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A antracnose do milho pode ter origem mesoamericana e ser fornecida com ajuda humana

Uma rede de pesquisadores de 17 países analisou a evolução do fungo Colletotrichum graminicola, causador da antracnose do milho, e parcerias três linhagens geneticamente distintas, potencialmente originárias da Mesoamérica. O estudo, que examinou 212 isolados provenientes dos cinco continentes, revelou que a propagação global do patógeno foi impulsionada por fatores naturais e humanos, com destaque para a troca de sementes contaminadas.

De acordo com Flávia Rogério, colaboradora da Universidade de Salamanca ( Usal ), na Espanha e da Universidade da Flórida (UF), nos Estados Unidos, a pesquisa apontou que o fungo apresenta três linhagens principais: norte-americana, brasileira e europeia. “A linhagem da América do Norte parece ser a mais antiga e ancestral, com ramificações que atingiram o Brasil e a Europa. No entanto, a linhagem europeia mostrou ser a mais virulenta, o que pode aumentar os riscos de novos surtos da doença”, explica um cientista.

Além disso, o estudo de parcerias entre a Argentina e a Europa, com isolados argentinos agrupados na linhagem europeia. Esse intercâmbio genético pode ter sido favorecido pelo uso de sementes contaminadas em viveiros de inverno na América do Sul, frequentemente usados em programas de melhoramento genético.

A investigação utilizou diversos métodos estatísticos e computacionais para analisar a relação entre distância genética e geográfica, concluindo que até 35,8% da variação genética do fungo encontrada pode ser explicada pela distância geográfica entre as populações. A grande mobilidade do fungo, isto é sua capacidade de propagação, sugere uma longa história de adaptação e migração global, impulsionada por recombinações genéticas. A recombinação genética pode gerar novos genótipos de fungo, aumentando a diversidade genética e virulência.

O pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente (SP), reforça que a ação humana teve papel essencial na propagação do patógeno. O estudo também evidenciou que 80% dos isolados isolados apresentam sinais de mistura genética, enquanto 20% são geneticamente puros. Essa grande diversidade observada aumenta os desafios para o desenvolvimento de variedades de milho resistentes.

Além disso, uma pesquisa revelou diferenças significativas na idade e na frequência de eventos de introgressão genética – que é o processo de incorporar alelos de uma espécie no pool genético de outra espécie entre linhagens da América do Norte, Europa e Brasil. Os resultados sugerem que a linhagem norte-americana é a mais antiga e atuosa como a disseminação global do fungo.

Fungos causadores de doenças de plantas podem se disseminar a curtas distâncias por meio do vento e da chuva, e a longas distâncias pela ação do homem, quando seus esporos são transportados por materiais vegetativos contaminados.

Preocupação com o retorno de surtos

Ensaios de patogenicidade realizados em laboratório da Universidade de Salamanca, Espanha, revelaram que diferentes isolados do fungo apresentam variações de virulência. Segundo Flávia Rogério, a evolução da virulência ao longo do tempo levanta preocupações sobre o surgimento de novos surtos — especialmente na Europa — semelhantes aos que ocorreram nos Estados Unidos na década de 1970, quando plantações inteiras foram dizimadas de forma repentina pelo fungo, com perdas de até 100% nas regiões centro-norte e leste desse país.

Uma pesquisa sugere que o patógeno afeta a rota de domesticação do milho, que se originou do sul do México, e que a linhagem norte-americana do fungo trabalhou como distribuída na dispersão global dele. Estudos anteriores apontam um padrão semelhante com Setosphaeria turcica, outro fungo que afeta o milho e que se fornece globalmente a partir do México.

Os cientistas alertaram para a necessidade de maior monitoramento genético e adoção de medidas preventivas. Segundo recomendações de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (MG), o manejo eficaz da antracnose inclui o plantio de cultivares resistentes, adubação equilibrada, rotação de culturas e prevenção de plantios sucessivos. Essas práticas ajudam a reduzir o potencial de infecção do patógeno e a proteger o trabalho.

A identificação da população ancestral do fungo pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias mais eficazes para mitigar os impactos da antracnose do milho, uma vez que essa população pode atuar como reservatório de diversidade genética, incluindo genes associados à resistência a doenças. O monitoramento constante e o uso de genes de resistência múltipla são essenciais para evitar novos surtos e proteger a segurança alimentar global.

As principais doenças do milho impactam diretamente a produtividade global, ações permanentes e medidas de manejo integradas para reduzir perdas econômicas e garantir a segurança alimentar.

Fonte: Embrapa Foto: Flávia Rogério

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Adapar destaca trabalho integrado para uso responsável e sustentável do solo no Paraná

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) tem atuado como protagonista na manutenção da sanidade do solo agrícola no Estado. Por meio da Divisão de Conservação do Solo Agrícola, a Agência desenvolve um trabalho integrado com o Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), com foco em orientar, prevenir e garantir que o manejo nas propriedades esteja alinhado às boas práticas conservacionistas.

Único estado do Brasil com legislação específica voltada à conservação do solo, o Paraná reforça neste 15 de abril, Dia Nacional da Conservação do Solo, a importância das boas práticas de uso e manejo para garantir produtividade no campo e sustentabilidade ambiental. A data foi instituída pela Lei Federal nº 7.876/1989 com o objetivo de lembrar o valor do solo como recurso natural essencial.

No Estado, o Decreto nº 6.120/1985 regulamenta a Lei Estadual nº 8.014/1984, que completou 40 anos no ano passado e é considerada uma das principais ferramentas de promoção da agricultura sustentável frente aos desafios das mudanças climáticas e da intensificação da erosão dos solos agrícolas.

De acordo com Luiz Renato Barbosa, engenheiro agrônomo e chefe da Divisão de Conservação do Solo Agrícola da Adapar, a estratégia da agência tem se pautado na antecipação de problemas, com foco na orientação técnica e na prevenção de danos. “Temos atuado de forma integrada com a extensão rural, atividade desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), para garantir que o cultivo agrícola seja precedido de um planejamento conservacionista”, diz.

Barbosa ressalta que as orientações aos produtores são sempre baseadas na capacidade de uso do solo e de tecnologias ajustadas às necessidades específicas de cada propriedade rural. “Consideramos características como relevo, topografia, classes de solo e sua relação com o ambiente e a vegetação ciliar, além do tipo de manejo adotado pelo produtor. Essa abordagem tem sido a base do nosso trabalho para garantir a sanidade do solo e evitar processos de degradação”, explica.

Preservação

Outra frente prioritária de atuação é a promoção de boas práticas em regiões com grandes fragilidades e de grande importância como as cabeceiras de drenagens de nascentes.

“As propriedades têm interface direta com essas cabeceiras que abastecem os rios do Paraná. Trabalhamos para garantir, com antecipação e orientação, que o uso do solo não contribua para o assoreamento dessas áreas vitais, que garantem a quantidade e qualidade das águas dos mananciais, que compõe as bacias prioritárias de abastecimentos das populações”, afirma o engenheiro agrônomo.

As regiões de cabeceira, quando bem manejadas durante as atividades agrícolas em seu entorno, exercem papel fundamental na preservação dos recursos hídricos. A adoção de boas práticas de conservação do solo, aliada à preservação da vegetação ciliar, favorece a infiltração da água da chuva no solo, promovendo a ciclagem hídrica e garantindo a recarga dos lençóis freáticos. Esses lençóis são responsáveis por alimentar importantes cursos d’água do Estado.

Por outro lado, o uso inadequado do solo com compactação e cultivos desordenados nessas áreas pode comprometer essa dinâmica. Essa prática pode acabar dificultando a infiltração da água, aumentando o risco de erosão e afetando diretamente a qualidade da água que abastece rios e reservatórios.

Barbosa destaca que a atuação da divisão de enfoque na sanidade do solo é realizada em sintonia com o extensionismo rural também para evitar as punições previstas em lei. A Agência também é responsável pela fiscalização e aplica medidas legais quando constatado o uso inadequado do solo agrícola. Porém, mesmo com a aplicação de penalidades em casos de manejo inadequado, o chefe da divisão da Adapar reforça que a maioria dos casos se resolve de forma orientativa.

Tecnologias

A Adapar também conta com ferramentas tecnológicas para subsidiar esse trabalho. Drones e softwares de georreferenciamento têm sido utilizados no mapeamento de bacias de captação de água e na identificação de áreas com risco de degradação do solo.

Com o uso dos drones, é possível sobrevoar grandes extensões de terra, inclusive em regiões de difícil acesso, registrando imagens de alta precisão que auxiliam na detecção de sulcos de erosão, ausência de curvas de nível e outras falhas no manejo conservacionista. Essas informações são analisadas em conjunto com dados técnicos e servem de base para orientar os produtores quanto às correções necessárias, além de embasar ações fiscalizatórias, quando for o caso.

Segundo Barbosa, a conservação do solo é uma responsabilidade compartilhada. “A lei é clara ao dizer que o solo é patrimônio de todos. O planejamento conservacionista é um dever legal e social”, afirma.

Fonte: AEN

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Estiagem compromete safra de soja no Paraná

A primeira safra de soja 2024/25 registrou perdas de 5,3% no Paraná, conforme aponta o Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado no último dia (17) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

De acordo com o boletim, os prejuízos foram causados principalmente por estiagens prolongadas e ondas de calor fora do padrão. “As condições climáticas afetaram de forma desigual as regiões do Estado”, explicou o Deral. A exceção foi a região Sul, que obteve desempenho superior ao previsto e apresentou ganho de produtividade de 4,7%.

A maior redução ocorreu na região Noroeste, com queda de 22,8% na produção. Segundo o Deral, o histórico climático desfavorável e as características do solo contribuíram para o desempenho negativo. A segunda maior perda foi registrada na região Centro-Oeste, com retração de 13,2%. Nas demais regiões – Oeste, Norte e Sudoeste – as perdas não superaram os 9%.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

Lavoura de cevada. Foto:Jaelson Lucas / AEN

Paraná pode ter maior área de cevada da história e aumentar liderança nacional de produção

A cultura da cevada, que está em início de plantio, volta a ganhar espaço no Paraná com previsão de se ter a maior área já semeada no Estado. Maior produtor desse cereal de inverno, o Paraná pode ter 94,6 mil hectares plantados e uma produção 40% superior à registrada no ano passado, chegando a 413,8 mil toneladas.

Esse é um dos assuntos detalhados no Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 11 a 16 de abril. O documento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), também fala sobre as consequências climáticas em outras culturas e analisa o desempenho paranaense em proteínas animais.

Em 2024 o Paraná colheu 296,1 mil toneladas de cevada em 80,5 mil hectares. O aumento de 18% de áreas paranaenses a receber a cultura na safra que se inicia é reflexo principalmente do retorno de intenção de plantio na região de Guarapuava. A previsão é que sejam semeados 36,9 mil hectares, ou 25% superior aos 29,6 mil hectares colhidos ano passado.

Mesmo com esse aumento em Guarapuava, a região dos Campos Gerais ainda tem previsão de ter maior área plantada, com 38 mil hectares. “O ganho acontece especialmente na região de Guarapuava em função do ânimo com as melhores cotações e os resultados satisfatórios a campo experimentados no Centro-Sul paranaense em 2024”, afirmou o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.

As maltarias instaladas no Paraná precisam de malte, o que levou a recorde na compra. No primeiro trimestre foram adquiridas cerca de 200 mil toneladas para manter o Paraná como maior produtor de malte brasileiro. “A confirmação de uma produção maior e de boa qualidade é essencial para a diminuição da necessidade de importação de cevada”, disse Godinho.

Soja e Milho

O boletim fala ainda sobre perda de 5,3% no campo na primeira safra de soja. A região Sul até apresentou ganho de produtividade de 4,7%, no entanto as demais regiões, sobretudo o Noroeste, foram bastante impactadas pela estiagem e por ondas de calor atípicas.
As lavouras de milho estão com bom desempenho, principalmente nas regiões Sul e Sudoeste, que concentram a maior parte da área plantada. Mas, da mesma forma que na soja, as demais regiões sentem os efeitos de chuvas escassas e calor intenso.

Pecuária

No setor pecuário, o documento do Deral salienta que as exportações de bovinos pelo Brasil geraram US$ 3,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Em média, cada quilo de carne enviado ao Exterior custou US$ 4,78. No mesmo período de 2024 custava US$ 4,40.
No atacado, o traseiro e o dianteiro bovinos seguem com o preço em alta. Em média, são comercializados no Paraná por R$ 25,01 e R$ 18,54, respectivamente.

Suínos

O Paraná manteve, pelo quarto ano seguido, a liderança na produção de carne suína em frigoríficos sob inspeção estadual, que permite comercialização exclusiva no mercado interno. O Estado produziu 155,9 mil toneladas, respondendo por 20% da produção nacional nesse regime de inspeção.

Quanto ao número de animais abatidos em estabelecimentos com inspeção estadual, o Paraná é o terceiro, com 1,66 milhão de suínos. Por terem maior peso médio eles produzem mais quilos de carne. Quando se leva em conta a produção nas três instâncias de inspeção – federal, estadual e municipal – o Estado é o segundo colocado, com 12,4 milhões de suínos abatidos e produção de 1,14 milhão de toneladas de carne.

Frango

O Agrostat/Mapa, ferramenta que monitora o comércio exterior no segmento agropecuário, mostra que o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas de frango no primeiro trimestre de 2025, com faturamento de US$ 2,534 bilhões. No mesmo período do ano passado tinham sido 1,1 milhão de toneladas a US$ 2,101 bilhões.

O Paraná foi responsável por 559.108 toneladas no primeiro trimestre deste ano, volume 12,3% superior às 497.727 toneladas de 2024. Em receita, entraram no Estado US$ 1,041 bilhão, aumento de 12,7% sobre os US$ 847 milhões do ano anterior.

Fonte e Foto: AEN

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Mercado de grãos inicia o dia com soja em queda

Segundo informações da TF Agroeconômica, nesta quarta-feira (16), o mercado da soja segue em baixa na Bolsa de Chicago (CBOT), com o contrato de maio cotado a US$ 1034,75 por bushel (-1,25). A retração é atribuída ao fracasso das medidas de Donald Trump contra a China, o que pode redirecionar a demanda chinesa para o Brasil, onde não há tarifas e há oferta abundante.

Além disso, o anúncio do presidente argentino Javier Milei sobre o retorno das retenciones em julho estimula uma maior oferta argentina no curto prazo, pressionando ainda mais os preços globais e brasileiros, que também recuam. A recomendação da consultoria é aproveitar os lucros atuais com a venda de alguns lotes.

O milho, por sua vez, opera em leve alta em Chicago, com o contrato de maio a US$ 482,75 por bushel (+1,50), impulsionado pelo atraso no plantio nos EUA (apenas 4% até agora). No Brasil, no entanto, os preços seguem em queda, R$ 84,71 no indicador CEPEA (-0,69% no dia) — pressionados pela previsão de uma boa segunda safra. A TF Agroeconômica orienta os produtores a aproveitarem os preços atuais antes que a colheita acentue a desvalorização.

O trigo apresenta estabilidade com leve alta no primeiro vencimento em Chicago (US$ 542,25, +0,25), mas com recuo nos contratos posteriores. A incerteza sobre a demanda pelo trigo americano, devido a tarifas e às boas chuvas sobre as lavouras de inverno, pesa sobre o mercado. No Brasil, ao contrário, os preços continuam subindo — R$ 1.579,17 no Paraná e R$ 1.482,14 no Rio Grande do Sul — e a recomendação é que os moinhos façam estoques, já que o diferencial em relação ao trigo importado ainda permite aumentos até a próxima safra.

Fonte: Agrolink/Leonardo Gottems Foto: Alabama Extension

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Estoques de trigo da Índia são os mais altos em 3 anos, volume de arroz é recorde

Os estoques de trigo da Índia nos armazéns do governo aumentaram 57%, atingindo o maior nível em três anos no início do novo ano-safra neste mês, segundo dados oficiais, aliviando as preocupações com o fornecimento que levaram os preços domésticos a um pico histórico no início deste ano.

Os estoques iniciais mais altos ajudarão o governo federal a controlar quaisquer picos de preços no final deste ano, mesmo que a Food Corporation of India (FCI), a armazenadora estatal, tenha dificuldades para cumprir sua meta de aquisição de trigo no mercado interno.
As reservas de trigo nos celeiros estatais eram de 11,8 milhões de toneladas métricas em 1º de abril, bem acima da meta do governo de 7,46 milhões de toneladas, segundo os dados.

Os estoques de trigo estão mais de 4 milhões de toneladas acima do mesmo período do ano passado.

“Mesmo que eles não atinjam a meta de compra de trigo deste ano, como fizeram no ano passado, ainda terão muito o que vender no mercado aberto”, disse um negociante de Nova Délhi em uma empresa de comércio global.

A FCI pretende comprar 31 milhões de toneladas de trigo dos agricultores em 2025. No ano passado, sua meta era de 30 a 32 milhões de toneladas, mas conseguiu adquirir apenas 26,6 milhões de toneladas.

As reservas estatais de arroz, incluindo o arroz não beneficiado, totalizaram um recorde de 63,09 milhões de toneladas em 1º de abril, excedendo em muito a meta do governo de 13,6 milhões de toneladas.

Os estoques mais altos de arroz permitiriam que a Índia aumentasse as exportações sem comprometer a oferta doméstica, disseram autoridades do comércio e da indústria.

“A FCI está armazenando muito mais arroz do que o necessário. O governo agora tentará incentivar as exportações para evitar comprar mais da nova safra”, disse um importante exportador com sede na cidade de Calcutá, no leste do país.
A Índia é o maior exportador de arroz do mundo e responde por cerca de 40% das exportações globais de arroz.

Fonte: Reuters/Rajendra Jadhav e Mayank Bhardwaj Foto: Divulgação

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Grãos e fertilizantes puxam movimentação de cargas e portos batem recorde no Paraná

Às vésperas do leilão de arrendamento de mais três áreas portuárias em Paranaguá, a Portos do Paraná bateu um novo recorde de movimentação de cargas durante o primeiro trimestre deste ano, quando o crescimento registrado foi de 6,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Entre janeiro e março, os portos de Paranaguá e Antonina, administrados pela empresa pública paranaense, movimentaram 17,4 milhões de toneladas. “A soja e os fertilizantes foram os maiores volumes que movimentamos no primeiro trimestre, uma tendência que deve se manter nos próximos meses, devido à grande safra”, afirmou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

A exportação de grãos de soja alcançou a marca de 4,1 milhões de toneladas, o que representa 13% a mais que no ano passado, quando foram exportadas 3,6 milhões de toneladas. Já os fertilizantes lideraram as importações, com 2,7 milhões toneladas neste ano, montante que também bateu a marca do período anterior, quando a empresa contabilizou 2,6 milhões toneladas nos três primeiros meses de 2024.

“Os fertilizantes são nossa principal commodity de importação, e temos investido em inteligência estratégica para operá-los com cada vez mais eficiência”, comentou o diretor de Operações da Portos do Paraná, Gabriel Vieira.

Para manter o atendimento da alta demanda, o porto de Paranaguá – o maior graneleiro do país – tem optado pelo arrendamento de áreas, por meio da concessão dos espaços à iniciativa privada. No próximo dia 30, mais três áreas estarão em disputa na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.
Com isso, Paranaguá será o primeiro porto brasileiro com 100% dos espaços de arrendamentos regularizados, somando R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo de arrendamento em busca de investimentos teve início em 2019 com cinco espaços repassados para a administração do setor privado.

Ao todo, segundo a Portos do Paraná, os três terminais PARs 14, 15 e 25 – destinados à exportação de granéis sólidos vegetais, como soja, milho e farelos – devem alcançar R$ 2,2 bilhões de investimentos por meio do capital privado.

O processo de arrendamento tem o objetivo de regularizar a exploração das áreas operacionais, expandir e modernizar a infraestrutura logística do corredor de exportação do porto de Paranaguá.

A Portos do Paraná fechou o ano de 2024 com a maior movimentação de cargas da história, com o recorde de 66 milhões de toneladas, que significa 2,1% de crescimento no comparativo com o ano anterior.

Na balança comercial dos portos paranaenses foram 40 milhões de toneladas em exportação e 26,7 milhões em importação. Os tipos de cargas mais enviados ao exterior foram soja (13,2 milhões), contêineres (9,04 milhões) e açúcar a granel (6,4 milhões). Já os mais trazidos ao Brasil por Paranaguá foram fertilizantes (11,1 milhões), contêineres (7,2 milhões) e derivados de petróleo (4,9 milhões).

Para atender ao crescente volume comercial, a empresa pública segue com as obras do Moegão. O investimento de R$ 600 milhões centralizará as linhas férreas que chegam ao porto de Paranaguá com estimativa de aumentar em mais de 60% a capacidade de recepção de granéis sólidos vegetais vindos do interior do Paraná e de outros estados.

“Com 35% das obras concluídas, a previsão de entrega é para o final deste ano. O Moegão visa atender às demandas atuais e futuras, especialmente após a implantação da nova Ferroeste”, projeta o diretor-presidente.

Foto e Foto: Gazeta do Povo

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Desenvolvimento sustentável no agro é destaque em seminário do BNDES

Em um momento em que o mundo volta os olhos para modelos sustentáveis de desenvolvimento, o cooperativismo agroindustrial brasileiro mostra sua força. Nessa quinta-feira (10/04), o Sistema OCB e o BNDES realizaram o seminário O impacto do cooperativismo no desenvolvimento do Brasil e o apoio do BNDES, no Rio de Janeiro. O evento reuniu representantes do governo, do setor produtivo e de cooperativas de referência para discutir estratégias que integram inovação, sustentabilidade e geração de renda.

Um dos destaques foi o painel O cooperativismo de produção agroindustrial e o desenvolvimento sustentável, moderado pelo diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luiz Gordon. Na abertura, ele enfatizou o papel central das cooperativas agroindustriais na economia brasileira. “Hoje, cerca de metade da produção de grãos do Brasil está relacionada, direta ou indiretamente, ao trabalho das cooperativas. “Elas dão escala aos pequenos e médios produtores, facilitam a aquisição de insumos, a construção de armazéns e fortalecem toda a cadeia produtiva do agronegócio”, afirmou.

O diretor também ressaltou o crescimento expressivo do apoio do BNDES ao setor. “Em 2023, o BNDES destinou cerca de R$ 7,5 bilhões ao cooperativismo agro, um aumento de mais de 120% em relação ao ano anterior. Estamos falando de uma política de apoio consistente, que vem ganhando escala e relevância”. Gordon falou ainda sobre o protagonismo das cooperativas no setor de biocombustíveis. “As cooperativas estão começando a investir fortemente na produção de etanol, e o BNDES, por meio do Fundo Clima, já apoia algumas dessas iniciativas. Queremos estar cada vez mais próximos do cooperativismo, contribuindo com financiamento, estrutura e visão de futuro”, concluiu.

Papel estratégico

O secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária, Pedro Neto, abordou a relevância do cooperativismo nas políticas públicas da pasta. “Temos hoje 1.179 cooperativas do setor agropecuário. Esse número expressivo reforça a vocação agropecuária do Brasil e a necessidade de políticas públicas que dialoguem com esse setor”, destacou.

Segundo Neto, o Ministério da Agricultura reconhece o protagonismo das cooperativas na abertura de mercados internacionais. “Cada vez que abrimos um novo mercado, é como abrir uma lojinha. Mas é preciso que os produtos cheguem lá. E as cooperativas são fundamentais nesse esforço”, comparou.

Ele também destacou três políticas governamentais alinhadas ao cooperativismo: a Nova Indústria Brasil, o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) e o Plano ABC+. “O PNCPD, que agora ganhará um novo nome, conecta sustentabilidade, financiamento e cooperativismo. E as cooperativas, com quase 10 mil extensionistas, têm papel fundamental na transferência de tecnologia ao produtor”, afirmou.

Agrofloresta

O presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), Alberto Oppata, trouxe ao painel a experiência bem-sucedida da cooperativa no sul do Pará. “A agroindústria da nossa região é um exemplo de integração entre inovação tecnológica e o conhecimento dos povos tradicionais”, afirmou.

A Camta, segundo Oppata, já impactou positivamente mais de mil famílias em 25 comunidades no Brasil, Bolívia e Gana, com foco na agricultura sustentável. “Hoje temos 172 cooperados e mais de 1.800 agricultores vinculados, beneficiando cerca de 10 mil pessoas. Nosso modelo garante renda, dignidade e preservação ambiental”, explicou.

A valorização do cacau no mercado internacional também impulsionou os resultados da cooperativa. “Nosso faturamento saltou de R$ 40 milhões para R$ 120 milhões. É fruto de um trabalho sério, sustentável e reconhecido dentro e fora do país”, concluiu.

Frimesa

Encerrando o painel, o diretor-presidente da Frimesa, Elias Zydek, apresentou os resultados da cooperativa central, formada por cinco singulares: Lar, Copagril, Primato, C.Vale e Copacol.

“Somos uma intercooperação comprometida com a entrega de alimentos de valor. Empregamos mais de 70 mil colaboradores e temos quase 3 mil produtores integrados”, relatou.

Zydek ressaltou a liderança da Frimesa no setor. “Somos líderes no Paraná em abate de suínos, a quarta maior processadora de carne suína do Brasil e a segunda maior indústria de lácteos do Paraná”, afirmou.

Com faturamento de R$ 6,5 bilhões em 2023 e previsão de R$ 7,2 bilhões para 2024, a cooperativa também se destaca por seus compromissos ESG.

“Apresentamos um planejamento com 15 metas até 2040. Sustentabilidade está no centro da nossa estratégia”, disse.

O diretor agradeceu ainda o apoio do BNDES para a construção do frigorífico mais moderno da América Latina. “Esse novo projeto terá capacidade para abater 15 mil suínos por dia até 2030, consolidando nosso compromisso com inovação e responsabilidade”, finalizou.

Paranaenses

Zydec também é diretor da Ocepar e, juntamente com ele, mais diretores da entidade participaram do evento promovido pelo Sistema OCB e BNDES, como Valter Pitol (presidente da Copacol) e Luiz Roberto Baggio (presidente da Bom Jesus e Sicredi Integração PR/SC), e outros presidentes e executivos de diversas cooperativas paranaenses.

Foto: Com informações do Sistema OCB Foto: Divulgação

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Soja tem cotações variadas em cada estado

No mercado da soja do estado do Rio Grande do Sul, a TF Agroeconômica registrou indicações no porto, para entrega abril e pagamento fim de abril, na casa de R$ 139,50, de acordo com informações da TF Agroeconômica. “No interior os preços de fábricas seguiram o balizamento de cada praça. R$ 135,00 Cruz Alta – Pgto. 15/05 – para fábrica. R$ 135,00 Passo Fundo – Pgto. 15/05. R$ 135,00 Ijuí – Pgto. 15/05 – para fábrica. R$ 135,00 Santa Rosa / São Luiz – Pgto. meados de junho. Preços de pedra, em Panambi, subiu para R$ 127,00 a saca, para o produtor”, comenta.

O clima em Santa Catarina permanece instável, com chuvas fortes no Extremo Oeste e Meio Oeste, e baixos volumes no Norte. A estiagem ainda preocupa, especialmente nas lavouras de soja, que devem ter queda de 30% na produtividade. A colheita está perto do fim, com 79% das lavouras em boas condições, mas o setor segue em alerta. A saca de soja no porto de São Francisco está cotada a R$ 137,36, influenciada pela incerteza climática.

O mercado da soja está oscilando no Paraná. “Em Paranaguá, o preço chegou a R$ 137,76. Em Ponta Grossa foi de R$ 129,32 por saca CIF, Cascavel, o preço foi 128,12. Em Maringá, o preço foi de R$ 127,70 em Ponta Grossa o preço foi a R$ 129,32 por saca FOB, sem negócios reportados. No balcão, os preços em Ponta Grossa ficaram em R$ 123,00”, completa.

Mato Grosso do Sul se destaca como fornecedor estratégico de soja para a China, com mais de 12 milhões de toneladas colhidas na safra 2023/2024 e previsão de 13 milhões para a próxima. A qualidade, regularidade e logística eficiente reforçam sua competitividade. A China, que comprou recentemente 2,4 milhões de toneladas de soja brasileira, mostra crescente interesse. Os preços da soja variam entre R$ 113,72 e R$ 127,70 nas principais cidades de Mato Grosso do Sul.

A soja é alta em Mato Grosso. “O preço da soja disponível em Mato Grosso subiu 1,63% na última semana, fechando a R$ 110,04/saca, segundo o IMEA. Também houve alta no prêmio Santos (1,06%) e na paridade de exportação para março de 2026 (1,02%), impulsionada pela valorização do dólar. Campo Verde: R$ 112,25, Lucas do Rio Verde: R$ 113,06 Nova Mutum: R$ 113,06. Primavera do Leste: R$ 113,65. Rondonópolis: R$ 113,65. Sorriso: R$ 113,06”, conclui.

Fonte: Agrolink Foto: Divulgação

Colheita de trigo. Pitanga,11/10/2019 Foto:Jaelson Lucas / AEN

Trigo/Cepea: Semeadura da nova safra se inicia com queda na área prevista

Os avanços mais contidos nos preços do trigo ao produtor em relação ao mercado atacadista devem limitar a atratividade do cultivo do cereal na temporada deste ano – a Conab já estima área menor que a de 2024. Assim, pesquisadores do Cepea avaliam que um crescimento na produção vai depender da produtividade, que, por enquanto, está estimada para compensar a redução de área e gerar oferta maior em 2025.

De acordo com dados da Conab, a semeadura da safra de 2025 foi iniciada em Goiás e Minas Gerais. Já nos principais estados produtores, como Paraná e Rio Grande do Sul, as atividades devem começar apenas entre maio e junho. No relatório deste mês, a Conab aponta diminuição de 9,3% na área destinada à cultura em 2025, para 2,77 milhões de hectares. A produtividade nacional está estimada em 3,06 tonelada/hectare, em média, 18,5% maior que a de 2024, o que contribuiria para uma produção de 8,47 milhões de toneladas, 7,4% acima da do ano anterior.

Fonte: Cepea Foto: Divulgação