma fase essencial de todo o processo, que é a germinação. A procura reflete o movimento do mercado em aprimorar a informação sobre as amostras de sementes e, consequentemente, sobre os lotes que serão comercializados e como isso vai gerar resultados no campo.

A responsável técnica pelo LAS da Apasem em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, Juliana Veiga, explica que esse teste apresenta o potencial fisiológico do lote de sementes e qual percentual vai germinar. “Essa análise pode ser feita em substrato papel ou substrato areia, considerado um dos melhores substratos, o que confere vantagem. Em caso de dúvidas, como alguma fitotoxicidade ou um ataque de patógenos, é a areia que vai fornecer o melhor resultado, pois ali simula uma condição mais parecida com a do campo, muito melhor do que o substrato de papel. Entretanto, há desvantagens, como ocupar mais espaço nos laboratórios e também demanda mais tempo”, afirma.

De acordo com ela, esse tipo de análise começou a ser bastante divulgado a partir do ano de 2004, quando apareceram casos de doenças fúngicas na soja e houve uma boa resposta com o teste utilizando o substrato de areia. A técnica pode ser aplicada para qualquer tipo de semente. Atualmente, o substrato de areia é bastante usado em sementes de soja, de milho e de outras grandes culturas, além de sementes tratadas com produtos industriais.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: Jaelson Lucas/AEN

Divulgação IDR Parana

Revista Apasem | Manejo de solo

As adversidades climáticas se tornaram desafios em diferentes frentes para a agricultura e isso inclui a produção de sementes. As condições extremas – ou até mesmo o que é considerado um comportamento fora do observado em séries históricas – afetam a qualidade do solo, que já sofre com fenômenos como erosões, compactação, entre outros. Diante disso, as técnicas de manejo e conservação do solo ganham ainda mais relevância. As ferramentas consolidadas já são capazes de evitar a maior parte dos problemas. Entretanto, as suas aplicações podem minimizar os impactos diretos das mudanças climáticas.

Exemplo disso é o regime irregular de chuvas. Além da escassez, verificam-se também recorrentes episódios de precipitações muito intensas – e em um curto período de tempo – e mal distribuídas, que podem “lavar” o solo e gerar erosões. Por isso, manter a área coberta faz uma enorme diferença.

“Essas situações, junto com alguns problemas de manejo que observamos, podem potencializar os processos erosivos. Vemos que a erosão tem se intensificado mesmo em áreas de plantio direto. Tudo isso é bastante grave e traz uma série de problemas. Existem as questões ambientais e de manejo que podem acarretar casos de assoreamento. Mas esse também é um problema econômico para o produtor, que está perdendo seu maior patrimônio, que é o solo. Além disso, parte dos nutrientes, fertilizantes e corretivos vão embora com essa erosão, e isso custa muito caro. A própria perda dessa camada mais superficial do solo por erosão causa perda de produtividade. Na soja, por exemplo, há trabalhos de cerca de 15 anos, mas ainda atuais, mostrando que a cada centímetro de solo perdido são perdidos cerca de 250 quilos por hectare ”, conta o pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja.

De acordo com ele, também há consequências diretas no solo nos períodos de seca como efeito das mudanças climáticas. A combinação da falta de chuvas com temperaturas altas gera importantes impactos. E, mais uma vez, as técnicas de manejo de solo tornam-se essenciais. O solo precisa estar coberto com palha, para que haja aumento da taxa de infiltração da água – esta deve entrar no solo, e não escoar. Além disso, o solo precisa de fertilidade química, física e biológica para fornecer condições para que as raízes das culturas cresçam em profundidade.

“A raiz não vai crescer se não houver essas condições e sem a temperatura adequada. A raiz não vai crescer bem se o solo estiver com uma temperatura acima dos 30 graus. Por isso, também se destaca a importância da cobertura do solo para que a raiz tenha um ambiente com temperatura adequada ao crescimento”, afirma.

As técnicas de manejo de solo são tecnologias estabelecidas no campo e geram bons resultados. Tornaram-se muito difundidas, mas as condições climáticas adversas motivam novos estudos para verificar alternativas diante desse já conhecido desafio. A Embrapa e outras instituições estão atuando em novas frentes de estudos nessa área. “Temos fortemente trabalhado na busca por alternativas. Mas precisamos ressaltar que essas tecnologias no campo já existem há muito tempo. O que falta é ser aplicado conforme as pesquisas indicam, como o uso de plantio direto, principalmente diversificando o sistema de produção. Temos várias opções para isso”, enfatiza.

Capacitação

Nesse contexto, a capacitação se torna fundamental. Conhecendo mais as técnicas de manejo de solo e suas possibilidades, maior a chance da adoção – e da implantação correta dessas técnicas. A Embrapa Soja, por exemplo, ministra um módulo específico sobre manejo do solo dentro do curso de produção de soja.

O coordenador do curso, o pesquisador e chefe adjunto do Setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Andre Prando, conta que ainda existem lacunas entre o que as pesquisas mostram e o que é aplicado no campo. E isso é perceptível no contato direto com parte dos produtores.

“Ainda existem muitos produtores que não adotam todas as tecnologias disponíveis. Abordamos no curso toda a parte de manejo de solo, incluindo os aspectos físico, químico e biológico. Priorizamos turmas pequenas para favorecer a troca de experiências e de informações entre pessoas de diferentes regiões. São contemplados agricultores, extensionistas, agrônomos de cooperativas… Ali vemos todos os elos dessa cadeia. O nosso objetivo é justamente possibilitar esse contato com as pesquisas, pesquisadores e as informações”, diz.

Ele lembra que essas são práticas que diferenciam a cultura brasileira em relação ao restante do mundo. Adotá-las pode incentivar os bons resultados e a manutenção desse importante patamar que o país ocupa.

Orientações de manejo de solo para produção de sementes

A empresa de Henrique Menarim, da cidade de Ventania, na região dos Campos Gerais, tem como foco a produção de sementes de soja, feijão, trigo, ervilha forrageira e nabo forrageiro. Para obter bons resultados no campo e maior qualidade nas sementes, existe por lá a adoção de boas técnicas de manejo de solo, consideradas fundamentais por ele. Essa organização e suas ações são parte de um planejamento e ações sustentadas.

“Fazemos um trabalho de rotação de culturas bem estruturado e, naqueles períodos em que existe uma janela entre uma cultura e outra, trabalhamos com cobertura. No caso, esse período maior seria aquele pós-colheita verão e pré-colheita e pré-plantio de trigo de inverno. Temos feito essa cobertura, por exemplo, com nabo forrageiro. Se tem um intervalo, uma janela curta, o nabo forrageiro protege o solo. Se houve a colheita da soja, existe pouca palha e ainda tem os períodos de chuvas fortes. Colocando a cobertura, protegemos o solo de possíveis erosões e também há a reciclagem de nutrientes, o que é fundamental para o sistema”, avalia Menarim, ainda destacando que as raízes pivotantes também possuem papel essencial para deixar o solo mais poroso e com mais condições para a infiltração da água.

Ele ainda explica que, em casos de janela maior – de até 90 dias para a plantação de trigo –, o trabalho contempla outros tipos de cobertura, como a ervilha forrageira. Ela ajuda a reciclar o nitrogênio no solo e deixá-lo disponível para o cultivo de trigo. Paralelamente, é aplicado um sistema de rotação com um terço da área para uma cultura e dois terços para uma outra. “Trabalhar com sistema de rotação também propicia à produção uma maior qualidade sanitária. Cultura sobre cultura, por vários anos, pode se tornar um problema. Fazemos, por aqui, dois anos de soja e depois entramos com o milho”, revela.

O pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, reforça que os mesmos princípios amplamente conhecidos de manejo de solo se aplicam também para a produção de sementes, inclusive a melhoria nas partes física, química e biológica. Essas técnicas vão proporcionar uma planta mais saudável, capaz de produzir uma semente de maior qualidade. “O cuidado adicional para a questão de produção de sementes é sempre observar a reação dessas espécies diferentes que são colocadas no sistema a algumas doenças que podem ser transmitidas. Exemplo disso é o nabo forrageiro, que é uma excelente espécie de cobertura. Mas, dependendo da região e da forma como ela é colocada no sistema, pode multiplicar o mofo branco. Para além da produtividade, isso pode condenar um campo de produção de sementes”, comenta.

De acordo com ele, é necessário enfatizar a necessidade de colocar mais palha e raiz no plantio direto, além da colocação de outras culturas, saindo da soja e do milho e da soja e do trigo. Os produtores estão se movimentando nesse sentido, pensando além da produtividade em si e dos preços das commodities, para colocar atenção à melhoria da qualidade do solo e diminuição de problemas como o da erosão.

Outros desafios

O Paraná é um dos Estados que sofrem com erosão e compactação do solo, na avaliação do pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja. As andanças pelos campos de diferentes regiões ajudam nessa percepção. Por isso, ele é categórico ao afirmar que as técnicas já estabelecidas para manejo do solo devem essencialmente ser aplicadas nas áreas de cultivo. Com isso, já seria possível sair dessa realidade, sem ainda levar em consideração os efeitos climáticos, que compreendem períodos de seca e chuvas em excesso.

Uma das grandes necessidades é trabalhar mais com as áreas que utilizam sucessivamente os sistemas soja e milho segunda safra ou soja e trigo. “A grande maioria dessas áreas nessa situação tem uma camada compactada de solo entre 10 e 20 centímetros. Então, a raiz tem dificuldade de passar por essa camada compactada em função da resistência mecânica. A raiz até cumpre esse processo, mas ela sofre e gasta mais energia para isso. Como temos uma série de cultivares de ciclos precoces, o tempo para crescimento de raiz é pequeno, restringindo ou retardando isso. Para a raiz crescer, o solo precisa ter uma estrutura adequada”, indica.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: IDR PR

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Expo Cocari: estande da Sementes Cocari apresenta cultivares e inovações para 2025

A Expo Cocari, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de fevereiro em Mandaguari, promete ser um evento repleto de oportunidades para os produtores rurais. Um dos destaques será o estande da Sementes Cocari, onde os visitantes poderão explorar o portfólio completo da Cocari e conhecer as cultivares plantadas em duas épocas.

Gilberto Tateyama, gerente de Negócios Sementes da Cocari, e responsável pelo estande, explica: “Aqui, os produtores poderão caminhar e comparar o desenvolvimento das cultivares em diferentes épocas de plantio. Isso é fundamental para que eles tenham uma visão mais clara sobre como cada cultivar se comporta.”

No estande, as equipes de laboratório e produção estarão disponíveis para discutir o rigoroso controle de qualidade das sementes Cocari. “O laboratório vai explicar todo o processo de controle de qualidade, que é essencial para garantir que nossos cooperados recebam sementes de alto padrão”, destaca Gilberto.

A equipe de produção vai explicar sobre a condução nos campos, como é feito, em quais locais, e também os critérios de entrada dessas sementes na UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes).

Parceiros

Os parceiros da Cocari também estarão presentes, apresentando suas genéticas e inovações. Entre os principais licenciados estão Brasmax, Monsoy, TMG, Soytech, Golden Haverst, Fundação Pro-Sementes e Embrapa. No segmento de trigo, a Biotrigo, OR Sementes e Embrapa também farão parte do evento. “Vamos ter momentos dedicados para discutir as biotecnologias que compõem nossas cultivares e o tratamento de sementes, com destaque para os produtos da Standak® Top e Dermacor®”, acrescenta.

Tateyama enfatiza a importância de oferecer aos cooperados cultivares cada vez mais produtivas. “Nosso objetivo é que os produtores saiam daqui com a certeza de que estão escolhendo as melhores opções para suas lavouras, adaptadas às condições de solo e clima de suas regiões. Cada produtor deseja colher bem, e estamos aqui para ajudá-los a alcançar essa meta”, conclui.

Com uma abordagem focada na produtividade e na adaptação das cultivares, o estande de sementes da Cocari na Expo Cocari será uma oportunidade imperdível para os agricultores que buscam maximizar seus resultados e garantir uma safra de sucesso em 2025.

Fonte: Assessoria de Imprensa Cocari