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Deputados aprovam projeto que altera regras de licenciamento ambiental no Paraná

O projeto de lei apresentado pelo Executivo paranaense que altera as normas gerais do licenciamento ambiental no estado foi aprovado na Assembleia Legislativa do Paraná na sessão de quarta-feira (4). O texto tramitou em regime de urgência, e recebeu 34 votos favoráveis e seis contrários.

O texto prevê a criação de diferentes modalidades de licenciamento ambiental. Os níveis de exigência em cada uma delas seriam adequados e adaptados ao potencial de impacto de cada atividade. Nos casos em que há baixo risco ambiental, é prevista a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC). Nela, o processo será simplificado e a emissão da licença é feita de modo automático por meio informatizado.

Outra possibilidade é a emissão da Declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental (DLAM), válida para atividades e empreendimentos com baixo potencial de emissão de poluentes ou impacto no meio ambiente.

A liderança do governo na Alep defende que a medida tem como objetivo aprimorar a regulamentação existente, aliando as necessidades do setor produtivo com a preservação do meio ambiente. Segundo o Executivo, a proposta pretende garantir mais segurança jurídica aos empresários que desejam investir no Paraná, bem como aos técnicos envolvidos na análise e emissão de licenças.

Para a oposição, as mudanças podem enfraquecer a proteção ambiental no estado, em especial a atuação do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cema). Além dos deputados contrários à proposta, órgãos como o Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério Público do Estado do Paraná, que divulgaram notas técnicas contra as mudanças na legislação.

Entre os pontos analisados pelo Ibama está a aceleração nos processos de licenciamento, em especial a modalidade por Adesão e Compromisso. Na avaliação do órgão, o projeto que muda as regras do licenciamento ambiental não deixa claro para quais empreendimentos se aplicaria esta possibilidade. Além disso, o Ibama destaca que o projeto é omisso em relação à fiscalização de atendimento das exigências por parte dos empreendedores beneficiados pela nova forma de licenciamento.

Para o Ministério Público, a mudança de função do Cema é um dos pontos mais preocupantes. Pela proposta, o órgão passaria a ter caráter consultivo. No entendimento dos promotores, esta mudança é ilegal e contraria normativas federais de proteção ambiental.

“Para o fiel cumprimento do papel a que se propõe, não basta que os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente sejam meramente consultivos, como propõe o projeto de lei, mas sim que possam efetivamente deliberar sobre ações ambientais de competência do Estado”, aponta a nota técnica do MPPR.

Projeto recebeu emendas, mas ainda assim foi alvo de críticas da oposição

A mudança deste trecho está entre as 22 emendas acatadas, dentre as quase 50 que foram propostas, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alep. Durante a discussão do substitutivo em plenário, o deputado Arilson Chiorato alegou que algumas das alterações propostas ao texto sequer foram analisadas na comissão.
“O substitutivo retira competências do Conselho Estadual do Meio Ambiente e mantém que o licenciamento de lançamento de efluentes será por decreto. É um projeto que segrega a mata nativa, invade a competência do Ibama, e analisa a partir da obra e não do impacto ambiental a ser causado. Está sendo tratorado aqui, é irregular e nós vamos à Justiça recorrer contra tudo isso que está acontecendo aqui hoje”, acrescentou o deputado.

Em contrapartida, a base de apoio do governo elogiou a proposta e comemorou a aprovação. “O projeto é instrumental para agilizar o processo de licenciamento. Não revoga leis federais e cria mecanismos que modernizam o processo. Muitas emendas foram oferecidas para melhorar o texto do projeto. O processo legislativo é justamente para isso”, disse Luiz Claudio Romanelli (PSD).

O vice-líder do governo, deputado Gugu Bueno (PSD), definiu o projeto como histórico. “É preciso coragem para avançar, e é isso que o governador Ratinho Junior está fazendo. Havia um excesso, em nome da proteção ambiental, que travava o desenvolvimento do estado”, disse.

Com a aprovação, o projeto segue para sanção do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). A lei ainda precisa ser regulamentada pelo Executivo, que deve fazer uma audiência pública para que novas manifestações sobre a proposta sejam feitas antes de a flexibilização do licenciamento ambiental seja posto em prática.

Fonte e Foto: Gazeta do Povo/Fabio Calsavara

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