O Paraná conseguiu reduzir em mais de 10% as emissões brutas de gases de efeito estufa. É o que revela a 13ª Edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (3 de novembro). Foi a menor redução já registrada pelo estado desde o início das medições em 1990, e o menor volume de emissões desde 2009.
Conforme o levantamento, entre 2023 e 2024 o Paraná reduziu em 10,03% as emissões de gazes do efeito estufa, que recuaram de 77,05 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) para 69,32 GtCO2e. Anteriormente, anotou-se a queda mais expressiva em 2004 (-9,89%), quando as emissões recuaram de 79,71 milhões de toneladas para 71,83.
Além disso, o resultado do ano passado é também o melhor do estado nos últimos 15 anos. A última vez que as emissões de gases de efeito estufa atingiram um nível mais baixo no Paraná foi em 2009 (67,78 GtCO2e). Também houve resultados melhores, ao longo de toda a série histórica, nos anos de 2006 (68,49 milhões de toneladas) e de 2005 (68,64).
Paraná no meio da tabela e resultados por setor
Quando consideradas as emissões brutas por setor, do total de 69,32 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente em 2024, a agropecuária foi responsável por 46,34% (32,12 milhões de toneladas). Na sequência aparece o setor de energia (com 36,35%, ou 25,2 milhões de toneladas). Depois vem o de resíduos (7,76% ou 5,38 milhões de toneladas), processos industriais (4,87% ou 3,38 milhões de toneladas) e mudança de uso da terra (4,68% ou 3,24 milhões de toneladas).
Entre todas as 27 unidades da federação, o Paraná apresenta o 14º menor volume de emissões de gases de efeito estufa. Com isso, fica bem no meio da tabela. A liderança do ranking tem o Pará (278 milhões de toneladas). Na sequência aparecem Mato Grosso (231 milhões), Minas Gerais (190 milhões), São Paulo (145 milhões), Maranhão (129 milhões), Bahia (116 milhões), Rio Grande do Sul (108 milhões), Goiás (98 milhões), Amazonas (96 milhões), Rondônia (78 milhões), Tocantins (73 milhões), Rio de Janeiro (72 milhões) e Mato Grosso do Sul (71 milhões). Na outra ponta, Amapá (3 milhões), Distrito Federal (7 milhões) e Alagoas (10 milhões) são os estados com menores emissões.
No Brasil, emissões caíram quase 17%
No Brasil, as emissões brutas de gases do efeito estudada caíram 16,7% em 2024 na comparação com 2023. Só no último ano, o país emitiu 2,145 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e), ante 2,576 GtCO2e no ano anterior. A queda em 2024 é a maior dos últimos 16 anos e a segunda mais significativa da série histórica iniciada em 1990, quando os dados revelaram uma diminuição de 17,2% na poluição climática.
De acordo com o Observatório do Clima, os dados mostram o impacto da retomada do controle de desmatamento pelo governo federal em seguida ao descontrole deliberado entre 2019 e 2022. As chamadas emissões líquidas, calculadas após o desconto de remoções de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas, tiveram uma queda ainda maior: 22%, perdendo apenas para 2009 em percentual de redução (24%). No ano passado, o Brasil emitiu 1,489 GtCO2e líquidas, contra 1,920 GtCO2e em 2023.
Entretanto, mesmo com a queda no desmatamento, as mudanças de uso da terra seguem sendo o fator que faz do Brasil o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta (sexto, se a União Europeia for considerada como bloco), segundo dados do Cait/WRI. O Brasil emite mais carbono bruto somente por desmatamento que toda a Arábia Saudita (793 MtCO2e) e todo o Canadá (760 MtCO2e), dois dos principais países petroleiros do mundo.
Mesmo com redução, país ainda não alcança meta do Acordo de Paris
Mesmo com a queda expressiva nas emissões, o Observatório aponta que ainda não é possível fazer projeções otimistas sobre o cumprimento da NDC. Para 2025, as estimativas indicam que o país ficará aquém da meta de limitar suas emissões em 1,32 bilhão de toneladas líquidas. A estimativa é que esse valor fique em 1,44 GtCO2e líquidas, número 9% maior que a meta estipulada pela NDC para o ano corrente.
“O desmatamento cai, mas todos os outros setores sobem”, afirma David Tsai, coordenador do SEEG. Segundo ele, até aqui toda a mitigação tem ficado nas costas do combate ao desmatamento, algo que precisa mudar. Apesar disso, a NDC de 2030, cuja meta é um teto de emissões de 1,2 bilhão de toneladas, ainda pode ser cumprida e excedida. Para isso, contudo, todos os outros setores terão de cortar.
“A capacidade do controle de desmatamento de entregar cortes de emissão está batendo no teto. Precisamos zerar a devastação até 2030, como prometeu o presidente Lula, e mantê-la zerada. Mas vamos precisar reduzir em energia e agropecuária também”, aponta o especialista.
Fonte: Bem Paraná/Rodolfo Luis Kowalski Foto: Freepik

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