EXPEDIÇÃO SAFRA 2019 - URUGUAI - COLHEITA DE SOJA - FOTO: MICHEL WILLIAN/GAZETA DO POVO - 12.04.2019

Ciclo 2024/25: La Niña deve “combater” queimadas e ajudar a nova safra

O calor extremo, a vegetação seca e a propagação descontrolada de incêndios na região Centro-Oeste, em que não chove há mais de 150 dias, não afastam a perspectiva de uma safra recorde no novo ciclo agrícola que se inicia no Brasil.

Apesar do cenário apocalíptico das queimadas, ficar quatro a cinco meses sem chover não é algo anormal para o Cerrado. O que fugiu do previsto nesse ano foi o excesso de calor, que deixou solo e vegetação secos, propícios ao fogo. Nos dez primeiros dias de setembro, a temperatura média máxima em Mato Grosso chegou a 39,6 ºC, contra uma média máxima histórica de 35,6 ºC, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A chegada do La Niña, contudo, deve mudar o cenário em breve, recuperando a umidade do solo e devolvendo o verde ao cenário do Brasil Central. Em contrapartida, esse mesmo La Niña, provocado pelo resfriamento das águas do Pacífico, costuma ser desfavorável à safra no Sul do país, e preocupa por trazer consigo chuvas erráticas para a região.

Barreira natural contra os incêndios

“O problema do La Niña para o Sul não é que chova abaixo da média, mas é a irregularidade da chuva. Em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e principalmente no Rio Grande do Sul, deve chover bem em outubro, mas as chuvas tendem a diminuir bastante no final de novembro e dezembro. Isso pode atrapalhar a safra. Já em Mato Grosso, Goiás e lá para cima, a hora que começar a chover, a chuva vem sem problema algum”, aponta o meteorologista Luiz Renato Lazinski.

Em relação ao bioma amazônico, igualmente castigado pelo tempo seco e pelas queimadas, as chuvas devem vir acima da média na primavera, a partir da segunda quinzena de outubro. Assim, estaria a caminho uma barreira natural à proliferação dos incêndios.

Ainda não há estimativas oficiais da dimensão dos prejuízos causados pelas queimadas na agropecuária de Mato Grosso, que produz 31% dos grãos no país. Como as safrinhas de algodão e milho já estavam colhidas em agosto, as perdas se concentram na queima das pastagens e destruição da matéria orgânica superficial do solo. “Quem tinha a palhada, a cobertura do solo, ele perdeu para o estabelecimento da próxima safra. Isso impacta na cobertura que as sementes teriam e no desenvolvimento inicial das lavouras”, diz Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Paciência para decidir a hora de plantar

Por outro lado, o atraso na largada do plantio de verão, devido à estiagem, ainda não preocupa os mato-grossenses. “O final de outubro e o início de novembro é um ponto de corte-chave para a gente. É no mês de novembro que precisamos ter um grande volume semeado para conseguir dar vazão à safra aqui no estado”, sublinha Gauer.

Esse volume de chuva necessário para recuperar a umidade do solo e criar condições propícias à germinação das sementes deve vir em outubro. Até lá, as primeiras chuvas no Centro-Oeste ainda devem ser irregulares.

“O produtor vai ter que ter paciência porque a regularização das chuvas esse ano deve acontecer um pouquinho mais tarde, a partir da segunda quinzena de outubro. No entanto, pensar em plantar na segunda quinzena de outubro, em termos de Cerrado, é normal”, avalia Ludmila Camparotto, meteorologista da Rural Clima.

Pelo calendário oficial, a largada para o plantio da safra de verão foi dada no dia 1.º de setembro para boa parte do Paraná, e no dia 7 para Mato Grosso – os dois maiores produtores de soja do país. Antes dessas datas, a semeadura da leguminosa é proibida devido ao vazio sanitário, prática de erradicação de restos de plantas do ciclo anterior, para evitar a proliferação da doença conhecida como ferrugem da soja. Até agora, porém, praticamente nenhuma semente foi lançada ao solo.

Fonte: Gazeta do Povo Foto: Michel Willian/Arquivo Gazeta do Povo

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Inscrições do Concurso Café Qualidade Paraná vão até 30 de setembro

Os produtores rurais interessados em participar da 22ª edição do Concurso Café Qualidade Paraná têm até 30 de setembro para se inscrever nas unidades municipais do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) ou nos sindicatos rurais. O evento é promovido pela Câmara Setorial do Café do Paraná, que é formada pelo Sistema FAEP, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), IDR-Paraná e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina. Pela primeira vez, a cerimônia de encerramento será realizada em Curitiba, no dia 12 de novembro.

Com a realização da premiação na capital paranaense, o concurso busca dar mais visibilidade aos produtos entre os consumidores. Além disso, os cafeicultores terão a oportunidade de conhecer e estar em contato direto com o mercado consumidor, com possibilidade de venda para cafeterias.

“Os produtores rurais aprovados na prova de peneira terão o deslocamento até Curitiba custeado pelo Sistema FAEP, incluindo hospedagem e alimentação. Além disso, em comparação ao ano passado, houve um aumento no aporte do valor da premiação para esta edição. Essas ações reforçam o compromisso da entidade em valorizar a produção dos cafés especiais do Paraná”, destaca Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

Nos últimos anos, o IDR-Paraná também investiu na formação de técnicos e extensionistas para a avaliação dos cafés. Atualmente, o concurso conta com a participação de oito Q-graders de nível internacional e dez juízes do IDR-Paraná, profissionais altamente qualificados na análise de cafés especiais.

O Concurso Café Qualidade Paraná é o terceiro maior prêmio do gênero no Brasil, ficando atrás apenas de iniciativas realizadas em Minas Gerais e Espírito Santo, os maiores produtores nacionais de café.

Regulamento

O concurso é dividido nas categorias de café natural e café cereja descascado ou despolpado. Podem participar proprietários rurais, meeiros, arrendatários e/ou parceiros, com comprovação de atividade cafeeira no Paraná. Os lotes deverão ser compostos por 100% de café arábica produzido na propriedade inscrita.

O processo de avaliação inclui etapas de coleta das amostras, quantificação, classificação física e a prova sensorial, também chamada de “prova de xícara”. Nessa fase, os cafés serão avaliados por jurados com base na metodologia de avaliação sensorial estabelecida pela Associação de Cafés Especiais (Specialty Coffee Association – SCA, em inglês).

Fonte: Faep

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Produção de café de 2024 é estimada em 54,79 milhões de sacas, influenciada por clima

Com 96% da área do café já colhida no final de agosto, a safra de 2024 do grão está estimada em 54,79 milhões de sacas beneficiadas, redução de 0,5% se comparada com a produção obtida em 2023. Os dados estão no 3º levantamento da cultura, divulgado nesta quinta-feira (19) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O clima exerceu influência entre o segundo e o terceiro levantamentos realizados pela Conab, frustrando algumas estimativas que apontavam para um bom potencial produtivo das lavouras.

O início da atual safra indicava um novo crescimento na colheita, considerando a situação das lavouras na época e o ciclo de alta bienalidade. No entanto, as condições climáticas adversas, como: estiagens, chuvas esparsas e mal distribuídas, juntamente com altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos, reduziram as produtividades previstas inicialmente. Com isso, a produtividade média nacional de café está estimada em 28,8 scs/ha, 1,9% abaixo da obtida na safra de 2023.

Para o arábica, a estimativa aponta para uma produção de 39,59 milhões de sacas, o que ainda representa um crescimento de 1,7% acima da safra anterior. Apenas Minas Gerais, principal produtor de café no Brasil, será responsável pela colheita de 27,69 milhões de sacas desta espécie, redução de 3,4% em comparação ao total colhido na safra anterior. Esta redução se deve às estiagens, acompanhadas por altas temperaturas durante o ciclo reprodutivo das lavouras e agravadas a partir de abril, quando as chuvas praticamente cessaram em todo o estado, com registros de precipitações pontuais e de baixos volumes.

Em São Paulo, o clima também afetou o desempenho das lavouras. Ainda assim, é esperado um crescimento de 8,2% em comparação ao resultado obtido em 2023, podendo chegar a uma produção de 5,44 milhões de sacas neste ano. Cenário semelhante é verificado nas regiões produtoras de arábica no Espírito Santo, Rio de Janeiro e na área do cerrado baiano, onde o incremento projetado deverá ser menor que o inicialmente estimado.

Já para o conilon, é esperada uma queda de 6% na produção, estimada em 15,2 milhões de sacas. No Espírito Santo, principal produtor de conilon do país, a safra está estimada em cerca de 9,97 milhões de sacas, redução de 1,9%. Já em Rondônia e na região do atlântico baiano, a colheita deve registrar uma queda expressiva de 16,4% e 13,3% respectivamente. Na Bahia essa diminuição é explicada principalmente pela menor produtividade registrada, enquanto que em Rondônia pela menor área cultivada, reflexo de ajustes realizados em virtude de novas e mais precisas informações coletadas, com um projeto de mapeamento das áreas em curso.

O documento também mostra que a área total destinada à cafeicultura no país em 2024, para o arábica e conilon, totaliza 2,25 milhões de hectares, sendo com 1,9 milhão de hectares em produção, com crescimento de 1,4% em relação ao ano anterior, e 345,16 mil hectares em formação, com redução de 4,5%.

Mercado

Os preços de café no mercado seguem atrativos para o produtor. O produto se mantém valorizado, uma vez que a oferta do grão permanece ajustada. No Brasil, principal produtor mundial, a produção nas safras 2021 e 2022 foram limitadas devido às questões climáticas. Além disso, a produção no Vietnã também sofreu com o clima, o que reduziu os estoques asiáticos de café. Esse cenário de oferta limitada e alta demanda pressiona os estoques mundiais e influenciam na forte alta nos preços do robusta no mercado internacional, que também reflete na valorização do arábica.

Diante deste cenário, as exportações brasileiras registram 32,1 milhões de sacas de 60 quilos de café, no acumulado de janeiro a agosto de 2024, volume que corresponde a um aumento de 40,1% na comparação com igual período de 2023, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse volume é o maior já exportado pelo Brasil, considerando os oito primeiros meses de cada ano. Caso as exportações de café nos meses finais de 2024 permaneçam elevadas, o país poderá superar o recorde registrado no ano de 2020, quando foram embarcadas 43,9 milhões de sacas de 60 quilos.

Para obter mais detalhes sobre os números da safra de café no país basta acessar as tabelas e o Boletim completo do 3° Levantamento do produto.

Fonte: Conab Foto: Divulgação

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XXII Congresso Brasileiro de Sementes reúne mais de 1.600 participantes

Entre os dias 10 e 13 de setembro, foi realizado pela associada ABRATES, o XXII Congresso Brasileiro de Sementes, um dos eventos mais representativos do setor, com o tema: “Semente: a matéria prima da sustentabilidade”.

Na oportunidade, o presidente executivo da Abrasem, Sr. Ronaldo Troncha, participou do painel de discussão entre Abrasem, Mapa e CSM. Ronaldo Troncha fez uma apresentação sobre a Instituição e anunciou a realização do Congresso de Sementes da SAA em 2025 no Brasil.

Outro ponto importante foi a homenagem da Abrasem ao Sr. Ralf Dengler, pelos 18 anos de dedicação como coordenador do Comitê de Legislação da Abrasem.

O evento, que contou 1.688 participantes, proporcionou a todos a oportunidade de interação entre todo o setor sementeiro e do agronegócio brasileiro.

A Abrasem agradece a todos e parabeniza a Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes pelo brilhante evento.

Fonte: Abrasem Foto: Divulgação

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Comissões de Sementes e Mudas debatem implementação de normativas e ajustes legais no XXII CBSementes

As alterações e a implementação de instruções normativas, bem como ajustes legais e administrativos no setor de produção de sementes estão entre as principais demandas das Comissões de Sementes e Mudas (CSMs). Representantes das comissões de diversos estados realizaram a primeira reunião nacional durante o o terceiro dia do XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que encerrou no último dia 13, em Foz do Iguaçu (PR).

O encontro foi organizado pela Comissão de Sementes e Mudas do Paraná (CSM-Paraná) em parceria com a Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), promotora do CBSementes.

Para o presidente da ABRATES, Fernando Henning, a reunião nacional das CSMs é relevante para criar harmonia entre as diferentes comissões, uniformizar os regimentos internos e articular mudanças estratégicas junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária. “A uniformização é importante para garantir sinergia entre as estruturas burocráticas das CSMs, o que facilita a implementação de demandas. Outro ponto importante foi a possibilidade de cada CSM apresentar suas necessidades locais, permitindo trocas entre diferentes estados”, explica Henning.

Isabela Mendes Carvalho, Coordenadora Geral de Sementes e Mudas do MAPA, destacou que as comissões têm um papel fundamental no assessoramento ao MAPA. Ela ressaltou a necessidade de atualização de normas, uma demanda central das comissões, já que várias instruções normativas e portarias precisam ser revisadas para se adequarem às mudanças recentes no decreto regulador do setor.

“Foi um encontro com relatos importantes sobre as dificuldades e demandas do setor, além dos avanços junto ao Ministério da Agricultura”, afirmou Jhony Möller, diretor-executivo da CSM-Paraná. Participaram dos debates representantes das comissões do Paraná,  Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pará e Tocantins.

O mix de sementes foi outro assunto discutido pelas CSMs. A palestrante Maria Selma Carvalho, da Associação dos Produtores de Sementes de Minas Gerais, falou sobre a importância das misturas de sementes (mix) para cobertura de solos, que oferecem vantagens em relação às espécies individuais, melhorando a retenção de água e a reciclagem de nutrientes. Ela destacou que o novo decreto 10.586 facilitou a comercialização de misturas de sementes, o que impulsionou o crescimento do setor, com empresas surgindo e expandindo significativamente.

Suemar Alexandre Gonçalves Avelar, da AgCroppers, apresentou um estudo de caso sobre o controle de qualidade na produção de mix de sementes. Ele detalhou as etapas do processo, desde a produção e beneficiamento até a análise e validação das amostras, garantindo que o produto final atenda às especificações antes de ser enviado ao cliente. Também participou das discussões sobre regulamentações a secretária Executiva da Associação Nacional dos Produtores de Sementes de Gramíneas e Leguminosas Forrageiras

No debate das CSMs, o pesquisador José de Barros França Neto e a consultora Maria de Fátima Zoratto discutiram a trajetória da Embrapa Soja e da Associação de Produtores de Sementes de Mato Grosso (APROSMAT)e sua colaboração com a CSM. Eles relataram contribuições em diagnósticos e práticas de tratamento de sementes, além de mudanças importantes nas normas de embalagens e padrões de qualidade, sempre com base em estudos da Embrapa.

O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ronaldo Troncha, anunciou ontem durante a primeira reunião nacional das Comissões de Sementes e Mudas, a realização do Congresso de Sementes das Américas (SAA), que  está pré-agendado para acontecer em 2025, em Foz do Iguaçu (PR).

“Estou preparando um ‘save the date’ para o Congresso. Inicialmente estava previsto para o Rio de Janeiro, mas, devido a questões logísticas, foi transferido para o Paraná. O último congresso aconteceu em Montevidéu e, recentemente, houve um seminário no Peru, onde se decidiu que o próximo evento seria no Brasil”, explicou Troncha.

O evento terá a promoção da Associação de Sementes da América (SAA), que reúne representantes de vários países da América, incluindo a Abrasem. Segundo ele, o evento em Foz do Iguaçu contará com uma ampla representatividade. Antes disso, haverá outro congresso da SAA em Buenos Aires, começando em 30 de outubro deste ano.

Fonte: Agrolink & Assessoria Foto: Divulgação

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Semana da Sanidade Animal do Paraná

Marcado para os dias 1, 2 e 3 de outubro de 2024 e totalmente acessível online (Webinar), a Semana da Sanidade Animal do Paraná promete ser um divisor de águas para técnicos, gestores e produtores rurais envolvidos com a produção animal. Idealizado pelo Sistema Ocepar e com o apoio fundamental do Sistema FAEP/SENAR-PR, o evento será uma plataforma de lançamento para práticas mais sustentáveis e competitivas na agropecuária brasileira.

Neste cenário globalizado, entender e aplicar princípios de sanidade animal de excelência é de extrema importância, não apenas para manter, mas para ampliar a competitividade no mercado internacional. Ao participar, você se conectará com especialistas e colegas da indústria que estão redefinindo os padrões de qualidade e segurança em produção animal, garantindo não só a sustentabilidade, mas também a viabilidade econômica de suas operações a longo prazo.

Junte-se a nós para uma jornada de aprendizado, inovação e networking que irá elevar sua prática e produção a novos patamares. A sua presença é fundamental para que juntos possamos construir um futuro mais próspero e resiliente para a agropecuária nacional.

Serviço:

DATA: 1º de março de outubro, evento online, inscrições até 27 de setembro de 2024.

Link: https://forms.office.com/r/iK9yh142UT

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Operação contra o desmatamento da Mata Atlântica começou nesta segunda (16)

Uma ação de combate ao desmatamento na Mata Atlântica do Paraná teve início nesta segunda-feira (16) e deve se estender até o dia 27 de setembro. A iniciativa acontece todos os anos e engloba 17 estados do Brasil, com coordenação do Ministério Público de Minas Gerais e da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa).

O objetivo é identificar pontos de desmate e também responsabilizar os possíveis envolvidos no corte da mata. No ano passado, foram 633 hectares desmatados no Paraná, segundo relatório técnico produzido pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

A ação acontece em diferentes fases. Na primeira, são levantadas as áreas desmatadas. Em seguida, proprietários são identificados pelos ministérios públicos, e as áreas são fiscalizadas pelos órgãos públicos e pelas polícias ambientais. Se for detectado o desmatamento, os responsáveis são autuados e podem responder judicialmente nas esferas cível e criminal.

Para entender as ações no Paraná, é preciso conhecer a cobertura de vegetação do estado. O diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, Clóvis Borges, explica que grande parte da Mata Atlântica preservada está na Serra do Mar e também no Parque Nacional do Iguaçu.

O especialista apontou dois pontos principais indispensáveis no papel da preservação. Segundo ele, o primeiro seria infraestrutura e gestão qualificada nas unidades de conservação.

Já outro ponto seria a preservação dos “fragmentos” restantes da Mata Atlântica que estão espalhados em diferentes regiões do Paraná. Ele explica que não se pode depender apenas do trabalho de recuperação de áreas já desmatadas, porque é um processo muito lento.

Em 2023, segundo o Instituto Água e Terra, o Paraná conseguiu reduzir em 71,5% a supressão ilegal da Mata Atlântica. O levantamento do IAT mostrou que houve pelo menos 1.400 autuações no estado no ano passado, sendo 245 na Região Metropolitana de Curitiba.

Já segundo um relatório da Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento diminuiu 78% entre 2022 e 2023, de 2.883 hectares para 633 hectares no Paraná.

Com relação as ações de combate realizada neste mês, um o balanço da operação será divulgado pelo Ministério Público do Paraná no dia 3 de outubro.

Fonte: CBN Foto: Ilustrativa

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Combustíveis do futuro são oportunidades para a agropecuária do Paraná

O Brasil cresceu a ponto de se consolidar como um dos maiores fornecedores de alimentos ao mundo. Agora, está prestes a assumir mais um papel crucial para a economia global. A criação de um marco regulatório para os chamados combustíveis do futuro representa a chance de o país assumir o protagonismo da energia renovável.

Fornecedor das matérias-primas para a produção de etanol, biodiesel, diesel verde (HVO) e combustível de aviação sustentável (SAF – Sustainable Aviation Fuel, em inglês), o agronegócio está sendo convocado a alavancar a revolução na economia sustentável.

Por trás dessa oportunidade está o Projeto de Lei (PL) 528/2020, aprovado pelo Congresso Nacional no dia 11 de setembro de 2024. Atualmente, o texto aguarda sanção presidencial para se tornar Lei. Em resumo, a nova legislação integra as ações de programas já existentes envolvendo a mistura de biodiesel ao diesel convencional e de etanol à gasolina. Além disso, reúne na mesma legislação programas de incentivo e a definição de metas para o uso de combustível sustentável de aviação (SAF), diesel verde (HVO) e biometano, além de tratar de outros temas relacionados.

“A aprovação de uma nova legislação sobre os ‘combustíveis do futuro’ é crucial para organizar o setor de combustíveis e transporte, proporcionando segurança jurídica, atratividade para investimentos e expansão das cadeias produtivas”, explica Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. “Esta iniciativa visa não apenas estabelecer um marco legal claro, mas também evitar interferências que, na era somente das normativas, eram comuns, consolidando a regulamentação sob a forma de lei”, completa.

Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, observa que a inclusão do etanol, biodiesel, diesel verde e biogás no debate dos combustíveis do futuro abre portas para a inovação e também para a ampliação das metas de mistura desses biocombustíveis, fortalecendo a economia agrícola e diversificando as fontes de renda do produtor rural. “Além do impacto positivo para o meio ambiente, o avanço dos combustíveis sustentáveis traz benefícios diretos para a segurança energética do país, com a possibilidade de reduzir a dependência da importação de combustíveis fósseis”, aponta.

O biodiesel e o etanol já são realidades no Brasil há bastante tempo, colocando o país na vanguarda do uso de combustíveis que reduzem a emissão de gases de efeito estufa. O biometano, por sua vez, tem crescido com o uso em projetos pontuais. Já os novos combustíveis (SAF e HVO) estão em fase de pesquisa e projetos-piloto, mas com a legislação passam a ter um ambiente propício para seu desenvolvimento, com garantia de que haverá mercado para os produtos.

“Esses novos combustíveis enfrentam algumas barreiras, principalmente em termos de custos de produção e desafios tecnológicos. O Brasil, porém, tem dado passos importantes para criar um ambiente favorável aos investimentos necessários para o desenvolvimento dessas soluções”, aponta Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Na avaliação do setor produtivo, a nova lei deve abrir uma janela de oportunidades aos produtores rurais que atuam em cadeias que fornecem matérias-primas para os combustíveis do futuro. A expectativa é de que isso traga impacto positivo nos preços, já que há um potencial de rearranjo em toda a matriz energética.

“Toda política que promova aumento do consumo da produção agropecuária contribui para a melhoria da renda dos agricultores. Adicionalmente, estamos falando de uma política que fomenta a industrialização e que multiplica o PIB da cadeia, gerando desenvolvimento socioeconômico regional”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).

“Temos a oportunidade de ser a ‘Arábia Saudita’ dos biocombustíveis”, resume Guilherme Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), em alusão ao fato de o país do Oriente Médio ser a maior potência na produção de petróleo. “Os combustíveis do futuro vão potencializar e valorizar as cadeias de negócios envolvidas. Estamos entrando em um novo ciclo de desenvolvimento: agroindustrialização de bens primários em resposta a dois grandes desafios mundiais que são a segurança alimentar e energética”, complementa.

Biodiesel

O início da discussão para a mistura de biodiesel ao diesel de origem fóssil no Brasil teve como marco o ano de 2005, quando a Lei 11.097 passou a regulamentar a inclusão do combustível renovável na matriz energética. Desde então, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem anunciado aumentos gradativos na mistura, chegando ao nível de 14% desde março de 2024. Nos últimos 10 anos, o volume produzido no país, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), mais que dobrou, saindo de 2,9 milhões de metros cúbicos em 2013 para 7,5 milhões de metros cúbicos em 2023. Mais de 70% desse combustível produzido no país têm como matéria-prima o óleo de soja.

O PL 528/2020 não só altera a mistura de biodiesel ao diesel de 14% para 15%, como prevê o acréscimo de 1% por ano, chegando a 20% em 2030, o que sinaliza para a continuidade de crescimento dessa curva.

“Quanto maior o percentual e, consequentemente, o consumo de soja interno, todos ganham. Afinal, vai reduzindo a participação dos combustíveis fósseis na nossa matriz energética. Ganha o meio ambiente, com a redução dos gases de efeito estufa, e o produtor”, diz Leonardo Braúna, assessor técnico da Aprosoja Brasil.

O Paraná possui quatro plantas de produção de biodiesel, segundo a Biodiesel BR, com capacidade de fabricação anual de 1,6 bilhão de litros. Localizada no município da Lapa, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), uma dessas é a maior planta do Brasil em capacidade de produção, com 900 milhões de litros anuais. As outras fábricas em solo paranaense ficam em Marialva, Maringá e Umuarama.

Etanol

A história mais antiga dos combustíveis renováveis no Brasil está ligada ao etanol. O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado pelo governo brasileiro durante a crise mundial do petróleo dos anos 1970. No início dos anos 1990, a frota brasileira de automóveis chegou a ser composta em sua maioria por veículos movidos a álcool. Mais tarde, no início dos anos 2000, surgiram os carros flex, movidos tanto a gasolina quanto a etanol, representando mais um passo importante na evolução do uso do combustível verde.

Outra política pública no incentivo a esse combustível é a mistura de etanol anidro à gasolina. Atualmente, há duas matérias-primas principais usadas na fabricação desse produto: a cana-de-açúcar e o milho. O milho vem ganhando relevância e responde por cerca de 20% da produção nacional. Mas a cana ainda é responsável pela maioria do álcool usado para misturar na gasolina, com uma tendência de elevação nos últimos 10 anos. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o volume de etanol anidro fabricado na safra 2023/24 foi de 13,1 milhões de metros cúbicos, contra 8,7 milhões de metros cúbicos na temporada 2012/13.

No que depender do novo marco legal dos combustíveis verdes, esse volume vai crescer ainda mais nos próximos anos. O PL dos “combustíveis do futuro” prevê o aumento do percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro em uma faixa que varia de 27% a 35%, com a liberação excepcional ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para chegar a 22%, conforme critérios econômicos. Atualmente, o intervalo previsto vai de 22% a 27%, com possibilidade de chegar ao mínimo obrigatório de 18%.

Biogás

Um dos setores que ganha novo fôlego com o PL 528/2020 é o de biogás. Renata Isfer, presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás, vê com otimismo as recentes discussões. “A nova legislação proposta promete impulsionar o setor, criando uma demanda garantida pelo biometano e introduzindo certificados de garantia de origem, destacando sua natureza renovável. Isso deve estimular o crescimento do mercado e, consequentemente, da produção nos próximos anos”, aponta.

Além de poder ser usado de forma pura na geração de energia limpa para indústrias, no aquecimento de caldeiras e nas casas das pessoas, na cocção limpa de alimentos, o gás pode ser usado no abastecimento de veículos leves e pesados. Há ainda projetos de desenvolvimento de outros combustíveis verdes a partir do biometano, como o próprio SAF.

“Essa expansão tem como principais desafios a infraestrutura necessária e a adaptação regulatória às especificidades técnicas do biometano, que diferem do gás natural em muitos aspectos”, enumera Renata.

Outro benefício direto ao agronegócio é que uma das principais formas de produção de biometano ocorre a partir do reaproveitamento de resíduos produtivos. O Sistema FAEP tem incentivado pecuaristas a investir em sistemas de processamento de efluentes para transformar passivo ambiental em riquezas.

Inclusive, em 2017, o Sistema FAEP organizou quatro viagens técnicas à Europa, com delegações que percorreram a Alemanha, Áustria e Itália para conhecer modelos de produção de energia sustentável e adaptar projetos à realidade paranaense.

Combustíveis avançados

O novo marco legal também pretende turbinar a produção dos chamados combustíveis avançados (chamados de drop in), nos quais se enquadram o diesel verde e o SAF. A grande vantagem dessas fontes de energia é que elas podem ser usadas sem ajuste nos motores de veículos já existentes, tanto os movidos à diesel quanto os aviões em circulação à querosene de aviação. As moléculas são parecidas com a dos combustíveis fósseis, só que com menor impacto ambiental.

O diesel verde é produzido a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gorduras vegetais – de matérias-primas como cana, soja e outras biomassas. Até o momento, a tecnologia está em fase de testes no Brasil. A legislação prevê que o CNPE definirá o volume mínimo desse combustível a ser produzido, em relação ao diesel comum.

Para o setor agropecuário, o potencial que se abre é gigantesco, sobretudo em razão da oferta de matérias-primas para a produção do diesel verde. “A soja é uma grande possibilidade, pois é produzida de Norte a Sul, e tem um transporte fácil dos locais de produção até as usinas de processamento”, destaca Leonardo Braúna, da Aprosoja Brasil.

Além dessas vantagens, também há reflexos positivos no meio ambiente. O diesel verde praticamente zera a emissão de CO2 e reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa. Inicialmente, há um potencial de vantagens, inclusive, em relação ao biodiesel, como a redução de um terço na emissão de hidrocarbonetos e de material particulado fino e de 24% de monóxido de carbono (CO).

“Temos um círculo virtuoso de agregação de valor aos bens primários, atração de investimentos, geração de empregos e aumento de renda com grande impacto na intensificação da atividade pecuária e liberação de áreas de pastagens de baixa produtividade ao cultivo de grãos. Podemos aumentar a produção de energia limpa e alimentos sem avançar em novas áreas”, observa Guilherme Nolasco, presidente da Unem.

Já o SAF está diretamente relacionado à aviação civil, responsável por cerca de 3,5% do CO2 que vai para a atmosfera, conforme estudo da Manchester Metropolitan University, da Inglaterra. As primeiras pesquisas estimam que seja possível reduzir entre 70% e 90% a emissão de gases de efeito estufa com o uso de SAF. Pelo marco legal, as empresas aéreas brasileiras serão obrigadas, gradativamente, a reduzir as emissões de CO2 em 10% até 2037.

Atualmente, no Brasil e no mundo, há uma corrida de grandes empresas para o desenvolvimento de tecnologias viáveis para a fabricação de SAF. Há pelo menos sete caminhos tecnológicos aprovados e outros cinco em processo de homologação no Brasil. As matérias-primas que podem ser utilizadas envolvem biomassa, biogás, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos e agrícolas e gases residuais. Outro ingrediente crucial é o hidrogênio, que reage com o dióxido de carbono e forma os chamados hidrocarbonetos de cadeia longa (com semelhança aos presentes no querosene de aviação).

Sistema FAEP fomenta as energias renováveis nas propriedades rurais

O Brasil tem uma das matrizes de energia elétrica mais limpas do mundo, com mais de 90% da geração a partir de fontes renováveis. Um dos pilares ainda está nas usinas hidrelétricas, que têm a vulnerabilidade da ocorrência de estiagens. Quando o nível de água baixa, o Ministério de Minas e Energia aciona o parque de termelétricas, que são fontes de geração mais caras, mas mais previsíveis. “Nesse contexto das energias do futuro, os combustíveis renováveis podem ser usados na própria estrutura das térmicas”, aponta Luiz Eliezer Ferreira, do DTE do Sistema FAEP.

Além disso, o produtor rural também pode produzir sua própria energia, de forma sustentável, nas propriedades. Isso tanto a partir da geração fotovoltaica e eólica, quanto com biodigestores, por exemplo.

“O Sistema FAEP tem dado apoio aos produtores rurais para a implantação de projetos que, ao mesmo tempo, reduzam custos de produção e contribuam para a segurança energética no Brasil. Estamos caminhando à construção de um sistema que gera energia a partir de fontes renováveis, desde dentro da propriedade até o consumidor final, formando uma cadeia produtiva completa de energia renovável”, detalha Ferreira.

Paraná tem políticas relacionadas ao hidrogênio renovável

De olho nas tendências sobre os combustíveis do futuro, o Paraná deflagrou uma série de ações relacionadas ao hidrogênio renovável – considerada uma das mais promissoras matrizes de energia limpa. No fim do ano passado, o Estado instituiu o Plano de Hidrogênio do Paraná, que deve mapear o potencial desse tipo de energia e medidas voltadas ao licenciamento e desenvolvimento da cadeia produtiva.

Em maio, o Paraná já havia aprovado uma lei estadual que incentiva o uso do hidrogênio renovável em todo o Estado. Em setembro, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) criou uma frente parlamentar, coordenada pela deputada estadual Maria Victoria, para fomentar essa matriz energética.

Neste ano, o Paraná foi além e criou comitês de governança para incentivar as cadeias de biogás e hidrogênio renovável. Todas essas iniciativas contam com o apoio do Sistema FAEP.

Fonte: Assessoria de Imprensa Faep Foto: Divulgação Faep

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Simpósio debate maior cadeia de sementes e mudas do Brasil

O 11.º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais provocou um amplo debate na abertura do XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que traz como tema central “Sementes: matéria prima da sustentabilidade”. O CBSementes começou nesta terça-feira e prossegue até sexta-feira (13), em Foz do Iguaçu (PR).

A cadeia de sementes e mudas no Brasil é um dos maiores mercados mundiais do segmento. O Brasil tem 500 milhões de hectares de florestas nativas e 8 milhões de hectares exóticas plantadas.

Bárbara Dantas, coordenadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais e organizadora do Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais disse que o tema é importante para o setor. “Foi um ganho ter a visibilidade dentro de um congresso que se fala tanto de commodities, tanto de soja, tanto de grãos”, ressaltou.

As discussões abordadas no simpósio contemplam as políticas públicas de restauração, quanto de tecnologia de sementes, análise, armazenamento, a influência das sementes florestais na mitigação das mudanças climáticas, e de que forma as redes de coletores, de produtores de sementes florestais conseguem se organizar e conseguem atuar neste segmento. “Não só os cientistas, não só os pesquisadores da área, mas os produtores, os pequenos produtores, a comunidade civil também, como que essas pessoas atuam na área das sementes florestais para a restauração e para a mitigação das mudanças climáticas”.

Restauração – Dentre os palestrantes do painel de abertura está Fatima Piña Rodrigues, professora doutora da Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba, membro fundadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais e coordenadora do Programa Nacional de Silvicultura de Nativas.

Segundo Fátima, atualmente existem mecanismos legais que podem apoiar o produtor na restauração das propriedades, colocá-la de acordo com a lei e, além disso, aumentar a sua produtividade. “Hoje a gente tem dados que se você restaura a sua propriedade, você diversifica sua agricultura e tem áreas de conservação, reduzindo a quantidade de insumos que tem que usar ou de controle. Você mantém a fauna, a flora”.

Fátima Piña cita alguns resultados de curto a médio prazo: a possibilidade de abrir novas fontes de recursos, seja com a questão do mercado de carbono, seja com a questão do pagamento de serviços ambientais, ou inclusive com a própria produção que vem do processo de restauração. “Há uma infinidade de produtos medicinais, tecnológicos, que podem ser tirados dessa área de floresta. Não é só madeira. E o mercado de carbono, está aí. Nós temos que correr atrás porque a comunidade econômica europeia tem metas e está correndo atrás de 2030”, destacou.

Na visão da especialista, talvez falte percepção para a mudança de mentalidade na preservação do meio ambiente. “Muitas pessoas não conseguem perceber que o que aconteceu no Rio Grande do Sul tem uma forte ligação com os impactos do desmatamento que aconteceram na Amazônia. Nós temos os rios voadores de água. Esses rios voadores cada vez mais estão chegando em menor quantidade no Mato Grosso, dificultando a implantação das grandes culturas, que tem ligação com o desmatamento que aconteceu na Amazônia”.

Produção agrícola e clima – Complementando o painel, o pesquisador Santiago Cuada, da Embrapa Agricultura Digital, destacou em sua palestra a relação entre a produção agrícola e o clima, ressaltando que, em um país tropical como o Brasil, grande parte da variação na produtividade está diretamente associada a fatores climáticos. “A Embrapa tem trabalhado na quantificação dos riscos climáticos, e essas análises são repassadas ao Ministério da Agricultura, que publica portarias que servem de base para os bancos concederem crédito rural e, principalmente, para o seguro rural, que segue essas diretrizes obrigatórias”, explica o pesquisador.

Segundo Cuada, já é evidente um agravamento das condições climáticas ao comparar o clima atual com o de 20 ou 30 anos atrás. Isso tem resultado em um aumento do risco de perdas relacionadas à variabilidade climática. “Embora os avanços tecnológicos tenham ajudado a reduzir perdas de produtividade e trazido maior estabilidade às colheitas, as perdas ainda têm aumentado nos últimos anos por conta das questões climáticas”, afirma.

Cuada explicou que, no caso do seguro rural, por exemplo, os custos quase dobraram em anos recentes. Em 2022, os gastos com o Proagro chegaram a cerca de R$ 8 bilhões, em comparação aos R$ 2 bilhões de anos anteriores. Ele apontou que, embora 2023 tenha sido um ano um pouco melhor, o cenário continua desafiador.

Além disso, o pesquisador destacou que o agronegócio brasileiro precisará se adaptar para continuar acessando o mercado global. Ele citou o exemplo da nova regulamentação da União Europeia, que proibirá a importação de produtos agrícolas de áreas com desmatamento, o que vai exigir que o produtor seja mais sustentável.

Crédito de carbono – Santiago Cuadra desmistifica a ideia de que o crédito de carbono possa ser visto como uma “terceira safra”. “Na verdade, não existe uma bala de prata, existem diferenças alternativas para continuar tendo acesso ao mercado e receber também um pagamento para esse serviço ambiental”, avalia.

 “O valor gerado pelo crédito de carbono, embora benéfico, não é suficiente para ser comparado a uma safra completa”, acrescenta. No entanto, o pesquisador afirmou que práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de plantas de cobertura e melhores práticas agrícolas, trazem ganhos significativos em produtividade e estabilidade, o que, financeiramente, é muito mais vantajoso para o produtor do que o crédito de carbono isoladamente.

12 milhões de hectares – Desde o Acordo de Paris em 2015 e reafirmado em 2017, o Brasil estabeleceu a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, com base no passivo do Código Florestal. No entanto, não há um sistema público oficial que indique exatamente o progresso dessa meta, somente plataformas privadas de monitoramento, como o Observatório da Restauração, bastante respeitado, informou Fabíola Zerbini, diretora de Florestas da Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente

Segundo ela, a política nacional de restauração está sendo revista por meio do  Plano Nacional de Vegetação Nativa (Planaveg), que propõe uma série de ações para garantir que as sementes nativas tenham um marco regulatório robusto. “Isso não só facilita o acesso dos produtores a essas sementes, como também impulsiona a regularização ambiental das propriedades e a implementação do Código Florestal. O Planaveg pretende criar uma plataforma pública que integre diversos sistemas, como o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), o Cadastro Ambiental Rural (CAR), além dos planos de regularização ambiental e a leitura da vegetação secundária via o projeto Terraclass.

“Essa integração é fundamental para garantir uma visão clara do que está sendo recuperado anualmente, seja por reforçamento, regeneração natural ou restauração ecológica”, diz a diretora de Floresta. “Espera-se que essa plataforma esteja funcionando plenamente em 2025, unindo as informações públicas e privadas para garantir maior credibilidade e transparência”.

Fonte: Abrates Foto: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi

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CBSementes atrai 1.300 participantes para debater a sustentabilidade na cadeia produtiva das sementes 

Com cerca de 1.300 participantes foi aberto nesta terça-feira, o XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), um dos eventos mais importantes do setor que vai prosseguir até sexta-feira (13/09), no Rafain Palace Hotel em Foz do Iguaçu (PR). Paralelamente, o 11º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais abriu o evento com discussões referentes aos desafios e as oportunidades para o desenvolvimento da cadeia de sementes e mudas no Brasil, que é um dos maiores mercados mundiais do segmento.

Durante quatro dias, o CBSementes vai debater a utilização das sementes na garantia da segurança alimentar e na promoção de práticas agrícolas sustentáveis, reunindo pesquisadores, profissionais, acadêmicos, técnicos e empresários do setor.

O presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), Fernando Henning, conduziu a abertura solene, destacando que uma das missões da ABRATES é promover o congresso, oferecendo aos participantes inovações e novas oportunidades em ciência e tecnologia de sementes.

“Precisamos lembrar que a ciência e sua aliada, a tecnologia, em suas essências, sempre foram movidas por novos desafios. Temos a certeza de que, juntos, contribuiremos e poderemos avançar para uma agricultura eficiente, produtiva e rentável”, afirmou Henning.

Segundo ele, ao planejar a programação desta edição, os organizadores buscaram oferecer aos participantes informações em diferentes campos da área de sementes, que, com o passar do tempo, demonstram a necessidade de maior interação.

“O tema ‘Semente: Matéria-Prima da Sustentabilidade’ está em consonância com a realidade atual. Desta forma, o CBSementes abordará, durante quatro dias, temas diversos como inovação, mercado, indústria, produção, sanidade, meio ambiente e boas práticas de manejo, visando à obtenção de sementes de alta qualidade, o que impacta diretamente a sustentabilidade e todos os elos da cadeia produtiva”, enfatizou em seu discurso.

Em nome da diretoria, a ABRATES prestou homenagens, nomeando o auditório principal em reconhecimento a Odete Liberal, primeira presidente da ABRATES, que está participando do evento. O salão Espaço 2 recebeu a denominação de Flávio Rocha, in memoriam, em reconhecimento à sua relevância no ensino e pesquisa em sementes.

Participaram da solenidade de abertura o vice-presidente da ABRATES, José de Barros França Neto, o diretor-tesoureiro Francisco Carlos Krzyzanowski, o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Paraná, Jhony Möller, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ronaldo Troncha, e o diretor da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), Romildo Birelo.

Fonte: Abrates Foto: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi