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Retorno do El Niño pode favorecer a próxima safra de verão no Centro-Sul do BR, afirma Lazinski

Após três safras seguidas sob a influência do fenômeno climático La Niña – 2020/2021; 2021/2022 e 2022/2023 –, é esperado o retorno do El Niño, a partir do outono. De acordo com o meteorologista Luiz Renato Lazinski, essa é uma boa notícia para os produtores rurais do Centro-Sul do Brasil. “O El Niño deve chegar no início da próxima safra de verão por aqui, favorecendo a implantação e o desenvolvimento das lavouras, devido ao volume de chuvas. Por outro lado, poderá afetar o trigo e outras culturas de inverno, causando problemas, como a incidência de doenças, e prejudicar a colheita, por conta da alta umidade”, afirmou. Ainda de acordo com ele, nos próximos meses, as temperaturas devem ficar entre a média e ligeiramente acima da média, a quantidade de chuvas deve voltar gradativamente ao normal e a probabilidade de ocorrer geadas precoces ou tardias são muito pequenas, com exceção nas áreas acima de 1.000 a 1.200 metros de altitude. Esse cenário é projetado para o Centro-Sul do país.

Prognóstico

Lazinski apresentou um prognóstico climático para 2023 Durante evento promovido virtualmente pelo Sistema Ocepar, com aproximadamente 200 participantes, entre profissionais da área técnica e executivos das cooperativas do Paraná, além de representantes das cooperativas de Santa Catarina, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Associação dos Engenheiros Agrônomos, seguradoras e universidades. O encontro também foi prestigiado pelo secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara.
Abertura – O coordenador do Ramo Agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e presidente da Cooperativa Bom Jesus, Luiz Roberto Baggio, e o superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, fizeram a abertura do evento.

Episódios

Durante sua explanação, Lazinski afirmou que os episódios verificados atualmente são característicos do La Niña, como temperaturas abaixo do normal e chuvas irregulares e mal distribuídas. Ele mostrou os acumulados de chuva e a variação da temperatura no Paraná e no Brasil, registrados nos últimos meses, e as tendências para os próximos períodos. A seca, que normalmente acomete a região Sul do Brasil em períodos de La Niña, agora está impactando fortemente o Rio Grande do Sul e a Argentina, mas a situação deve melhorar nos próximos meses, com a volta da chuva no estado gaúcho e no país vizinho, a partir de fevereiro. “No Paraná, deve chover bem nos próximos 45 dias”, disse o meteorologista. Também foram apresentados dados relativos aos Estados Unidos que, segundo ele, enfrentaram problemas com a chegada antecipada do frio em algumas regiões, mas não tiveram grandes obstáculos na largada da safra.

Perda de intensidade

Ainda de acordo com Lazinski, o La Niña deve começar a perder intensidade a partir de março, mas continuará influenciando o clima, passando para um período de neutralidade climática entre os meses de abril e maio. A partir de junho, inicia-se a configuração do El Niño.

Pacífico

Apesar de haver diversos indicadores que interferem no clima, Lazinski explicou que o La Niña e o El Niño são fenômenos importantes pois ocorrem no maior Oceano do mundo, o Pacífico, trazendo consequências de grandes dimensões. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Pacífico, principalmente nas zonas equatoriais. Já o La Niña pelo resfriamento. Assim, por ter uma grande predominância, qualquer alteração na temperatura das águas do Oceano Pacífico acaba causando mudanças significativas em relação vários fatores, como ventos, umidade e evaporação, por exemplo, que acabam trazendo reflexos nas condições climáticas.

Safra

As safras brasileira e paranaense de grãos também estiveram em pauta durante o encontro promovido pelo Sistema Ocepar nessa quinta-feira. O coordenador de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Sílvio Krinski, destacou que, na safra 2022/23, o país deve alcançar a produção de 312,2 milhões de toneladas, 15% ou 40,8 milhões de toneladas superior à obtida em 2021/22, de acordo com o último levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Os fatores que estão contribuindo para este resultado são o aumento de 3,3% na área plantada e de 11,3% na produtividade, caracterizando esse cenário espetacular de produção. Dependendo do clima, temos tudo para ter uma boa safra”, afirmou Krinski.

Principais culturas e VBP – Entre as principais culturas da safra brasileira estão a soja, que deve chegar a 153,5 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 22,2% em relação à safra anterior; o milho deve alcançar o volume de 125,8 milhões de toneladas, um incremento de 11,2% na produção, e o trigo deve render 9,5 milhões de toneladas, o que representa 24,4% a mais se comparado a ciclo 2021/2022. Em relação ao Valor Bruto da Produção Agropecuária, a expectativa é de que, em 2023, atinja R$ 1,2 trilhão, montante 6% superior ao do ano passado. Em 2022, o VPB deve ficar em R$ 1,1 trilhão, sedo que as lavouras contribuem com 68,6% desse total e a pecuária com 31,4%, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Paraná

O analista de Desenvolvimento Técnico da Ocepar da área de Mercado, Salatiel Turra, discorreu sobre a safra paranaense de grãos, enfatizando a produção de soja, milho e trigo no Estado, com base em dados do Departamento de Economia Rural da Seab. Ele mostrou a evolução das últimas safras. O milho primeira safra deve chegar a 3,7 milhões de toneladas na safra 2022/23, ante a 2,9 milhões de toneladas da safra anterior. Já o milho segunda safra deve render 15,4 milhões de toneladas na safra 2022/23, contra 13,3 milhões de toneladas da safra 2021/22. A produção estimada de soja é de 21,4 milhões de toneladas na safra 2022/23, diante das 12,3 milhões de toneladas da safra anterior. E devem ser colhidas no Paraná 3,8 milhões de toneladas de trigo na safra 2022/23, sendo a safra 2021/22 deve fechar com 3,2 milhões de toneladas. Ainda em relação a essas três culturas, o analista da Ocepar mostrou dados relativos à área estimada, produção e produtividade, segmentados por região, comparando as duas últimas safras.

Preços

Outro ponto ressaltado por Turra foi em relação aos preços pagos aos produtores paranaenses. “Eles estão recebendo mais pela produção de grãos. Em contraposição, houve aumento nos custos da produção, resultante de adversidades econômicas e conflitos internacionais, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que elevaram o preço dos fertilizantes. Esse cenário resultou num maior volume de recursos, mas com redução da margem de lucro”, afirmou. “Nesse cenário, destaca-se o papel fundamental das cooperativas, de orientar os produtores a investir no momento certo, para que eles obtenham renda cada vez mais garantida”, acrescentou.

Dias e Campo e Campanha

No evento promovido pelo Sistema Ocepar houve ainda a participação do analista de Desenvolvimento Técnico da área de Mercado, Leonardo Silvestri Szymczak, que apresentou o calendário de Dias de Campo que as cooperativas do Paraná irão promover nos próximos meses, visando difundir as novidades tecnológicas aos cooperados, em conjunto com institutos de pesquisa, entre outras entidades parceiras. Ele também falou sobre a Campanha de Marketing que terá início em breve, numa parceria com cooperativas, Embrapa, IDR-PR, Adapar e Faep, com objetivo de informar os produtores rurais sobre as boas práticas agronômicas recomendadas para cada fase do cultivo das lavouras de milho, para prevenir os problemas causados pela infestação da cigarrinha-do-milho.

Fonte: Sistema Ocepar Foto: Divulgação

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