O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a cultura da soja, em 2023, estará pautado em uma metodologia baseada em parâmetros mais abrangentes, quanto à caracterização de classes de água disponível no solo. A novidade será apresentada na comemoração de aniversário dos 50 anos da Embrapa, no dia 26 de abril. “Esperamos que essa atualização na metodologia do ZARC aumente a qualidade das informações disponíveis para subsidiar a gestão de riscos e o planejamento da produção de soja”, destaca pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja. “Os novos parâmetros e fatores de risco foram ajustados e considerados, associando questões hídricas e térmicas. A publicação das portarias que atualizam o ZARC para a cultura da soja no Brasil será publicada, em breve, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
De acordo com Farias, desde 1996, o ZARC SOJA vem utilizando uma classificação com três tipos de solo, estabelecidos basicamente pelo teor de argila, para estimar a água disponível. A partir de 2023, a nova metodologia passará a adotar seis classes de água disponível (AD), definidas com base na composição textural dos solos. Portanto, a estimativa será customizada para o solo de cada área de produção, a partir dos teores de silte, areia e argila, através do uso de uma equação, definida pela Embrapa Solo (função de pedotransferência), e ajustada para os distintos solos brasileiros. “Essas mudanças no ZARC irão ampliar o escopo de avaliação da realidade dos sistemas produtivos brasileiros, melhor expressando os riscos associados à produção de soja”, explica Farias. “Nosso objetivo é minimizar os riscos e possibilitar maior estabilidade da produção e de renda para o sojicultor, o que é estratégico para a manutenção da capacidade produtiva brasileira”, explica o pesquisador.
Farias afirma que o ZARC Soja – 06 ADs, que contempla seis classes de água disponível (AD) no solo, foi estruturado também para incorporar – nas próximas atualizações – o efeito de diferentes níveis de manejo do solo. Estratégia que vem sendo mensurada pela Rede ZARC de Pesquisa da Embrapa. A elaboração do ZARC SOJA – 06 ADs é resultado de uma parceria técnico-institucional envolvendo a Embrapa, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Banco Central do Brasil (BCB). A nova metodologia do ZARC Soja – 06 ADs já atende as Portarias que definem os períodos de vazio sanitário e de calendarização da soja, estabelecidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária/ Ministério da Agricultura e Pecuária (SDA/MAPA), bem como baseia-se na Instrução Normativa da SPA/MAPA no.1, de 21 de junho de 2022.
Histórico do ZARC – O ZARC Soja teve, ao longo dos anos, ajustes pontuais para atender às necessidades de informação e de conhecimento para a gestão de riscos e possibilitar a redução das perdas pelo clima. No entanto, Farias explica que, mais recentemente fez-se necessário aperfeiçoar o atual sistema de quantificação dos riscos. “Precisamos acompanhar as inovações tecnológicas, o novo arcabouço técnico-científico disponível e as recentes mudanças nos cenários agrícolas e socioeconômico do Brasil e do mundo”, explica Farias. Desta forma, o ZARC busca reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos e permitir ao produtor identificar a melhor época para semear, levando em conta a região do País, a cultura e os diferentes tipos de solos.
O ZARC Soja define as áreas com maior ou menor frequência de ocorrência de déficit hídrico durante a fase mais crítica da cultura da soja (floração e enchimento de grãos), em função das diferentes épocas de semeadura, da disponibilidade hídrica de cada região, do consumo de água nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, da capacidade de água disponível no solo e do ciclo da cultivar utilizada.
Além disso, o pesquisador afirma que o ZARC auxilia na avaliação de espécies de cultivo e os ciclos mais viáveis para cada município e sistema de produção; a adequação das cultivares de alto potencial produtivo ou mais rústicas e resilientes; a adoção de práticas de manejo adequadas; a viabilidade da segunda safra e ainda a época de menor risco para a semeadura e produção. Ao definir áreas menos sujeitas a riscos de insucessos devido à ocorrência de adversidades climáticas, o ZARC Soja – 06 ADs constitui-se em uma ferramenta de fundamental importância para todo setor.
Mudanças climáticas
As perdas ocasionadas pelas ocorrências de estiagens são um dos principais desafios para a produção de grãos, a exemplo das perdas de soja por seca, principalmente no Sul do País. Somada a isso, há evidências científicas sobre anomalias na temperatura e nos padrões de precipitação, com consequências diretas sobre a produção de grãos. “Face a isto, o ZARC se apresenta como ferramenta imprescindível para melhor subsidiar o processo decisório no campo, orientar as ações de planejamento do uso da terra e buscar maior eficiência das políticas e dos programas públicos de auxílio e fomento ao setor agrícola”, conclui Farias.
Atualmente, o ZARC é utilizado pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Seguro Rural (PSR) em mais de 40 culturas. O acesso à ferramenta pode ser feito no aplicativo móvel ZARC Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital, que está disponível nas lojas de aplicativos iOS e Android. Os resultados do ZARC também poderão ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos” e nas portarias de ZARC por estado.
Fonte: Embrapa Soja Foto: Divulgação
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