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A aposta do monitoramento como ferramenta tecnológica do campo

Não há a menor dúvida de que a tecnologia para aprimorar os negócios no campo avança a cada “minuto”. São diferentes áreas com investimentos, mas uma vem recebendo atenção especial. Trata-se da coleta de dados para monitoramento do campo em todos os processos de produção, o que permite melhor tomada de decisão.

Exemplo disso é o Sistema Sigma, desenvolvido pela Fundação ABC, localizada em Castro (PR), na região dos Campos Gerais. Sigma significa Sistema Integrado de Gestão e Monitoramento Agropecuário, o que já indica seus objetivos e funcionalidades. Tudo começou com um projeto da ABC e ganhou novos ares, em função do potencial da ferramenta.

O pesquisador Claudio Kapp Junior, da Fundação ABC, contou à Revista Apasem que em 1994 foi criado o primeiro sistema para registrar informações de produtos que vão para os talhões, incluindo sementes e herbicidas. A partir disso, a ferramenta ganhou corpo, em especial, em 2001. Naquele ano, as cooperativas parceiras da ABC investiram em um voo para o registro de imagens das propriedades, o que foi acrescentado ao Sigma. Era possível, assim, observar as áreas com uma visão diferenciada, verificando as distinções entre elas.

A incorporação de dados de estações agrometeorológicas se tornou mais uma etapa nessa evolução, entre os anos de 2004 e 2005, com registro a cada 15 minutos. Logo depois, o sistema despertou interesse de uma empresa alemã, que adquiriu os direitos da iniciativa, com cláusula de exclusividade. Essa condição terminou em 2018. Por isso, a Fundação ABC decidiu investir novamente na ferramenta, a partir do know-how adquirido. Seus representantes também perceberam um momento de ansiedade do mercado por acesso à tecnologia.

“Compreendemos que, no mercado, existia uma série de ferramentas, mas elas estavam ‘espalhadas’. Ou seja, uma tinha como foco a gestão do custo; outra, as condições do tempo; a terceira, o scout sobre doenças; outra, a biometria. Eram soluções desintegradas. A partir do nosso conhecimento, reunimos essas soluções e as transformamos em uma única ferramenta. O Sigma consegue estruturar e organizar o banco de dados das propriedades rurais”, conta Kappa Junior.

A ferramenta disponibiliza a programação de safra dos produtores ligados a todas as cooperativas parceiras da fundação. “Sabemos o que os produtores vão usar no campo, quais materiais e quais princípios ativos. As informações abrangem todos os talhões. Isso nos permite saber em qual dia será feita determinada atividade, a quantidade de produtos e insumos e o custo disso tudo”, afirma o pesquisador.

De acordo com ele, esta é realmente uma ferramenta de gestão agronômica e financeira da propriedade rural, o que permite redução de gastos e aumento da produtividade, além da percepção de todas as etapas do processo, identificando problemas e resultados de determinada intervenção. Para isso, o Sigma cruza imagens de satélite; previsão do tempo; coeficiente genético de doenças a partir de pesquisas da fundação; comportamento de pragas e doenças; contabilização de custos, entre outros itens.

A alimentação de dados na ferramenta é realizada pelos próprios produtores, agrônomos e cooperativas, o que se soma às informações disponibilizadas pela Fundação ABC. Quem está diretamente no campo conta com um aplicativo para celular, o que facilita o acesso ao sistema. As cooperativas podem acompanhar em tempo real as condições das lavouras a partir do ingresso no Sigma, além de obter relatórios sobre as culturas e outras informações relevantes para a tomada de decisão. “O sistema permite uma série de possibilidades de aplicação. Até mesmo basear acesso a créditos mais benéficos ou a seguros mais direcionados às demandas do produtor”, exemplifica Kappa Junior.

Essas informações estratégicas também podem beneficiar os produtores do setor de sementes, pois o Sistema Sigma controla todas as condições dos processos que incidem na lavoura. “Por ser uma ferramenta que faz esse controle, gera dados estratégicos porque permite uma rastreabilidade de tudo o que aconteceu no campo”, destaca o pesquisador. Ou seja, é possível acompanhar todo o “comportamento” da semente, desde a sua escolha, as condições nas quais foi inserida, problemas enfrentados no cultivo, manejo e resultado da produção.

Kappa Junior revela que, recentemente, a Fundação ABC iniciou uma abordagem para a pecuária dentro do Sigma. Com isso, toda a unidade de negócio poderá contar com a estruturação do banco de dados da propriedade, sob os aspectos técnico e financeiro.

Fonte e Foto: Revista Apasem/Joyce Carvalho

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