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Nutrição da soja movimentou US$ 16,2 bilhões na safra 2022-23

A consultoria Kynetec apurou que o mercado de produtos para nutrição da soja cresceu da ordem de US$ 7,8 bilhões, na safra 2019-20, para perto de US$ 16,2 bilhões no ciclo 2022-23 (+110%). O levantamento faz parte do estudo FarmTrak, exclusivo da empresa e analisou os segmentos de corretivos e condicionadores de solo, adubação de base, adubação de cobertura, inoculantes, bioestimulantes e fertilizantes via semente e foliares.

Na comparação à safra 2021-22, quando as transações envolvendo esses produtos passaram de US$ 12 bilhões, a alta foi de 30%. “Aumentaram os investimentos e também as áreas-alvo de tratamentos”, resume Giovanni Coser, especialista em nutrição de plantas da Kynetec.

“Atento às novas tecnologias, sempre em busca de produtividade, o sojicultor adere a novos produtos e a outras ferramentas nutricionais inovadoras”, continua ele. De acordo com Coser, na safra 2019-20, a primeira da série histórica do FarmTrak Nutrição, o agricultor realizava em média 6,7 tratamentos, número que subiu para 7,6 tratamentos no estudo recém-divulgado.

Conforme o especialista da Kynetec, os fertilizantes de solo, empregados no plantio ou em cobertura, mantêm histórica dianteira no mercado de nutrição da soja: mais de 80% de participação ou aproximadamente US$ 12,9 bilhões. O desempenho da categoria de produtos, frisa ele, avançou mais de 100% ante a safra 2019-20 (US$ 6,392 bilhões).

Giovanni Coser esclarece ainda que, somados, os corretivos e condicionadores de solo, e a adubação via semente e foliar, inclusive bioestimulantes, além de inoculantes, responderam por 19% do resultado do mercado de insumos para nutrição da oleaginosa no ciclo 2022-23, em torno de US$ 3 bilhões.

Por categoria de produtos, o segmento formado pelos fertilizantes foliares e via tratamento de sementes atingiu US$ 1,07 bilhão, uma elevação de 35% sobre 2021-22 (US$ 695 milhões). As vendas para nutrição foliar foram de US$ 730 milhões (+34%); para tratamento de sementes, de US$ 115 milhões (+27%). Os bioestimulantes, por sua vez, movimentaram US$ 222 milhões (+43%).

Recortes de dados em solo, bioestimulantes e inoculantes

Desdobramentos do FarmTrak Nutrição 2022-23 trouxeram à luz uma elevação representativa, especificamente, no desempenho dos fertilizantes de solo MAP (fosfato monoamônico) e superfosfato simples, empregados na fase de plantio. Somados, ressalta a Kynetec, tais produtos giraram cerca de R$ 3,1 bilhões, um acréscimo de 12% ante a pesquisa anterior, e totalizaram 30% do volume de insumos para nutrição da soja aplicados no plantio.

“Com adoção média de 24%, a fórmula MAP apresentou avanços em adoção principalmente nas regiões Centro, de 31% e Centro-Norte, de 41%. Nestas, houve ao menos uma aplicação de MAP”, salienta Coser.

No tocante aos bioestimulantes, outro recorte importante da Kynetec apontou crescimento de 38% frente a safra 2019/20 (28%). “Constatamos que hoje em dia 39% da área total de soja utilizaram alguma tecnologia voltada à bioestimulação da cultura”, resume Coser.

O estudo da Kynetec revelou ainda cenário evolutivo relevante para os inoculantes na série histórica. Estes produtos têm como principal organismo ativo o Bradyrhizobium, um gênero de bactérias do solo, e obtiveram 83% de adoção em área, conforme observa Coser. “Cresceu também a inoculação associada à bactéria Azospirillum, com 40% de adoção em área e salto de 70%, na comparação aos 23% registrados na safra 2019-20”, conclui.

De acordo com o diretor executivo da Kynetec para a América Latina, André Dias, a elaboração do FarmTrak Nutrição Soja 2022-23 está ancorada em 2,4 mil entrevistas pessoais com sojicultores, captadas em quase 670 cidades da fronteira agrícola da oleaginosa. Conforme Dias, a empresa já deu a partida no desenvolvimento do mesmo estudo ao longo da safra 2023-24.

Fonte: Assessoria de Imprensa Kynetec Foto: Divulgação

Soja - colheita. Fotos:Jaelson Lucas / Arquivo AEN

Exportações do Paraná alcançam US$ 14,4 bilhões entre janeiro e julho, alta de 13,3%

Com crescimentos sucessivos nas exportações, o comércio exterior do Paraná movimentou US$ 14,4 bilhões (R$ 70,8 bilhões na cotação atual) entre janeiro e julho deste ano, um avanço de 13,3% na comparação com os primeiros sete meses de 2022, quando fechou em US$ 12,7 bilhões. Com o recorde da safra deste ano, o agronegócio lidera a lista de produtos exportados pelo Estado, com destaque para a soja em grão, carne de frango in natura, farelo de soja e cereais.

A soja responde por 22,9% das exportações paranaenses e movimentou US$ 3,3 bilhões entre janeiro e julho, um crescimento de 52,3% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 2,1 bilhões). Maior produtor avícola do País, o Paraná também comercializou para outros países US$ 2,2 bilhões em carne de frango in natura, alta de 5,5% em relação ao período anterior (US$ 2,1 bilhões). Na sequência está o farelo de soja, com US$ 1,1 bilhão movimentados, aumento de 12,7%.

O levantamento foi feito pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná (Ipardes), com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O maior crescimento foi observado na exportação de torneiras e válvulas, que avançou 187,1%, passando de US$ 35,5 milhões nos primeiros sete meses de 2022 para US$ 101,9 milhões para o mesmo período de 2023. Máquinas e aparelhos de terraplanagem e perfuração também se destacaram, com crescimento de 95,1%, de US$ 116,7 milhões para US$ 227,7 milhões de um ano para outro.

No agronegócio, o produto que mais aumentou a movimentação foi os cereais, com aumento de 71,3%. É o quarto mais exportado pelo Estado, passando de US$ 338 milhões nos primeiros sete meses do ano passado para US$ 579 milhões no mesmo período deste ano. A lista completa das exportações paranaenses pode ser conferida neste link .

Países

Os produtos paranaenses chegam a mais de 200 destinos ao redor do globo, mas o principal comprador é a China, com US$ 3,7 bilhões movimentados no período, um quarto de tudo que é exportado pelo Paraná. O valor representa uma diferença de US$ 1,2 bilhão em relação ao período anterior, ou uma alta de 48,9%.

A Argentina ultrapassou os Estados Unidos como o segundo principal parceiro comercial do Estado e adquiriu US$ 1 bilhão em produtos paranaenses nos primeiros sete meses deste ano, 46,3% a mais que no mesmo período de 2022 (US$ 685,2 milhões). Já o comércio para os Estados Unidos chegou a US$ 810 milhões, uma redução de 22,5% em relação ao US$ 1 bilhão movimentado no ano passado.

Também são importantes parceiros comerciais o México (US$ 598,2 milhões), Coreia do Sul (US$ 441,6 milhões), Índia (US$ 410,7 milhões), Japão (US$ 415,1 milhões), Países Baixos (US$ 398,5 milhões), Paraguai (US$ 326 milhões)e Peru (US$ 307,2 milhões).

Balança comercial

O Paraná fechou os primeiros sete meses do ano com superávit de US$ 4 bilhões na balança comercial, mostra o levantamento do Ipardes. As importações do Estado no período somaram US$ 10,3 bilhões (R$ 51 bilhões), uma redução de 18,7% na comparação com janeiro a julho de 2022, quando chegou a US$ 12,7 bilhões.

Os produtos mais importados foram os adubos e fertilizantes, com movimento de US$ 1,2 bilhão neste ano. Os itens, porém, foram os que apresentaram a maior redução nas compras internacionais do Estado no período, com queda 52,9%. Nos primeiros sete meses de 2022, chegaram a movimentar US$ 2,6 bilhões, respondendo a 20,8% das importações paranaenses, sendo que agora esse número equivale a 12,1%.

Na sequência estão os óleos e combustíveis, com movimento de US$ 979,8 milhões, 18,6% a menos que janeiro a julho do ano passado (US$ 1,2 bilhão). As autopeças também têm uma importante participação nas importações, com movimento de US$ 729 milhões, alta de 6,6% (US$ 684 milhões).

Fonte: AEN Foto: Jaelson Lucas

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Brasil lidera e é referência no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para produção de soja

O Brasil produziu mais de 150 milhões de toneladas de soja, na safra 2022/23, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), número que mantém o País na liderança mundial da produção desse grão, seguida dos Estados Unidos e da Argentina. O sucesso da sojicultura brasileira é resultado de amplos investimentos em pesquisa, a partir da década de 1970, associado ao empreendedorismo dos  agricultores.

Como integrante de uma cadeia produtiva bastante robusta e organizada, a Embrapa Soja vem liderando redes de pesquisa para geração de soluções sustentáveis para incrementar a produção da soja, reduzir os custos de produção, aumentar a renda dos produtores e colaborar com práticas que favoreçam a agricultura de baixo carbono. “Entendemos que nossa contribuição ao agronegócio da soja coloca a Embrapa como referência mundial no desenvolvimento de tecnologias para a cultura em regiões tropicais”, avalia o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno. “Todo o esforço em tropicalizar esta cultura permitiu ao Brasil deixar de ser importador do grão, na década de 1970, para se tornar o maior produtor e exportador de soja no mundo. Isso tudo respaldado em ciência e inovação”, comemora Nepomuceno.

Levantamento da Embrapa Soja indica que a cultura da soja foi a que mais cresceu no Brasil nas últimas cinco décadas, tanto que de 1973 até 2023, a produção aumentou mais de 1000% sendo que a área em pouco mais de 400%, demonstrando o aumento de produtividade. “Podemos afirmar que o incremento contínuo da produtividade da soja por hectare é baseado em ciência e tecnologia, permitindo que os produtores adotem as melhores tecnologias na produção agrícola brasileira. O Brasil consegue, assim, produzir mais em menos espaço e com bastante eficiência”, destaca Nepomuceno. Atualmente a soja é cultivada em 20 estados e no Distrito Federal e os principais estados produtores são: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. Grande parte da produção brasileira é exportada para a Ásia (com destaque para a China) e Europa, entre outras regiões do planeta.  

Tropicalização da soja

Fundada em 16 de abril de 1975, em Londrina (PR), a Embrapa Soja tem por missão desenvolver tecnologias sustentáveis para a produção de soja no Brasil. Até a década de 1980, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e subtropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arrabal Arias. “Com as pesquisas da Embrapa Soja, conseguimos romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro”, conta Arias.

Segundo o pesquisador, a primeira cultivar genuinamente brasileira foi a Doko, lançada em 1980, para o Brasil Central. “Depois desse lançamento, o programa de melhoramento genético de soja continuou gerando novas cultivares com alto rendimento, com sanidade elevada e adaptadas às regiões do Brasil”, explica Arias. A Embrapa é uma das únicas instituições que desenvolve diferentes plataformas tecnológicas em paralelo: tanto soja convencional com resistência a várias pragas e doenças, quanto soja geneticamente modificada resistente a insetos e herbicidas. Desde 1976, a Embrapa Soja colocou no mercado aproximadamente 440 cultivares de soja. As cultivares da Embrapa Soja disponiveis no mercado podem ser acessadas aqui. Atualmente, a Embrapa Soja faz a curadoria de um dos maiores Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de soja do mundo. O BAG brasileiro tem mais de 65 mil acessos (tipos) de soja que guardam a variabilidade genética do grão, garantindo assim uma fonte para a busca de soluções para problemas que afetam a cultura.

Sustentabilidade do cultivo

Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa Soja tem preconizado práticas de manejo responsável que vão desde a semeadura até a pós-colheita da soja. “As tecnologias são colocadas a serviço da sustentabilidade dos sistemas de produção, atendem diversos perfis e tamanhos de propriedades agrícolas, contribuem para a rentabilidade do produtor, para a preservação do meio ambiente e para a geração de benefícios para toda a sociedade”, explica, Adeney de Freitas Bueno, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Unidade.

A expansão da cultura da soja está associada diretamente à adoção do Sistema Plantio Direto (SPD), que é embasado na redução do revolvimento do solo com a preservação de sua cobertura por plantas cultivadas ou seus resíduos vegetais e na rotação de culturas. “O SPD reduz a erosão e gera economia de corretivos, fertilizantes e operações de preparo de solo, além de permitir maior armazenamento de água no solo beneficiando a cultura em momentos de seca”, explica o pesquisador Alvadi Antonio Balbinot, da Embrapa Soja.

A pesquisa colaborou ainda nas últimas cinco décadas com um conjunto de recomendações para equalizar o uso dos solos brasileiros, especialmente os que têm elevada acidez e baixa fertilidade natural, a partir da aplicação de calcário e fertilizantes com base em critérios técnicos. “Essas recomendações colaboraram com as ações que permitiram o cultivo da soja no Cerrado brasileiro”, diz o pesquisador Adilson de Oliveira Jr.

Outra contribuição ao sistema produtivo da soja foi a inoculação com bactérias fixadoras de N (rizóbios). Essa solução propicia uma economia anual estimada em R$ 72,7 bilhões por safra, ao dispensar o uso de adubos nitrogenados. Em 2014, a Embrapa Soja identificou outra bactéria benéfica que estimula o crescimento da soja (Azospirillum). A associação dessas bactérias resulta em ganhos de produtividade da ordem de 16%, por ano. A fixação biológica de nitrogênio utilizada na cultura da soja também permite redução de emissão de gases de efeito estufa.

Os pesquisadores da Embrapa Soja geraram, ainda, tecnologias que propiciam os manejos integrados de insetos-praga, doenças e plantas daninhas, por meio de diferentes métodos – químicos, mecânicos, biológicos e culturais – para prevenir e controlar esses problemas, viabilizando a produção de soja nas diferentes condições de solo e de clima do Brasil. A adoção do Manejo Integrado de Insetos (MIP-Soja) permite reduzir o uso de inseticidas na lavoura em 50%, garantindo maior lucratividade ao sojicultor, além de maior preservação ambiental.

Nos últimos 50 anos, a pesquisa brasileira também gerou tecnologias para melhoria da qualidade das sementes de soja. “O uso de sementes com alto vigor promove ganhos de produtividade superiores a 9%, comparativamente ao uso de sementes com baixa qualidade”, destaca o pesquisador José de Barros França Neto.

Novos desafios, novas soluções

Para colaborar com sustentabilidade produtiva da soja, atualmente, a  Embrapa vem direcionando suas ações em quatro eixos de pesquisa: Genética Avançada, Bioinsumos, Soja Baixo Carbono e Agricultura Digital. Pesquisas vêm sendo direcionadas para aumentar a participação de insumos biológicos no controle de insetos-praga e doenças e na promoção do crescimento de plantas, bem como a substituição de fertilizantes de origem não renovável por insumos de base biológica.

O programa Soja Baixo Carbono (SBC), lançado pela Embrapa Soja, objetiva atestar a sustentabilidade da produção de soja brasileira, sendo pautado na mensuração dos benefícios e na certificação das práticas de produção que reduzam a emissão de gases de efeito estufa.

Além disso, existe a revolução nos laboratórios, capitaneada pela edição de genomas. “Essa técnica vem permitindo a edição do genoma da soja, possibilitado deletar ou alterar pequenas partes do DNA da própria planta para alcançar características desejáveis. No Brasil, e em muitos países, a soja geneticamente editada pela tecnologia CRISPR/Cas, por exemplo, vem sendo considerada convencional, não transgênica, o que agiliza a sua inserção no mercado”, explica Nepomuceno.

A transformação digital vem trazendo mudanças no campo, por meio de soluções de conectividade, sensoriamento remoto, sensores, drones, entre outras. “A agricultura digital potencializa o monitoramento das lavouras, a racionalização no uso de insumos facilitando e aumentando a eficiência do produtor em suas decisões, permitindo o incremento da produtividade e da rentabilidade”, defende Nepomuceno. “Com a condução integrada desses quatro eixos de pesquisa, estamos colocando a Embrapa Soja no enfrentamento de grandes desafios da contemporaneidade e na busca de soluções sustentáveis para o agronegócio da soja”, conclui o chefe-geral da Unidade.

Grão que alimenta

A soja é um alimento calórico-proteico, que apresenta entre 36% e 40% de proteína nos grãos, sendo a principal fonte de proteína de qualidade no mundo e disponível em grandes volumes. A leguminosa é a base das rações de animais, garantindo melhorias na qualidade da carne suína, bovina e de aves, assim como no leite, ovos e outros produtos de origem animal. Na alimentação humana, a soja é usada diretamente na culinária (grão, óleo, farinha, farelo, proteína isolada e lecitina) ou ainda como matéria-prima pela indústria alimentícia. A partir do desenvolvimento tecnológico, o grão passou a desempenhar múltiplas funções e usos, podendo ser utilizado também para produção de biocombustível, indústria cosmética, produtos terapêuticos, pneus, além de outros usos não convencionais.

Fonte: Embrapa Soja Foto: Divulgação

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Portaria federal reforça alerta da Adapar sobre importância do vazio sanitário da soja

Uma portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária, publicada na última quinta-feira (3), reforça a orientação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) sobre a importância de os produtores respeitarem o vazio sanitário da soja. A portaria atualiza o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja, com o objetivo de congregar ações estratégicas de defesa sanitária vegetal. O período em que é proibido cultivar ou manter plantas vivas de soja no campo continua sendo uma das principais armas para o controle da praga Phakopsora pachyrhizi.

A Adapar é responsável pela fiscalização da adoção dessa medida fitossanitária no Paraná. Além da fiscalização, cabe à agência normatizar complementarmente e estabelecer procedimentos operacionais para a execução do programa. O vazio sanitário paranaense começou em 10 de junho e se estende até 10 de setembro.

“O principal objetivo da Adapar é orientar os produtores para que obedeçam às leis que visam garantir a sanidade vegetal e animal no Estado, e o vazio sanitário é importante nesse sentido”, disse o coordenador do programa de Vigilância e Prevenção de Pragas em Cultivos Agrícolas e Florestais da Adapar, Marcílio Martins Araújo.

Segundo ele, a conscientização por parte dos produtores de que é preciso erradicar toda planta de soja nesse período de 90 dias evita surtos precoces da doença, o que acarretaria em maiores custos e mais trabalhos para o controle. “É uma ação totalmente a favor do próprio produtor”, acentuou Araújo. “Além de evitar notificações e autuações por parte dos fiscais da Adapar”.

Cabe à Adapar o cadastro de produtores, monitoramento da ocorrência da praga durante a safra e fiscalização quanto ao vazio sanitário e ao calendário de semeadura.

Ajustes

A nova regulamentação emitida pelo governo federal promove ajustes no modelo de governança do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja, conferindo à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária maior autonomia no estabelecimento das medidas de prevenção e controle da doença, na condição de Instância Central e Superior do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).

“Para o controle adequado da doença e a mitigação dos potenciais prejuízos que ela pode causar à cadeia produtiva da soja, devem ser considerados diversos aspectos, entre eles medidas de redução do inóculo do fungo e o manejo da resistência de fungicidas. Considerando que a soja é cultivada na maioria dos estados brasileiros, as medidas oficiais estabelecidas devem abranger os resultados que se pretende alcançar em nível nacional”, explica a coordenadora-geral de Proteção de Plantas, Graciane Castro.

Fonte e Foto: AEN

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Soja em queda no Brasil

Os valores do complexo soja estão em queda no Brasil e nos Estados Unidos neste começo de agosto. O movimento de baixa nas cotações se deve aos estoques elevados no Brasil – mesmo que as vendas sejam recordes nesta temporada, a oferta está se sobressaindo à demanda, devido à safra 2022/23 volumosa no País.

Conforme informações do boletim informativo do Cepea, nos Estados Unidos, as recentes chuvas em áreas de cultivo de soja trouxeram alívio aos agentes da cadeia. Além disso, a valorização do dólar reforçou a queda nos Estados Unidos, já que esse cenário eleva a atratividade do produto brasileiro em detrimento do norte-americano.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

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Brasil lidera e é referência no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para produção de soja

O Brasil produziu mais de 150 milhões de toneladas de soja, na safra 2022/23, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), número que mantém o País na liderança mundial da produção desse grão, seguida dos Estados Unidos e da Argentina. O sucesso da sojicultura brasileira é resultado de amplos investimentos em pesquisa, a partir da década de 1970, associado ao empreendedorismo dos agricultores.

Como integrante de uma cadeia produtiva bastante robusta e organizada, a Embrapa Soja vem liderando redes de pesquisa para geração de soluções sustentáveis para incrementar a produção da soja, reduzir os custos de produção, aumentar a renda dos produtores e colaborar com práticas que favoreçam a agricultura de baixo carbono. “Entendemos que nossa contribuição ao agronegócio da soja coloca a Embrapa como referência mundial no desenvolvimento de tecnologias para a cultura em regiões tropicais”, avalia o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno. “Todo o esforço em tropicalizar esta cultura permitiu ao Brasil deixar de ser importador do grão, na década de 1970, para se tornar o maior produtor e exportador de soja no mundo. Isso tudo respaldado em ciência e inovação”, comemora Nepomuceno.

Levantamento da Embrapa Soja indica que a cultura da soja foi a que mais cresceu no Brasil nas últimas cinco décadas, tanto que de 1973 até 2023, a produção aumentou mais de 1000% sendo que a área em pouco mais de 400%, demonstrando o aumento de produtividade. “Podemos afirmar que o incremento contínuo da produtividade da soja por hectare é baseado em ciência e tecnologia, permitindo que os produtores adotem as melhores tecnologias na produção agrícola brasileira. O Brasil consegue, assim, produzir mais em menos espaço e com bastante eficiência”, destaca Nepomuceno. Atualmente a soja é cultivada em 20 estados e no Distrito Federal e os principais estados produtores são: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. Grande parte da produção brasileira é exportada para a Ásia (com destaque para a China) e Europa, entre outras regiões do planeta.  

Tropicalização da soja

Fundada em 16 de abril de 1975, em Londrina (PR), a Embrapa Soja tem por missão desenvolver tecnologias sustentáveis para a produção de soja no Brasil. Até a década de 1980, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e subtropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arrabal Arias. “Com as pesquisas da Embrapa Soja, conseguimos romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro”, conta Arias.

Segundo o pesquisador, a primeira cultivar genuinamente brasileira foi a Doko, lançada em 1980, para o Brasil Central. “Depois desse lançamento, o programa de melhoramento genético de soja continuou gerando novas cultivares com alto rendimento, com sanidade elevada e adaptadas às regiões do Brasil”, explica Arias. A Embrapa é uma das únicas instituições que desenvolve diferentes plataformas tecnológicas em paralelo: tanto soja convencional com resistência a várias pragas e doenças, quanto soja geneticamente modificada resistente a insetos e herbicidas. Desde 1976, a Embrapa Soja colocou no mercado aproximadamente 440 cultivares de soja. As cultivares da Embrapa Soja disponíveis no mercado podem ser acessadas aqui. Atualmente, a Embrapa Soja faz a curadoria de um dos maiores Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de soja do mundo. O BAG brasileiro tem mais de 65 mil acessos (tipos) de soja que guardam a variabilidade genética do grão, garantindo assim uma fonte para a busca de soluções para problemas que afetam a cultura.

Sustentabilidade do cultivo

Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa Soja tem preconizado práticas de manejo responsável que vão desde a semeadura até a pós-colheita da soja. “As tecnologias são colocadas a serviço da sustentabilidade dos sistemas de produção, atendem diversos perfis e tamanhos de propriedades agrícolas, contribuem para a rentabilidade do produtor, para a preservação do meio ambiente e para a geração de benefícios para toda a sociedade”, explica, Adeney de Freitas Bueno, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Unidade.

A expansão da cultura da soja está associada diretamente à adoção do Sistema Plantio Direto (SPD), que é embasado na redução do revolvimento do solo com a preservação de sua cobertura por plantas cultivadas ou seus resíduos vegetais e na rotação de culturas. “O SPD reduz a erosão e gera economia de corretivos, fertilizantes e operações de preparo de solo, além de permitir maior armazenamento de água no solo beneficiando a cultura em momentos de seca”, explica o pesquisador Alvadi Antonio Balbinot, da Embrapa Soja.

A pesquisa colaborou ainda nas últimas cinco décadas com um conjunto de recomendações para equalizar o uso dos solos brasileiros, especialmente os que têm elevada acidez e baixa fertilidade natural, a partir da aplicação de calcário e fertilizantes com base em critérios técnicos. “Essas recomendações colaboraram com as ações que permitiram o cultivo da soja no Cerrado brasileiro”, diz o pesquisador Adilson de Oliveira Jr.

Outra contribuição ao sistema produtivo da soja foi a inoculação com bactérias fixadoras de N (rizóbios). Essa solução propicia uma economia anual estimada em R$ 72,7 bilhões por safra, ao dispensar o uso de adubos nitrogenados. Em 2014, a Embrapa Soja identificou outra bactéria benéfica que estimula o crescimento da soja (Azospirillum). A associação dessas bactérias resulta em ganhos de produtividade da ordem de 16%, por ano. A fixação biológica de nitrogênio utilizada na cultura da soja também permite redução de emissão de gases de efeito estufa.

Os pesquisadores da Embrapa Soja geraram, ainda, tecnologias que propiciam os manejos integrados de insetos-praga, doenças e plantas daninhas, por meio de diferentes métodos – químicos, mecânicos, biológicos e culturais – para prevenir e controlar esses problemas, viabilizando a produção de soja nas diferentes condições de solo e de clima do Brasil. A adoção do Manejo Integrado de Insetos (MIP-Soja) permite reduzir o uso de inseticidas na lavoura em 50%, garantindo maior lucratividade ao sojicultor, além de maior preservação ambiental.

Nos últimos 50 anos, a pesquisa brasileira também gerou tecnologias para melhoria da qualidade das sementes de soja. “O uso de sementes com alto vigor promove ganhos de produtividade superiores a 9%, comparativamente ao uso de sementes com baixa qualidade”, destaca o pesquisador José de Barros França Neto.

Novos desafios, novas soluções

Para colaborar com sustentabilidade produtiva da soja, atualmente, a Embrapa vem direcionando suas ações em quatro eixos de pesquisa: Genética Avançada, Bioinsumos, Soja Baixo Carbono e Agricultura Digital. Pesquisas vêm sendo direcionadas para aumentar a participação de insumos biológicos no controle de insetos-praga e doenças e na promoção do crescimento de plantas, bem como a substituição de fertilizantes de origem não renovável por insumos de base biológica.

O programa Soja Baixo Carbono (SBC), lançado pela Embrapa Soja, objetiva atestar a sustentabilidade da produção de soja brasileira, sendo pautado na mensuração dos benefícios e na certificação das práticas de produção que reduzam a emissão de gases de efeito estufa.

Além disso, existe a revolução nos laboratórios, capitaneada pela edição de genomas. “Essa técnica vem permitindo a edição do genoma da soja, possibilitado deletar ou alterar pequenas partes do DNA da própria planta para alcançar características desejáveis. No Brasil, e em muitos países, a soja geneticamente editada pela tecnologia CRISPR/Cas, por exemplo, vem sendo considerada convencional, não transgênica, o que agiliza a sua inserção no mercado”, explica Nepomuceno.

 A transformação digital vem trazendo mudanças no campo, por meio de soluções de conectividade, sensoriamento remoto, sensores, drones, entre outras. “A agricultura digital potencializa o monitoramento das lavouras, a racionalização no uso de insumos facilitando e aumentando a eficiência do produtor em suas decisões, permitindo o incremento da produtividade e da rentabilidade”, defende Nepomuceno. “Com a condução integrada desses quatro eixos de pesquisa, estamos colocando a Embrapa Soja no enfrentamento de grandes desafios da contemporaneidade e na busca de soluções sustentáveis para o agronegócio da soja”, conclui o chefe-geral da Unidade.

Grão que alimenta

A soja é um alimento calórico-proteico, que apresenta entre 36% e 40% de proteína nos grãos, sendo a principal fonte de proteína de qualidade no mundo e disponível em grandes volumes. A leguminosa é a base das rações de animais, garantindo melhorias na qualidade da carne suína, bovina e de aves, assim como no leite, ovos e outros produtos de origem animal. Na alimentação humana, a soja é usada diretamente na culinária (grão, óleo, farinha, farelo, proteína isolada e lecitina) ou ainda como matéria-prima pela indústria alimentícia. A partir do desenvolvimento tecnológico, o grão passou a desempenhar múltiplas funções e usos, podendo ser utilizado também para produção de biocombustível, indústria cosmética, produtos terapêuticos, pneus, além de outros usos não convencionais.

Fonte e Foto: Embrapa