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A “arma secreta” que gigantes do agro escolheram testar no Brasil contra praga invisível

Referências no mundo do agro, a empresa alemã Basf e as norte-americanas Corteva Agriscience e M.S. Technologies anunciaram recentemente uma colaboração inédita para testar uma tecnologia de sementes no Brasil. A parceria estratégica vai impulsionar o lançamento de uma nova característica genética para combater nematoides, pragas microscópicas que causam bilhões em prejuízos anuais nas lavouras.

O acordo de licenciamento permite que o novo trait de soja da Basf, chamado de NRS (em inglês, nematode resistant soja), seja incorporado às sementes das plataformas de soja da Corteva e M.S. Technologies, conhecidas comercialmente como Enlist E3® e Conkesta E3®.

A escolha do Brasil como mercado inicial não é aleatória. O país é o maior produtor mundial de soja, com uma estimativa da safra 2024/2025 de 169,49 milhões de toneladas, plantadas em 47,61 milhões de hectares, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Adolfo Ulbrich, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento para Sementes e Traits da Basf Soluções para Agricultura na América Latina, explica que a decisão faz parte da estratégia de ter uma presença mais forte no mercado brasileiro. “Esta parceria ocorre em nível global, e o Brasil será o primeiro país a receber essa tecnologia, uma vez que as variedades comerciais contendo o trait NRS serão uma novidade no mercado”, afirma.

Solução para um problema bilionário

Os nematoides são considerados uma das pragas mais difíceis de controlar. De acordo com um levantamento de 2022 da Syngenta em parceria com a consultoria Agroconsult e a Sociedade Brasileira de Nematologia, as perdas causadas por nematoides em diversos cultivos no Brasil chegam a R$ 65 bilhões.

Apenas na cultura da soja, o prejuízo anual é de R$ 27,7 bilhões, o que equivale à perda de uma safra inteira a cada dez plantadas. Conforme a Basf, o trait NRS demonstrou um controle superior a 90% dos nematoides das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) em mais de 160 testes de campo realizados nos últimos sete anos. O produto também age sobre o nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines).

A tecnologia funciona de forma semelhante às proteínas usadas para o manejo de lagartas na soja. “O trait NRS confere à planta a capacidade de produzir uma proteína Cry, derivada da bactéria Bacillus thuringiensis, que é tóxica para o nematoide. Ao se alimentar nas raízes, o microrganismo adquire a proteína, que se acumula em seu intestino e interrompe a absorção de nutrientes, levando-o à morte”, detalha Ulbrich.

O executivo ressalta que o trait NRS não deve substituir, e sim complementar as ferramentas de manejo já existentes, como tratamentos de sementes e rotação de culturas. Ele reforça que a tecnologia será “disruptiva” para o controle dos nematoides das lesões radiculares, já que atualmente não há ferramentas eficientes no mercado brasileiro para esse fim.

Estimativa é lançar a nova soja até o início da próxima década

A união das três empresas é vista como um marco no setor. “Estamos contentes com a oportunidade de combinar nossa tecnologia de soja com o trait de resistência a nematoides da Basf, oferecendo aos produtores de todo o Brasil uma nova ferramenta para ajudar na proteção contra o Pratylenchus brachyurus e o nematoide do cisto da soja”, destaca Christian Pflug, diretor de Licenciamento da Corteva para o Brasil e Paraguai.

O presidente da M.S. Technologies, Joe Merschman, reforça a visão de que a parceria representa uma “mudança radical” na proteção das lavouras. “Desde o início, a M.S. Technologies tem se concentrado no desenvolvimento da genética de soja de mais alto desempenho do setor. Combinar a genética de nossas plataformas com esse novo trait NRS da Basf representa uma mudança radical na proteção de valor para os produtores de soja da América do Sul”, afirma o executivo.

As empresas preveem que as variedades comerciais, contendo a inovação tecnológica do trait NRS, estarão disponíveis para os agricultores no Brasil até o final desta década ou início da próxima. A chegada da tecnologia depende da conclusão dos testes de campo e das revisões regulatórias aplicáveis, tanto no Brasil quanto nos países que importam a produção brasileira de soja. Segundo Ulbrich, a Basf já tem a aprovação do trait NRS no Brasil e também nos Estados Unidos, Canadá, China e Argentina.

Fonte: Gazeta do Povo/ Erich Thomas Mafra  Foto: Divulgação/Basf

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Paraná alcança marca de 1 gigawatt de energia em geração distribuída no meio rural

O Paraná alcançou a marca de 1 gigawatt (GW) de energia produzida em geração distribuída no meio rural. Essa quantidade é suficiente para abastecer uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes. Desta produção, 86,25% são provenientes do Programa Paraná Energias Renováveis (RenovaPR), que acaba de completar quatro anos, colocando-se entre os mais exitosos dos últimos anos no setor rural do Estado.

Até agora foram feitas 38.830 novas ligações em geração distribuída. Desse volume, 10.107 passaram pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), totalizando quase R$ 1,6 bilhão. São empreendimentos voltados principalmente para painéis solares e sistemas de biodigestão.

O RenovaPR oferece, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, subvenção de juros para geração de energia renovável no campo. Para agricultores familiares os juros podem ser zerados; para médios e grandes os abatimentos são proporcionais. Normalmente as parcelas são pagas com os recursos economizados na fatura. O programa também tem cadastradas mais de 700 empresas para desenvolver projetos de energia solar e 25 especializadas em biogás/biometano.

Os financiamentos totais que passaram pelo Banco do Agricultor Paranaense alcançam R$ 5,8 bilhões desde 2021, quando o programa foi instituído. O aporte do Governo do Estado para equalizar os juros foi de R$ 260 milhões. Os recursos são do Estado, por meio do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), operacionalizado pela Fomento Paraná.

“Os novos números vêm comprovar que o Paraná é um dos maiores produtores de energia limpa do mundo e o Renova Paraná fez uma grande transformação no campo baixando o custo de produção para o produtor rural com energia limpa”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes.

O coordenador do RenovaPR, Herlon Goelzer de Almeida, salientou que os resultados mostram que o Paraná tem no setor rural 11,8% das unidades instaladas com geração própria de energia e que respondem por quase 18% da potência instalada. O investimento tem possibilitado que os produtores rurais economizem de 85% a 95% na conta de luz.

“Significa que os produtores rurais receberam uma boa proposta para sua produção, para suas necessidades agropecuárias, que é a geração própria de energia, e encontraram no Programa RenovaPR o ancoradouro das suas pretensões para resolver principalmente o problema que tínhamos para a produção de proteínas animais”, disse Almeida.

“É mais uma afirmação de que o Renova Paraná conseguiu, com os apoios do Governo do Paraná, do setor financeiro, e das entidades da agropecuária, difundir o programa e alcançar o objetivo que é dotar o Paraná de um sistema forte de geração própria e potência firme para sustentar a produção de proteína animal paranaense”, acrescentou.

Fonte: AEN Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

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Agronegócio cresce 10,1% no 2º trimestre e puxa alta do PIB

A agropecuária brasileira registrou crescimento de 10,1% no segundo trimestre de 2025 em comparação com igual período de 2024. No mesmo intervalo, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional avançou 2,2%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o resultado do setor foi impulsionado pelo desempenho de algumas culturas. “Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE de agosto, produtos com safras significativas no segundo trimestre foram determinantes para esse avanço”, informou a pasta.

Entre os destaques na estimativa de produção anual e ganho de produtividade estão milho, com crescimento de 19,9%, soja (14,2%), arroz (17,7%), algodão (7,1%) e café (0,8%).

Ainda conforme o IBGE, no acumulado do primeiro semestre de 2025 o PIB cresceu 2,5% frente ao mesmo período de 2024. O desempenho foi positivo nos três setores: Agropecuária (10,1%), Indústria (1,7%) e Serviços (2,0%).

Nos quatro trimestres encerrados em junho de 2025, o PIB acumulado avançou 3,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O IBGE destacou que a taxa resultou da alta de 3,0% no Valor Adicionado a preços básicos e de 4,2% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. Nessa base de comparação, a Agropecuária cresceu 5,8%, a Indústria 2,4% e os Serviços 2,9%.

Fonte e Foto: Agrolink

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Mercado de sementes no Brasil: especialistas debatem pirataria, legislação e novas culturas em Congresso

Revisar a legislação brasileira que protege as cultivares, trabalhar para o desenvolvimento de culturas alternativas à soja e ao milho, desenvolver cultivares com alta produtividade e resistentes às doenças; além de criar formas de combater a pirataria de sementes foram alguns dos temas debatidos nesta quarta-feira (3) durante o 13º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, cuja programação segue até amanhã, dia 5 de setembro, em Luís Correia (PI).

Pesquisadores e representantes do setor privado se reuniram em uma mesa de debate sobre os problemas atuais e perspectivas futuras para o mercado de sementes no Brasil. Mediada pelo representante da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Piauí (Aprosoja – PI), Rafael Maschio,  a discussão contou com a participação do diretor da Sementes Progresso, Gregory Sanders; o representante da Corteva, Renato Pereira; o representante da Latitude Sementes, Taiuan Bruno; e o pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Paulo Fernando Vieira.

Os participantes da mesa, enfatizaram desafios como estabelecer plantas com vigor e potencial produtivo no Matopiba diante das condições climáticas, que sejam resistentes às doenças; além de problemas estruturais como transporte. Outro ponto levantado foi a necessidade de diversificar novas culturas, ou grão alternativos, como sorgo, milheto, feijões e gergelim. Canola e mostarda foram apontados como culturas que se destacam com grande potencial para produção de biodiesel. “O mercado de sementes no Brasil deve se diversificar, financiar novas ideias e novas culturas. O que a gente começa a trabalhar hoje vai ter resultados daqui a 20 anos. Podemos trazer essa visão de futuro para o mercado”, afirmou Renato Pereira. O pesquisador Paulo Fernando Vieira ressaltou o trabalho que vem sendo feito pela Embrapa com a cultura do milheto.

No entanto, Rafael Maschio acredita que, apesar do potencial para culturas alternativas, o que dá sustentabilidade ao agronegócio é a soja, que segue sendo um mercado dinâmico, com o desenvolvimento de novas cultivares por meio do trabalho de melhoramento genético.

As discussões ainda abrangeram a necessidade de rever a legislação de proteção de cultivares, que é originariamente de 1997 e está descolada da realidade atual dos produtores. Existe uma dificuldade de avançar nessa revisão porque o setor não consegue chegar a um consenso. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) está conduzindo essa discussão entre os diversos entes da cadeia produtivas para elaborar um texto único que será levado ao Legislativo.

Fonte: Adriana Brandão/Embrapa Meio-Norte Foto: Divulgação

Safra da soja  -  Foto: Gilson Abreu/AEN

Plantio da soja começou nesta segunda-feira no Paraná

O vazio sanitário da soja terminou, no último dia (31), para as regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná. Com isso, os produtores estão liberados a dar início à semeadura, cujo período se estende até 31 de dezembro. O vazio sanitário é um período de 90 dias contínuos em que o plantio é proibido por conta do risco da ferrugem asiática, doença fúngica que atinge a plantação. Já a época recomendada para o plantio se estende por 120 dias, após o fim do vazio sanitário.

No Paraná, há três períodos de vazio sanitário para a soja. Para a safra 2025/2026, a portaria 1.271, do Ministério da Agricultura e Pecuária, de 30 de abril de 2025, estabeleceu os seguintes períodos: Nas regiões Norte, Noroeste e Oeste, de 2 de junho a 31 de agosto, com o plantio seguindo de 1º de setembro a 31 de dezembro. No Sudoeste, o vazio sanitário vai de 12 de junho a 10 de setembro, com o período de plantio seguindo de 11 de setembro a 10 de janeiro. E no Sul e Centro-Sul, o período em que não é permitido o plantio é de 21 de junho a 19 de setembro, sendo recomendado entre 20 de setembro e 20 de janeiro.

“Plantar fora do período recomendado é um risco muito grande, não apenas para quem desobedecer as regras, como para os demais produtores por conta do aumento da possibilidade de surgimento de doenças e de perdas por adversidades climáticas”, explica o engenheiro agrônomo Flávio Turra, gerente de Desenvolvimento Técnico do Sistema Ocepar. Ele alerta que o não cumprimento da recomendação do vazio sanitário pode implicar em multa e destruição da lavoura plantada. Além disso, caso o produtor não observar o calendário de plantio pode perder o direito de acessar o crédito rural e o seguro agrícola.

Turra orienta alerta também para a importância de observar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), estabelecido pelo Ministério da Agricultura.  O Zarc é um programa que identifica as épocas ideais para plantio de diversas culturas, minimizando riscos de perdas devido a fenômenos climáticos. “É importante sempre seguir as orientações do engenheiro agrônomo que presta assistência técnica à propriedade”, diz.

Principal lavoura

A soja é a principal lavoura cultivada no Brasil sob o ponto de vista econômico. É a que tem o maior Valor Bruto de Produção (VBP), representando 23% do valor de toda a produção agropecuária do país, seguido da produção de carne bovina. O Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo. São produzidas, em média, por ano 169 milhões de toneladas, o que representa 40% da produção mundial. O segundo maior produtor são os Estados Unidos, com 28% da produção mundial. Em terceiro lugar vem a Argentina, com 12%. Ou seja, esses três países são responsáveis por 80% da produção mundial de soja.

No Paraná, a soja também é a principal, representando 26% de toda a produção agropecuária, seguida da produção de frango, que responde por 25% do agronegócio. Os sojicultores paranaenses produzem 21,5 milhões de toneladas, o que confere ao estado a segunda posição no ranking nacional.  O líder da produção é Mato Grosso, com 50 milhões de toneladas. Em terceiro lugar vem Goiás, quase empatando com o Paraná, com produção anual 20,4 milhões de toneladas.

Agregação de valor

“Como o Paraná não tem mais área disponível para ampliar o plantio, o foco está sendo transformar a produção, o que é positivo porque agrega valor”, observa Flávio Turra. Segundo ele, nesse segmento se destaca a agroindustrialização, com a destinação da soja para insumos para a avicultura e a suinocultura. “É a transformação da soja em proteína animal, especialmente a produção de carne de frango”, explica, acrescentando que as cooperativas têm papel fundamental nesse processo, com elevados investimentos em agroindústrias.

As agroindústrias das cooperativas do Paraná detêm metade da capacidade estática de esmagamento de soja do estado. São 41 mil toneladas processadas por dia, sendo transformada em óleo, grão e farelo. Cerca de 68% da produção total de soja do Paraná passa pelas cooperativas. Boa parte fica no estado exatamente para ser transformada em ração para a produção de frango.

“No Paraná, essa é uma tendência. Vamos ver cada vez mais soja ficando aqui para ser transformada em ração”, prevê Turra. Além disso, segundo ele, o grão começará também a ser bastante demandado para a produção de biodiesel. Em junho último, o governo federal determinou o aumento de 14% para 15% do percentual de biodiesel na composição do diesel como forma de ter um combustível menos poluente. Até 2030 a previsão é de aumento da mistura de 15% para 20%. O biodiesel de soja é um biocombustível renovável e menos poluente, produzido a partir do óleo extraído da soja. “É um outro uso da soja para agregar valor, ao mesmo tempo em que que viabiliza a produção de um combustível mais ecológico”, pontua.

Fonte: Sistema Ocepar Foto: AEN

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Sementes piratas avaliadas em R$ 35 milhões são apreendidas

Três mil toneladas de sementes piratas foram apreendidas no Rio Grande do Sul. O montante é avaliado em R$ 35 milhões. Na ação, produtores foram autuados por posse de defensivos ilegais ou em situação de armazenamento irregular. Esta é a maior operação já registrada no país contra o mercado ilegal de sementes e insumos agrícolas.

A iniciativa, ocorrida entre os dias 26 e 29 de agosto de 2025, foi realizada em conjunto pela Polícia Civil gaúcha e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Ao todo, 14 municípios gaúchos foram alvos da operação, entre eles Cruz Alta, Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e Palmeira das Missões.

O volume apreendido é o dobro da apreensão realizada em outubro do ano passado a partir de uma ação da CropLife Brasil, que resultou na apreensão de 1,4 mil toneladas de sementes irregulares em Santiago (RS), avaliadas em R$ 19,7 milhões.

Além das sementes piratas, uma empresa foi autuada por manter aeronave agrícola avaliada em R$ 1,5 milhão sem registro no Mapa. Diversos produtores foram flagrados com defensivos ilegais ou armazenados irregularmente, com risco de contaminação de grãos.

Posição do setor

Em comunicado, a CropLife Brasil, entidade que reúne empresas de defensivos, sementes, biotecnologia e bioinsumos, reforça que apreensões como esta confirmam a gravidade de um problema recorrente no país. 

Estudo realizado em parceria entre a entidade com a consultoria Céleres, aponta que a pirataria de sementes de soja causa perdas de R$ 10 bilhões por ano, ocupando o equivalente a 11% da área plantada com a cultura no Brasil. No Rio Grande do Sul, epicentro da operação, o prejuízo chega a R$ 1,1 bilhão por ano.

Com isso, a CropLife alerta que a ilicitude compromete a qualidade dos produtos, a cadeia de produção e o estímulo à inovação.

Fonte e Foto: https://agro.estadao.com.br/economia/sementes-piratas-avaliadas-em-r-35-milhoes-sao-apreendidas

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Fretes de grãos têm alta em várias regiões do Paraná

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou, por meio do Boletim Logístico de agosto, divulgado na úlitma sexta-feira (29), que os fretes para o transporte de grãos no Paraná apresentaram variação em julho, de acordo com a região.

Segundo a Conab, houve aumento na demanda por fretes em relação ao mês anterior, impulsionado pela elevada procura por armazenagem por parte de tradings, cooperativas e cerealistas. A escassez de espaço nos armazéns, somada à forte demanda pelos grãos, resultou em elevação inesperada nos preços.

No caso da soja, a alta nos fretes foi de 11,11% em Cascavel, 13,33% em Campo Mourão e 61,64% em Ponta Grossa. Para o milho, a variação positiva foi de 8% nos embarques com destino ao Rio Grande do Sul e de 13,33% para Paranaguá.

Em relação à comercialização, a Conab informou que 81,3% do milho da safra 2024/25 e 68,6% da soja da primeira safra já foram negociados. O milho da segunda safra teve 64% da área colhida e 33,6% da produção comercializada. Na região de Toledo, o índice de colheita chegou a 88% e a comercialização a 26,4%.

O feijão da safra 2024/25 já foi totalmente colhido, com 97,5% da produção comercializada, especialmente em Pato Branco e Ponta Grossa. No caso do feijão de segunda safra, 100% da área foi colhida e 71,6% da produção já foi negociada. Em Pato Branco, houve movimentação do produto apenas para São Paulo, com estabilidade nos fretes. Em Ponta Grossa, os preços foram direcionados ao Rio de Janeiro e a São Paulo, também sem alterações em relação a junho.

Fonte: Agrolink/Seane Lennon Foto: Canva

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Especialistas orientam como controlar planta daninha que afeta recursos de soja e milho

A vassourinha-de-botão (Borreria spinosa) é uma planta daninha que vem se tornando um problema nas lavouras de Mato Grosso e da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Suas características biológicas dificultam seu controle, o que contribui para uma rápida infestação. Uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril (MT), Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) trouxe recomendações para o manejo da espécie em sistemas produtivos de soja e milho.

É muito comum observar plantas de vassourinha-de-botão nas beiras das estradas e nas margens das lavouras. Quando adulto, o controle ainda é mais difícil e a falta de controle possibilita a formação de sementes que podem ser dispersadas no talhão pelo trânsito de máquinas agrícolas. Com uma raiz em forma de tubérculo lenhoso, as plantas armazenam água e nutrientes suficientes para sobreviver ao período seco, iniciando a rebrota logo nas primeiras chuvas.

Controle no início é importante

” B. spinosa é uma espécie de difícil controle, principalmente quando se torna adulta, por isso, o controle deve se iniciar logo que se observam plantas nas beiras de estradas e talhões para que não se divulguem para o interior dos talhões. E, para isso, além da sobremesa em pré-semeadura, ainda seria possível associar o manejo em pós-emergência de plantas adultas nas culturas da soja e milho nas bordas dos talhões”, explica a pesquisadora da Embrapa Fernanda Ikeda.

O manejo em pós-emergência de plantas aparentemente adultas não é uma opção comumente utilizada no controle, mas, dada como da vassourinha-de-botão, a pesquisadora recomenda que se utilize essa estratégia, principalmente quando a infestação se dá de forma localizada nas bordas da lavoura.

As práticas já recomendadas para o controle de plantas específicas, como a rotação de mecanismos de ação e o controle cultural, com a inclusão de plantas forrageiras no sistema produtivo, como o consórcio de milho com braquiária, por exemplo, também são parte da estratégia para minimizar o problema com a invasora.

Uma publicação lançada pela Embrapa e disponível para download gratuito traz de forma específica recomendações de herbicidas a serem usados ​​isoladamente ou em mistura em diferentes posicionamentos. O estudo traz alguns cenários que podem auxiliar consultores agronômicos e produtores rurais a identificar situações que melhor se assemelham vivenciadas por eles no campo.

Confusão de espécies

Um dos motivos para a dificuldade no controle da vassourinha-de-botão está na identificação errônea da espécie tanto pelos agricultores quanto por pesquisadores. As espécies Borreria verticillata e Borreria spinosa possuem características semelhantes e são comumente confundidas. Há ainda as espécies Mitracarpus hirtus e Borreria latifolia que também pertencem à família Rubiaceae que podem ampliar a confusão. Essa dificuldade de identificação pode ter resultado em estudos feitos considerando uma espécie, quando na prática era outra que estava sendo avaliada. Isso pode explicar resultados controversos encontrados na literatura.

Nessa pesquisa coordenada pela Embrapa Agrossilvipastoril, foram fotografadas e coletadas plantas para o processo de herborização e obtenção das exsicatas para deposição no herbário da UFMT/Sinop. Exsicata é uma amostra de planta prensada, seca em estufa e acomodada em uma cartolina com os devidos rótulos de identificação para estudo botânico.

Por fotos, dois taxonomistas especializados na família Rubiaceae, a qual a espécie pertence, identificaram como Borreria verticillata , porém, a taxonomista Laila Mabel Miguel, da Universidade Nacional del Nordeste, de Corrientes, na Argentina, especialista no gênero das plantas estabelecidas e justificada por meio das características que distinguem as espécies, que se tratavam de exemplares de Borreria spinosa .

Ikeda explica que situações como essa já variam para outras espécies de plantas específicas, tendo ocorrido também com a buva, picão-preto, entre outros. Para ela, essa situação leva à necessidade de revisão de bulas de herbicidas. De acordo com um especialista é possível que os registros para Borreria verticillata tenham sido baseados em testes com Borreria spinosa . Atualmente não há herbicidas registrados para B. spinosa no Mapa, somente para B. verticilata.

Mulheres na ciência

Esta pesquisa foi desenvolvida no âmbito do projeto “Manejo de vassourinha-de-botão em sistemas agrícolas solteiros e integrados”, financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso ( Fapemat ), por meio do edital “Mulheres e Meninas na Computação, Engenharias, Ciências Exatas e da Terra 2022”.

O edital tem como objetivo estimular a presença das mulheres na ciência em áreas com histórico de predominância masculina. Além de serem liderados por mulheres, os projetos devem prever a contratação de bolsistas e estagiários, incentivando a formação de novos cientistas.

Fonte: Gabriel Faria/Embrapa Agrossilvipastoril Foto: Divulgação

Composição Grãos de Feijão - Catálogo 2012

Pequenas lavouras de feijão são maioria no Brasil, mas as grandes produções a maior parte

A maioria dos produtores de feijão do Brasil plantam rendimentos menores que cinco hectares. Essas áreas abrangem cerca de 97% de unidades produtoras do grão no País, localizadas em 533,5 mil propriedades rurais. No entanto, o maior volume produzido vem de grandes trabalhos, que são minorias. Esse é o resultado de uma pesquisa da Embrapa Arroz e Feijão (GO) que levou em conta a área plantada entre os seis principais estados produtores de leguminosas (Paraná, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Bahia) e os grupos comerciais pretos e núcleos (carioca, roxinho, mulatinho etc).

O estudo utilizou informações do último Censo Agropecuário 2017, publicado em 2023 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ). Para efeito de análise, houve uma adaptação de dados para classificação em três categorias: pequenas lavouras com áreas plantadas com feijão menores que cinco hectares; médias de trabalho com áreas entre cinco e menores que cinquenta hectares; e grandes áreas com áreas a partir de cinquenta hectares.

As atividades menores de que cinco hectares (que abrangem 97% dos estabelecimentos que produzem feijão no Brasil) podem fazer parte ou estar situadas em grandes, médias ou pequenas propriedades rurais. “O tamanho da lavoura de feijão diz respeito especificamente à área de cultivo e não equivale necessariamente ao tamanho da propriedade rural ou do estabelecimento agropecuário produtor onde ela está localizada”, explica o socioeconomista da Embrapa, Alcido Wander , um dos responsáveis ​​pelo estudo.

Maior parte da produção equipamentos em grandes trabalhos

Ainda de acordo com Wander, embora numericamente predominem no País lavouras de feijão em áreas menores do que cinco hectares, são as grandes plantações do grão, com tamanho igual ou superior a 50 hectares, as responsáveis ​​pela maior parte da produção total, ou seja, aproximadamente 3 mil grandes lavouras produtoras de feijão (0,5% do total) colhem mais de 1,2 milhão de toneladas do grão, o que representa 75% da produção, obedecendo ao recorte dos seis principais estados produtores.

Uma outra constatação dessa pesquisa é que 87% do total de feijão produzido, em torno de 1,5 milhão de toneladas, foram vendidos e abasteceram o mercado; e pouco mais de 200 mil toneladas, isto é, aproximadamente 13% da produção, não chegam às negociações e indicam autoconsumo pelas propriedades rurais. Mais detalhadamente, Wander apontou que “em lavouras com até cinco hectares, o autoconsumo representou 59% da produção no caso do feijão de cor (grãos carioca, roxinho, mulatinho) e 38% no caso do feijão preto”, complementa.

O pesquisador ainda fez outra observação: a inserção da diferenciação entre feijão de cor e feijão preto para efeito de análise pode ter levado à contagem dupla de alguns estabelecimentos rurais que produziram o grão. “Do ponto de vista metodológico, atualmente-se que as propriedades rurais plantaram um ou outro tipo de feijão, mas, na prática, é possível que alguns produtores tenham plantados ambos os tipos de feijão”, esclarece. Assim, o número total de estabelecimentos, cerca de 550,5 mil, pode ser um pouco maior do que o número real.

O futuro do feijão

Considere que a produção brasileira de feijões ao longo do tempo tem sido ajustada ao consumo interno. De acordo com ele, nos últimos dez anos, a produção no Brasil tem oscilado entre 2,5 milhões de toneladas e 3,4 milhões de toneladas. Já as miudezas chegam perto de 100 milhões de toneladas por ano. Esses volumes têm ajudado o País a manter o abastecimento interno, acrescentando ainda uma contribuição que varia entre 130 milhões de toneladas e 450 milhões de toneladas do grão dos estoques de passagem, que representam a quantidade de produto armazenado e disponível ao fim de dezembro de cada ano. “O consumo aparente per capita de feijões nos últimos dez anos tem dado sinais de queda, chegando a 13,2 quilos por habitante ao ano”, acrescenta Wander.

Um fato relatado pelo pesquisador é que as exportações de feijão vêm superando as importações em anos recentes. Segundo levantamento realizado a partir de informações adaptadas da Companhia Nacional de Abastecimento ( Conab ), o Brasil tornou-se um exportador líquido em feijões. A balança comercial se inverteu a partir da safra 2017/18, quando o País passou a comercializar entre 136 mil toneladas e 223 mil toneladas no mercado mundial. Se para apenas a safra 2023/24 considerada, houve uma exportação de aproximadamente 150 mil toneladas de feijão, um aumento de 22% em relação a dez anos atrás”, concluiu Alcido.

No que diz respeito às projeções para o mercado de feijão, o pesquisador aponta que a expectativa, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária ( Mapa ), é de queda no nível da produção de feijões, chegando a 2,9 milhões de toneladas até 2032/33. Isso representa redução de 5% considerando o período de dez anos (safra 2022/23). O consumo esperado para 2032/33 é de 2,7 milhões de toneladas e as estimativas estimadas são de 65 mil toneladas em 2032/33.

“Essas projeções de longo prazo podem se confirmar, caso as condições do passado recente sigam as mesmas. Porém, se houver mudanças, como aumento de exportações, aumento de consumo interno, esses números poderão ser maiores”, prevê Wander.

Fonte: Rodrigo Peixoto/Embrapa Arroz e Feijão Foto: Sebastião Araújo