Os solos no Brasil são naturalmente ácidos devido aos processos de formação e à prática prolongada de cultivo de grãos. Mesmo após a correção do solo, a reacidificação pode ocorrer devido a fatores como lixiviação, exportação de nutrientes, uso de adubos nitrogenados e fixação de nitrogênio. Esse processo de acidificação faz com que cátions essenciais como cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na) e potássio (K) nos colóides do solo sejam substituídos por cátions ácidos, como alumínio (Al³⁺), ferro (Fe³⁺), manganês (Mn²⁺) e íons de hidrogênio (H⁺).
Alguns desses elementos podem ser tóxicos para as plantas, com a toxidez por alumínio sendo a mais comum em solos com pH abaixo de 5,5. A principal consequência da toxidez por alumínio é o dano às raízes, o que pode limitar fisicamente a absorção de nutrientes.
Os impactos da acidez do solo na produtividade do milho são mais significativos quando o pH é inferior a 5,5. Portanto, a correção da acidez para essa cultura é recomendada quando o pH em água na camada de 0 a 20 cm está abaixo desse nível. No entanto, na prática agrícola moderna, que favorece o mínimo revolvimento do solo, a aplicação de calcário é geralmente feita a lanço.
Esse método cria uma correção gradual ao longo do tempo e das safras. Caso o pH das camadas superficiais esteja na faixa de 5,5, pode ser que as camadas mais profundas (20 a 40 cm) ainda apresentem alumínio tóxico, o que pode restringir o crescimento das raízes. Por isso, é essencial realizar análises de solo frequentes e adotar estratégias de aplicação de calcário para assegurar que o pH se mantenha em níveis adequados e sem a presença de alumínio prejudicial.
Uma análise da relação entre o pH do solo e a produtividade foi realizada com dados de 285 lavouras de milho, situadas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e acompanhadas pela Equipe Field Crops da Emater/RS–Ascar e EPAGRI durante as safras de 2017/18 a 2021/22. Foi observado que a produtividade atinge um platô em áreas com pH variando entre 5,5 e 6,5. Entretanto, a cada redução de 0,1 unidade no pH abaixo de 5,5, a produtividade de grãos de milho reduz em 560 kg por hectare ou 9,3 sacas por hectare (Figura 1).
A calagem, ou correção, é o manejo mais eficiente para reduzir a concentração de elementos tóxicos no solo, como o alumínio (Al) e o manganês (Mn), que prejudicam o desenvolvimento das raízes e das plantas, resultando em menor produtividade. A aplicação de calcário (CaCO₃ ou MgCO₃) eleva o pH do solo para uma faixa ideal, entre 5,5 e 7, diminuindo a acidez e neutralizando o alumínio tóxico.
Além de melhorar a acidez do solo, o calcário fornece cálcio, magnésio e micronutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Portanto, a calagem não apenas melhora as condições de crescimento ao reduzir a toxicidade e a acidez, mas também contribui para a fertilidade do solo, promovendo aumentos significativos na produtividade das culturas. Essa prática é, portanto, fundamental para a sustentabilidade e eficiência da produção agrícola, garantindo um ambiente mais saudável e produtivo para as plantas.
Fonte: Equipe Mais Soja Foto: Divulgação
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