O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou suas estimativas de oferta e demanda agrícola mundial para 2023/24, prevendo um ano turbulento para a indústria global de trigo. As perspectivas gerais indicam uma interação interessante de aumento da produção em um cenário de menor oferta, comércio, consumo e estoques finais em comparação com o ano anterior.
A produção global de trigo deve atingir um recorde de 789,8 milhões de toneladas, um aumento modesto de 1,5 milhão de toneladas em relação a 2022/23. Esse aumento é atribuído principalmente a safras maiores na Argentina, Canadá, China, União Européia e Índia, que conseguiram contrabalançar quedas notáveis na Austrália, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão.
Espera-se que a Argentina assuma a liderança no aumento da produção à medida que o país se recupera de uma seca devastadora, enquanto o Canadá deve colher colheitas quase recordes devido à expansão das áreas de plantio. A UE também antecipa um aumento da produção, graças às chuvas acima da média que beneficiam quase todos os países membros, com exceção de Espanha e Portugal.
No entanto, nem todos os produtores de trigo compartilham essa previsão otimista. A Austrália, após três safras recordes consecutivas, está se preparando para uma queda substancial na produção devido ao retorno dos rendimentos aos níveis médios. Simultaneamente, a Rússia prevê rendimentos menores e áreas reduzidas em relação ao recorde do ano passado, enquanto a produção da Ucrânia deve cair 21%, principalmente devido ao conflito em andamento com a Rússia.https://www.agrolink.com.br/agrotempo?utm_source=agrolink-detalhe-noticia&utm_medium=detalhe-noticia&utm_campaign=links-internos
Pelo lado do consumo, espera-se uma queda de 3,0 milhões de toneladas, caindo para 791,7 milhões de toneladas. O principal fator por trás disso é a redução do uso de ração e resíduo de trigo, já que maiores suprimentos de grãos para ração em 2023/24 tornam o trigo menos competitivo. Os países mais afetados por essa redução são Ucrânia, Índia, Rússia e China.
O comércio global de trigo também deve sofrer uma queda, com uma queda prevista de 5,5 milhões de toneladas a partir de 2022/23, elevando o total para 209,7 milhões de toneladas. Prevê-se que a Rússia mantenha sua posição como o maior exportador, seguida pela UE, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Argentina. No entanto, espera-se que as reduções nas exportações da Austrália, Índia e Ucrânia superem os aumentos da Argentina, UE e Rússia.
Olhando para os estoques de final de ano, o USDA prevê uma queda de 1,9 milhão de toneladas para 264,3 milhões. Isso representaria a menor relação estoque-uso global desde 2014/15, uma tendência preocupante para o mercado global de trigo. O mais impressionante é que mais da metade desses estoques globais devem ser mantidos na China.
Enquanto a produção de trigo continua a crescer, os desafios potenciais de menor consumo, comércio e estoques destacam um ano complexo pela frente para a indústria global de trigo. Equilibrar esses fatores contrastantes será crucial para manter a estabilidade no mercado mundial de trigo em 2023/24.
Boletim elaborado pela equipe Agrotempo*
Fonte: Agrolink/Seane Lennon Foto: Divulgação
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