Os preços da soja subiram em outubro, refletindo a firme demanda pelo grão, sobretudo por parte das indústrias esmagadoras. Os aumentos também estiveram atrelados à retração de produtores, que evitaram negociar grandes volumes no spot nacional, focados nas atividades de campo envolvendo a safra 2024/25. Vale ressaltar que o déficit hídrico no início da temporada deixou os trabalhos mais lentos, com o ritmo sendo normalizado ao final de outubro, favorecido pelas chuvas em importantes regiões produtoras. Esse cenário, somado à maior oferta no Hemisfério Norte, por sua vez, limitou o movimento de alta no Brasil.
Os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná registraram médias de R$ 141,83/saca de 60 kg e R$ 139,71/sc de 60 kg, em outubro, os maiores valores do ano, em termos reais (IGP-DI de setembro), e respectivas elevações de 1,4% e de 2,2% frente a setembro. Já no comparativo anual, observa-se quedas reais de 5,6% e de 2,2%, nesta ordem.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre setembro e outubro, os preços da soja subiram 3,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 3,2% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, as altas foram de 2,2% no mercado de balcão e de 1,7% no de lotes. O dólar foi cotado à média de R$ 5,63 em outubro, 1,5% acima da de setembro e 11,1% superior à de out/23.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja teve valor médio, em outubro, de US$ 10,0287/bushel (US$ 22,11/sc de 60 kg), quedas de 1,1% no mês e de 21,9% em um ano.
Óleo de soja
Os prêmios de exportação e os preços domésticos do óleo de soja subiram em outubro. Além do aumento no consumo de indústrias alimentícias, diante de expectativas de maior demanda nacional pelo derivado para produção de biodiesel em 2025, o avanço no valor do petróleo em outubro que fez com que refinarias tivessem mais incentivo em misturar o biodiesel ao óleo diesel, com o óleo de soja sendo a principal matéria-prima do biodiesel.
Diante disso, o óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, se valorizou 6% em outubro, atingindo R$ 6.988,45/t, o maior valor nominal desde 26 de janeiro de 2023. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dez/24 do óleo de soja avançou 3,8% de setembro para outubro, a US$ 0,4335/lp (US$ 955,60/t) no último mês. No comparativo anual, no entanto, observa-se queda de 20,7%.
Farelo de soja
Os preços do farelo de soja caíram no mercado brasileiro, pressionados pelo enfraquecimento na demanda. Muitos consumidores, atentos à procura externa aquecida sobretudo a partir do segundo trimestre deste ano, fizeram estoques longos do derivado, adquirindo apenas pequenos lotes para completar suas reservas no decorrer de outubro. Além disso, diante da firme demanda por óleo de soja, houve uma expectativa de excedente de farelo, reforçando a postura retraída de compradores.
Já uma outra parcela dos consumidores, especialmente suinocultores e representantes de confinamentos, seguiu ativa nas aquisições do derivado, favorecida pelo maior poder de compra, o que impediu quedas mais acentuadas nos preços domésticos. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações do farelo de soja ficaram praticamente estáveis (+0,1%) de setembro para outubro. No comparativo com outubro/23, porém, houve forte baixa de 11,1%, em termos reais.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento cedeu1,3%, a US$ 317,83/tonelada curta (US$ 350,35/t) – valor 20,5% inferior ao registrado há um ano e a menor média mensal desde ago/20, período em que as negociações do farelo estavam abaixo de US$ 300/tonelada curta.
Campo
De acordo com a Conab, 53,3% da área nacional havia sido semeada até 3 de novembro, acima dos 48,4% há um ano. As atividades decampo avançaram significativamente em São Paulo, alcançando 93% da área cultivada, acima dos 70% em 2023. Em Mato Grosso do Sul, a semeadura atingiu 79% da área reservada para a soja, 9 pontos percentuais a mais que no mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, o cultivo chegou a79,5%, ainda abaixo dos 80,2% há um ano. No Paraná, 74% da área reservada para a soja foi cultivada até 3 de novembro, acima dos 69%cultivados em período equivalente de 2023.
Em Goiás, a semeadura alcançou 49%, ante 41% há um ano. Em Minas Gerais, 34,4%, acima dos 30,6% semeados em igual período de 2023. No Sul e no Matopiba, as atividades também foram iniciadas em outubro.
A semeadura da temporada 2024/25 começou na Argentina. De acordo coma Bolsa de Cereales, 3,3% dos 19 milhões de hectares foram semeados até o dia 30 de outubro.
Nos Estados Unidos, o clima segue favorecendo a colheita da safra 2024/25. De acordo com relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA),94% da área cultivada com soja foi colhida até 3 de novembro, à frente dos89% colhidos há um ano e dos 85% na média dos últimos cinco anos.
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Fonte: CEPEA Foto: Divulgação