Mudas

As oportunidades e desafios do setor de mudas

Revista Apasem – Edição 2024 – Diferentes vertentes da produção de mudas no Paraná e no país como um todo – enfrentaram mudanças depois da pandemia de Covid-19. As principais estão em hábitos de alimentação e de lazer nos últimos tempos, além da priorização de reformas e adequação de espaços que movimentam o setor desde então. Dentro de cada característica particular, os produtores se planejam para aproveitar oportunidades e explorar potenciais, mas ainda precisam enfrentar gargalos a serem vencidos.

O diretor administrativo da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, Hugo Vidal, salienta a importância, no atual contexto, de esclarecimentos sobre legislação. De acordo com ele, existem duas normas que legislam sobre o setor, incluindo a Instrução Normativa 42, de 2019, do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Além disso, a Portaria nº 616/2023, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) impacta diretamente o setor. Esta, mais recente, ainda gera dúvidas, de acordo com ele.

A nova legislação prevê o cumprimento de uma série de anexos e documentações, conforme a cultura, para a solicitação das mudas para instalação de viveiros. “Este é o principal ponto de dúvidas: onde entra o responsável técnico neste processo e até onde vai a responsabilidade do produtor”, destaca Vidal.

A legislação também é apontada por Mariana Barreto, secretária-executiva da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), como um ponto importante para ser observado. A instituição tem como foco os mercados de mudas de hortaliças, flores, plantas ornamentais e sementes. “No caso do segmento de mudas de plantas ornamentais, um dos desafios é atender à legislação de produção e comercialização, pois é uma legislação generalista, e esse é um setor com muitas particularidades, com características específicas conforme as espécies”, esclarece. A articulação é para a promoção de normas específicas, que atendam mais de perto a quem produz.

No caso dos produtores de grama, o desafio maior está na informalidade do setor. São 29 empresas paranaenses formalizadas e cadastradas no Sistema Renasem. Mas estima-se que existam muitas mais, o que afeta diretamente a competitividade do mercado. O diretor-presidente da instituição Grama Legal, Luiz Negrello, conta que as empresas do setor precisam cumprir uma série de normas, mas essas exigências não aparecem, necessariamente, nos editais de licitações públicas. Prefeituras, governos, secretarias e departamentos nestas esferas são as principais contratantes, além de construtoras e concessionárias de rodovias. “Isto é contrassenso”, enfatiza.

Negrello e a coordenadora executiva da Grama Legal, Livia Sancinetti, destacam que planejamento é a palavra-chave para os produtores. Isso vale para lidar com as características do clima perante a produção da grama, o enfrentamento de condições climáticas adversas nesse contexto, as dificuldades em assistência técnica especializada, a falta de linhas de crédito direcionadas e a pouca disponibilidade de produtos específicos para a rotina de atividades.

“Temos apenas seis produtos registrados especificamente para a nossa produção. Houve ampliação nas possibilidades de aplicação por parte das grameiras de outros insumos, a partir da extensão da bula, o que nos ajuda”, indica Lívia. “Mas também dependemos de compras que são realizadas diretamente com cooperativas. E os objetivos delas são diferentes dos nossos. Por isso, precisamos redobrar o planejamento sobre quando realizar essas compras e quando fazer isso”, cita Negrello.

Potenciais

Hortaliças, flores e plantas ornamentais

Segundo a ABCSEM, esses três segmentos apresentam potenciais de mercado, ainda se beneficiando de uma consequência da pandemia de Covid-19. O isolamento e as mudanças de comportamento motivaram reformas e obras, além dos cultivos de hortaliças e de plantas medicinais em pequenos espaços e no ambiente doméstico. A busca por uma alimentação mais saudável também motiva os consumidores e, consequentemente, aquece as demandas para os produtores de mudas.

Grama

A perspectiva de novos investimentos em rodovias, em todo o país, chama atenção dos produtores de grama. A legislação atual prevê a plantação em uma determinada faixa nas margens das estradas por exemplo. Uma maior movimentação na construção civil, assim como em obras públicas, também é vista com otimismo.

Produções em pequenos espaços

Regiões populosas, como a de Curitiba e municípios no entorno, já não têm mais disponibilidade de grandes áreas para a agricultura. Por isso, a produção de mudas, com auxílio de viveiros, torna-se alternativa para investimentos de maior impacto na economia dessas localidades. Hugo Vidal, da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – seção Curitiba –, enfatiza também que há maior visão para a compra de mudas de viveiros legalizados, o que vem gerando benefícios para o setor.

Por Joyce Carvalho

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