Os preços do café apresentaram um avanço significativo na última semana, com alta nas bolsas internacionais de arábica, em Nova York, e de robusta, em Londres, refletindo no mercado físico brasileiro. De acordo com o consultor da Safras & Mercado, Gil Barabach, o impacto da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos causou uma agitação no mercado financeiro global, influenciando tanto o valor do dólar quanto as commodities. O índice DXY, que mede o valor do dólar em relação a outras moedas fortes, como o euro, chegou a operar acima dos 105 pontos, antes de se estabilizar em torno de 104,5 pontos.
Enquanto o dólar se enfraquecia em relação ao real, devido à expectativa de um pacote de corte de gastos do governo Lula, esse movimento acabou impulsionando os preços do café, que no dia 7 de novembro voltaram a se aproximar dos 260 centavos por libra-peso em Nova York. “A queda do dólar frente ao real foi o gatilho para a alta nos preços, especialmente na quinta-feira (07), quando o café começou a flertar com os 260 centavos”, afirmou Barabach. No entanto, o especialista alerta que os mercados financeiros ainda estão se ajustando aos efeitos das eleições nos EUA e à recente decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir a taxa de juros norte-americana em 0,25 ponto percentual.
A volatilidade no mercado de café também foi acentuada pelo vencimento das opções de contratos de dezembro/24, previsto para sexta-feira, 8 de novembro. Esse fator, aliado à rolagem de contratos próximos à data de entrega física, programada para 20 de novembro, contribuiu para as flutuações nos preços.
Apesar das altas observadas, Barabach indica que a consistência desses ganhos é incerta. “Os aumentos são sustentados pela turbulência financeira, mas com um fôlego limitado, ocorrendo também em um momento de transição entre contratos na bolsa, o que é um movimento temporário”, analisa o consultor.
A atenção agora se volta para a safra brasileira de 2025. O clima no cinturão cafeeiro tem se mostrado mais favorável, com chuvas mais frequentes, o que traz um otimismo moderado quanto à próxima colheita. No entanto, persistem as incertezas sobre o impacto das perdas no potencial produtivo devido ao longo período de seca em 2024, que afetou estados como Minas Gerais e São Paulo.
No fechamento da semana, entre os dias 31 de outubro e 7 de novembro, o contrato de março de 2025 em Nova York teve uma alta de 5,8%, passando de 245,50 para 259,75 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, o contrato de janeiro de 2025 do robusta subiu 2,7%. O mercado físico brasileiro também reagiu positivamente às altas nas bolsas internacionais, embora a queda do dólar tenha limitado os ganhos. Entre os últimos sete dias, o preço do café arábica no sul de Minas Gerais subiu de R$ 1.530,00 para R$ 1.600,00 a saca (alta de 4,6%), enquanto o café conilon tipo 7 no Espírito Santo passou de R$ 1.425,00 para R$ 1.490,00 a saca (alta de 4,6%).
Barabach observa que, apesar da melhora nas condições climáticas, ainda existem dúvidas sobre o impacto das perdas na safra de 2025. “A impressão é de que a base comparativa será a safra colhida este ano. Enquanto o mercado de arábica segue cauteloso, no caso do conilon/robusta há uma expectativa de que a safra do próximo ano seja superior à deste ano”, conclui. O especialista alerta ainda que a volatilidade do mercado tem dificultado as negociações, afastando compradores e vendedores e criando um ambiente de incerteza para os negócios.
Fonte: Portal do Agronegócio Foto: Divulgação
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