EXPEDIÇÃO SAFRA 2019 - URUGUAI - COLHEITA DE SOJA - FOTO: MICHEL WILLIAN/GAZETA DO POVO - 12.04.2019

Ciclo 2024/25: La Niña deve “combater” queimadas e ajudar a nova safra

O calor extremo, a vegetação seca e a propagação descontrolada de incêndios na região Centro-Oeste, em que não chove há mais de 150 dias, não afastam a perspectiva de uma safra recorde no novo ciclo agrícola que se inicia no Brasil.

Apesar do cenário apocalíptico das queimadas, ficar quatro a cinco meses sem chover não é algo anormal para o Cerrado. O que fugiu do previsto nesse ano foi o excesso de calor, que deixou solo e vegetação secos, propícios ao fogo. Nos dez primeiros dias de setembro, a temperatura média máxima em Mato Grosso chegou a 39,6 ºC, contra uma média máxima histórica de 35,6 ºC, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A chegada do La Niña, contudo, deve mudar o cenário em breve, recuperando a umidade do solo e devolvendo o verde ao cenário do Brasil Central. Em contrapartida, esse mesmo La Niña, provocado pelo resfriamento das águas do Pacífico, costuma ser desfavorável à safra no Sul do país, e preocupa por trazer consigo chuvas erráticas para a região.

Barreira natural contra os incêndios

“O problema do La Niña para o Sul não é que chova abaixo da média, mas é a irregularidade da chuva. Em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e principalmente no Rio Grande do Sul, deve chover bem em outubro, mas as chuvas tendem a diminuir bastante no final de novembro e dezembro. Isso pode atrapalhar a safra. Já em Mato Grosso, Goiás e lá para cima, a hora que começar a chover, a chuva vem sem problema algum”, aponta o meteorologista Luiz Renato Lazinski.

Em relação ao bioma amazônico, igualmente castigado pelo tempo seco e pelas queimadas, as chuvas devem vir acima da média na primavera, a partir da segunda quinzena de outubro. Assim, estaria a caminho uma barreira natural à proliferação dos incêndios.

Ainda não há estimativas oficiais da dimensão dos prejuízos causados pelas queimadas na agropecuária de Mato Grosso, que produz 31% dos grãos no país. Como as safrinhas de algodão e milho já estavam colhidas em agosto, as perdas se concentram na queima das pastagens e destruição da matéria orgânica superficial do solo. “Quem tinha a palhada, a cobertura do solo, ele perdeu para o estabelecimento da próxima safra. Isso impacta na cobertura que as sementes teriam e no desenvolvimento inicial das lavouras”, diz Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Paciência para decidir a hora de plantar

Por outro lado, o atraso na largada do plantio de verão, devido à estiagem, ainda não preocupa os mato-grossenses. “O final de outubro e o início de novembro é um ponto de corte-chave para a gente. É no mês de novembro que precisamos ter um grande volume semeado para conseguir dar vazão à safra aqui no estado”, sublinha Gauer.

Esse volume de chuva necessário para recuperar a umidade do solo e criar condições propícias à germinação das sementes deve vir em outubro. Até lá, as primeiras chuvas no Centro-Oeste ainda devem ser irregulares.

“O produtor vai ter que ter paciência porque a regularização das chuvas esse ano deve acontecer um pouquinho mais tarde, a partir da segunda quinzena de outubro. No entanto, pensar em plantar na segunda quinzena de outubro, em termos de Cerrado, é normal”, avalia Ludmila Camparotto, meteorologista da Rural Clima.

Pelo calendário oficial, a largada para o plantio da safra de verão foi dada no dia 1.º de setembro para boa parte do Paraná, e no dia 7 para Mato Grosso – os dois maiores produtores de soja do país. Antes dessas datas, a semeadura da leguminosa é proibida devido ao vazio sanitário, prática de erradicação de restos de plantas do ciclo anterior, para evitar a proliferação da doença conhecida como ferrugem da soja. Até agora, porém, praticamente nenhuma semente foi lançada ao solo.

Fonte: Gazeta do Povo Foto: Michel Willian/Arquivo Gazeta do Povo

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Inscrições do Concurso Café Qualidade Paraná vão até 30 de setembro

Os produtores rurais interessados em participar da 22ª edição do Concurso Café Qualidade Paraná têm até 30 de setembro para se inscrever nas unidades municipais do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) ou nos sindicatos rurais. O evento é promovido pela Câmara Setorial do Café do Paraná, que é formada pelo Sistema FAEP, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), IDR-Paraná e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina. Pela primeira vez, a cerimônia de encerramento será realizada em Curitiba, no dia 12 de novembro.

Com a realização da premiação na capital paranaense, o concurso busca dar mais visibilidade aos produtos entre os consumidores. Além disso, os cafeicultores terão a oportunidade de conhecer e estar em contato direto com o mercado consumidor, com possibilidade de venda para cafeterias.

“Os produtores rurais aprovados na prova de peneira terão o deslocamento até Curitiba custeado pelo Sistema FAEP, incluindo hospedagem e alimentação. Além disso, em comparação ao ano passado, houve um aumento no aporte do valor da premiação para esta edição. Essas ações reforçam o compromisso da entidade em valorizar a produção dos cafés especiais do Paraná”, destaca Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

Nos últimos anos, o IDR-Paraná também investiu na formação de técnicos e extensionistas para a avaliação dos cafés. Atualmente, o concurso conta com a participação de oito Q-graders de nível internacional e dez juízes do IDR-Paraná, profissionais altamente qualificados na análise de cafés especiais.

O Concurso Café Qualidade Paraná é o terceiro maior prêmio do gênero no Brasil, ficando atrás apenas de iniciativas realizadas em Minas Gerais e Espírito Santo, os maiores produtores nacionais de café.

Regulamento

O concurso é dividido nas categorias de café natural e café cereja descascado ou despolpado. Podem participar proprietários rurais, meeiros, arrendatários e/ou parceiros, com comprovação de atividade cafeeira no Paraná. Os lotes deverão ser compostos por 100% de café arábica produzido na propriedade inscrita.

O processo de avaliação inclui etapas de coleta das amostras, quantificação, classificação física e a prova sensorial, também chamada de “prova de xícara”. Nessa fase, os cafés serão avaliados por jurados com base na metodologia de avaliação sensorial estabelecida pela Associação de Cafés Especiais (Specialty Coffee Association – SCA, em inglês).

Fonte: Faep

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Produção de café de 2024 é estimada em 54,79 milhões de sacas, influenciada por clima

Com 96% da área do café já colhida no final de agosto, a safra de 2024 do grão está estimada em 54,79 milhões de sacas beneficiadas, redução de 0,5% se comparada com a produção obtida em 2023. Os dados estão no 3º levantamento da cultura, divulgado nesta quinta-feira (19) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O clima exerceu influência entre o segundo e o terceiro levantamentos realizados pela Conab, frustrando algumas estimativas que apontavam para um bom potencial produtivo das lavouras.

O início da atual safra indicava um novo crescimento na colheita, considerando a situação das lavouras na época e o ciclo de alta bienalidade. No entanto, as condições climáticas adversas, como: estiagens, chuvas esparsas e mal distribuídas, juntamente com altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos, reduziram as produtividades previstas inicialmente. Com isso, a produtividade média nacional de café está estimada em 28,8 scs/ha, 1,9% abaixo da obtida na safra de 2023.

Para o arábica, a estimativa aponta para uma produção de 39,59 milhões de sacas, o que ainda representa um crescimento de 1,7% acima da safra anterior. Apenas Minas Gerais, principal produtor de café no Brasil, será responsável pela colheita de 27,69 milhões de sacas desta espécie, redução de 3,4% em comparação ao total colhido na safra anterior. Esta redução se deve às estiagens, acompanhadas por altas temperaturas durante o ciclo reprodutivo das lavouras e agravadas a partir de abril, quando as chuvas praticamente cessaram em todo o estado, com registros de precipitações pontuais e de baixos volumes.

Em São Paulo, o clima também afetou o desempenho das lavouras. Ainda assim, é esperado um crescimento de 8,2% em comparação ao resultado obtido em 2023, podendo chegar a uma produção de 5,44 milhões de sacas neste ano. Cenário semelhante é verificado nas regiões produtoras de arábica no Espírito Santo, Rio de Janeiro e na área do cerrado baiano, onde o incremento projetado deverá ser menor que o inicialmente estimado.

Já para o conilon, é esperada uma queda de 6% na produção, estimada em 15,2 milhões de sacas. No Espírito Santo, principal produtor de conilon do país, a safra está estimada em cerca de 9,97 milhões de sacas, redução de 1,9%. Já em Rondônia e na região do atlântico baiano, a colheita deve registrar uma queda expressiva de 16,4% e 13,3% respectivamente. Na Bahia essa diminuição é explicada principalmente pela menor produtividade registrada, enquanto que em Rondônia pela menor área cultivada, reflexo de ajustes realizados em virtude de novas e mais precisas informações coletadas, com um projeto de mapeamento das áreas em curso.

O documento também mostra que a área total destinada à cafeicultura no país em 2024, para o arábica e conilon, totaliza 2,25 milhões de hectares, sendo com 1,9 milhão de hectares em produção, com crescimento de 1,4% em relação ao ano anterior, e 345,16 mil hectares em formação, com redução de 4,5%.

Mercado

Os preços de café no mercado seguem atrativos para o produtor. O produto se mantém valorizado, uma vez que a oferta do grão permanece ajustada. No Brasil, principal produtor mundial, a produção nas safras 2021 e 2022 foram limitadas devido às questões climáticas. Além disso, a produção no Vietnã também sofreu com o clima, o que reduziu os estoques asiáticos de café. Esse cenário de oferta limitada e alta demanda pressiona os estoques mundiais e influenciam na forte alta nos preços do robusta no mercado internacional, que também reflete na valorização do arábica.

Diante deste cenário, as exportações brasileiras registram 32,1 milhões de sacas de 60 quilos de café, no acumulado de janeiro a agosto de 2024, volume que corresponde a um aumento de 40,1% na comparação com igual período de 2023, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse volume é o maior já exportado pelo Brasil, considerando os oito primeiros meses de cada ano. Caso as exportações de café nos meses finais de 2024 permaneçam elevadas, o país poderá superar o recorde registrado no ano de 2020, quando foram embarcadas 43,9 milhões de sacas de 60 quilos.

Para obter mais detalhes sobre os números da safra de café no país basta acessar as tabelas e o Boletim completo do 3° Levantamento do produto.

Fonte: Conab Foto: Divulgação

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Semana da Sanidade Animal do Paraná

Marcado para os dias 1, 2 e 3 de outubro de 2024 e totalmente acessível online (Webinar), a Semana da Sanidade Animal do Paraná promete ser um divisor de águas para técnicos, gestores e produtores rurais envolvidos com a produção animal. Idealizado pelo Sistema Ocepar e com o apoio fundamental do Sistema FAEP/SENAR-PR, o evento será uma plataforma de lançamento para práticas mais sustentáveis e competitivas na agropecuária brasileira.

Neste cenário globalizado, entender e aplicar princípios de sanidade animal de excelência é de extrema importância, não apenas para manter, mas para ampliar a competitividade no mercado internacional. Ao participar, você se conectará com especialistas e colegas da indústria que estão redefinindo os padrões de qualidade e segurança em produção animal, garantindo não só a sustentabilidade, mas também a viabilidade econômica de suas operações a longo prazo.

Junte-se a nós para uma jornada de aprendizado, inovação e networking que irá elevar sua prática e produção a novos patamares. A sua presença é fundamental para que juntos possamos construir um futuro mais próspero e resiliente para a agropecuária nacional.

Serviço:

DATA: 1º de março de outubro, evento online, inscrições até 27 de setembro de 2024.

Link: https://forms.office.com/r/iK9yh142UT

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Combustíveis do futuro são oportunidades para a agropecuária do Paraná

O Brasil cresceu a ponto de se consolidar como um dos maiores fornecedores de alimentos ao mundo. Agora, está prestes a assumir mais um papel crucial para a economia global. A criação de um marco regulatório para os chamados combustíveis do futuro representa a chance de o país assumir o protagonismo da energia renovável.

Fornecedor das matérias-primas para a produção de etanol, biodiesel, diesel verde (HVO) e combustível de aviação sustentável (SAF – Sustainable Aviation Fuel, em inglês), o agronegócio está sendo convocado a alavancar a revolução na economia sustentável.

Por trás dessa oportunidade está o Projeto de Lei (PL) 528/2020, aprovado pelo Congresso Nacional no dia 11 de setembro de 2024. Atualmente, o texto aguarda sanção presidencial para se tornar Lei. Em resumo, a nova legislação integra as ações de programas já existentes envolvendo a mistura de biodiesel ao diesel convencional e de etanol à gasolina. Além disso, reúne na mesma legislação programas de incentivo e a definição de metas para o uso de combustível sustentável de aviação (SAF), diesel verde (HVO) e biometano, além de tratar de outros temas relacionados.

“A aprovação de uma nova legislação sobre os ‘combustíveis do futuro’ é crucial para organizar o setor de combustíveis e transporte, proporcionando segurança jurídica, atratividade para investimentos e expansão das cadeias produtivas”, explica Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. “Esta iniciativa visa não apenas estabelecer um marco legal claro, mas também evitar interferências que, na era somente das normativas, eram comuns, consolidando a regulamentação sob a forma de lei”, completa.

Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, observa que a inclusão do etanol, biodiesel, diesel verde e biogás no debate dos combustíveis do futuro abre portas para a inovação e também para a ampliação das metas de mistura desses biocombustíveis, fortalecendo a economia agrícola e diversificando as fontes de renda do produtor rural. “Além do impacto positivo para o meio ambiente, o avanço dos combustíveis sustentáveis traz benefícios diretos para a segurança energética do país, com a possibilidade de reduzir a dependência da importação de combustíveis fósseis”, aponta.

O biodiesel e o etanol já são realidades no Brasil há bastante tempo, colocando o país na vanguarda do uso de combustíveis que reduzem a emissão de gases de efeito estufa. O biometano, por sua vez, tem crescido com o uso em projetos pontuais. Já os novos combustíveis (SAF e HVO) estão em fase de pesquisa e projetos-piloto, mas com a legislação passam a ter um ambiente propício para seu desenvolvimento, com garantia de que haverá mercado para os produtos.

“Esses novos combustíveis enfrentam algumas barreiras, principalmente em termos de custos de produção e desafios tecnológicos. O Brasil, porém, tem dado passos importantes para criar um ambiente favorável aos investimentos necessários para o desenvolvimento dessas soluções”, aponta Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Na avaliação do setor produtivo, a nova lei deve abrir uma janela de oportunidades aos produtores rurais que atuam em cadeias que fornecem matérias-primas para os combustíveis do futuro. A expectativa é de que isso traga impacto positivo nos preços, já que há um potencial de rearranjo em toda a matriz energética.

“Toda política que promova aumento do consumo da produção agropecuária contribui para a melhoria da renda dos agricultores. Adicionalmente, estamos falando de uma política que fomenta a industrialização e que multiplica o PIB da cadeia, gerando desenvolvimento socioeconômico regional”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).

“Temos a oportunidade de ser a ‘Arábia Saudita’ dos biocombustíveis”, resume Guilherme Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), em alusão ao fato de o país do Oriente Médio ser a maior potência na produção de petróleo. “Os combustíveis do futuro vão potencializar e valorizar as cadeias de negócios envolvidas. Estamos entrando em um novo ciclo de desenvolvimento: agroindustrialização de bens primários em resposta a dois grandes desafios mundiais que são a segurança alimentar e energética”, complementa.

Biodiesel

O início da discussão para a mistura de biodiesel ao diesel de origem fóssil no Brasil teve como marco o ano de 2005, quando a Lei 11.097 passou a regulamentar a inclusão do combustível renovável na matriz energética. Desde então, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem anunciado aumentos gradativos na mistura, chegando ao nível de 14% desde março de 2024. Nos últimos 10 anos, o volume produzido no país, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), mais que dobrou, saindo de 2,9 milhões de metros cúbicos em 2013 para 7,5 milhões de metros cúbicos em 2023. Mais de 70% desse combustível produzido no país têm como matéria-prima o óleo de soja.

O PL 528/2020 não só altera a mistura de biodiesel ao diesel de 14% para 15%, como prevê o acréscimo de 1% por ano, chegando a 20% em 2030, o que sinaliza para a continuidade de crescimento dessa curva.

“Quanto maior o percentual e, consequentemente, o consumo de soja interno, todos ganham. Afinal, vai reduzindo a participação dos combustíveis fósseis na nossa matriz energética. Ganha o meio ambiente, com a redução dos gases de efeito estufa, e o produtor”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Aprosoja Brasil.

O Paraná possui quatro plantas de produção de biodiesel, segundo a Biodiesel BR, com capacidade de fabricação anual de 1,6 bilhão de litros. Localizada no município da Lapa, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), uma dessas é a maior planta do Brasil em capacidade de produção, com 900 milhões de litros anuais. As outras fábricas em solo paranaense ficam em Marialva, Maringá e Umuarama.

Etanol

A história mais antiga dos combustíveis renováveis no Brasil está ligada ao etanol. O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado pelo governo brasileiro durante a crise mundial do petróleo dos anos 1970. No início dos anos 1990, a frota brasileira de automóveis chegou a ser composta em sua maioria por veículos movidos a álcool. Mais tarde, no início dos anos 2000, surgiram os carros flex, movidos tanto a gasolina quanto a etanol, representando mais um passo importante na evolução do uso do combustível verde.

Outra política pública no incentivo a esse combustível é a mistura de etanol anidro à gasolina. Atualmente, há duas matérias-primas principais usadas na fabricação desse produto: a cana-de-açúcar e o milho. O milho vem ganhando relevância e responde por cerca de 20% da produção nacional. Mas a cana ainda é responsável pela maioria do álcool usado para misturar na gasolina, com uma tendência de elevação nos últimos 10 anos. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o volume de etanol anidro fabricado na safra 2023/24 foi de 13,1 milhões de metros cúbicos, contra 8,7 milhões de metros cúbicos na temporada 2012/13.

No que depender do novo marco legal dos combustíveis verdes, esse volume vai crescer ainda mais nos próximos anos. O PL dos “combustíveis do futuro” prevê o aumento do percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro em uma faixa que varia de 27% a 35%, com a liberação excepcional ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para chegar a 22%, conforme critérios econômicos. Atualmente, o intervalo previsto vai de 22% a 27%, com possibilidade de chegar ao mínimo obrigatório de 18%.

Biogás

Um dos setores que ganha novo fôlego com o PL 528/2020 é o de biogás. Renata Isfer, presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás, vê com otimismo as recentes discussões. “A nova legislação proposta promete impulsionar o setor, criando uma demanda garantida pelo biometano e introduzindo certificados de garantia de origem, destacando sua natureza renovável. Isso deve estimular o crescimento do mercado e, consequentemente, da produção nos próximos anos”, aponta.

Além de poder ser usado de forma pura na geração de energia limpa para indústrias, no aquecimento de caldeiras e nas casas das pessoas, na cocção limpa de alimentos, o gás pode ser usado no abastecimento de veículos leves e pesados. Há ainda projetos de desenvolvimento de outros combustíveis verdes a partir do biometano, como o próprio SAF.

“Essa expansão tem como principais desafios a infraestrutura necessária e a adaptação regulatória às especificidades técnicas do biometano, que diferem do gás natural em muitos aspectos”, enumera Renata.

Outro benefício direto ao agronegócio é que uma das principais formas de produção de biometano ocorre a partir do reaproveitamento de resíduos produtivos. O Sistema FAEP tem incentivado pecuaristas a investir em sistemas de processamento de efluentes para transformar passivo ambiental em riquezas.

Inclusive, em 2017, o Sistema FAEP organizou quatro viagens técnicas à Europa, com delegações que percorreram a Alemanha, Áustria e Itália para conhecer modelos de produção de energia sustentável e adaptar projetos à realidade paranaense.

Combustíveis avançados

O novo marco legal também pretende turbinar a produção dos chamados combustíveis avançados (chamados de drop in), nos quais se enquadram o diesel verde e o SAF. A grande vantagem dessas fontes de energia é que elas podem ser usadas sem ajuste nos motores de veículos já existentes, tanto os movidos à diesel quanto os aviões em circulação à querosene de aviação. As moléculas são parecidas com a dos combustíveis fósseis, só que com menor impacto ambiental.

O diesel verde é produzido a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gorduras vegetais – de matérias-primas como cana, soja e outras biomassas. Até o momento, a tecnologia está em fase de testes no Brasil. A legislação prevê que o CNPE definirá o volume mínimo desse combustível a ser produzido, em relação ao diesel comum.

Para o setor agropecuário, o potencial que se abre é gigantesco, sobretudo em razão da oferta de matérias-primas para a produção do diesel verde. “A soja é uma grande possibilidade, pois é produzida de Norte a Sul, e tem um transporte fácil dos locais de produção até as usinas de processamento”, destaca Leonardo Braúna, da Aprosoja Brasil.

Além dessas vantagens, também há reflexos positivos no meio ambiente. O diesel verde praticamente zera a emissão de CO2 e reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa. Inicialmente, há um potencial de vantagens, inclusive, em relação ao biodiesel, como a redução de um terço na emissão de hidrocarbonetos e de material particulado fino e de 24% de monóxido de carbono (CO).

“Temos um círculo virtuoso de agregação de valor aos bens primários, atração de investimentos, geração de empregos e aumento de renda com grande impacto na intensificação da atividade pecuária e liberação de áreas de pastagens de baixa produtividade ao cultivo de grãos. Podemos aumentar a produção de energia limpa e alimentos sem avançar em novas áreas”, observa Guilherme Nolasco, presidente da Unem.

Já o SAF está diretamente relacionado à aviação civil, responsável por cerca de 3,5% do CO2 que vai para a atmosfera, conforme estudo da Manchester Metropolitan University, da Inglaterra. As primeiras pesquisas estimam que seja possível reduzir entre 70% e 90% a emissão de gases de efeito estufa com o uso de SAF. Pelo marco legal, as empresas aéreas brasileiras serão obrigadas, gradativamente, a reduzir as emissões de CO2 em 10% até 2037.

Atualmente, no Brasil e no mundo, há uma corrida de grandes empresas para o desenvolvimento de tecnologias viáveis para a fabricação de SAF. Há pelo menos sete caminhos tecnológicos aprovados e outros cinco em processo de homologação no Brasil. As matérias-primas que podem ser utilizadas envolvem biomassa, biogás, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos e agrícolas e gases residuais. Outro ingrediente crucial é o hidrogênio, que reage com o dióxido de carbono e forma os chamados hidrocarbonetos de cadeia longa (com semelhança aos presentes no querosene de aviação).

Sistema FAEP fomenta as energias renováveis nas propriedades rurais

O Brasil tem uma das matrizes de energia elétrica mais limpas do mundo, com mais de 90% da geração a partir de fontes renováveis. Um dos pilares ainda está nas usinas hidrelétricas, que têm a vulnerabilidade da ocorrência de estiagens. Quando o nível de água baixa, o Ministério de Minas e Energia aciona o parque de termelétricas, que são fontes de geração mais caras, mas mais previsíveis. “Nesse contexto das energias do futuro, os combustíveis renováveis podem ser usados na própria estrutura das térmicas”, aponta Luiz Eliezer Ferreira, do DTE do Sistema FAEP.

Além disso, o produtor rural também pode produzir sua própria energia, de forma sustentável, nas propriedades. Isso tanto a partir da geração fotovoltaica e eólica, quanto com biodigestores, por exemplo.

“O Sistema FAEP tem dado apoio aos produtores rurais para a implantação de projetos que, ao mesmo tempo, reduzam custos de produção e contribuam para a segurança energética no Brasil. Estamos caminhando à construção de um sistema que gera energia a partir de fontes renováveis, desde dentro da propriedade até o consumidor final, formando uma cadeia produtiva completa de energia renovável”, detalha Ferreira.

Paraná tem políticas relacionadas ao hidrogênio renovável

De olho nas tendências sobre os combustíveis do futuro, o Paraná deflagrou uma série de ações relacionadas ao hidrogênio renovável – considerada uma das mais promissoras matrizes de energia limpa. No fim do ano passado, o Estado instituiu o Plano de Hidrogênio do Paraná, que deve mapear o potencial desse tipo de energia e medidas voltadas ao licenciamento e desenvolvimento da cadeia produtiva.

Em maio, o Paraná já havia aprovado uma lei estadual que incentiva o uso do hidrogênio renovável em todo o Estado. Em setembro, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) criou uma frente parlamentar, coordenada pela deputada estadual Maria Victoria, para fomentar essa matriz energética.

Neste ano, o Paraná foi além e criou comitês de governança para incentivar as cadeias de biogás e hidrogênio renovável. Todas essas iniciativas contam com o apoio do Sistema FAEP.

Fonte: Assessoria de Imprensa Faep Foto: Divulgação Faep

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“O mundo precisa de mais algodão, e o Brasil é a solução”

Durante o Congresso Brasileiro do algodão (CBA), realizado no início de setembro em Fortaleza (CE), especialistas destacaram o potencial do Brasil como solução para a crescente demanda mundial por algodão. O evento, que pela primeira vez contou com a participação da ORÍGEO, reuniu 80 cotonicultores, influenciadores do setor e pesquisadores renomados, que discutiram as tendências e desafios do mercado.

O CEO da ORÍGEO, Roberto Marcon, ressaltou a importância de fortalecer e integrar o ecossistema agrícola para alcançar uma agricultura mais produtiva, sustentável e rentável. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a produção brasileira deve atingir 3,7 milhões de toneladas neste ano, um aumento em relação ao ciclo anterior.

Manek Gupta, CEO da Viterra na Índia, foi um dos palestrantes convidados pela ORÍGEO e apresentou uma visão otimista sobre o futuro do algodão brasileiro. “Se você olha para o algodão, grande parte da cadeia produtiva é sustentável. E grande parte desse algodão sustentável vem do Brasil. Durante a pandemia, os clientes industriais precisaram buscar alternativas ao algodão, por causa dos altos preços da fibra. Os preços baixaram, mas leva tempo para voltar a usar algodão como antes. O uso dessa fibra crescerá em torno de 2% ao ano, em um ambiente de crescimento econômico e, consequentemente, a demanda”, afirma Gupta.

Com o crescimento da demanda global por algodão estimado em cerca de 2% ao ano, Gupta destacou o papel crucial que o Brasil desempenhará no atendimento a essa necessidade. “O mundo precisa de mais algodão, e o Brasil é a solução. Poucos países conseguem produzir algodão com tanta eficiência e a custos tão baixos como o Brasil”, ressaltou o CEO da Viterra. A produtividade crescente no setor algodoeiro nacional é vista como chave para o sucesso, tanto para atender o mercado interno quanto o internacional.

Fonte: Agrolink/Leonardo Gottems Foto: Canva

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Prorrogadas as inscrições das agroindústrias para a Feira Sabores do Paraná

Foram prorrogadas as inscrições para produtores rurais interessados em participar da Feira Sabores do Paraná. Agora, os interessados podem realizar a inscrição até a próxima segunda-feira (16).

Neste ano, o evento acontece de 28 de novembro a 1º de dezembro, no salão de eventos do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Serão selecionados 80 empreendedores rurais que terão a oportunidade de mostrar sua produção para o público da Capital. Além da venda de produtos, a feira contará com aulas-show para divulgar a gastronomia e o turismo.

A Feira Sabores do Paraná é promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o Sistema Faep/Senar-PR e o Sebrae/PR.

Para participar da feira, os produtores devem atender a algumas exigências. A primeira delas é ter o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) ativo. Além disso, toda agroindústria que trabalha com alimentos precisa ser regularizada sanitariamente. Outra solicitação é de que os produtos sejam rotulados, seguindo a legislação vigente. Já o artesanato a ser apresentado precisa ter características de identidade regional ou usar matérias-primas da propriedade rural.

Para realizar a inscrição, basta acessar o site do IDR-Paraná ou procurar um escritório do Instituto e solicitar ajuda de um extensionista. As inscrições estão abertas para empreendedores individuais e organizações como cooperativas e associações. Os empreendimentos com jovens rurais, até 29 anos, serão priorizados.

Novo catálogo incentiva consumo de queijos e vinhos feitos no Paraná

Feira sabores

A Feira Sabores do Paraná aconteceu de 2000 a 2014, sempre no Parque Barigui, em Curitiba. Depois de uma interrupção o evento foi retomado, agora num formato mais compacto. O objetivo é divulgar os produtos coloniais do Paraná, com destaque para a produção regional.

A gastronomia será o carro-chefe para divulgar as atrações turísticas paranaenses durante a feira. O visitante terá à disposição seis pratos quentes para consumir no local, além de duas sobremesas e duas bebidas típicas.

Também serão realizadas, no salão de eventos, aulas-show de culinária, com ingredientes disponíveis na feira ou alguma cultivar desenvolvida pela pesquisa do IDR-Paraná. Cada aula-show terá o número máximo de 30 participantes e a inscrição é gratuita.

A abertura da feira será no dia 28 de novembro, às 16h, no vão do Museu Oscar Niemeyer. De sexta a domingo o evento estará aberto ao público sempre das 10h às 22h e a entrada é gratuita.

A lista com os expositores classificados será divulgada a partir do dia 20 de setembro.

Faça sua inscrição AQUI.

Fonte e Foto: AEN

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Estado de alerta: Paraná atinge momento mais crítico para casos de queimadas florestais

A combinação de áreas há muito tempo sem chuva e baixa umidade relativa do ar com as altas temperaturas atípicas para o inverno faz com que o Paraná atravesse nesta semana o período mais crítico para a ocorrência de queimadas florestais. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram registrados mais de 10 mil focos de incêndio no Estado de janeiro a agosto deste ano. “Os indicadores são os mais altos possíveis”, afirma o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), Reinaldo Kneib.

Situação que fez com que o governador Carlos Massa Ratinho Junior decretasse situação de emergência em por causa da estiagem. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) também está finalizando uma resolução técnica para mitigar os efeitos da seca no Paraná. “Estamos agindo no momento em que há necessidade de que se tome uma ação efetiva, porque o momento é crítico”, ressalta o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza.

De acordo com a previsão do instituto, a média da umidade relativa do ar mínima para a semana pode ser inferior a 20% nas regiões Norte, Norte Pioneiro e Noroeste e menor do que 30% nas regiões Central e Sudoeste do Paraná. Já a temperatura máxima média vai chegar próximo a 40ºC em alguns pontos do Estado. A expectativa é de que em setembro a chuva acumulada seja 38% menor do que a média histórica para o período.

“Todo o Estado está em vermelho, com uma condição ainda mais desfavorável para extremo Norte e Noroeste do Paraná”, destaca o meteorologista.

Condição que, de acordo com o Simepar, deve seguir até sexta-feira (13), quando a previsão aponta a chegada da chuva em todo o Estado. “Será um fim de semana chuvoso, mas de forma irregular. Algumas cidades há previsão de até 50 milímetros de precipitação acumulada, em outras um pouco menos. De qualquer forma, já ajuda a melhorar a qualidade do ar e diminuir os riscos de incêndios florestais”, explica Kneib.

Após essa pausa, o tempo seco retorna. Cidades do Noroeste, como Paranavaí, Colorado e Querência do Norte, passarão novamente dos 40ºC a partir do dia 21 de setembro – a previsão indica até 45ºC em Santa Cruz de Monte Castelo.

Recomendações

Quando as condições climáticas apontam para altos riscos de incêndios florestais, a Defesa Civil emite alertas às unidades regionais dos bombeiros, para que a corporação possa atuar de maneira mais ágil aos focos que surgirem.

A recomendação é para que a população se sensibilize para evitar qualquer incêndio, evitando utilizar fogo para limpeza de terreno, não queimar lixo, não soltar balões e fazer a destinação correta de material vegetal, evitando montes de folhas e galhos. No caso da ocorrência de queimadas, a indicação é entrar em contato imediatamente com o Corpo de Bombeiros.

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, reforça a importância de os prefeitos dos municípios atingidos informar a Defesa Civil Estadual para registrar as ocorrências e receber as orientações sobre como proceder em cada um dos casos. Para isso, basta acessar o link.

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“Este é um momento crítico, orientamos os municípios para que façam esse registro para sabermos o que está acontecendo, e que essas informações sejam replicadas para todos os moradores. Lembramos que se deve-se evitar efetuar queimadas, além de fazer o uso consciente da água. É essencial que todos participem”, diz o coronel Fernando.

O clima seco também causa desconforto respiratório e pode agravar condições respiratórias como asma e bronquite – em especial nas crianças. Isso acontece porque o tempo seco desidrata as vias aéreas e causa irritação. Por isso, neste período é importante se hidratar com frequência.

Fonte: AEN Foto: Patryck Madeira/SEDEST

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Safra de algodão 23/24: produção brasileira elevada apesar de desafios com clima e pragas

Os dados oficiais da Conab apontam que, até esta segunda-feira (09), a safra de algodão 2023/24 está 95,6% colhida no Brasil. Com os trabalhos em sua reta final, a avaliação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é de que a produção pode configurar recorde histórico, mais em função do aumento de área do que pela produtividade.

“Foi um ano interessante. Foi prejudicial para a soja que antecede 70% da safra de algodão e isso fez uma janela de plantio mais curta em janeiro, então não favoreceu tanto o algodão. Estávamos torcendo por boas chuvas no final do ciclo, o que fez com que tivéssemos boas produtividades. Vamos ter uma produtividade boa, mas não excelente como foi 2023, é uma safra boa mas não excepcional, mas por causa do aumento de área neste ano vamos bater recorde de produção”, diz Alexandre Schenkel, Presidente da Abrapa.

Exemplo deste cenário é o estado do Mato Grosso, principal produtor de algodão do Brasil. De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), houve aumento de 21,57% na área semeada na safra 23/24 em relação ao plantio de 22/23. Já a produtividade registrada ficou 6,42% menor no atual ciclo. Sendo assim, a produção final do Mato Grosso deve ficar em 6,39 milhões de toneladas de algodão em caroço, 13,9% superior ao ciclo 22/23.

O saldo é parecido também em Goiás, onde apesar das dificuldades, a produção final vem sendo registrada acima do esperado. “Foi um ano atípico, tivemos problemas climáticos no início do estabelecimento da cultura, tivemos problemas com pragas, mosca-branca foi um alvo bastante forte na soja e depois no algodão e o bicudo sempre presente. Foi um ano desafiador para o produtor, mas o balanço é positivo, a maioria das regiões e dos produtores com quem a gente conversou está atingindo produção maior do que o esperado”, diz Carlos Alberto Moresco, Vice-presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa).

“O que chamou mais a atenção foram infestações altas de bicudo em praticamente todas as regiões produtoras, mas tivemos também problema com mosca-branca que na cultura da soja já foi um problema bem maior do que nas quatro safras anteriores, problema de tripes também com uma população na soja e ofertando também no algodão e lagartas mais na região da Bahia do que no Mato Grosso”, relata a Pesquisadora da Fundação MT, Lúcia Vivan.

“O bicudo sempre foi a principal praga do algodoeiro, mas temos que ficar cada vez mais atentos porque foi um desafio muito grande nesse ano demandando muitas aplicações para o controle. Também a mancha-alvo teve um ataque muito severo porque tivemos um período de chuvas muito grande no mês de abril que prejudicou as lavouras do Mato Grosso e aumento a tensão para manchas foliares”, acrescenta Schenkel.

Quem também destaca esse aumento nos casos de mancha-alvo nos algodoeiros é Guilherme Hungueria, Gerente de Campanhas para Milho e Algodão da Bayer. “Essa safra foi bastante atípica para o produtor de algodão, especialmente no Mato Grosso onde houve condições climáticas inesperadas. Somado a isso, a gente viu um comportamento diferente de uma doença que é conhecida do produtor que é a mancha-alvo. Nesse sentido, a gente trabalhou fortemente para identificar o que vem acontecendo com essa doença, trabalhamos nos laboratórios juntamente com outros pesquisadores. O produtor enfrentou uma janela de plantio diferente, situações climáticas diferentes e esse é um fungo necrotrófico, que tem comportamento de permanecer nos restos das culturas, são diversos fatores que podem ter contribuído”.

A pesquisadora explica que as condições climáticas desta temporada acabaram sendo mais favoráveis ao desenvolvimento das pragas. “Isso se deu em virtude do período mais seco e da dificuldade de destruição da soqueira, que manteve algumas plantas na cultura da soja. Tivemos também uma janela de plantio maior com relação à outras safras até pela dificuldade de plantio da soja em período correto, então muitas áreas que eram de segunda safra de algodão passaram a ser primeira safra. Então na cultura da soja já tivemos uma infestação muito maior e isso acaba passando para a cultura do algodão”, diz Vivan.

Fonte: Notícias Agrícolas/Guilherme Dorigatti Foto: Wenderson Araujo 

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Exportação de milho registra queda de 28,7% em setembro de 2024 em comparação com o ano anterior

A exportação de milho brasileiro segue em ritmo inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira (09). O volume de milho não moído (exceto milho doce) exportado até o momento em setembro de 2024 totalizou 1.558.126,7 toneladas, o que corresponde a apenas 17,8% do total embarcado no mesmo mês de 2023, quando foram exportadas 8.746.381,3 toneladas.

A média diária de embarques nos primeiros cinco dias úteis de setembro de 2024 foi de 311.625,3 toneladas, o que representa uma queda de 28,7% em relação à média diária de setembro do ano anterior, que foi de 437.319,1 toneladas.

Roberto Carlos Rafael, analista da Germinar Corretora, observa que, para o Brasil atingir a meta de 40 milhões de toneladas exportadas, volume ainda considerado modesto para reduzir os estoques internos, seriam necessárias 26 milhões de toneladas a serem embarcadas entre setembro e janeiro. “Precisaríamos exportar cerca de 5,5 milhões de toneladas por mês. Esse volume é totalmente viável, desde que o produtor esteja disposto a vender. O que observamos neste momento é que o produtor não está satisfeito com os preços e adota a estratégia de postergar as vendas”, analisa Rafael.

Em termos de faturamento, o Brasil arrecadou até o momento em setembro um total de US$ 303,626 milhões, comparado a US$ 1,993 bilhão arrecadado ao longo de todo o mês de setembro de 2023. Isso resulta em uma média diária de US$ 60,725 milhões, uma redução de 39,1% em comparação aos US$ 99,685 milhões diários registrados no mesmo período do ano anterior.

O preço médio da tonelada de milho brasileiro também apresentou retração, caindo 14,5%, de US$ 227,90 em setembro de 2023 para US$ 194,90 na primeira semana de setembro de 2024.

Fonte e Foto: Portal do Agronegócio