O Paraná, um dia o maior produtor de café do Brasil, testemunhou mudanças drásticas em sua posição no mercado. Conforme dados do Boletim Conjuntural do Café, do Departamento de Economia Rural (DERAL), o estado alcançou o auge da produção cafeeira nacional em 1960, superando São Paulo. No ápice, em 1962, o Paraná foi responsável por 64% da produção de café no país. Contudo, uma geada devastadora em julho de 1975 interrompeu essa trajetória, destruindo os cafezais e reduzindo a produção estadual a zero em 1976.
Mesmo após essa catástrofe, o Paraná ainda manteve uma participação significativa na produção nacional, chegando a 20% no final dos anos 1980. Porém, com o passar das décadas, essa participação foi gradualmente diminuindo: menos de 10% nos anos 1990, menos de 5% nos anos 2000 e menos de 3% na década de 2010. Atualmente, a produção é estimada em 675 mil sacas (40,5 mil toneladas), cultivadas em uma área de 25,3 mil hectares, representando apenas 1% da produção nacional. Esse número é significativamente menor que os 21 milhões de sacas produzidas nos anos 1960. O valor bruto de produção (VBP) do café no Paraná gerou R$ 562,9 milhões em 2023, apenas 0,3% da renda estadual. A principal região produtora é o Norte Pioneiro, com destaque para o município de Carlópolis, responsável por 22% da produção estadual, conforme o VBP de 2023.
A safra atual foi favorecida por florações uniformes, o que facilitou a colheita. Contudo, o clima seco desde maio resultou em grãos menores, afetando a produtividade e a conversão de café em coco para café beneficiado. Por outro lado, os preços mais altos nesta safra têm compensado parcialmente a queda na produtividade, o que pode manter a área plantada na próxima safra.
No primeiro semestre de 2024, as exportações de café verde do Paraná totalizaram 12,5 mil toneladas, superando as 5,8 mil toneladas exportadas em todo o ano de 2023. Porém, o forte das exportações é o café solúvel, com 34,3 mil toneladas exportadas em 2023, mantendo um ritmo consistente em 2024. A industrialização do café no estado também inclui importações de café verde, que complementam a produção local. No total, os produtos do café geraram uma receita de US$ 333,4 milhões para o estado no ano passado.
Frente às incertezas do mercado de commodities, especialmente para pequenas propriedades, os produtores paranaenses estão explorando alternativas como a produção de cafés de maior qualidade. Segundo a Câmara Setorial do Café do Paraná, os cafés especiais representam entre 10% e 30% do volume produzido, dependendo das condições da safra. A Câmara, que promove o Concurso Café Qualidade Paraná, atualmente em sua 22ª edição, incentiva a constante melhoria do café paranaense. Além disso, o estado oferece assistência técnica através do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), com iniciativas como o projeto “Mulheres do Café”, que visa agregar valor à produção através da venda direta ao consumidor. Outras estratégias, como a verticalização da produção e o turismo rural, também são adotadas para aumentar a rentabilidade. Com essas iniciativas, os cafés do Paraná buscam se destacar, uma vez que a produção em larga escala dificilmente será retomada no estado.
Fonte e Foto: Portal do Agronegócio
Deixe seu comentário