IAT - O Instituto Água e Terra possui  Viveiros de produção de mudas florestais nativas, distribuídos por todo o estado e produzindo mudas de mais de 80 espécies florestais nativas do Paraná.

Revista Apasem | As oportunidades e desafios do setor de mudas

Diferentes vertentes da produção de mudas no Paraná – e no país como um todo – enfrentaram mudanças depois da pandemia de Covid-19. As principais estão em hábitos de alimentação e de lazer nos últimos tempos, além da priorização de reformas e adequação de espaços que movimentam o setor desde então. Dentro de cada característica particular, os produtores se planejam para aproveitar oportunidades e explorar potenciais, mas ainda precisam enfrentar gargalos a serem vencidos.

O diretor administrativo da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, Hugo Vidal, salienta a importância, no atual contexto, de esclarecimentos sobre legislação. De acordo com ele, existem duas normas que legislam sobre o setor, incluindo a Instrução Normativa 42, de 2019, do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Além disso, a Portaria nº 616/2023, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) impacta diretamente o setor. Esta, mais recente, ainda gera dúvidas, de acordo com ele.

A nova legislação prevê o cumprimento de uma série de anexos e documentações, conforme a cultura, para a solicitação das mudas para instalação de viveiros. “Este é o principal ponto de dúvidas: onde entra o responsável técnico neste processo e até onde vai a responsabilidade do produtor”, destaca Vidal.

A legislação também é apontada por Mariana Barreto, secretária-executiva da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), como um ponto importante para ser observado. A instituição tem como foco os mercados de mudas de hortaliças, flores, plantas ornamentais e sementes. “No caso do segmento de mudas de plantas ornamentais, um dos desafios é atender à legislação de produção e comercialização, pois é uma legislação generalista, e esse é um setor com muitas particularidades, com características específicas conforme as espécies”, esclarece. A articulação é para a promoção de normas específicas, que atendam mais de perto a quem produz.

No caso dos produtores de grama, o desafio maior está na informalidade do setor. São 29 empresas paranaenses formalizadas e cadastradas no Sistema Renasem. Mas estima-se que existam muitas mais, o que afeta diretamente a competitividade do mercado. O diretor-presidente da instituição Grama Legal, Luiz Negrello, conta que as empresas do setor precisam cumprir uma série de normas, mas essas exigências não aparecem, necessariamente, nos editais de licitações públicas. Prefeituras, governos, secretarias e departamentos nestas esferas são as principais contratantes, além de construtoras e concessionárias de rodovias. “Isto é contrassenso”, enfatiza.

Negrello e a coordenadora executiva da Grama Legal, Livia Sancinetti, destacam que planejamento é a palavra-chave para os produtores. Isso vale para lidar com as características do clima perante a produção da grama, o enfrentamento de condições climáticas adversas nesse contexto, as dificuldades em assistência técnica especializada, a falta de linhas de crédito direcionadas e a pouca disponibilidade de produtos específicos para a rotina de atividades.

“Temos apenas seis produtos registrados especificamente para a nossa produção. Houve ampliação nas possibilidades de aplicação por parte das grameiras de outros insumos, a partir da extensão da bula, o que nos ajuda”, indica Lívia. “Mas também dependemos de compras que são realizadas diretamente com cooperativas. E os objetivos delas são diferentes dos nossos. Por isso, precisamos redobrar o planejamento sobre quando realizar essas compras e quando fazer isso”, cita Negrello.

Hortaliças, flores e plantas ornamentais

Segundo a ABCSEM, esses três segmentos apresentam potenciais de mercado, ainda se beneficiando de uma consequência da pandemia de Covid-19. O isolamento e as mudanças de comportamento motivaram reformas e obras, além dos cultivos de hortaliças e de plantas medicinais em pequenos espaços e no ambiente doméstico. A busca por uma alimentação mais saudável também motiva os consumidores e, consequentemente, aquece as demandas para os produtores de mudas.

Grama

A perspectiva de novos investimentos em rodovias, em todo o país, chama atenção dos produtores de grama. A legislação atual prevê a plantação em uma determinada faixa nas margens das estradas por exemplo. Uma maior movimentação na construção civil, assim como em obras públicas, também é vista com otimismo.

Produções em pequenos espaços

Regiões populosas, como a de Curitiba e municípios no entorno, já não têm mais disponibilidade de grandes áreas para a agricultura. Por isso, a produção de mudas, com auxílio de viveiros, torna-se alternativa para investimentos de maior impacto na economia dessas localidades. Hugo Vidal, da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, enfatiza também que há maior visão para a compra de mudas de viveiros legalizados, o que vem gerando benefícios para o setor.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: Albari Rosa

TREINAMENTOS APASEM

Treinamentos APASEM: Atualize seus conhecimentos

A APASEM, em parceria com a Qualynter e a Academia da Semente, oferece três treinamentos para o primeiro semestre de 2025, são eles:

  • Interpretação da Norma ABNT NBR ISO IEC 17.025:2017
  • Amostrador de Sementes
  • Treinamento de Atualização para RT de Laboratório
  • Os cursos serão realizados na Associação Comercial de Ponta Grossa nos meses de março e maio.

Confira abaixo todas as informações e solicite seu formulário pelo e-mail comunicacao@apasem.com.br ou WhatsApp (41) 9 8774-7460.

Interpretação da Norma ABNT NBR ISO IEC 17.025:2017
Requisitos gerais para competência de ensaio e calibração.
30 Vagas
Dias 20 e 21 de março Ponta Grossa/PR
Instrutora: Marli Jabuonski
Valor: R$ 1.500,00
Parceria: Qualynter/APASEM

✓ Introdução
✓ Escopo
✓ Referências normativas
✓ Termos e definições
✓ Requisitos gerais (imparcialidade e confidencialidade)
✓ Requisitos de estrutura
✓ Requisitos de recursos
✓ Requisitos de processos
✓ Requisitos de gestão
✓ Exercícios finais
✓ Encerramento do curso

Amostrador de sementes
30 Vagas
Dias 05 e 06 de maio Ponta Grossa/PR
Instrutor: Dr. Jonas Farias Pinto
Valor: R$ 1.500,00
Parceria: Academia da Semente/APASEM
1) Atributos da Qualidade das Sementes ✓ Noções básica sobre qualidade de sementes
2) 2) Noções de Beneficiamento e Armazenamento
✓ Visão geral das etapas do beneficiamento
3) Programa Nacional de Sementes
✓ Principais aspectos legais que regem a produção, comercialização e uso de sementes no Brasil
✓ Os procedimentos legais que regem a amostragem
4) Amostragem de Sementes
✓ Objetivo e finalidade da amostragem
✓ Tipos de amostras
✓ Intensidade de amostragem
✓ Condições para amostragem
✓ Equipamentos de amostragem
✓ Procedimentos de homogeneização da amostra
✓ Documentos para a remessa da amostra
5) Prática de amostragem de sementes
✓ Amostragem em sacarias
✓ Amostragem em big-bags
6) Prática de Homogeneização e redução da amostra

Treinamento para RT de laboratório
Atualização de análise de sementes de grandes culturas com ênfase na legislação vigente
30 Vagas
Dias 07, 08 e 09 de maio Ponta Grossa/PR
Instrutores: Dr. Jonas Farias Pinto Saionara Tesser Juliana Bueno Veiga
Valor: R$ 2.000,00
Parceria: Academia da Semente/APASEM
✓ Pureza
✓ Determinação de outras sementes por número
✓ Germinação em diversos substratos
✓ Verificação de outras cultivares
✓Número de sementes infestadas ✓ Peso de mil sementes
✓ Utilização de tabela de tolerância
✓ Verificação de padrão de espécie de acordo com normativas vigentes
✓Emissão de laudos ✓Preenchimento de relatórios mensais a serem enviados ao MAPA

COMBO PARA OS 3 CURSOS
Valor: R$ 4.500,00

Plantação de milho. espiga. Foto:Jaelson Lucas / AEN

Revista Apasem | O poder da informação: análise de sementes torna-se cada vez mais fundamental

Deter informações sobre determinado processo ou produto pode fazer uma enorme diferença para alcançar o resultado almejado. Os dados podem auxiliar na elaboração de planejamentos, incentivar ações e até mesmo fornecer uma nova visão para corrigir alguma rota. Na produção de sementes não é diferente: conhecer mais sobre o próprio produto pode indicar uma boa tomada de decisão, conferir a boa qualidade do lote e ainda pautar novas rotas visando melhorias para as próximas safras.

Tudo isso é possível a partir de uma boa análise de sementes, que é fundamental para embasar as empresas produtoras e o mercado do agronegócio como um todo. Saber os detalhes do produto adquirido também traz mais segurança no campo. A avaliação é obrigatória para a obtenção de certificados, mas já deixou o patamar de um mero cumprimento de um dever. Possuir esses dados pode se tornar um diferencial.

A supervisora de qualidade da Nuseed, Maracelia Palma, enfatiza como a análise de sementes é fundamental. A empresa de atuação global, com escritório em Curitiba (PR), conta com a parceria de laboratórios certificados pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) em diferentes regiões do Brasil para obter informações sobre os lotes de sementes de sorgo (o principal produto da Nuseed), canola, girassol, milheto, azevém e outras forrageiras.

Os testes são aplicados nas sementes logo após a colheita, beneficiamento, no lote já finalizado, armazenagem e depois dos tratamentos. A análise também contempla a fase pré-envio dos produtos aos clientes. O Laboratório de Análise de Sementes (LAS) da Apasem é um dos que fazem parte da rede de serviços acessada pela Nuseed.

“Com as análises, conseguimos obter as informações que vão influenciar no desempenho dessa cultura no campo. Uma informação isolada não é suficiente. Precisamos sempre de um conjunto de informações para conseguir ter uma tomada de decisão. Então, as informações sobre germinação, vigor, tetrazólio, viabilidade, peso e tamanho das sementes, presença de patógenos, impurezas, contaminantes… esse conjunto de dados nos dá a certeza da qualidade das sementes”, conta.

A empresa que possui esse relatório consegue fazer a classificação de lotes a partir da qualidade e decidir se coloca determinado lote no mercado. Com as informações geradas pela análise de sementes, ainda é possível realizar ajustes, recomendações e orientações para a conservação, uso e manejo desses produtos e ainda planejar as próximas safras.

“Se levarmos em consideração o que o Ministério da Agricultura exige para as culturas que a Nuseed trabalha, as análises ficariam focadas em germinação e pureza, mas o nosso cliente exige muito mais do que isso. Ele quer saber mais sobre o vigor, peso – para ajustar o plantio dele”, destaca Maracelia.

Exigência do mercado e mudanças climáticas pautam evolução e acentuam importância dos laboratórios

A secretaria executiva da Associação Nacional de Produtores de Sementes Forrageiras (Anprosem), Sandra Ferreira, reforça que a importância da análise de sementes cresceu a partir do momento em que também aumentou a consciência do consumidor final sobre os produtos que compra, assim como a dos produtores, que querem conhecer mais sobre as sementes que estão sendo colocadas no campo e qual resultado isso pode gerar em um processo tão complexo. Um reflexo disso foi a abertura de laboratórios e um maior número de pedidos de credenciamento perante o MAPA nos últimos anos.

“O setor evoluiu também nos últimos anos em função da demanda para testagem de vigor das sementes. Isso, tempos atrás, era muito falado em soja. Hoje, já se quer saber sobre vigor de tudo que se produz, devido às alterações climáticas e diferentes tipos de solo que existem no Brasil. Então, é importante saber, sim, como está esse vigor, como está essa semente, para verificar se pode ser semeada em áreas que apresentam mais dificuldades em relação às condições climáticas mais interessantes”, esclarece.

Entretanto, o comportamento do mercado vem mudando para o conhecimento e controle de qualidade de todo o processo. “Quem produz semente também vem buscando mais capacitação e treinamento para si e para a sua equipe para fazer os controles de qualidade dentro do seu sistema de produção. E tudo isso passa pelas análises, incluindo as de sementes. É por meio disso que existem as validações. O Laboratório de Análise de Sementes é o coração das empresas”, opina.

A consultora em análise de sementes Maria Fátima Zorato chama a atenção para como os bons laboratórios vêm ganhando cada vez mais importância, ao relembrar o desempenho da safra 2023/2024 e os desafios que chegam junto com as mudanças climáticas. Esse contexto requer ainda mais informações e conhecimento para enfrentar as dificuldades e garantir bons resultados.

“Temos muito trabalho em genética para entregar produtividade. Já temos um novo patamar em relação a isso e ela traz respostas. Considero, hoje, que um dos grandes desafios, para nós, é dominar essa resposta da genética de elevadíssima produtividade e mitigar as inconstâncias das condições climáticas. Isto acontece por meio de boas práticas, tanto em campo quanto em laboratório”, aponta.

Ela recorda que as sementes são os maiores ativos dos produtores, que desejam conhecer cada vez mais sobre o produto e como ele pode reagir a novos parâmetros e diagnósticos, como aconteceu na última safra. Esse é um movimento paralelo à maior adesão de tecnologia no campo e em todo o sistema produtivo, assim como de soluções mais sustentáveis. “Com uma maior exigência, nós, da linha de frente da qualidade, também ficamos com uma responsabilidade gigante quando falamos na qualidade de sementes. Além da questão financeira, está em jogo o nome da empresa. Não tenho dúvidas de que a qualidade da semente está muito envolvida com o laboratório e como ele pode mostrar todo esse contexto”, observa a especialista, destacando a importância de observar as análises de sementes como um todo, e não focando em apenas um tipo de critério.

No entendimento de Zorato, são importantíssimos os quatro pilares de fisiologia, sanidade, genética e físico para efetivamente pensar em qualidade de sementes. De acordo com ela, é preciso escapar da “cilada” de levar em consideração apenas os dados fisiológicos, deixando os outros atributos de lado.

A responsabilidade do laboratório e de seus profissionais também é apontar os indicadores desses critérios, realizando uma prestação de serviços que reforça a importância da informação gerada pela análise de sementes. “Se o laboratório é um verificador de qualidade, é preciso fazer mais do que o usual, pensando mais em valor agregado”, opina a consultora. No final das contas, a qualidade se dá pelo conjunto de indicadores e pela confiança e capacidade de todo o sistema produtivo, incluindo os laboratórios especializados.

Evolução e tecnologia

A adoção da Inteligência Artificial, que impacta tanto o mundo atualmente e promete ser uma revolução comparada ao surgimento da internet, afetaria a análise de sementes de que forma? E como isso ressaltaria a sua importância perante uma agricultura cada vez mais tecnológica?

Sandra Ferreira, da Anprosem, sinaliza que a evolução tecnológica na avaliação de sementes tem como foco a análise por imagens. Ela acredita que, daqui a cinco a seis anos, será possível fazer isso sem a necessidade de destruir a semente. Ao mesmo tempo, os laboratórios que apresentarem mais capacidade técnica, contribuindo para um maior acompanhamento, também ganharão destaque nesse processo.

“A gente ainda busca muita mão de obra e isso é essencial em um laboratório. É primordial investir mais nesses técnicos e compor boas equipes. Mesmo com adoção de novas tecnologias, nada vai substituir o fator humano. Hoje, na análise de sementes, esse já é um indicador importantíssimo nesse processo e isso não será diferente. Até porque é o técnico que vai preparar a semente para colocar dentro de um equipamento, por exemplo. Também será o técnico que poderá fazer uma avaliação se aqueles dados estão corretos ou não. Os profissionais precisarão ser bem mais treinados”, considera.

A consultora Maria de Fátima Zorato também aponta que a Inteligência Artificial e outras ferramentas poderão ser adotadas na análise de sementes, mas o desempenho humano continuará sendo fundamental para os resultados e a aplicação dessas informações em todas as etapas da agricultura.

“Pesquisadores estão apontando, enfaticamente, que ninguém vai deixar de fazer um único teste em laboratório. A Inteligência Artificial será realmente complementar ao que o técnico está fazendo. Representantes de muitos laboratórios que eu conheço não querem nem ouvir falar de Inteligência Artificial, porque acham que isso vai acarretar perda de emprego. Mas isso não é verdade. Será o contrário: as ferramentas vêm para nos validar. Por isso, vejo com bons olhos e espero que traga muitos impactos positivos”, comenta.

As especialistas mostraram a importância da capacitação – e isso não deve ser deixado apenas para quando determinadas tecnologias se tornarem efetivamente realidade. Torna-se essencial olhar cada vez mais para a equipe dos laboratórios de análise de sementes. Eles possuem papel fundamental para garantir o poder da informação e a qualidade do que se semeia no campo.

Quem deseja entrar e atuar nesta área precisa estar alinhado com as capacitações exigidas pela legislação vigente. O responsável técnico de um laboratório de análise de sementes deve ter a formação de engenheiro agrônomo, além de cursos que o Ministério da Agricultura determina, como o ISO 17025 e a própria capacitação em análise de sementes. “A Apasem, inclusive, fornece esses treinamentos”, conta Saionara Maria Tesser, responsável técnica pelo Laboratório de Análise de Sementes da Apasem em Toledo, no oeste paranaense. “É preciso gostar da rotina de laboratório e entender de fisiologia de sementes. Esses são critérios importantes para um responsável técnico”, complementa. Também há treinamentos específicos para analistas, incluindo reciclagens, que devem ser feitas a cada cinco anos. Esses treinamentos também são ofertados pela Apasem. “O analista deve ter, no mínimo, três anos de prática para ter uma boa base para atuação”, sinaliza.

Substrato de areia: técnica que ajuda a identificar qualidade de sementes e sua germinação

Os testes com substrato de areia estão sendo cada vez mais requisitados. Este tipo de análise mostra como determinado lote de semente pode se comportar em uma fase essencial de todo o processo, que é a germinação. A procura reflete o movimento do mercado em aprimorar a informação sobre as amostras de sementes e, consequentemente, sobre os lotes que serão comercializados e como isso vai gerar resultados no campo.

A responsável técnica pelo LAS da Apasem em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, Juliana Veiga, explica que esse teste apresenta o potencial fisiológico do lote de sementes e qual percentual vai germinar. “Essa análise pode ser feita em substrato papel ou substrato areia, considerado um dos melhores substratos, o que confere vantagem. Em caso de dúvidas, como alguma fitotoxicidade ou um ataque de patógenos, é a areia que vai fornecer o melhor resultado, pois ali simula uma condição mais parecida com a do campo, muito melhor do que o substrato de papel. Entretanto, há desvantagens, como ocupar mais espaço nos laboratórios e também demanda mais tempo”, afirma.

De acordo com ela, esse tipo de análise começou a ser bastante divulgado a partir do ano de 2004, quando apareceram casos de doenças fúngicas na soja e houve uma boa resposta com o teste utilizando o substrato de areia. A técnica pode ser aplicada para qualquer tipo de semente. Atualmente, o substrato de areia é bastante usado em sementes de soja, de milho e de outras grandes culturas, além de sementes tratadas com produtos industriais.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: Jaelson Lucas/AEN

Divulgação IDR Parana

Revista Apasem | Manejo de solo

As adversidades climáticas se tornaram desafios em diferentes frentes para a agricultura e isso inclui a produção de sementes. As condições extremas – ou até mesmo o que é considerado um comportamento fora do observado em séries históricas – afetam a qualidade do solo, que já sofre com fenômenos como erosões, compactação, entre outros. Diante disso, as técnicas de manejo e conservação do solo ganham ainda mais relevância. As ferramentas consolidadas já são capazes de evitar a maior parte dos problemas. Entretanto, as suas aplicações podem minimizar os impactos diretos das mudanças climáticas.

Exemplo disso é o regime irregular de chuvas. Além da escassez, verificam-se também recorrentes episódios de precipitações muito intensas – e em um curto período de tempo – e mal distribuídas, que podem “lavar” o solo e gerar erosões. Por isso, manter a área coberta faz uma enorme diferença.

“Essas situações, junto com alguns problemas de manejo que observamos, podem potencializar os processos erosivos. Vemos que a erosão tem se intensificado mesmo em áreas de plantio direto. Tudo isso é bastante grave e traz uma série de problemas. Existem as questões ambientais e de manejo que podem acarretar casos de assoreamento. Mas esse também é um problema econômico para o produtor, que está perdendo seu maior patrimônio, que é o solo. Além disso, parte dos nutrientes, fertilizantes e corretivos vão embora com essa erosão, e isso custa muito caro. A própria perda dessa camada mais superficial do solo por erosão causa perda de produtividade. Na soja, por exemplo, há trabalhos de cerca de 15 anos, mas ainda atuais, mostrando que a cada centímetro de solo perdido são perdidos cerca de 250 quilos por hectare ”, conta o pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja.

De acordo com ele, também há consequências diretas no solo nos períodos de seca como efeito das mudanças climáticas. A combinação da falta de chuvas com temperaturas altas gera importantes impactos. E, mais uma vez, as técnicas de manejo de solo tornam-se essenciais. O solo precisa estar coberto com palha, para que haja aumento da taxa de infiltração da água – esta deve entrar no solo, e não escoar. Além disso, o solo precisa de fertilidade química, física e biológica para fornecer condições para que as raízes das culturas cresçam em profundidade.

“A raiz não vai crescer se não houver essas condições e sem a temperatura adequada. A raiz não vai crescer bem se o solo estiver com uma temperatura acima dos 30 graus. Por isso, também se destaca a importância da cobertura do solo para que a raiz tenha um ambiente com temperatura adequada ao crescimento”, afirma.

As técnicas de manejo de solo são tecnologias estabelecidas no campo e geram bons resultados. Tornaram-se muito difundidas, mas as condições climáticas adversas motivam novos estudos para verificar alternativas diante desse já conhecido desafio. A Embrapa e outras instituições estão atuando em novas frentes de estudos nessa área. “Temos fortemente trabalhado na busca por alternativas. Mas precisamos ressaltar que essas tecnologias no campo já existem há muito tempo. O que falta é ser aplicado conforme as pesquisas indicam, como o uso de plantio direto, principalmente diversificando o sistema de produção. Temos várias opções para isso”, enfatiza.

Capacitação

Nesse contexto, a capacitação se torna fundamental. Conhecendo mais as técnicas de manejo de solo e suas possibilidades, maior a chance da adoção – e da implantação correta dessas técnicas. A Embrapa Soja, por exemplo, ministra um módulo específico sobre manejo do solo dentro do curso de produção de soja.

O coordenador do curso, o pesquisador e chefe adjunto do Setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Andre Prando, conta que ainda existem lacunas entre o que as pesquisas mostram e o que é aplicado no campo. E isso é perceptível no contato direto com parte dos produtores.

“Ainda existem muitos produtores que não adotam todas as tecnologias disponíveis. Abordamos no curso toda a parte de manejo de solo, incluindo os aspectos físico, químico e biológico. Priorizamos turmas pequenas para favorecer a troca de experiências e de informações entre pessoas de diferentes regiões. São contemplados agricultores, extensionistas, agrônomos de cooperativas… Ali vemos todos os elos dessa cadeia. O nosso objetivo é justamente possibilitar esse contato com as pesquisas, pesquisadores e as informações”, diz.

Ele lembra que essas são práticas que diferenciam a cultura brasileira em relação ao restante do mundo. Adotá-las pode incentivar os bons resultados e a manutenção desse importante patamar que o país ocupa.

Orientações de manejo de solo para produção de sementes

A empresa de Henrique Menarim, da cidade de Ventania, na região dos Campos Gerais, tem como foco a produção de sementes de soja, feijão, trigo, ervilha forrageira e nabo forrageiro. Para obter bons resultados no campo e maior qualidade nas sementes, existe por lá a adoção de boas técnicas de manejo de solo, consideradas fundamentais por ele. Essa organização e suas ações são parte de um planejamento e ações sustentadas.

“Fazemos um trabalho de rotação de culturas bem estruturado e, naqueles períodos em que existe uma janela entre uma cultura e outra, trabalhamos com cobertura. No caso, esse período maior seria aquele pós-colheita verão e pré-colheita e pré-plantio de trigo de inverno. Temos feito essa cobertura, por exemplo, com nabo forrageiro. Se tem um intervalo, uma janela curta, o nabo forrageiro protege o solo. Se houve a colheita da soja, existe pouca palha e ainda tem os períodos de chuvas fortes. Colocando a cobertura, protegemos o solo de possíveis erosões e também há a reciclagem de nutrientes, o que é fundamental para o sistema”, avalia Menarim, ainda destacando que as raízes pivotantes também possuem papel essencial para deixar o solo mais poroso e com mais condições para a infiltração da água.

Ele ainda explica que, em casos de janela maior – de até 90 dias para a plantação de trigo –, o trabalho contempla outros tipos de cobertura, como a ervilha forrageira. Ela ajuda a reciclar o nitrogênio no solo e deixá-lo disponível para o cultivo de trigo. Paralelamente, é aplicado um sistema de rotação com um terço da área para uma cultura e dois terços para uma outra. “Trabalhar com sistema de rotação também propicia à produção uma maior qualidade sanitária. Cultura sobre cultura, por vários anos, pode se tornar um problema. Fazemos, por aqui, dois anos de soja e depois entramos com o milho”, revela.

O pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, reforça que os mesmos princípios amplamente conhecidos de manejo de solo se aplicam também para a produção de sementes, inclusive a melhoria nas partes física, química e biológica. Essas técnicas vão proporcionar uma planta mais saudável, capaz de produzir uma semente de maior qualidade. “O cuidado adicional para a questão de produção de sementes é sempre observar a reação dessas espécies diferentes que são colocadas no sistema a algumas doenças que podem ser transmitidas. Exemplo disso é o nabo forrageiro, que é uma excelente espécie de cobertura. Mas, dependendo da região e da forma como ela é colocada no sistema, pode multiplicar o mofo branco. Para além da produtividade, isso pode condenar um campo de produção de sementes”, comenta.

De acordo com ele, é necessário enfatizar a necessidade de colocar mais palha e raiz no plantio direto, além da colocação de outras culturas, saindo da soja e do milho e da soja e do trigo. Os produtores estão se movimentando nesse sentido, pensando além da produtividade em si e dos preços das commodities, para colocar atenção à melhoria da qualidade do solo e diminuição de problemas como o da erosão.

Outros desafios

O Paraná é um dos Estados que sofrem com erosão e compactação do solo, na avaliação do pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja. As andanças pelos campos de diferentes regiões ajudam nessa percepção. Por isso, ele é categórico ao afirmar que as técnicas já estabelecidas para manejo do solo devem essencialmente ser aplicadas nas áreas de cultivo. Com isso, já seria possível sair dessa realidade, sem ainda levar em consideração os efeitos climáticos, que compreendem períodos de seca e chuvas em excesso.

Uma das grandes necessidades é trabalhar mais com as áreas que utilizam sucessivamente os sistemas soja e milho segunda safra ou soja e trigo. “A grande maioria dessas áreas nessa situação tem uma camada compactada de solo entre 10 e 20 centímetros. Então, a raiz tem dificuldade de passar por essa camada compactada em função da resistência mecânica. A raiz até cumpre esse processo, mas ela sofre e gasta mais energia para isso. Como temos uma série de cultivares de ciclos precoces, o tempo para crescimento de raiz é pequeno, restringindo ou retardando isso. Para a raiz crescer, o solo precisa ter uma estrutura adequada”, indica.

Fonte: Por Joyce Carvalho/Edição 2024 Foto: IDR PR

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Expo Cocari: estande da Sementes Cocari apresenta cultivares e inovações para 2025

A Expo Cocari, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de fevereiro em Mandaguari, promete ser um evento repleto de oportunidades para os produtores rurais. Um dos destaques será o estande da Sementes Cocari, onde os visitantes poderão explorar o portfólio completo da Cocari e conhecer as cultivares plantadas em duas épocas.

Gilberto Tateyama, gerente de Negócios Sementes da Cocari, e responsável pelo estande, explica: “Aqui, os produtores poderão caminhar e comparar o desenvolvimento das cultivares em diferentes épocas de plantio. Isso é fundamental para que eles tenham uma visão mais clara sobre como cada cultivar se comporta.”

No estande, as equipes de laboratório e produção estarão disponíveis para discutir o rigoroso controle de qualidade das sementes Cocari. “O laboratório vai explicar todo o processo de controle de qualidade, que é essencial para garantir que nossos cooperados recebam sementes de alto padrão”, destaca Gilberto.

A equipe de produção vai explicar sobre a condução nos campos, como é feito, em quais locais, e também os critérios de entrada dessas sementes na UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes).

Parceiros

Os parceiros da Cocari também estarão presentes, apresentando suas genéticas e inovações. Entre os principais licenciados estão Brasmax, Monsoy, TMG, Soytech, Golden Haverst, Fundação Pro-Sementes e Embrapa. No segmento de trigo, a Biotrigo, OR Sementes e Embrapa também farão parte do evento. “Vamos ter momentos dedicados para discutir as biotecnologias que compõem nossas cultivares e o tratamento de sementes, com destaque para os produtos da Standak® Top e Dermacor®”, acrescenta.

Tateyama enfatiza a importância de oferecer aos cooperados cultivares cada vez mais produtivas. “Nosso objetivo é que os produtores saiam daqui com a certeza de que estão escolhendo as melhores opções para suas lavouras, adaptadas às condições de solo e clima de suas regiões. Cada produtor deseja colher bem, e estamos aqui para ajudá-los a alcançar essa meta”, conclui.

Com uma abordagem focada na produtividade e na adaptação das cultivares, o estande de sementes da Cocari na Expo Cocari será uma oportunidade imperdível para os agricultores que buscam maximizar seus resultados e garantir uma safra de sucesso em 2025.

Fonte: Assessoria de Imprensa Cocari

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Bela Sementes no BelaSafra 2025: inovação, tecnologia e genética

A Bela Sementes, empresa do Grupo Belagrícola e uma das líderes no mercado de sementes de soja, apresenta no BelaSafra 2025 soluções tecnológicas com demonstrações práticas, que segundo os técnicos da empresa já fazem e farão a diferença no campo, agregando valores na próxima safra e oportunizando negócios.

O espaço da Bela Sementes, na UDT – Unidade de Difusão Tecnológica – da Belagrícola em Cambé (PR), local do evento entre 28 e 31 de janeiro, possibilita ao produtor o conhecimento do Tratamento Industrial de Sementes (TSI), os benefícios e as vantagens deste tratamento com o Seedcare do Institute da Syngenta e entre outras coisas, a proteção que o TSI traz contra doenças, pragas, além da promoção do desenvolvimento radicular.

A vitrine especial da Bela Sementes apresentará também novidades em tecnologia embarcada nas sementes, explicando como a biotecnologia Intacta i2X possibilita proteção contra as principais lagartas da cultura da soja, além de maior controle de plantas daninhas. A tecnologia Enlist, para as sementes de soja, é outra biotecnologia que será apresentada e permite o uso de herbicidas específicos no controle de ervas daninhas em plantas resistentes, controle de lagartas, procedimentos que flexibilizam o manejo da lavoura.

A Bela Sementes, com sede em Tamarana (PR), apresenta uma ampla linha de produtos, atende produtores de todas as regiões do Brasil e é reconhecida por sua qualidade técnica, inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável da agricultura. Segundo Bruno Pozzobom, gerente comercial da Bela Sementes, a sementeira segue os rigorosos padrões de qualidade e segurança, exigidos em todos os processos, para entregar as melhores sementes aos produtores, associando genética e tecnologia.

Fonte e Foto: Conexão Agro

Culturas de inverno aumentam a produção de mel e preservam o solo -  Curitiba, 23/09/2021  -  Foto: IDR-PARANÁ

Trigo-sarraceno em alta

Revista Apasem – edição 2024 – A semelhança com o trigo mais conhecido fica apenas no nome. O trigo-mourisco – ou trigo-sarraceno – tem identidade própria e um potencial a ser explorado pelos produtores. E isso acontece porque pode ser utilizado em rotação de cultura e ainda gerar um produto para exportação. Basicamente, no país, o trigo-sarraceno tem esses dois “destinos”: a tecnologia no campo e o mercado asiático, para a produção de macarrão. Paralelamente, chama cada vez mais a atenção por não ter glúten e ser uma opção importante em preparos de alimentos para celíacos ou para aqueles que querem diminuir a ingestão da farinha de trigo regular.

As cultivares do trigo-sarraceno possuem períodos de desenvolvimento que agregam valor quando se trata de rotação de culturas. Assim, é possível utilizá-lo como ferramenta para a aplicação da técnica, mas sem comprometer os planejamentos de produção e utilização da área com cultivos mais rentáveis e ainda saindo do padrão de gramíneas e leguminosas. No Paraná, a principal janela de semeadura do trigo-sarraceno é de 15 de janeiro a 15 de março, basicamente.

O trigo-sarraceno é considerado como uma planta de serviço e não requer aplicação de produtos químicos. E ainda tem vantagens do ponto de vista agronômico: grande alelopatia, consegue segurar bastante gramíneas e possui um efeito cultural importante para o controle de plantas daninhas no período do outono.

“O trigo-sarraceno não possui nenhuma doença, nenhuma praga, e isso traz favorecimentos ao produtor. Além disso, é uma planta solubilizadora de fósforo e não requer adubação. Por isso, é bem interessante por esse viés e ainda gera uma renda”, comenta Fábio Schmidt, engenheiro agrônomo da Protecta, empresa de Ponta Grossa que tem a produção de sementes entre as suas atividades.

O engenheiro agrônomo e coordenador do setor de produtos tecnológicos do IDR-PR, Renan Carvalhal, reforça que a espécie é rústica e, como praticamente não tem pragas ou doenças para serem controladas, é uma ótima competidora perante as plantas daninhas. “Com isso, o produtor gasta pouco ou quase nada com o controle de invasoras, tornando-se um cultivo relativamente barato e ainda rápido. Exige pouca utilização de insumos agrícolas, incluindo herbicidas, inseticidas e fungicidas”, indica.

“Por ser um material bem rústico, o trigo-sarraceno tem bom resultado em solos com fertilidade baixa, diferentemente de outras espécies. Esses são fatores que têm estimulado o agricultor a ir atrás do mourisco. E ele ainda tem um aspecto interessante em relação ao período em que as plantas ficam com flores, de cerca de 30 a 40 dias dentro do ciclo completo. As flores são importantes em função das abelhas e manutenção delas, sem falar para os produtores de mel. Ou seja, gera um benefício amplo para todo o ambiente em si”, completa. 

As áreas com a maior quantidade de plantio e maiores produções de trigo-sarraceno são as que têm registro de clima mais frio, especialmente nos Campos Gerais, região central (como a cidade de Guarapuava) e sudoeste. As colheitas terminaram no mês de junho e, no caso da Protecta, a etapa de beneficiamento começa logo em seguida.

A Protecta possui um programa para a produção de trigo-sarraceno, que mostra uma das estratégias do mercado para essa cultivar e a sua aplicação na rotação de culturas. Inicialmente, o objetivo era exatamente este: utilizar como parte da importante técnica. “Mas, depois, conseguimos achar brechas nos mercados interno e externo. E passamos a fazer o que chamamos de fomento: entregamos a semente para o produtor e acompanhamos as lavouras. Depois, adquirimos a produção para dar destino a esses mercados”, explica Schmidt, citando que 95% da produção do trigo-sarraceno é exportada pela empresa.

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Por que o trigo-sarraceno não avança mais?

Na região sul paranaense, em 2024, o trigo-mourisco entrou no rol de diversificação de culturas, o que também incluiu a aveia branca comercial e o centeio. Isso mostra que o trigo-sarraceno tem a atenção dos agricultores paranaenses. No entanto, não há uma grande escala ou uma perspectiva em curto e médio prazos para que a adesão a essa cultura aumente de maneira significativa.

Segundo Fábio Schmidt, engenheiro agrônomo da Protecta, o potencial para a ampliação do trigo-sarraceno existe, mas, atualmente, a opção por esse cultivar depende dos planos do agricultor a cada ano. “Se os plantios de verão ficam mais tardios e não se consegue plantar as lavouras de soja e milho em época normal, isso diminui bastante a adoção do trigo-sarraceno. Não é possível deixá-lo para mais tarde além do seu período recomendado, o que geraria baixa produtividade. Quando há épocas de plantios normais da safra de verão, na sequência, o trigo-sarraceno entra bem e são anos em que a demanda por área fica aquecida”, esclarece.

Outro desafio é a limitação do mercado interno. Atualmente, o trigo-sarraceno atende uma pequena parte da população e está disponível, em produto final, principalmente em casas de alimentos naturais. A falta de escala impacta também diretamente um possível planejamento para aumentar a produção.

Entretanto, com a descoberta cada vez maior de pessoas com doenças celíacas e a escolha por alimentação mais balanceada, com a inclusão de mais grãos na dieta, o trigo-sarraceno vem, aos poucos, sendo descoberto pela população em geral. “O consumidor, cada vez mais, está preocupado com as intolerâncias e outras questões nutricionais, mas ainda é um mercado que o consumidor está descobrindo. Fora isso, é necessário pensar em preço acessível e facilidade para encontrar esse produto”, lembra Renan Carvalhal, do IDR-PR.

Por enquanto, a produção do trigo-sarraceno no Paraná, que varia conforme o andamento da safra de maneira geral, ainda é tímida e praticamente todo o seu resultado é exportado, especialmente para a Ásia.

Tecnologia no campo: os cultivares do trigo-sarraceno

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) desenvolveu duas cultivares do trigo-sarraceno e as lançou no ano 2000: IPR 91 Baili e IPR 92 Altar. As duas são registradas no Ministério da Agricultura e se tornaram as mais aplicadas para esse tipo de produção, com foco na cobertura vegetal da área e rotação de culturas, e com o adicional da venda dos grãos, especialmente para o exterior.

O engenheiro agrônomo e coordenador do Setor de Produtos Tecnológicos do IDR-PR, Renan Carvalhal, explica que esses cultivares têm características distintas. A IPR 91 Baili significa baixa e ligeira, ou seja, tem um porte mais baixo e um ciclo mais curto, de aproximadamente 70 dias, entre a emergência e a produção de sementes. Já a IPR 92 Altar tem uma referência de porte mais alto, com ciclo de aproximadamente 90 dias. “São materiais antigos, lançados ainda pelo Iapar, mas são os únicos materiais registrados para multiplicação no Brasil”, afirma.

Por enquanto, não há perspectiva do desenvolvimento de novas pesquisas sobre o trigo-sarraceno ou seu desenvolvimento genético, até mesmo em função dos resultados que apresenta atualmente no campo.

Assim como acontece com outros cultivares, o trigo-sarraceno também passa por análise de sementes para a emissão de certificado para posterior comercialização, com os mesmos testes de germinação, pureza, determinação e tratamento por número. A coordenadora do Laboratório de Análise de Sementes (LAS) da Apasem em Ponta Grossa, Juliana Veiga, explica que é necessária uma quantidade mínima de 600 gramas de sementes de trigo-sarraceno para uma avaliação e poder emitir um boletim oficial.

O teste de germinação inclui a avaliação da semente em diferentes temperaturas e condições, com quatro a sete dias. “Por ser uma semente rústica, é difícil encontrarmos lotes ruins do trigo-mourisco. Uma das influências principais é o armazenamento, o que pode alterar esse resultado”, explica Juliana.

A tradição do soba, o macarrão japonês com trigo-sarraceno

Um dos principais destinos do trigo-sarraceno produzido no Paraná – e em outras localidades – é o Japão, onde essa matéria-prima é utilizada em um tipo de macarrão bastante tradicional. Chama-se soba. São vários os pratos que têm como base esse macarrão de coloração mais escura, que ganhou relevância na culinária ao longo da história do país asiático, especialmente na segunda metade do século 19. O soba, normalmente, é cortado em tiras finas e pode ser servido em preparações quentes ou frias.

A cultura japonesa é repleta de rituais e o soba também faz parte disso. Uma das receitas mais conhecidas com o macarrão feito a partir do trigo-sarraceno é o toshikoshi soba, feito para as celebrações de Ano Novo. Entre as histórias mais contadas para explicar a tradição é uma referência ao formato do macarrão, comprido, para o desejo de uma vida longa. Também existe uma ligação direta com o trigo-sarraceno, que remete à resiliência e à adaptação mesmo em condições adversas.

Além do toshikoshi soba, outro prato bastante comum com o macarrão japonês feito com trigo-sarraceno é o hikkoshi soba. Quem muda de casa ou de região oferta esse prato como uma espécie de aproximação com os novos vizinhos.

Sobá de Campo Grande

Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o soba deixou de ser apenas ingrediente para se tornar também nome do prato típico da cidade. Grupos de imigrantes japoneses, principalmente da Ilha de Okinawa, levaram o soba para a rotina da região e não demorou muito para ser apreciado pela população em geral. Tanto que se tornou patrimônio imaterial da cidade.

Confira a receita do sobá:

Receita do blog da Sakura Alimentos

Caldo

Ingredientes

  • 1 kg de ossobuco
  • 4 litros de água
  • 1 colher (sopa) de sal
  • 1 colher (café) de Hondashi
  • 1 colher (café) de glutamato monossódico
  • ½ colher (sopa) de caldo de carne
  • Shoyu a gosto

Modo de preparo

Ferva o ossobuco com água por 40 minutos. Acrescente os demais ingredientes e deixe ferver por mais 30 minutos.

Macarrão

Ingredientes

  • 2 litros de água
  • 1 colher (café) de óleo de gergelim
  • 500 g de macarrão de sobá
  • 5 ovos
  • 300 g de carne magra de porco ou boi
  • 200 ml de molho de soja
  • 1 maço de cebolinha picada

Modo de preparo

Ferva dois litros de água com um fio de óleo e cozinhe o macarrão até ficar al dente. Escorra e reserve. Bata os ovos, tempere e frite os omeletes. Depois de esfriar, enrole todos juntos e corte em tiras finas. Cozinhe a carne e corte em pedaços. Coloque numa panela o molho de soja e mexa até ficar sequinha. Escalde o macarrão em água fervente e preencha a tigela, até ficar próxima à borda. Coloque a cebolinha, o omelete e a carne. Por último, coloque o caldo até encher a tigela.

Fontes: Japan House, Nippo Brasil e Sakura Alimentos

Por Joyce Carvalho

Dia de Campo Coopertradição

Cooperativa Tradição apresenta o Dia de Campo Verão 2025

A Cooperativa Tradição convida todos os produtores e profissionais do agronegócio para o Tradição em Campo – Dia de Campo Verão 2025, que acontecerá nos dias 19 e 20 de fevereiro, no Centro de Tecnologia e Inovação (CTIC), em Pato Branco. O evento reunirá, ao longo de dois dias, alta tecnologia, conhecimento especializado e inovação para fortalecer o setor agrícola.

O evento é totalmente gratuito, e as inscrições já estão abertas. Os interessados podem se inscrever aqui

O vice-presidente e diretor comercial da Cooperativa, Gelson Corrêa, ressaltou a importância do evento para os produtores rurais. “Nosso foco é realizar um dia de campo, trazendo o máximo de tecnologias possíveis, e neste ano não vai ser diferente. Como produtor rural, sei o quanto essa troca de experiências é fundamental. A cada ano, as inovações e tecnologias surgem de forma cada vez mais rápida, e aqui, no nosso centro experimental, o produtor tem a oportunidade de conhecê-los em primeira mão”, destacou o diretor.

Mais de 70 expositores e palestrantes nacionais

Com mais de 70 expositores confirmados, o Tradição em Campo – Dia de Campo Verão 2025 contará com atrações imperdíveis como duas palestras nacionais:

– No dia 19, o evento receberá Paulo Herrmann, ex-CEO da John Deere Brasil, que compartilhará sua vasta experiência no setor agrícola.

– No dia 20, será a vez de Kellen Severo, jornalista renomada e especialista em agronegócio pela Jovem Pan News, abordar as tendências e desafios do setor.

Além disso, os visitantes terão acesso a demonstrações práticas de tecnologia de ponta, novas soluções para o campo e espaços voltados à troca de experiências entre produtores e especialistas.

Embrapa Soja

Embrapa apresenta cultivares de soja com produtividade elevada no Agrotec 2025

A Embrapa Soja irá participar do Agrotec, evento promovido pela cooperativa Integrada, nos dias 22 e 23 de janeiro, em Londrina (PR), demonstrando as cultivares BRS 1064IPRO e o lançamento BRS 2361 i2X, desenvolvidas em parceria com a Fundação Meridional.

BRS 1064IPRO, desenvolvida pela Embrapa Soja e Fundação Meridional, tem como diferencial o excelente desempenho produtivo, com alta estabilidade e boa adaptação. É uma soja transgênica com tolerância ao herbicida glifosato e também promove o controle de algumas espécies de lagartas “Essa cultivar apresentou ganho produtivo acima da média das cultivares de amplo cultivo na mesma região de indicação”, destaca o agente de transferência de tecnologias, Rogério Borges, da Embrapa Soja.

Indicada para o Paraná (Oeste e Norte), Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Goiás, especialmente em localidades mais quentes, abaixo de 600 m, possui Grupo de Maturidade 6.4. A BRS 1064IPRO apresenta ampla janela de semeadura mostrando bom desempenho também na abertura de plantio, o que é um atrativo para produtores interessados no cultivo do milho safrinha. Essa cultivar apresenta ainda resistência ao acamamento e às principais doenças da soja, principalmente resistência à podridão radicular de fitóftora. Outro destaque que torna a BRS 1064IPRO bastante promissora é sua resistência aos nematoides de galha (Meloidogyne. javanica) e de cisto (raça 3), problemas bastante recorrentes nas regiões para as quais ela está sendo indicada. 

Lançamento da safra 2024/2025

 A BRS 2361 i2X, que estará sendo lançada, é uma soja transgênica com a tecnologia Intacta2 Xtend® (I2X), que agrega tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba e a resistência às principais lagartas da soja. Apresenta maior potencial produtivo em altitudes a cimade 600m na macrorregião REC 201 dos estados de Paraná e São Paulo. Também permite semeadura antecipada, viabilizando a semeadura do milho safrinha na melhor “janela” de plantio, na região em que a cultivar está indicada.

Dia de Campo Lar 01

Dia de Campo Lar 2025: conhecimento, inovação e oportunidades para o agronegócio

Entre os dias 14 e 16 de janeiro, a Lar Cooperativa promoveu o tradicional Dia de Campo Lar, inaugurando a agenda de compromissos de 2025. Conhecido por sua qualidade técnica, o evento é referência na região por ser uma vitrine do agronegócio para quem busca conhecimento, inovação e oportunidades no setor.

“Nossas melhores previsões para o Dia de Campo Lar 2025 foram superadas. Logo no primeiro dia reunimos mais de mil mulheres e esse volume de pessoas se repetiu nos dois dias seguintes. Com essa presença expressiva da família associada concluímos nosso objetivo de transmitir conhecimento através das melhores tecnologias e manejos que temos disponível para o campo e tudo isso conectado com nosso propósito de cooperar para melhorar a vida das pessoas”, destacou o diretor-presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues.

Tradicionalmente, o primeiro dia do evento foi dedicado ao público feminino, com uma programação diferenciada, além de dinâmicas desenvolvidas especialmente para receber as visitantes. A palestra “Profissionalização do Negócio através das Mulheres”, ministrada pela consultora, escritora e palestrante Mariely Biff, abriu a agenda do dia, envolvendo as pessoas em discussões construtivas sobre a sucessão e governança familiar no âmbito rural.

A visitação ao campo foi aberta ao público todos os dias do evento, das 13h30 às 19h, na Unidade Tecnológica Lar, anexa ao Lar Centro de Eventos, em Medianeira (PR). Durante três dias, pesquisadores, palestrantes e profissionais da área estiveram reunidos para compartilhar conhecimentos e experiências, oportunizando aos produtores rurais a possibilidade de interagir e a dialogar diretamente com especialistas.

“O Dia de Campo Lar sempre teve esse apelo mais técnico, por isso nosso destaque para as tendas técnicas, onde convidamos profissionais para atender o nosso produtor, com temas voltados para as necessidades da região. É claro que cada propriedade tem sua carência, mas quem compareceu ao evento com um determinado objetivo seguramente voltou para casa com muito mais conhecimento”, citou o superintendente de Negócios Agrícolas da Lar, Vandeir Conrad.

No campo, os visitantes conheceram de perto as mais recentes soluções para o agronegócio, em um ambiente prático e dinâmico. Nesta edição, os espaços técnicos destacam-se pela seleção e qualidade do conteúdo, entre eles: Sistema de Manejo de Solo – Inovações e resultados regionais; Tecnologia de Aplicação Lar – Otimizando investimentos em defensivos; Sustentabilidade na Agricultura – Práticas e inovações de produção; e Maximizando a Produtividade – manejo de doenças, pragas e plantas daninhas.

A Lar Cooperativa também apresentou ao público 28 cultivares de soja, cultivados em diferentes períodos do ano, ressaltando as potencialidades e condições de cada uma. Dessa forma, o produtor teve a oportunidade de comparar resultados e escolher as opções que melhor atendam às necessidades. Ao todo, foram 54 empresas participantes, sendo 25 de insumos agrícolas, 18 de insumos pecuários e 11 de maquinários e implementos para o campo, além da parceria com o IDR-PR (Instituo de Desenvolvimento Rural do Paraná) que contou com uma área exclusiva de pesquisas.

Oportunidades

Apesar do destaque técnico do evento, o Dia de Campo Lar 2025 foi uma oportunidade para fechar negócios. As equipes da Lar Lojas Agropecuárias preparam condições exclusivas para comercialização de insumos agrícolas e pecuários, além de equipamentos para o dia a dia. A Lar Máquinas negociou maquinários com sistema de financiamento diferenciado, utilizando grãos como forma de pagamento, além de juros reduzidos. A Lar Credi esteve presente para oferecer soluções financeiras personalizadas aos associados e divulgar o novo aplicativo que entrega mais segurança e agilidade no processamento de operações.

Com o objetivo de transmitir informações relevantes, precisas e moldadas exclusivamente a realidade da região, o Dia de Campo Lar 2025 proporcionou ao visitante uma experiência única que o ajudarão a otimizar a produção, reduzir custos e aumentar a rentabilidade da propriedade.

Ao promover o Dia de Campo Lar 2025, a Lar Cooperativa busca fortalecer a família associada, contribuindo com o desenvolvimento econômico e social da região, uma iniciativa fortemente conectada com o propósito de “cooperar para melhorar a vida das pessoas”. (Assessoria de Imprensa Lar).